“Estou muito feliz de estar aqui” Camille sorriu para Logan, com seus olhos de aparência sincera mais ainda duvidosos, ela sorria radiante para ele, e o garoto apenas respondeu com um sorriso tímido e acanhado, rapidamente desviando seu olhar para o cardápio em suas mãos. Ela se aparentava a mesma garota alegre, charmosa e doce de sempre, porém Logan não podia mais olha-la do mesmo jeito. Não havia uma parte dentro de Logan que acreditava na ingenuidade que a garota alegava. Camille o traiu e o manipulou outra vez, e dessa vez ele não seria estúpido o suficiente para aceitá-la de volta.

Logan não conseguia se lembrar de como ele acabou em um encontro com sua ex. Sério, ele não tinha um pingo de ideia. Noites atrás, na festa das Jennifers, o mais improvável aconteceu e ela apareceu ali em aparente “território inimigo”, e encontrou Logan já no pior dos seus estados, depois de beber o suficiente para não se lembrar da presença da garota no lugar. Logan estava tão alterado que convidou a garota para sair, e só descobriu isso quando ela o abordou na saída de sua aula. O garoto detestava o fato de ser tão educado, se sentir mal em dizer não para alguém que o machucou. Ele não a perdoara, e não iria perdoaria tão cedo, mas no instante que ela começou a dizer sobre a conversa que ele não lembrava sobre, sentiu que deveria aceitar o convite. Talvez encerrar as coisas uma vez por todas com Camille. Porém se ele soubesse que confirmar o encontro traria tantos problemas com o latino ele negaria em um piscar de olhos.

A voz de Camille era ouvida pelo garoto, mas todas as palavras entravam em um ouvido e saiam pelo outro. Apenas mais uma história de como ele fazia falta pra garota, e lembranças do tempo em que eles eram felizes. Nada que Logan não havia escutado nas outras vezes que eles terminaram. Mas dessa vez ele não conseguia se concentrar em Camille. Todo aquele brilho que a garota trazia, aos olhos de Logan, não estava mais ali.

Sua mente estava em outro lugar. A única coisa em que Logan conseguia pensar era em Carlos. Aquela tarde de quarta feira. Logan não queria a casa, ele queria o melhor amigo de volta, e ele conseguiu. Logan conseguiu mais de Carlos que esperava, ou que se permitia esperar. Ele se lembrava do sabor dos lábios do latino, e o calor do seu toque, fazendo uma corrente elétrica percorrer cada centímetro do seu corpo. Ele nunca se sentira daquele jeito, ansiando por alguém, como quando beijou Carlos. Naquele momento, os dois souberam que sentiam o mesmo um pelo outro, entretanto, Logan conseguiu estragar tudo. Interrompeu uma das melhores sensações que tivera na vida, por falar de mais. E ainda, não correr atrás de Carlos quando ele saiu da casa. E cada minuto que ele desperdiçava não falando com o mais velho só fazia as coisas piores, e os dois já haviam esperado demais.

“Camille! Camille” Logan interrompeu a garota que estava falando há vários minutos. Ela olhou confusa enquanto ele se levantava “Desculpa, mas eu tenho que ir, eu realmente não deveria estar aqui”.

“Mas como assim?” Ela o questionou “Estamos quase consertando as coisas”.

“Olha, eu não sou idiota. Você mentiu e me manipulou por praticamente toda nossa relação, mas eu cheguei ao bom senso agora. Já pode parar com a atuação”.

“Foi algo que o Carlos disse? Porque eu tenho certeza que –”.

“Camille?” Logan ergueu sua mão, a interrompendo outra vez com um pequeno sorriso em seu rosto “Cala a boca”.

O garoto puxou dinheiro de sua carteira e colocou em cima da mesa, deixando Camille no restaurante sem palavras. Logan não costumava ser assim, direto e até um pouco rude, mas a garota já estava achando que podia manipulá-lo outra vez, contra Carlos. A questão era que Camille não era mais sua prioridade, sua palavra não significava mais nada para Logan, e ele não conseguia entender como confiara nela em primeiro lugar. Carlos nunca o trairia desse jeito, Logan conhecia o amigo melhor do que si mesmo, e confiaria de olhos fechados no latino, foi idiotice dele não ter visto isso antes, pois Carlos significava tudo de importante na sua vida, seu porto seguro, o único que conseguia fazê-lo sorrir não importa a situação, e era por esse e outros motivos que Logan o amava. E o garoto precisava dizer isso a ele.

Então ele correu. Rua a baixo em direção ao bar onde Carlos disse que estaria. Logan só esperava que ele continuasse lá. O garoto não fazia ideia do que diria quando o visse, talvez começasse com desculpas, dizendo o quão estúpido foi por julga-lo e ser a pior pessoa existente. Qualquer coisa para fazer as pazes.

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Carlos estava sentado á mesa bar. Seu copo não fora tocado, e seu pensamento estava longe, tirando o foco das pessoas, música e vozes naquele lugar. Tudo o que conseguia pensar, era em Logan. Por alguns instantes ele teve tudo o que não sabia que precisava tanto, por poucos e insuficientes instantes.

Será que ele havia sido injusto? Não. Carlos estava cansado de assumir as coisas que não fizera, e a única pessoa que devia desculpas era Logan. Sua vontade de pedir desculpas por motivo algum era enorme, ele não queria brigar com o mais novo, manter a distancia, Carlos queria aqueles poucos instantes de volta. Porém, nada poderia continuar entre eles se um dos dois saísse prejudicado.

Afinal, você virou só um detalhe pro Logan depois de mim as palavras de Camille ecoavam em sua mente outra vez. Como ele pode ser tão burro a ponto de achar que Logan o escolheria? Como a garota previu, os dois estavam juntos e Carlos não teve nenhuma influencia no mais novo. O latino sentia falta do tempo em que tudo se resumia aos dois, e Logan ouvia Carlos e eles se entendiam, e se divertiam sem ligar para o resto do mundo. Afinal, o resto do mundo não importava quando eles estavam juntos. Pelo menos Carlos se sentia assim, mas ele estava certo que Logan não.

Foi então que sua atenção foi desviada para a multidão, onde vira Logan se aproximando as pressas, se espremendo entre as pessoas para chegar até Carlos. O garoto suava e estava com falta de ar como se houvesse corrido uma maratona.

“Carlos!”Logan o chamou parando alguns metros longe dele, apoiando suas mãos no joelho para recuperar seu folego. O latino olhou preocupado, ele queria perguntar o que houve, se ele estava bem, ele queria ignorar o garoto, e continuar bravo com ele, porém tudo o que pode fazer foi o encarar e esperar para ouvir o que ele tinha para dizer “Me desculpa” O mais novo continuou “Desculpa, desculpa, eu fui tão estúpido com você, eu sei disso, eu não deveria ter te tratado daquele jeito, ou ter te ignorado. Eu não estou com a Camille, eu estava bêbado quando convidei ela pra sair e eu não sabia como cancelar, mas deixei ela no restaurante porque não tinha sentido, eu precisava falar com você... eu... eu sinto muito” O garoto falava rápido gastando o pouco de ar que tinha.

Carlos o observou por uns instantes, sem dizer uma palavra para o garoto ofegante esperando sua reação “Porque você não senta e toma alguma coisa?” ele inclinou a cabeça para indicar o banco vazio ao seu lado e abriu um pequeno sorriso. Não era um sorriso de perdão, ou compreensão. Ele estava feliz, gritando por dentro por ver Logan ali, o alcançando para se desculpar, porém o latino não podia perdoá-lo tão facilmente. Mas ele estava disposto a ouvi-lo, ele precisava ouvir o que o mais novo tinha a dizer. Ele só queria que as coisas voltassem a ser as mesmas ou mais.

Logan se sentou ao lado do amigo e pediu sua bebida. Os dois então conversaram. Não sobre Camille ou sobre o beijo, mas sobre todo o resto. Coisas aleatórias, memórias, piadas, qualquer coisa. Os dois sorriram um para o outro mais uma vez. Buscando se familiarizar com seus rostos, suas vozes, seus jeitos, ambos queriam recuperar aquela antiga amizade. Antes de tudo acontecer, antes de todo o drama. Eles se lembravam de tudo aquilo que fazia ser tão difícil viver tão distante um do outro, sem usar palavras exatas.

“Está ficando tarde e eu preciso ir” Logan disse depois de horas de conversas, os dois amigos só foram perceber que o lugar estava bem mais vazio depois. Carlos balançou sua cabeça em compreensão, ele não queria terminar a conversa, a falta que Logan o fazia era enorme e nada garantia que eles se falariam daquele jeito uma vez que o próximo dia chegasse “Você quer passar no apartamento? Sei lá, ver se esqueceu alguma coisa ou...” O mais novo continuou deixando o final de sua frase desaparecer.

“Claro” Carlos sorriu.

Os dois caminharam pelas ruas, já que nenhum dos dois usaram carros para chegar no bar. A noite estava quente e os arredores vazios, Carlos e Logan andavam sob o céu que possuía poucas estrelas. Tudo estava silencioso e em alguns momentos os dois trocavam olhares, mas não sabiam o que dizer.

“Sabe” Logan começou “ Eu lembro das vezes que você me arrastava para matar aula, ou fazer coisas que sempre ferravam no final”. Carlos o encarou com expressão neutra, prestando atenção nas palavras do amigo “E importa o tempo que nós ficávamos sem nos falar, eu sempre era o primeiro a me desculpar, por algo que você fez. Eu não conseguia manter distancia, digo, eu faria qualquer coisa pras coisas voltarem ao normal. Eu não me arrependo ainda assim, independente das consequências, minhas melhores memórias envolvem você” Ele olhou para o mais velho que sorria para o chão “Mas pela primeira vez a culpa é minha, realmente minha, e isso meio que me assuntou, digo, eu fui estupido por não te dar credito, mas assim que o Kendall disse que viu você afastar e gritar com a Camille”

“Ele o que?” Carlos perguntou confuso.

“Eles só não queriam se entrometer na briga, por isso não contaram” Logan explicou, Carlos não criou caso com isso e apenas deixou o mais novo continuar “Enfim, assim que eles me contaram, eu cai no bom senso, e bem, eu sabia que você nunca faria algo assim comigo, e sabia que eu precisava me desculpar, mas eu fui muito orgulhoso já que nossa amizade se resumia em nós dois deixando de lado qualquer conflito, e dessa vez não tinha como fazer isso” O garoto suspirou “Eu sinto muito”

Carlos alcançou a mão de Logan e entrelaçou seus dedos, fazendo o amigo parar de andar. Eles estavam em frente á uma pequena área verde do campus e de frente um para o outro. O latino então subiu uma de suas mãos para o queixo do mais novo “Desculpas aceitas” ele se inclinou para beija-lo e Logan aceitou seu gesto. Aquele beijo foi mais calmo, mais leve, não havia lágrimas, desentendimento, pressa. Em fato, eles possuíam todo o tempo do mundo.

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“Eu te amo” Logan disse em baixo volume se expandindo no quarto, repetindo-se pela quinta vez aquela noite. Ele não se cansava de dizer que o amava, era mais forte que ele, e também, o mais novo estava viciado na resposta de Carlos quanto essas três palavras. Seus olhos sonolentos se adaptavam ao escuro, e ele se acomodava deitado de lado, sentindo a mão de Carlos alisar sua cintura.

“Eu te amo também” Carlos sussurrou em seu ouvindo. Ele beijou o pescoço de Logan e o abraçou um pouco mais forte. O mais novo virou na cama para poder encarar Carlos. Estava escuro mas ele podia ver alguns traços do rosto do latino ainda.

“Eu quero que você volte. Volte a morar aqui” o garoto reforçou.

“Claro” Carlos beijou os lábios do mais novo. Ele alisou o rosto de Logan e disse “Eu sempre vou voltar pra você”