Um Sopro De Felicidade escrita por Mihara


Capítulo 30
Capitulo 30 - Mundo dos sonhos


Notas iniciais do capítulo

Muito bem, mais um capitulo e esse até que eu postei rápido comparado aos outros, espero que aproveitem a leitura!



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Capitulo 30

Mundo dos sonhos

_Qual é o seu desejo Sakura?

Qual era o seu desejo? Os olhos intensos da mulher a sua frente a amedrontavam um pouco, parecia que ela olhava para sua alma, um olhar penetrante e tão cheio de intenções desconhecidas, mas pareciam dizer algo.

E assim, ela acordou sobressaltada. Seu coração batia rápido, um sonho? Tentando se acalmar, tentou se lembrar, a mulher de seu sonho havia lhe dito alguma coisa a mais, mas quando pensava, mais ela esquecia. O sonho era tão confuso, mas porque a mulher parecia tão real?

Olhou ao redor de seu quarto, ainda estava escuro, Sakura estava deitada em sua cama usando seu pijama e coberta com seu lençol, quando ela havia se trocado? Isso estava começando a ficar rotineiro.

Ela levantou da cama e caminhou até a janela para ver as estrelas, estavam tão lindas como se fossem vaga-lumes no céu. Lembrou-se de uma pequena história que sua mãe contava, de uma linda princesa que se apaixonou por uma estrela, mas era um amor impossível por ela ser apenas uma humana. Então, comovido pelas lagrimas da donzela, um grande bruxo construiu uma ponte para que ela pudesse se encontrar com seu amado. E toda vez que chegava a noite em que a ponte foi construída, o Japão inteiro celebrava com um grande festival. Sakura sempre adorou festivais.

Por algum motivo, seu peito algo estava pesado e em sua cabeça começou a ouvir fogos de artifícios. Sakura sentiu uma súbita vontade de abrir a janela e sentar no batente e assim o fez, com cuidado ela abriu o trinco e levantou a janela, passando uma perna de cada vez até sentar e sentir a brisa em seus cabelos. Estava faltando algo. Um sentimento parecido com saudade e uma tristeza estava sufocando sua garganta e uma lagrima escorreu por seu rosto, mas porquê? Porque sentiu vontade de chorar?

_Porque estou chorando? – disse limpando a lagrima, sentiu uma pontada em sua mente, como se lembrasse de algo – Chorando? Chorar...Chao...Syao...

_Porque está acordada Sakura?

Seu irmão acendeu a luz de seu quarto. Ele estava parado na porta junto com Yukito.

_Toya! – ela se atrapalhou ao tentar sair do batente da janela e caiu de costas ao chão – eu não consegui dormir e estava aproveitando a noite, está uma linda noite.

Toya ficou parado por um tempo observando a irmã, depois olhou para Yukito e disse:

_Depois não diga que ela não é estranha! – E assim ele fechou a porta, Sakura sentiu o sangue esquentar dos pês a cabeça.

_Logo na frente do Yukito – disse ela colocando as mãos nas bochechas avermelhadas.

Quando caminhou de volta pra cama, se deteve por um tempo frente do espelho, lembrando-se da mulher. Sua mente dizia que era só mais um sonho, mas por algum motivo achou que era muito importante.

No dia seguinte, foi uma manhã normal, atraso, escola e volta para casa, e assim se manteve por alguns dias, Sakura em nenhum momento chegou a estranhar e achar repetitivo demais, ela apenas se divertia como nunca. Após a aula de matemática, estava sentada em sua carteira olhando para as nuvens, não tirava o sonho de sua cabeça, e sentiu com urgência que tinha que lembrar daquela mulher.

_Estamos indo Sakura! – Gritaram suas amigas.

_Eu vou daqui a pouco.

_Está bem, tchal! – elas saíram deixando Sakura sozinha na sala de aula.

Um sono repentino tomou seu corpo, ela encostou a cabeça na mesa e adormeceu, tudo apagou e ficou no mais profundo e silencioso breu.

Quando acordou escutava levemente alguém chamando pelo seu nome, mas não conseguia ver quem era, seus olhos não abriam, o chamado era como uma voz distante e suave, que vinha se aproximando aos poucos. Teve a mesma sensação que sentiu no batente da janela, como se lembrasse de algo, da voz de alguém, mas quem era?

_Sakura? Sakura?! – disse a voz a sua frente, não era a mesma voz que ela estava escutando – você está bem?

Ela abriu os olhos e eles arderam por um momento, quando se acostumou com a claridade a primeira imagem que viu foi a do rosto de um garoto de cabelos escuros rebelde, ele a olhava com curiosidade e um sorriso bobo no rosto. Sakura depois olhou ao redor, eles estavam em um restaurante, e aparentemente estava lotado. Ambos estavam sentados na mesa do centro, Sakura pode observar que a movimentação era grande, os garçons andavam com pressa carregando pratos para todo o lado, estava tendo até um aniversario na mesa vizinha. Mas espera, ela não estava na escola? Como foi parar ali?

_Sakura! – Ela voltou seus olhos para o garoto a sua frente – Você está bem?

_Sim...estou sim! – respondeu automaticamente.

_Ótimo! – ele pegou o menu que estava na mesa e mostrou a ela – O que acha de pedirmos esse aqui? Vai querer sobremesa?

_O que? – disse Sakura meio distraída

_Não tenha medo de comer no nosso encontro, não precisa se segurar.

Sakura observava ao redor até ouvir a palavra encontro, ela engasgou e olhou novamente para o rapaz.

_Oi? Encont...- ela tomou um pouco de água que estava no copo ao seu lado – sim, estamos em um encontro.

Estava acontecendo outra vez, como mudanças repentinas no qual ela nunca se lembrava do que havia acontecido, ela estava doente? Olhou para baixo e viu que estava usando roupas formais, um vestido branco com um jaleco rosa claro e fita na cabeça, ela tinha se arrumado tanto assim para ele? Não fazia a mínima ideia de quem era o garoto, lembrou-se dele a um tempo atrás quando ela havia dito que não ia na sorveteria, tinha visto o mesmo garoto acenando para ela.

_Me diga, quando foi que marcamos o encontro mesmo?

_Ora, não se lembra, depois que você aceitou namorar comigo, combinamos de sair na semana passada, como estávamos cheio de provas, não podíamos vir mais cedo.

_Namorando?

_Sim, eu tenho sorte de ter uma linda namorada como você – disse ele sorrindo e pegando a mão de Sakura – eu estava apaixonado por você a tanto tempo.

Sakura não respondeu, sentiu as bochechas esquentarem, apenas afastou a mão devagar sem querer ser rude.

_Você está tão estranha, tem certeza que está bem?

_Não se preocupe – disse ela com uma voz baixa – eu estou...muito bem.

Sakura começou a sentir um grande desejo de ir para casa, mas estava presa, sem poder correr, ela sentia muito desconforto conversando tão normalmente com um garoto estranho, durante o lanche, observou que ele comia seu hambúrguer e batatas fritas com vontade, sem se envergonhar de comer em sua frente, isso queria dizer que aquele não era o primeiro encontro, há quanto tempo estavam juntos?

Sakura não comeu, apenas remexeu na comida, sem ânimo. Olhando para o tamanho do hambúrguer não parecia que ele ia entrar em sua boca.

_Você está muito distraída Sakura, não tem que se sentir obrigada a comer – disse ele, mas ela não respondeu – vem, vamos fazer algo para nos divertirmos.

E assim, o garoto arrastou Sakura para fora do restaurante, quando saiu, ela viu que estavam no centro comercial de Tokyo. Não conhecia aquela área, ou não lembrava, de certa forma, sua curiosidade despertou, haviam diversas lojas com muitas pessoas entrando e saindo, tinha lojas de diversos tipos, muitas com lanternas que se acendiam ao anoitecer, observou que nas calçadas havia muitas pessoas oferecendo amostras grátis, e diversos atendentes tentando atrair clientes. Eles pararam em uma loja de ursinhos de pelúcia.

_Veja, não é bonito?

Ela tinha que admitir, eram lindos. O garoto insistiu de entrar e fazer Sakura escolher um, por um momento, ela se divertiu esquecendo todos seus problemas. Eles continuaram o passeio visitando loja por loja. O rapaz segurou a mão de Sakura firmemente e enquanto ele puxava, ela sentiu seu coração saltar, imaginou que estava relembrando seus sentimentos por ele, mas quando olhou para cima levou um susto, seus cabelos haviam mudado de cor, de um tom preto para castanho. Ela piscou e esfregou os olhos, mas a visão desapareceu.

Estranhou, mas não teve tempo de parar pra pensar, eles entraram em um fliperama, mesmo sendo desconhecido ele acabou fazendo Sakura sorrir, ela agradecia mentalmente por isso. Eram tantas maquinas de tudo quanto era jogo, andou em uma moto, atirou em zumbis e até jogou basquete.

No meio do passeio, ele correu para pegar dois sorvetes, deixando Sakura sozinha, ela aproveitou esse tempo para refletir sobre o que estava acontecendo, a seu lado havia um bebedor, sua garganta estava seca. Quando se encurvou sobre o bebedor, viu que dois olhos lhe encaravam no reflexo da água, olhos familiares, era aquela mulher. Sakura se afastou rápido, mas o que estava acontecendo?

_Sakura!

O garoto voltava carregando dois sorvetes de casquinha, por um momento Sakura travou vendo a imagem do garoto tremeluzir e em seu lugar aparecer um outro de cabelos castanhos e olhos sorridentes que fizeram seu coração acelerar, quem era ele? Um nome lhe veio à cabeça.

_Chao...Syao...

O que era?

Uma das bolas do sorvete que o menino desconhecido carregava acabou caindo em sua roupa quando ele tropeçou ao lhe entregar o sorvete.

_Opa, nossa, desculpe Sakura – disse o menino, ele retirou um lenço de seu bolço e entregou a Sakura para limpar a mancha – eu vou limpar!

_Não se preocupe – sorriu Sakura.

Não se distraia Sakura!

Uma voz sussurrou em seu ouvido, era a voz da mulher, quando Sakura olhou para trás, não havia ninguém.

A aparência do rapaz havia voltado ao normal. Sakura sentiu a mente girar, tudo estava muito confuso, mesmo aproveitando o encontro, queria muito voltar para casa. Ela olhou para o garoto a seu lado, não era justo com ele, durante todo a confusão em que estava sabia que a única coisa clara era seus sentimentos em relação ao menino. Ela nem mesmo sabia seu nome. Se divertiu, mas o tempo todo estava ansiosa esperando aparecer outra pessoa, mas não sabia quem poderia ser.

Olhando para o garoto, viu a paisagem tremeluzir novamente, assim como tinha visto quando estava com Toya e Yukito. As árvores começaram a requebrar numa dança doida e os carros pareciam entrar por um buraco e sair por outro, tudo estava de retorcendo, as paredes das casas e prédios não pareciam mais tão firmes, o próprio chão parecia se agitar como se fosse água. Sakura olhava assustada para todos os lados, tentando entender o que estava acontecendo.

_Tem alguma coisa errada Sakura? – perguntou o menino.

Ao olhar para o garoto ao seu lado, ela entrou em pânico, o rosto dele começou a se deformar, seus olhos, boca e nariz caiam como se estivesse derretendo, seus olhos se tornaram negros, apenas dois buracos sem fundo, todas as pessoas estavam do mesmo jeito, andando e tremendo como se fossem fantasmas, se retorcendo e deformando, remexendo da mesma maneira das arvores. Sakura fugiu assustada. Ouviu um som familiar, de um grande sito badalando, tocava doze vezes e parava por um momento, até tocar novamente.

_Isso não é real! – Era a voz da bruxa.

Ela olhou ao redor para procurar a mulher, e lá estava ela novamente, mas dessa vez fora de um espelho ou reflexo, ela era o único ponto em que parecia estável, não tremeluzia ou se torcia como as outras pessoas, Sakura sentiu –se aliviada.

_Mantenha a calma Sakura, não tenha medo! – Disse ela, Sakura se aproximou – não deixe essas coisas assustarem você! Isso não é real!

Como Sakura tinha visto antes, ela era muito bonita, usava a mesma roupa quando a encontrara da última vez, olhar para ela de certa forma era reconfortante, pois sua forma se mantinha estável, tudo ao redor dela se retorcia e agitava mas ela se mantinha normal, como se não fizesse parte daquele cenário.

_Eu lembro de você, conversamos um pouco não foi? Mas...não foi um sonho? – Sakura parou para refletir – eu já nem sei mais o que é sonho e o que não é. O que esta acontecendo?

_Sim, nosso encontro passado não foi um sonho. Você está em um lugar que não permite intrusos como eu, não me deixavam falar com você e quando eu faço contato, eles fazem com que você esqueça. Aqui, Sakura, você corre muito perigo, você está em um mundo de sonhos, seu corpo está em outro lugar, mas sua mente está aqui. Com seu poder, você transportou apenas sua mente e abandonou seu corpo, como um sistema de auto defesa, e se não acordar, pode ficar aqui para sempre. Tem que tomar cuidado Sakura, você tem que voltar, quando você lembrar, o sonho vai mudar.

_Mundo dos sonhos? Tudo aqui é um sonho? – Yuko assentiu – e como eu faço para sair daqui?

_Eu posso te ajudar, mas não muito, cobrarei por essa ajuda mais tarde, por hora, estarei ao seu lado. A única maneira de sair daqui é encontrando o sino que eu enviei para esse mundo, mas como eu disse, vão fazer de tudo para que você fique presa aqui, você tem que encontrar o sino Sakura, eu não posso te ajudar mais que isso. – O corpo de Yeilan começou a ficar transparente e tremeluzir – Não tenho mais tempo, encontre o sino e você conseguira sair.

_Mas eu não sei onde está o sino!

_Boa sorte, Sakura!

_Espere, me ajude!

E assim Yuko desapareceu, Sakura se sentiu desamparada e triste, não tinha mais ninguém, ela estava com medo. Não poderia ficar parada esperando ajuda, as coisas estavam ficando cada vez mais instáveis, como se ela estivesse andando por cima de uma piscina e estivesse afundando. Tinha que raciocinar, onde poderia estar o sino? Em que lugar? Em sua casa talvez? Mas e se não estiver lá? Não teria tempo para sair a procura, ela iria desaparecer naquele mundo e ficar presa ali para sempre.

Em tamanho desespero, Sakura se agachou e abraçou os joelhos, como queria que alguém a salvasse, a lembrança do menino de cabelos castanhos lhe veio à mente, como queria se lembrar dele agora, sempre que pensava nele, um aperto doloroso no peito, como se estivesse sufocando, subia para sua garganta e a fazia suspirar forçadamente, como se estivesse faltando ar. Queria chorar.

Lembrou daqueles olhos, tão profundos e inebriantes, e como eles eram decididos, sem aparentar medo ou angustia, de repente, uma grande coragem invadiu seu corpo. Acharia o sino, se ficasse naquele estado, ela afundaria junto com todas as coisas dali. Tinha que pensar com clareza, onde poderia estar o sino?

Fechou os olhos e respirou fundo, tentou ignorar tudo de mais louco que acontecia ao seu redor, mas era meio difícil, as coisas estavam perdendo a forma e ganhando outra, se não afundava no chão engolidos como areia movediça, se transformavam em coisas animadas, desenvolvendo até olhos e bocas, era como se ela estivesse em um mundo animado. Concentre Sakura! Ralhou contra si mesma. Não importa onde procurasse, tinha que tentar.

O lugar onde mais possuía lembranças era em sua casa, então correu em direção a ela. O lugar em volta parecia um mundo infantil, os postes de luz agora dançavam como se fossem bonecos, quando Sakura passava, eles se curvavam em arcos, os fios de eletricidade entravam em seu caminho, forçando Sakura a desviar, pareciam cobras venenosas que tentavam morde-la. Eles ainda estavam ativos, então ela era obrigada a se esgueirar e pular, se encostasse neles, morreria. Começou a sentir mais dificuldade em correr, como se seus pés estivessem afundando, mas não iria desistir, continuou correndo com todas as forças.

Ao chegar em frente sua casa, a porta já estava meia aberta, por algum motivo, tudo ali fora parecia bizarro e colorido, nem parecia mais a o mundo em que ela estava agora pouco, tudo se transformara em um universo terrivelmente infantilizado, mas o ambiente de sua casa estava cinzento e sombrio, como se estivesse em uma dimensão diferente. Sakura chegou e olhou em volta, achou melhor chegar como sempre tinha feito.

_Cheguei, papai?

A casa parecia estar vazia, resolveu olhar na cozinha. Quando entrou, Toya estava sentado à mesa de costas com um copo de café na mão, e seu pai virado para o fogão, ambos estavam quietos.

_Papai, Toya, cheguei, estou morrendo de fome, a comida está pronta?

_Sakura querida, sente-se a mesa para comermos todos juntos – disse seu pai de costas – em família.

Quando ele e Toya se viraram, Sakura se assustou, assim como o garoto de antes, eles estavam com as faces deformadas, com buracos ao invés de olhos e boca, era como dois bonecos assustadores que estavam vivos. Apavorada, ela correu escada acima, o medo subiu quando ouviu passos corridos atrás dela, como se alguém fosse lhe pegar, viu um pequeno vislumbre de Toya correndo em sua direção antes de fechar a porta de seu quanto.

_Calma Sakura – disse pra si mesma – se o sino estiver nesta casa, será em seu quarto.

Nunca tinha sentido tanto medo antes, com as mãos afobadas, começou a procurar o sino. Retirava tudo do lugar, jogando de qualquer jeito, abriu gavetas, olhou de baixo da cama, revirou os bichinhos de pelúcia, limpou a escrivaninha jogando tudo no chão, desesperadamente. Fortes impactos contra a porta começaram, tentando arromba-la, o que quer que fosse do outro lado, não era seu irmão. O pânico de Sakura aumentou, ela abriu o guarda roupa e começou a retirar todas as roupas, jogando tudo no chão aos montes, e nada, não estava em sua casa, duvidava muito que estivesse em outro cômodo, não sabia porque, mas era apenas intuição.

As dobradiças da porta se romperam e ela tombou ao chão, uma figura inumana no formato de seu irmão estava parado frente a ela, além dos rostos deformados, os braços e pernas de Toya estavam mais esticados, como um monstro bizarro Sakura foi se afastando enquanto ele se aproximava.

_Venha jantar em família, Sakura!

Sakura encostou no batente da janela, não tinha mais saída. Estava perdida e não tinha achado o sino ainda. Quando o fantoche de seu irmão avançou ela fechou os olhos e colocou os braços frente ao rosto num instinto de proteção, suas costas bateram contra a janela e ela se desequilibrou, esperou sentir o impacto mas caiu em algo macio.

Quando Sakura olhou pra cima, avistou Kero, um antigo bichinho de pelúcia seu que usava quando era criança. Era inacreditável, surreal, ele era um gigantesco leãozinho de pelúcia com asas, lembrou que na sua infância, ele era seu amigo imaginário, tinha até uma voz engraçada. Mas nesse mundo, ele parecia vivo.

_Kero, me leve até a escola.

E assim ele o fez, ela subiu em sua cabeça e agarrou-se em sua orelha enquanto ele voava em direção a escola. Sakura imaginou que o próximo lugar ideal para procurar seria na escola, seu segundo lugar onde mais tinha lembranças. Kero levou-a até a janela mais próxima de sua sala, parecia estar tendo aula normal.

_Kero, me leve até a lateral, vou entrar pelo corredor.

Era impossível que não vissem um boneco gigantesco como Kero, e assim como imaginou, todos os alunos que estavam sentados na sala de aula voltaram suas cabeças para Kero, especificamente para Sakura, era como se eles soubessem que ela estava ali, mesmo ela se escondendo atrás da orelha. Vendo todos seus amigos sem rostos, sem expressão, Sakura sentiu uma certa tristeza, ela estava sozinha naquele mundo, nada era real, então os momentos que passou também não foram. O que ela sabia de sua vida?

Kero deu a volta e ela entrou pelo corredor.

_Me espere aqui!

O corredor estava vazio e silencioso. Em que parte da escola poderia estar? O lugar mais obvio era sua sala de aula. Mas ela estava cheia daqueles monstros, e se eles a atacassem como a atacaram em sua casa? Andando de um lado para outro, acabou tendo uma ideia meio louca, e se as criaturas na sua casa atacaram só porque ela se deu conta da realidade? Agindo de uma forma diferente? Talvez eles agiriam como sempre. Era uma ideia arriscada, mas a única opção que tinha.

Sakura ficou de frente a porta, estava suando frio, como ela agiria normalmente? Não poderia entrar com cautela, pois eles perceberiam sua mudança, entraria do mesmo jeito que tinha entrado todos os dias. Sakura se afastou um pouco da porta, preparou-se e entrou com tudo.

_Me desculpem, eu estou atrasada!

–--------****---------

Tudo tinha acontecido tão rapidamente que era difícil assimilar a situação. Todos estavam acabados, Yeilan estava ferida, Kurogane com a espada quebrada, Fay caído ao chão e Syaoran estava praticamente morto. O plano que eles tinham desde o início não dera certo, sabiam das consequências, no entanto, era triste pensar que as coisas acabaram daquele jeito.

A espada de Fey Wang estava atravessada no estomago de Syaoran, uma grande espada negra, causando uma abertura em seu estomago.

_As coisas acabaram pra você, amigo! – disse Fey Wang tentando pegar o colar do pescoço de Syaoran.

Antes que ele pudesse pegar, Syaoran se afastou, retirando a espada de seu estomago, no entanto, perdeu as forças e caiu de joelhos. Não poderia acabar assim, nunca. Yeilan tentou correr em sua direção.

_Fique ai! – gritou Syaoran – não venha.

Syaoran sentia uma dor terrível em seu estomago, parecia queimar, o sangue descia por suas roupas e sujava o chão, ele iria morrer. Sentiu a visão de seu único olho embaçar e escurecer, o ambiente a sua volta tornou-se abafado até ele apenas ouvir um zunido em seu ouvido, antes que apagasse, viu os pés de Yeilan correndo em sua direção, ao perder a consciência, a única voz que ouviu foi a de Sakura chamando por seu nome.

Fay Wang caminhou até o corpo caído a sua frente, segurou Yeilan pelos cabelos que se agachava sobre o filho e a tirou se deu caminho. Um fedelho que mal tinha acabado de sair das fraudas, pensava ele. Esse garoto sequer teve chance de viver, seu destino estava selado no momento em que nasceu e foi posto entre suas mãos, lembrava-se muito bem de quando viu o garoto pela primeira vez, em comparação com agora, seus olhos eram inocentes, não teriam conhecido tamanho sofrimento e dor, mas graças a isso, ele alcançou Sakura, seu prêmio final.

Agarrou Syaoran pelo colarinho e o levantou, segurou o colar entre seus dedos, inebriado, quem diria que algo que pertencesse a aquela pessoa ainda existisse, achou que não tivesse sobrado mais nada. Mas aquele era o colar de sua pessoa tão amada, o colar ainda existia.

Sentiu seu coração pulsar novamente com fervor. As lembranças e magoas invadiram a mente do homem de pedra e pela segunda vez em sua vida, ele voltou a se sentir humano. Sua primeira vez, lembrava bem ele, foi quando em seu primeiro encontro com aquela pessoa.

Antes que pudesse arrancar o colar do pescoço de Syaoran, este agarrou o pulso de Fey Wang com uma força sobrenatural, quando olhou para seu rosto, algo tinha mudado.

_Entendi, então você ativou o poder dele!

Os olhos de Syaoran estavam diferentes, seu olho direito estava azul-celeste, um azul intenso e brilhante, era a cor da magia do mago Clow. Syaoran olhava para Fey Wang sem expressão alguma, não sentia dor, nem raiva ou ódio, não sentia mais emoção

_Então é assim que funciona!

Syaoran forçou Fey Wang a soltar o colar, antes o garoto fizesse qualquer movimento, ele jogou Syaoran para longe.

_Não fique tão convencido!

Syaoran caiu e levantou sem qualquer problema, sem esperar mais um segundo, partiu para cima de Fey Wang, e assim, uma grande batalha começou.

Yeilan olhava para a situação sem saber o que fazer, nunca imaginou que aquele fosse o efeito da magia de mago Clow em Syaoran. Lembrou-se do dia em que foi feito o ritual da troca, Fay lhe avisou das possíveis consequências, mas Syaoran nunca fez caso disso, na verdade, ele sempre encobriu, tudo o que ela sabia era de suas dores constantes, mas talvez nem mesmo ele soubesse.

Viu que Fey Wang ainda estava na vantagem, sendo mais forte e rápido que seu filho, no entanto, Syaoran se aproximava e movia-se numa velocidade que nem mesmo ela, Kurogane e Fay conseguiam. Ele ignorava completamente a abertura de seu estomago, e o sangue não parava de vazar de seu corpo devido ao esforço, se ele não morresse pelas mãos de Fey Wang, morreria por uma hemorragia.

_Temos que parar Syaoran! – disse Yeilan para Kurogane.

Kurogane olhou para sua espada apertando o cabo firmemente, o que seria dele sem uma espada? Viu Fay se levantar, ele estava na mesma situação, fraco e ferido, como poderiam derrotar alguém tão poderoso?

_Você está bem? – perguntou ele.

_Já estive melhor – riu Fay – temos que impedir Syaoran.

Ele tentou se levantar, mas caiu, Kurogane o ajudou dando apoio.

_Se não fizermos nada, aquele garoto vai morrer, nós que somos os adultos aqui! Eu já errei antes com meu irmão, não vou errar de novo. Se não conseguirmos, morreremos tentando.

Kurogane sentiu-se envergonhado pelas palavras de Fay, começou a rir loucamente por sentir tais sentimentos, Fay o olhava como se ele tivesse enlouquecido.

_Realmente, nós vamos morrer! – disse Kurogane – Vamos nessa!

Ambos se postaram ao lado de Yeilan, apesar da grande dificuldade frente a eles, o trio estava confiante, perdendo ou ganhando a batalha, enfrentariam o que Fey Wang chamava de destino.


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Notas finais do capítulo

É isso, mais um capitulo, tentei interpretar os sonhos de Sakura novamente, espero que tenham gostado, obrigado pela leitura e desculpem os erros. Logo colocarei o próximo capitulo. Até logo



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