Capitulo 8

Festa

Quando Syaoran acordou, ele se viu deitado na cama de seu quarto. Tentou se levantar, mas sentiu uma pontada de dor no abdômen.

_Não faça esforço!

Sakura segurou-lhe os ombros forçando-o a se deitar novamente.

_Eu apaguei por quanto tempo? – disse Syaoran quebrando a tensão no local.

_Dormiu a tarde toda! Acho melhor você descansar essa noite. – disse Sakura num fio de voz e com a cabeça baixa.

_Mas já? Não tem jeito, eu não tenho tempo para descansar.

Syaoran levantou-se devagar, seu corpo estava pesado e os músculos doloridos. Sakura finalmente olhou para cima, impedindo o garoto de avançar.

_Nem pensar, você esta fraco! – ela tentou empurrar o chinês, ele segurou sua mão e caiu na cama, levando Sakura junto.

Ali, deitada em cima dele, ela o observava olho a olho. Foi então que percebeu, o olho direito azul de Syaoran havia sumido, a cor castanha âmbar de seus olhos havia voltado ao normal. Para Sakura, aquele era o velho Syaoran.

_Eu não vou beijar você!

Ela saiu de cima dele, seu rosto estava escarlate.

_Disse isso um pouco tarde, não acha? – gritou Sakura – Cara de pau, o meu primeiro beijo.

Ela colocou as mãos na boca e Syaoran arqueou uma sobrancelha.

_Não esta esperando nada não, né? – Sakura olhou para ele com a cara fechada.

_Eu é que pergunto PERVERTIDO!

Syaoran abaixou-se ficando cara a cara com Sakura, que estava sentada no chão. Ele encarou aqueles olhos verdes arregalados, ela ainda cobria a boca com as mãos.

_Feiosa! – Sakura ficou perplexa.

Ela agarrou os cabelos de Syaoran.

_Você é um abusado, sabia? – Syaoran puxou uma mexa do cabelo de Sakura.

_Me solta, eu não sei do que você esta falando!

Ela soltou os cabelos do chinês, que se afastou rapidamente deixando seus cabelos fora de alcance de Sakura.

_O que? Você não se lembra de... – ela não conseguia terminar a frase, era muito embaraçoso – e depois desmaiar?

_Tudo do que eu lembro é de ver você sendo agarrada por aquele tarado! Você é bem abusad...

Sakura pulou em seu pescoço, o jogando para o chão. Syaoran teve a impressão de que a menina estava possuída.

_VOCÊ FEZ TUDO AQUILO...E AINDA NÃO SE LEMBRA DE NADA? LADRÃO!

_DO QUE VOCÊ ESTA FALANDO? – Gritou Syaoran, ele tentava empurrar Sakura, mas a menina podia ser bem forte quando queria – SAI DE CIMA, VOCÊ É PESADA!

_TA ME CHAMANDO DE GORDA?

_EU NÃO INSULTARIA AS GORDINHAS DESSE JEITO!

_O QUE?

_Olá, vocês já estão prontos?

Tomoyo entrou no quarto e deparou-se com a cena do casal. Ela viu ambos no chão, com Sakura montada em cima de Syaoran, agarrando a camisa do garoto e o mesmo segurando a cintura de Sakura, tentando empurra-la.

_Desculpe por incomoda-los! – ela se curvou e saiu do quarto, segurando o riso.

Tomoyo, não é o que...- Tomoyo já havia saído quando Sakura tentou explicar, ela voltou-se para Syaoran – Esta vendo, é culpa sua!

_Minha culpa? É você que esta abusando sexualmente de mim!

_Cala boca!

Sakura saiu de cima de Syaoran, com o rosto rosado.

_Eu vou atrás da Tomoyo!

Ela saiu do quarto batendo os pés. Syaoran deitou-se no chão rendido e cansado.

_Não era ela que estava preocupada comigo? – disse para si mesmo.

Por mais que Sakura tentasse explicar para Tomoyo o ocorrido, a empregada só ria ainda mais, deixando Sakura vermelha. Já estava anoitecendo e logo as pessoas começariam a chegar, Tomoyo tinha prometido ajudar Sakura a se vestir.

_Sakura, Yeilan pediu para lembra-la que você e Syaoran terão que passar uma boa impressão. – ela disse enquanto amarrava o laço abaixo dos seios de Sakura – Vocês terão que ficar colados a noite toda!

Sakura já não acreditava que poderia cumprir seu papel, ela estava muito irritada com Syaoran. Eles não poderiam simplesmente ficar sorrindo um para o outro com olhares falsos de apaixonados. Quando olhava para o garoto, ao invés de um sorriso, queria lhe dar um tapa na cara. E quanto mais se lembrava do beijo que ele havia lhe roubado, mais o odiava.

_Impossível!

_Terá que fazer um esforço! – Tomoyo riu – E eu tenho certeza que você não é a única nervosa!

Sakura olhou para a garota sem entender. Quando Tomoyo terminou de pentear seu cabelo e prender a parte da frente para traz, deixando soltas apenas algumas mexas, ela se olhou no espelho. Não parecia a Sakura pacata de Tomoeda, mas pensando bem, agora ela estava na china. Tinha certeza de que seu pai e irmão teriam orgulho de vela desse jeito. Lembrar-se deles fez os olhos de Sakura encherem de lagrimas, mas Tomoyo a abraçou para dar apoio.

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_é impossível! Não da nem pra conversar com ela!

Syaoran andava de um lado para outro em frente à Yeilan, que revirava os olhos a cada insulto do menino a garota. Eles estavam no escritório, devidamente vestidos. Ela estava usando um longo vestido escuro, com rendas nos pés – e de acompanhamento um leque da cor do vestido para combinar. Quanto a Syaoran, usava um smoking preto.

Volta e meia ele massageava o peito que doía e fechava os olhos para descansar, mas o corpo ainda estava travado. Yeilan, que não era burra, notou a condição física do rapaz.

_Syaoran, não se esforce demais! – ele olhou para ela sem dizer nada – Por favor, hoje é um evento muito importante, de um jeito para se dar bem com Sakura. E não estou falando isso apenas para a festa de hoje. Agora, vá.

Ele saiu do escritório contrariado.

Quando avisaram Sakura que Syaoran a esperava na sala ela ficou visivelmente nervosa, a contra gosto, desceu com Tomoyo que a auxiliava nas escadas.

Syaoran, ao ver Sakura descer as escadas, esqueceu-se de toda a raiva que sentia. A menina usava um lindo vestido branco sem muitos detalhes, mas que valorizava suas curvas e destacava seus olhos verdes brilhantes. Porem, no momento em que se encararam toda a rixa entre eles havia voltado. Tomoyo gostaria de poder fazer algo pelo casal, mas apenas ficou assistindo a cena.

_Agora se me dão licença, eu tenho que servir os convidados.

Sakura ia falar algo, mas Meiling – vestida em uma roupa chinesa tradicional colada no corpo – fazendo par com seu primo Lieng, atravessou a sala olhando para Sakura, como se estivesse vestida com trapos de chão. Meiling tinha um sorriso sínico no rosto e o olhar de Lieng fez Sakura tremer.

_Syaoran, espero que possamos dançar uma musica hoje! – disse Meiling.

_Espere sentada! – rebateu Syaoran – hoje eu não posso sair do lado da Sakura.

Sakura olhou com o canto do olho para Syaoran.

_Ninguém vai notar a presença dela! – Sakura abaixou a cabeça com as palavras de Meiling, ela não era muito bem vista por ser uma japonesa, tinha esquecidos de como o ser humano é egoísta e como a ignorância é uma benção.

Syaoran notou a reação da menina.

_Sendo minha mulher, é claro que vão reparar sua beleza – Disse Syaoran oferecendo o braço a Sakura ­– A mulher mais bonita da festa não será você, Meiling.

Sakura olhou espantada para o chinês, que tinha um sorriso cínico no rosto. Em poucas horas atrás estava brigando, mas agora ele a estava elogiando. Tentou olha-lo, mas ele desviou o olhar e caminharam para fora, deixando uma Meiling soltando fumaça pelos ouvidos.

_Obrigada! – Ela sentiu vontade de dizer o quanto Syaoran estava charmoso, mas o orgulho não deixou.

Ele não respondeu nada.

Eles saíram para o jardim dos fundos onde ocorreria a festa em céu aberto. Sakura se surpreendeu com tanta gente que já estava ali. Estavam distribuídas varias mesas cheias de gente, e o ambiente era iluminado pelas lamparinas da casa.

Sakura perdeu a contagem de quantas pessoas os cumprimentaram , Ela se lembrou que eram o mesmo rostos do casamentos, como se estivesse ali por obrigação. Ela estava mais parecendo um enfeite ao lado de Syaoran, pois muitas mulheres olhavam para o garoto com algo nos olhos que diziam querer algo mais do que um simples comprimento. Isso, por algum motivo, enraivecia Sakura, fazendo a menina agarrar o braço do chinês.

Ali, no jardim da casa dos Lis, haviam pessoas que Sakura nunca vira antes, quanto a Syaoran, sabia que eram pessoas importantes que, um dia, seriam de importante uso para a família Li. Sakura reparou que muitas pessoas presentes ali eram ingleses, franceses, italianos e até mesmo japoneses. Realmente comprovava que a família Li era muito poderosa.

_Quanta gente! – desse Sakura baixinho, mas Syaoran a ouvira.

_Essas pessoas não são simplesmente pessoas normais, minha mãe quer muito que a noite de hoje ocorra bem, pois todos eles estão relacionados à magia. São de outras famílias menores que apoiaram a nossa e ganharão apoio em troca também.

_Nossa!

_É por isso que eu disse a Meiling que você não será simplesmente ignorada, pois seus poderes são comparados aos de Clow, quem sabe até superiores.

Não foi bem aquilo que ele disse. Surpresa, viu que o garoto estava estranho, seus olhos por um momento se tornaram opacos, como se fugissem da realidade. Sakura sentiu que, por traz daquele rosto bonito, ele escondia muitos fardos que não gostaria de compartilhar.

_Enfim, Yeilan realmente espera que de tudo certo, então vamos trabalhar duro e fingir que nos damos bem essa noite.

_Falar é fácil!

Muitos dos convidados os cumprimentaram, Syaoran apresentava Sakura como sua esposa – deixando a menina um pouco encabulada. Sakura se impressionou com a facilidade que Syaoran tinha para falar outras línguas fluentemente, quando o chinês a apresentava ela apenas se curvava como um cumprimento.

E as horas passaram e Syaoran sempre mantinha uma conversa com pessoas de outras famílias, sempre causando boa impressão. Sakura já estava com os pés doloridos de tanto andar para lá e para cá, também estava cansada e com sono, pois não entendia uma palavra das conversas.

Enquanto Syaoran conversava com um dos ingleses, seus olhos pesavam. Então, sentiu seu corpo ser puxado para o peito de Syaoran. Ela olhou para ele, mas o mesmo a ignorou e continuou a conversa. Ela passou um dos braços pela cintura do chinês e apoiou a cabeça em seu peito, apenas ouvindo a conversa.

Syaoran sentiu-se quente por algum motivo, seu coração acelerado e uma sensação estranha na barriga. Ele achou melhor encerrar a conversa e sentarem-se em alguma mesa, Sakura também estava cansada. Ele sabia que Yeilan observava todas as suas ações, provavelmente, estava sento mais difícil para ela aturar aquelas conversas sobre negócios do que para ele.

Quando finalmente puderam descansar, Sakura debruçou-se sobre a mesa.

_Hei, não vá dormir, é falta de educação! – mesmo ele dizendo isso, também estava cansado.

_Eu sei!

Já estava tarde, era quase 00h e Syaoran sabia que logo eles iriam embora. Teriam que aguentar só um pouco mais. O som de valsa que tocava no ambiente foi interrompido e ele ouviu uma voz muito irritante ao seu lado.

_Syaoran, vamos dançar! – disse Meiling puxando seu braço.

_Não!

_Por favor! – implorou a menina.

_Por que não?

Disse um homem de óculos e terno elegante que se aproximou deles.

_Olá, meu nome é Eriol Hiiragizawa, é um prazer conhecer o herdeiro da família Li! – disse ele curvando-se. – desculpe-me interromper, mas será que poderia me dar a honra de dançar, Srta. Sakura?

_Como sabe meu nome? – perguntou Sakura.

_Quem não conheceria a linda esposa do jovem mestre, Syaoran Li.

Sakura olhou para a mão do garoto, o interesse por essa pessoa misteriosa lhe despertou do sono. Ela olhou para Syaoran, que observava atentamente a garota, depois olhou para Eriol Hiiragizawa novamente.

_Eu aceito! – Disse ela pegando a mão de Eriol que ele havia oferecido. Ela gostou da reação do Syaoran fazendo cara feia quando ela aceitou o convite.

_Então Syaoran dança comigo! – disse Meiling arrastando o garoto. Eriol era uma figura interessante, mas não porque ele a conduzia bem e era uma pessoa bonita. Lembrava alguém que havia visto em algum lugar. Ele a girou duas vezes e voltaram ao passo anterior. Os olhos de Eriol lhe eram muito familiares, e sua presença não era uma que já havia sentido, mas era reconfortante.

_Ele esta te vigiando! – disse Eriol.

Sakura saiu de seus devaneios e olhou para traz, viu Syaoran dançando com Meiling como se fosse mais uma obrigação. Ver as mãos de Meiling em volta dos ombros de Syaoran a deixava irritada, nem ela estava tão assim abusada.

_Você realmente é uma figura interessante, Sakura!

_O que?

_E ele também, muito interessante!

Sakura não sabia o que falar, se sentia confortável perto de Eriol, mas não sabia exatamente como reagir com ele.

_Acho que viveremos grandes aventuras, mas você e Syaoran irão passar por dificuldades, principalmente ele.

_Com... – antes que ela pudesse perguntar algo, ele a girou mais uma vez, pegou sua mão e a girou para fora de seu compasso.

Ela bateu em algo macio, conhecia aquele cheiro. Syaoran lhe afastou um pouco e curvou-se diante dela, lhe estendendo a mão. Sem precisar dizer nada, ela sabia o que ele queria. Segurou a mão do garoto, e ele a girou lentamente até ficarem de frente um ao outro. Ele a guiava, não como Eriol a fizera se sentir leve, mas a fazia sentir um frio na barriga. Seus cabelos rebeldes estavam bagunçados como sempre – Sakura já se perguntou se eles alguma vez já foram arrumados – mas era um de seus charmes especiais.

Ela gostava quando Syaoran não estava de mau humor, ele ficava com o rosto sem rugas de irritação e impaciência. Queria ver seu breve sorriso novamente. Ele apertou sua cintura contra a dele, aproximando-se mais. Sakura esquecera-se de tudo, ela passou os braços pelo ombro de Syaoran, e agarrou-lhe os cabelos de traz. Estavam tão próximos a ponto de sentir a respiração um do outro. Ambos sentiram seus corações acelerarem.

Antes seus lábios pudessem se tocar, Syaoran sentiu uma terrível dor no olho direito. Tão forte a ponto de faze-lo se ajoelhar.

_SYAORAN! – Ela se ajoelhou ao lado do rapaz e viu seu olho mudar de cor novamente, ele caiu desmaiado no chão – YEILAN!

Gritou Sakura, vendo a mulher se aproximar. Ela se abaixou e, com a ajuda de Sakura, carregou Syaoran para dentro. Todo pararam para ver o que havia acontecido, aquele era o fim da festa.

Sakura deitou-se em frente a Syaoran que havia abeto os olhos pouco tempo depois quando ela tinha chegado ali. Mas estava cansado, e pela sua expressão ainda sentia a terrível dor no olho direito, que ainda estava azul.

Ela se aproximou dele e segurou suas mãos, encostou sua testa na testa dele, ainda estava muito quente. Aos poucos ele foi caindo no sono novamente, aparentemente, mais colmo. Sakura e Syaoran dormiram rapidamente, ambos exaustos do longo dia que tiveram.