Um Sopro De Felicidade escrita por Mihara


Capítulo 25
Capitulo 25 - Gêmeos do infortúnio


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora (apesar de eu ter postado este mais rápido do que os outros anteriores), eu realmente estou escrevendo bastante agora, mas ainda tem alguns obstáculos pela frente. Este ficou especialmente longo - apesar de que todos os capítulos deveriam ser assim....

Boa leitura



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Capitulo 25

Gêmeos do infortúnio

A chegada do anoitecer vinha com a contagem do tempo que cada um fazia mentalmente. Quando a hora chegou, Kurogane arrebentou as portas sem o menor esforço, com apenas um chute ele derrubou a dele e a dos outros.

_Vamos rápido, atraímos atenção com o estrondo das portas.

E ele tinha razão, podia escutar o eco de passos correndo escadaria abaixo. Não demorou muito para estarem cercados pelos dois lados.

_Eles foram bem rápidos, né? – disse Fay.

O grupo abria caminha como se os homens fossem dominó, Syaoran tomou a arma de um dos oponentes para usar a seu favor. Kurogane lutava de mãos nuas, até mesmo lutando ele sentia sua mão coçar por falta da espada, mas como era quase o dobro do tamanho dos guardas, derrubava-os com poucos movimentos. Yeilan retirou um leque escondido de dentro de seu quimono, que aparentemente não a atrapalhava durante o combate, ela utilizava o leque de ferro como defesa e desarmava seu inimigo rapidamente, para depois nocauteá-lo com sua outra mão livre. Fay mexia-se com a rapidez de uma serpente e atacava como um tigre, mas não parecia fazer o mínimo esforço e mantinha um sorriso muito grande no rosto.

Todos correram escadaria a cima, escapando do calabouço, Fay e Kurogane trancaram a porta pelo lado de fora, prendendo todos os guardas, mas sabiam que só aquilo não seria o suficiente por muito tempo. Depararam-se com o hall de entrada, tinha inúmeros caminhos para seguir, como iriam descobrir qual deles levava até Sakura?

_Seria uma boa ideia nos separarmos? – perguntou Syaoran.

_Este é um castelo bem velho, se nos separarmos podemos cobrir uma área maior, manteremos um meio de comunicação – disse Yeilan – este é um pequeno aparelhinho de nossa nova era moderna que permite nos comunicar a um alcance de pelo menos 500 metros. Não é tão expansivo, mas acho que dentro desse lugar é o suficiente.

Yeilan entregou um para cada um, que tinha formato do encaixe da orelha.

_Nossa, a magia realmente não é tudo desse mundo, não é? – comentou Kurogane.

_Por mais que meu clã esteja sob um péssimo comando com aqueles velhotes desgraçados, eu ainda tento me manter informada no mundo – disse ela encaixando o aparelho em seu ouvido – a tecnologia moderna as vezes é mais útil do que a magia. Para nos comunicarmos, basta segurar este pequeno botão no ouvido. Então, vocês estão me ouvindo?

_Kuropioooonn – Gritou Fay, fendendo com que todos levassem as mãos aos ouvidos.

_Eu estou bem ao seu lado, idiota! – Berrou Kurogane de volta.

_Estava só testando para ver se Kurorin poderia me escutar.

_Muito bem, tenham cuidado todos vocês – disse Yeilan – eles devem estar preparados para nossa invasão. Aquele cara deve saber que apenas uma ameaça não nos impediria.

_Deve ter inúmeras armadilhar por ai – comentou Fay.

_Bom, eu primeiro vou procurar minha espada que me toraram, ai depois vocês podem dizer que esse pessoal vai estar encrencado.

_Boa sorte a todos! – disse Syaoran.

E assim cada um seguiu por um caminho diferente. As passagens eram mal iluminadas e muitas partes estavam caindo aos pedaços, era um castelo com várias armadilhas e passagens secretas, o grupo estava sendo arriscado, disso eles sabiam, era como dar um tiro no escuro. Yeilan e Fay foram pelas laterais, Syaoran seguiu pelo meio e Kurogane pelo lado oposto.

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Fay perdera a noção do tempo que passou andando, era como um labirinto, subiu uma grande escadaria e chegou a um corredor muito amplo, passou por quartos grandes e abandonados, tinham moveis corroídos pelo tempo, cortinas rasgadas e muitos objetos velhos e quebrados que estavam empoeirados, ele encontrou relógios velhos que já não funcionavam mais e até mesmo retratos antigos, será que esse castelo já estava abandonado ou foi tomado a força? Em um dos retratos, havia uma mulher que possuía vestes compridas e pesadas, com cabelos presos em um coque bem firme, dava para notar que ela usava um espartilho por debaixo do vestido, pois sua cintura era muito fina e a postura bem ereta. Em algum momento, ele pensou ter ouvido uma leve risada, mas viu apenas uma janela batendo com o vento.

O corredor antigamente possuía tapete de camurça embutido ao chão, mas estava completamente corroído, as portas dos quartos que eram de madeira estavam quebradas e as que estavam inteiras rangiam muito ao se abrir, aparentemente, aquelas portas foram quebradas a machadadas, já que em muitas dela haviam buracos. O lugar estava mesmo acabado, tinha até algumas paredes que estavam derrubadas, mas presumiu que foi por questão de deterioração dos tijolos. No final do corredor possuía uma janela bem grande, as vidraças estavam estilhaçadas, mas não havia nenhum pedaço de vidro perto do chão, era como se alguém tivesse se jogado de lá.

Pela janela, Fay olhou para a lua, esperava que a passagem do tempo nesse mundo fosse igual ao seu mundo. Ele sentiu uma pontada muito grande de dor no coração, a lua estava muito bonita com o céu cheio de estrelas, mas isso lhe trouxera lembranças ruins, era o mesmo céu daquele tempo.

Fay tinha uma parte de seu coração envolvido em véus tão negros quanto à escuridão que o cercava no momento. Ele nunca mencionava isso para as pessoas ao seu redor apesar de sua máscara de alegria, até mesmo para os mais próximos, como Kurogane – apesar das brigas, eles estavam juntos a um bom tempo.

O final do corredor possuía outra escadaria, Fay achou muito estranho, ele tinha subido as escadas no começo do corredor, porque essas desciam? Definitivamente, esse castelo possuía uma estrutura muito estranha. Quanto mais ele descia, tinha a impressão que as paredes estavam se fechando cada vez mais, rameiras de espinhos cresciam pelos cantos, e aos poucos, suas raízes iam ficando maiores, dificultando o espaço para caminhar, muitas vezes Fay teve até mesmo que abaixar para passar pelos ramos. O que era aquilo? Uma floresta de espinhos dentro de um castelo?

As escadas chegaram ao fim, mas tinha algo de errado, Fay estava em um corredor muito apertado e escuro, ele teve que invocar uma magia para iluminar seus passos, escreveu com o dedo no ar lumens, a palavra grudou na palma de sua mão e ela ficou luminosa como uma lanterna, aquilo era o suficiente, mas não cobria o corredor todo. Não tinha nada naquele lugar, apenas raízes gigantes de espinhos que serpenteavam por toda a parede e como as raízes eram grossas, tomavam bastante do espaço.

_Isso certamente vem de magia – Fay pressionou o comunicador em seu ouvido – ei pessoal, acho que encontrei alguma coisa.

_O que voc...fay...encont...me escut...

A comunicação estava péssima, alguma coisa interferia no sinal. Escutou passos correndo atrás de si. Analisou o ambiente. Uma luta naquele lugar era impossível, não tinha espaço para se mover sem encostar-se aos espinhos, algo zunindo passou ao seu lado, abrindo um pequeno corte em sua bochecha. De onde tinha vindo? Não sentiu a presença. Novamente, ouviu algo correr ao fundo do corredor e um som de algo se arrastando. Ele estava encurralado, preso em uma armadilha, abaixou a tempo quando a mesma coisa de antes passou novamente zunindo sob sua cabeça, mas dessa vez vinha da frente, eram agulhas, estavam vindo de ambos os lados.

Abaixado como estava, apenas ficou atento ao som dos passos e do objeto que se arrastava. Eles não eram simultâneos, ocorriam aleatoriamente, quem quer que estivesse ali, queria provoca-lo. Por um instante, os passos pararam e uma chuva de agulhas veio cobrindo toda a largura do corredor, Fay não tinha outra escolha a não ser correr. Ele correu para longe do som dos passos, tentando abrir uma distancia considerável até a chuva de agulhas parar, algumas agulhas o tinham atingido.

Ele teria que enganar o inimigo, mas estava em um ambiente que o deixava em extrema desvantagem e a todo o momento tinha que manter o braço erguido para ver o caminho. Quando chegou a uma encruzilhada, escondeu-se perto de uma das rameiras abaixado na lateral e fechou a palma da mão desfazendo a magia, ficando em completa escuridão, ele era o único facho de luz ali, teria que lutar nas mesmas condições que o inimigo, não adiantava nada ficar correndo, tinha que aborda-lo.

Ele tentou acalmar o coração e normalizar a respiração da corrida, seus ouvidos eram sua única salvação. Pode escutar os passos se aproximarem bem mais devagar. Continuou ouvindo a risada, como se brincasse de pega pega. Mas que droga, ele não podia enxergar nada.

Por algum motivo, Fay sentiu muito medo. Ele era um mago feiticeiro e já tinha enfrentado muita coisa, mas aquela pessoa que se aproximava aos poucos o deixava arrepiado. Sentia-se uma criança, queria se esconder e chorar de medo. Quanta besteira, ele era um adulto. Os sons dos passos chegaram bem no meio da encruzilhada, era a hora! Atacaria com sua magia, mas seu corpo não conseguiu se mover, estava paralisado, ele pode ouvir a rizada alta bem perto, seu coração disparou descontroladamente, estava paralisado de medo?

Silencio, não conseguiu atacar, queria sair correndo, para o mais distante possível, de quem era aquela presença?

_irmão.

O sussurro em seu ouvido quase o fez ter uma parada cardíaca, olhou para traz e viu o rosto de seu irmão, seu rosto como um espelho, bem perto, quase encostando nariz com nariz. Tinha os mesmos cabelos longos devido ao tempo em que ficara trancafiado e o rosto escaveirado pela fome, com a boca seca e os lábios rachados, os olhos tinham perdido a cor azul bebe do céu, parecia mais agora um céu com tempestades.

_Você me deixou, irmão – sussurrou, como um fantasma.

Fay olhou para aquele rosto a sua frente sem poder acreditar, ele caiu para traz sentado, o medo subiu pelo seu peito saindo pela garganta em forma de um grito desesperado. Era o fantasma do seu irmão, sempre soube que ele iria assombra-lo, que iria se vingar por tê-lo abandonado e continuado a viver uma vida normal. Fay reuniu forças para correr, ele tinha perdido a noção de direção, não sabia qual era a frente ou traz, esquerda ou direita, por qual caminho tinha vindo, apenas correu desesperado, tentando deixar o fantasma para traz.

Ele podia escutar a risada o acompanhando, ecoando por todo o espaço, quem era ele? Quem era Fay? Porque quanto mais corria, parecia que o caminho se estendia? Onde tinha Luz, esqueceu-se completamente que poderia fazer magia? Sentiu como se seu corpo encolhesse, como se voltasse aquele tempo, um desespero por ajuda tão grande, que alguém o salvasse. Ele tropeçou em um dos ramos de espinho e caiu, rolando pelo chão. Ali, ele ficou, não importa o quanto corresse, não poderia escapar de seu passado.

Seu irmão chegou bem perto, olhando nos olhos, suas mãos ossudas seguraram seu rosto, forçando – o a erguer a cabeça.

_Yuui, você me matou. – Olhando bem fundo naqueles olhos mortos, Fay lembrou de seu passado. Absolutamente, tudo o que ele tentara esquecer. Seu corpo não se mexia mais, sua mente aos poucos estava se esvaindo. – Olhe para traz, Yuui.

E assim ele o fez, uma rajada de agulhas atingiu todo seu corpo, Fay caiu para traz, sentindo uma gigantesca dor no olho direito, levou suas mãos ao olho gritando e sentiu sangue escorrer pela lateral de seu rosto e suas mãos. A agulha o acertara no olho. Enquanto Fay gritava de dor pelo olho ferido, algo agarrou-se em sua perna e o puxou, arrastando pelos corredores e o erguendo-o, ele sentiu um dos ramos de espinho enrolar todo seu corpo, rasgando as roupas e ferindo sua pele. Então era esse o som que ouvia se arrastando, os ramos de espinho estavam se locomovendo, como se estivessem vivos.

Então ele morreria assim, enrolado no meio de espinhos, sozinho, morto por seu irmão que viera se vingar. Fay sentia o sangue escorrer por seu rosto e se misturar com suas lagrimas do outro olho, a culpa era dele. Com seu olho bom, ele pode ver a figura de seu irmão, olhando-o de baixo.

_Me desculpe...me desculpe....Fay. – ele tentou falar, mas estava se enforcando com o ramo de espinhos em seu pescoço.

Fay perdeu o ultimo resquício de consciência que tinha, sua mente voltou para aquele passado medonho e assustador.

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Em um País muito distante, o imperador esperava ansioso por seu filho, mas o reino caiu em desgraça quando descobriu que sua mulher, na verdade, concebeu gêmeos. Em um país completamente cheio de misticismo, existia a crença de que gêmeos era sinal de mal agouro, a morte da rainha na mesma noite serviu apenas para afirmar os medos do povo. Quando as crianças completaram idade o suficiente para sobreviver sem leite materno, foi ordenado que um dos dois escolhesse quem morreria, mas como nenhum pode escolher a morte do irmão, eles foram trancafiados aos gritos da multidão.

_Morram.

_Irmãos que convidam infortúnio.

_Gêmeos amaldiçoados.

Mesmo sendo apenas duas crianças, para aquela multidão, eram demônios. Um dos gêmeos foi trancafiado no alto da torre mais alta do reino, com apenas uma janela com grades a seu ver do mundo, o outro foi trancafiado na parte de baixo da torre, rodeado pelos corpos das pessoas que pereciam naquele reino e ali eram jogadas.

E assim eles viveram por muitos e muitos anos, a fome os devorava, ficaram cada vez mais magros, seus cabelos cresceram e suas bocas secaram de sede. A neve caia constantemente, mas isso não impedia de o gêmeo fora da torre tentar escalar os muros para escapar, seus dedos sempre sangravam e sem sucesso, ele caia de volta na neve fofa, sobre os corpos.

Sempre chamava por seu irmão no alto da torre, fazendo promessas e desejos de que um dia, eles sairiam dali.

_Eu vou tirar a gente daqui...Fay! – Gritava o mais alto que conseguia.

E sempre seu irmão se erguia sobre a janela, na ponta dos pês com as mãos agarradas as barras para dar apoio.

_Yuui!

Em um dia como aqueles, muitos corpos começaram a cair de uma vez, corpos de todas as idades, crianças, bebes, mulheres e velhos. Mas o que Yuui menos esperava era o corpo do rei caindo no meio de todos os outros, quando o menino chegou perto, o rei se ergueu brandindo sua espada para todos os lados.

_A culpa é sua! O reino decaiu em desgraça, vocês são amaldiçoados.

Yuui caiu para trás, tentando fugiu do corte da espada, até que ficou encurralado. Ele olhou bem para o rosto do homem que supostamente era seu pai, ele estava com os olhos ensandecidos, este ao chegar perto, riu feito um louco e cravou a espada em sua própria garganta, caindo morto aos pés da criança.

_Yuui! – gritava seu irmão do alto da torre.

Yuui refletiu sobre tudo e todos, todos morreram e a culpa era deles? Todos morreram por eles existirem? Era pecado existir? Seu pobre irmão Fay, no alto daquela torre, e ele próprio, passando frio com apenas aqueles farrapos de roupa para aquecer o corpo, não tinham o direito de viver?

Fay, fazia a mesma reflexão do alto da torre, se ele tivesse escolhido morrer quando lhe deram a chance, Yuui não estaria passando por aquela situação. Ele queria morrer, apenas morrer.

_Me desculpe Yuui. – Fay encolheu-se num canto.

Yuui continuou sentado no canto da parede, com as mãos à cabeça, estava coberto com o sangue que espirrou do rei. Ele ouviu o grito de seu irmão do alto da torre, agora que todas as pessoas estavam mortas, eles apodreceriam naquele lugar. Ele ouviu o vento perto de seu ouvido e uma leve agitação no ar, ele não acreditou ao ver o espaço se cortar e dele abrir uma fenda, como um portal. Na fenda, um homem apareceu sentado diante dele.

_Você quer sair daqui?

_Um sonho? – achou que estava imaginando coisas, deve ter ficado louco também.

_Não é um sonho. – Ele se perguntou Fay poderia ver a fenda lá de cima – Você quer sair daqui, não quer? Eu posso te tirar daqui.

_Pode mesmo?

_Sim, posso. Mas apenas um de vocês – disse o homem – Escolha.

Novamente eles tinham voltado aquele mesmo impasse, qual dos dois se salvaria? Porque ambos não podiam se salvar? Porque tudo tinha que sempre ser uma escolha entre vida e morte? Não poderiam escolher outra maneira?

_Por quê? Porque você me salvaria?

_Por quê? Você diz... – o homem riu – eu realmente não tenho um motivo. Apenas achei que seria justo, não é? Olhe para todas essas pessoas mortas, e seu pai...seria justo?

Yuui olhou para o homem morto, anteriormente rei e aparentemente seu pai. Justiça existia? Yuui permaneceu em silencio, olhou para aquele lugar, cheio de mortes e guerra, não queria estar mais ali, queria sair, olhou para o alto da torre, não conseguiu ver seu irmão, mas sabia que ele estaria ali, encolhido e chorando.

_Eu já me decidi...

Yuui contou sua decisão ao homem a sua frente, que lhe prometera ajudar. No mesmo instante em que disse aquelas palavras, ele viu o corpo de seu irmão cair do alto daquela torre. Durante a queda, Yuui pode olhar para os olhos de seu irmão, olhos arregalados e surpresos, iguais aos dele, era como olhar num espelho. Seu irmão caiu morto no chão, morrendo na hora como o impacto.

_FAAAYYYY!

O peso em seu coração foi muito grande, um aperto como se estivessem esmagando-o, a única pessoa amada dele agora jazia morta em sua frente. Ele não queria acreditar, sacodiu o irmão sem resposta. De que adiantou todo aquele tempo em que estiveram presos? Se ele tivesse morrido no dia em que o rei mandou escolher, Fay poderia ter vivido. No fim das contas, ele acabou matando o próprio irmão.

_Agora, você esta livre.

Por mais que Yuui tentasse ver o rosto do homem a sua frente ele não conseguia, era sombrio e medonho a sensação de olhar para aquela fenda, mas era muito escuro para ver o rosto, seus olhos também estavam cobertos pelas lagrimas, isso não ajudava.

_Não era pra ser assim, não era pra ele morrer!

_Foi a sua escolha, sua decisão! Agora você esta livre.

Antes que Yuui pudesse responder, a fenda fechou. Era como se nunca tivesse aparecido, o garoto rezou pela última vez com toda sua força para ser um sonho, mas apenas a dura realidade o abatia, afinal o corpo de seu irmão estava ali.

O homem tinha lhe prometido liberdade, mas não se via uma única saída, a não ser o amontoado de corpos da aldeia. Corpos sobre corpos, de todas as idades, um sobre o outro, até o topo do alto muro da torre, aquela era a saída? Todas aquelas pessoas que os maltrataram e lhe atiraram pedras, agora serviriam como escada para sua liberdade? Não era o que ele queria!

Arrastando o corpo do irmão, já que não poderia abandona-lo naquele lugar, não poderia deixa-lo sozinho, Yuui escalou os corpos, pisando em braços, pernas e cabeças, evitava o máximo olhar para os olhos sem vida das pessoas, pois tinha a impressão que suas almas estavam presas ali para sempre, o amaldiçoando mesmo após a morte. A tarefa não fora fácil, muitas vezes ele escorregava e os corpos rolavam para baixo, o corpo de seu irmão fazia peso extra e seu braços raquíticos não aquentavam tanto esforço, ao chegar ao topo, pode ter uma visão que não via a muito tempo, um pôr do sol, mas para ele aquele por de sol era tão triste e cinzento, fazendo um efeito contrário do que deveria.

Caminhou por muito tempo carregando o corpo do irmão, quando chegou em uma outra terra, com as forças restantes, cavou uma cova e o enterrou, trabalho que levou três dias e duas noites. Quase sem vida, ele caiu ali mesmo, pronto para morrer. Um viajante distante que passava ali de carroça avistou o corpo do menino e o recolheu em suas seus braços, depois de oferecer um pouco d’água, ele perguntou.

_Qual é o seu nome garoto?

_Fay...

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Kurogane remexia espada por espada, jogando para todos os lados as que ele sabia ser desnecessário. Onde guardavam as espadas dos prisioneiros? Aquela não era uma espada qualquer, não seria jogada em um canto por ai. Ele demorou um pouco para achar aquela sala, tinha encurralado um dos guardas anteriormente e perguntado onde estavam suas armas – ele não quis responder por bem, então teve que ser por mal – mas Kurogane se perdeu durante todo o caminho, aquele lugar era terrível. Quando achou a sala, se perdeu novamente entre as espada, elas eram muito maltratadas, simplesmente jogadas em um canto para economizar espaço. Cortaria a cabeça fora de quem fora o responsável por jogar sua amada ali.

Eram muitas espadas, ela não poderia estar ali, não era uma espada qualquer, não seria tratada daquela forma. Sua arma tinha a benção de uma sacerdotisa e a honra de sua família, possuíam um poder próprio que o escolhera para empunha-la.

Pouco tempo atrás tinha recebido uma chamada de Fay pelo comunicador, mas o sinal estava muito ruim. Sabia que não podia confiar nas bugigangas fajutas daquela mulher.

_Encontrei alguma coisa...

Era o que ele tinha dito, mas depois não houve mais resposta, seria mesmo o sinal? Ele sentia que tinha alguma coisa errada. Sempre confiou em sua intuição mesmo na beira da morte. Tinha que achar logo sua espada.

No meio daquela montanha de espadas, ele avistou uma cuja a ponta era a cabeça de um dragão. Então aqueles desgraçados tinham mesmo jogado ela em um canto qualquer. A espada de Kurogane tinha um dragão forjado nela, começando com a cabeça pela ponta e o corpo enrolando-se pela bainha, podia-se ver que ela era muito bem trabalhada.

Como estava abaixado, ao se erguer, bateu a cabeça em um compartimento fixado no teto, ele se abriu e muitas tralhas cariam na cabeça de kurogane. Entre elas, um pequeno livreto com capa preta. Ele deu uma folheada no objeto, não haviam muitas folhas, mas muitas delas estavam bem detalhadas. Ao olhar o conteúdo, percebeu que o nível de idiotice daqueles guardas era maior do que ele pensava.

_Interessante.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse foi o capitulo de hoje, obrigada por lerem. Se quem leu e chegou até aqui, realmente muito obrigada por toda a paciência do mundo que reuniram para acompanhar esta historia. Logo posto o próximo capitulo.

Até a próxima.



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