Beyond The Barricade escrita por Fantine


Capítulo 10
TROISIÈME PARTIE "At The Barricade" - Gavroche


Notas iniciais do capítulo

SOM: http://www.youtube.com/watch?v=mQpgdx-q82k



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Marius quase se tinha esquecido da carta que Eponine lhe havia dado. Mais tarde, no entanto, procurou um lugar iluminado e leu a carta de Cosette. Dizia que viajaria para Inglaterra dentro de oito dias. Nela estava também o endereço de onde estaria até à data da sua partida com o pai.

Sabia que era injusto não se manifestar. Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia.

Escreveu então, falando - lhe do seu amor impossível mas que duraria para sempre.

Num outro papel que colocou no seu bolso, escreveu quem era e pediu para que levassem o seu corpo para o senhor Gillenormand cujo endereço também escrevera. A morte no confronto final seria certa.

Depois chamou Gavroche que era filho de Thénardier e pediu - lhe que levasse a carta a Cosette, esperando assim puder resgatar o menino de um destino como o seu.

Gavroche chegou ao endereço e perguntou se era esse o endereço correto. Jean Valjean anuiu e Gavroche entregou a carta dizendo que vinha da barricada da rua Chanvrerie.

Para agradecer o pai de Cosette deu - lhe algumas moedas.

– Algo para si, algo para mim. Quem precisa de caridade? - disse brincalhão enquanto partia.

O pequeno voltou então para a barricada. Lá, enquanto os homens faziam cartuchos, as mulheres preparava ataduras e num caldeirão fumegante faziam - se as últimas balas.

– Uma porta envidraçada numa barricada é excelente! Então vocês nunca roubaram frutas por cima de um muro coberto de fundos de garrafas? Vocês têm muito pouca imaginação, meus camaradas!

Gavroche permanecia furioso com a sua pistola quebrada.

– Uma espingarda! Quero uma espingarda! Porque não me dão uma?

– Uma espingarda para ti? - Perguntou Enjolras.

– Ora! Porque não? Em 1830, quando lutamos com Carlos X, eu tinha uma.

– Quando houver armas suficientes para os homens, daremos para as crianças!

Gavroche, voltou - se enraivecido, respondendo - lhe:

– Se tu morreres antes, fico com a tua!

– Gaiato. - Disse Enjolras.

– Fedelho. - Revidou Gavroche.

Como sabemos, a companhia Fanncot ao se retirar, deixara atrás de si um rasto de cadáveres. Uns vinte mortos jaziam espalhados por todo o comprimento da rua. Umas vinte cartucheiras para Gavroche. Uma provisão de cartuchos para a barricada.

No momento em que Gavroche esvaziava a cartucheira de um sargento que jazia próximo a um paiol, uma bala atingiu o cadáver!

– Caramba! – disse Gavroche – Estão matando os meus mortos.

Uma segunda bala arrancou faíscas de uma pedra ao seu lado, uma terceira virou-lhe o cesto. Gavroche olhou, e viu que os tiros vinham dos guardas nacionais.

Começou então a cantar, desafiando os guardas e um quinto disparo não conseguiu mais do que arrancar-lhe o terceiro verso:

Joie est mon caractère, (O meu caráter é alegre,)

C’est la faute à Voltaire; (Por culpa de Voltaire)

Misére est mon trousseau (A minha fortuna é a miséria)

C’est la faute à Rousseau (Por culpa de Rousseau)

Isso continuou por algum tempo.

O espetáculo era medonho e encantador. Gavroche, alvo dos disparos, impacientava os soldados. Parecia estar se divertindo muito. Era pardal debicando os caçadores. A cada descarga, respondia com um verso. Visavam-no sem parar, sem conseguir atingi-lo. Os guardas nacionais e os soldados riam-se enquanto lhe apontavam as armas. Gavroche deitava-se, levantava-se, escondia-se num angulo de uma porta, depois pulava, desaparecia, reaparecia, fugia, voltava, fazia fosquinhas à fuzilaria, e continuava a recolher cartuchos, esvaziando patronas e enchendo o cesto. Os revoltosos, preocupados, seguiam-no com os olhos. A barricada tremia, ele cantava. Não era uma criança não era um homem, era um estranho miúdo encantado. Dir-se-ia i gênio invulnerável das batalhas. As balas corriam noseu encalço, mas ele era mais ligeiro. Brincava de esconde-esconde com a morte; cada vez que o rosto disforme do espectro se aproximava, o Gavroche dava-lhe um piparote.


Contudo, uma bala, mais certeira ou mais traiçoeira que as outras, acabou por atingir o atingir. Viram Gavroche cambalear e depois cair. Toda a barricada deu um grito; mas havia algo de Anteu naquele pigmeu; para o rapaz tocar o chão era como para o gigante tocar a terra; Gavroche não caíra senão para tornar a erguer; permaneceu sentado com o rosto riscado por um filete de sangue; levantou os dois braços para o ar, olhou para o lado de onde o haviam alvejado, e continuou a cantar:


Je suis tombé per le terre, (Caí ao chão)

C’est la faute à Voltaire (Por culpa de Voltaire)

Le nez dans le ruisseau (Com o nariz na sarjeta)

C’est la faute à… (Por culpa de…)

Não terminou o verso. Uma segunda bala interrompeu - o. Dessa vez caiu de bruços e não se moveu mais. A sua pequena grande alma acabava de levantar voo.



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Notas finais do capítulo

Eu chorei tanto quando o Javert deu o pin ao Gavroche. Ele estava a reconhecer que aquele menino pequenino era mais bravo e digno que ele.
Porque é que eu acho que isto (http://dirtanddickens.files.wordpress.com/2013/01/98868154291453140_mnnpxzkc_c.jpg) seria um bom ship?
XOXO



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