Jogos Vorazes - Glimmer escrita por Triz


Capítulo 14
Capítulo 14 - Vingança


Notas iniciais do capítulo

Uma recomendação? *--------------------*
OMG, estou tão feliz!
Capítulo dedicado à Viic Sutherland, que recomendou a fic! Muito obrigada ♥



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Ao chegar mais perto das ruínas que um dia foram todos os nossos suprimentos, o garoto do Distrito 3 joga pedras na área explodida.

— É, parece que todas as minas terrestres foram explodidas. — diz ele, parecendo amedrontado com o olhar mortal que lanço a ele enquanto balanço o machado com a mão.

Remexo no que sobrou. Está tudo queimado, as comidas estragadas e as armas completamente destruídas. Marvel e Clove tentam resgatar qualquer coisa enquanto Cato pragueja como um demônio, chutando os destroços para longe. O garoto do Distrito 3 veio aqui, nos ajudou a sobreviver e depois explodiu tudo o que tínhamos? O que sinto de raiva é inexplicável.

Ao olhar para um Cato mais irritado do que nunca, o garoto do Distrito 3 tenta fugir, porém Cato é mais rápido e o puxa por trás. Em um piscar de olhos, Cato torce o pescoço do garoto, que cai no chão, imóvel.

Esse já era, penso. 

— Afastem-se do corpo. — diz Cato, ainda furioso. Um segundo depois, o tiro de canhão do garoto do Distrito 3 soa e um aerodeslizador surge no ar. — Ali, vamos perto do lago.

Andamos para longe enquanto o aerodeslizador leva o corpo do garoto morto. O que tínhamos no acampamento perto do lago eram os sacos de dormir e três mochilas, que agora estão parcialmente queimados.

— Ainda dá pra usar. — digo, apontando para o saco de dormir. — Será que o tributo que explodiu tudo morreu?

— Deve ter morrido com a explosão — diz Marvel.

— Não devemos ter certeza disso. — diz Clove, recolhendo as mochilas do chão e verificando o conteúdo delas. — Não ouvimos o canhão, mas ele pode ter soado durante as explosões.

— O que ainda temos, Clove? — pergunta Cato.

— Uns fósforos, iodo, cordas de variados tamanhos, uma boa quantidade de nozes, dois odres de água, dois óculos de visão noturna e algumas de minhas facas. 

— Ainda temos vários suprimentos. — digo.

— É, mas não podemos sobreviver apenas comendo nozes. — diz Marvel. — Talvez devessemos caçar.

— O gigante aí tem razão. Vamos nos preparar agora mesmo. — ordena Cato. 

O hino da Capital toca e o céu se ilumina. Os tributos mortos de hoje foram apenas o garoto do 3 e do 10. Agora são nove tributos vivos e quinze já derrotados. A vitória está perto, assim como o fato de que terei que ver Marvel morrer ou vice-versa. Há um tempo não abraço-o ou beijo-o e esse fato está me deixando um pouco louca, já que preciso de algum afeto aqui na arena.

Pego o machado, arrumo a adaga no cinto e dou duas lanças à Marvel, que em seguida passa um braço em torno de mim.

— Preparado para uma boa refeição? — pergunto.

— Claro que sim. — diz ele, fazendo movimentos circulares com a mão sobre a barriga, indicando que ele está com fome. — Pena que não temos mais o Conquistador para preparar uma maravilhosa janta para nós.

O comentário de Marvel me enche de fúria.

— Não precisamos mais dele! — grito. — Ele mentiu para nós! E eu posso preparar uma refeição melhor que ele.

— Essa eu quero ver. — provoca Marvel.

— Está apostado. Se eu preparar uma janta maravilhosa para nós, você monta guarda em meu lugar por três dias. Se eu fizer uma péssima janta, garanto nosso próprio alimento por três dias.

— Nem preciso me preocupar. — diz ele, dando de ombros. — Conheço você há anos e nem um ovo você consegue fritar.

— Não duvide de mim!

Cato e Clove colocam seus óculos de visão noturna e entregam à mim e à Marvel uma tocha acesa com os fósforos. Juntos, entramos na floresta.

— Acho que podemos montar armadilhas para os animais e procurar tributos. Aí se não encontrarmos ninguém, ainda teremos nossa janta garantida. — sugere Clove.

Essa garota até que tem ideias boas para uma pessoa desse tamanho, penso.

— Quem ainda está vivo? — pergunta Cato.

— A garotinha do Distrito 11, acho que seu nome é Rue. Thresh, os dois do Distrito 12, a menina ruiva do Distrito 5 que apelidei de Raposa e nós quatro. — digo. — Estamos em nove.

— E o Conquistador ainda não morreu? — pergunta Cato, mais furioso que antes.

— Não, pelo que parece. — diz Marvel. — Mas como você fez um bom trabalho com a espada, ele não deve ter muito tempo de vida.

— Pelo menos ele terá uma morte lenta e dolorosa.

— Alguém já pensou que o tributo que explodiu nossas coisas sobreviveu? — pergunta Clove. — Porque só apareceram no céu os tributos que matamos hoje e ninguém mais.

Arregalo os olhos. Que louco conseguiria explodir uma pirâmide de suprimentos enorme e fugir logo em seguida? 

— Deve ser aquela Garota em Chamas. — diz Marvel.

— Não pode ser. — digo. — Como ela conseguiria?

— Logo depois que você abandonou o arco no meio da floresta no ataque das teleguiadas, os olhos dela brilharam. — diz Clove. — Eu sei porque vi tudo de longe, até comentei isso com Marvel quando te procurávamos. Ela pode ter pego o arco e usado as flechas para atirar em algo de nossa pirâmide de suprimentos, com uma distância segura, lógico. Se aquela coisa em que ela atirou caiu no chão, certamente uma mina terrestre foi ativada, levando tudo pelos ares. Mas não tenho tanta certeza disso, infelizmente.

— Ela não tem habilidade com o arco. — diz Cato, mal humorado.

— Mas e se ela estivesse escondendo suas habilidades? 

— Não, Clove, pelo amor dos deuses. Isso não é possível. Aposto que ela não sabe nem amarrar um nó!

— Eu vi o jeito que os olhos dela brilharam para o arco! E foi ela quem tacou o ninho de teleguiadas em nós! Certamente ela é boa, já que está viva até agora e conseguiu uma nota 11.

— Você tem razão. Lembra de Johanna, uma garota do Distrito 7 que venceu se fingindo de fraca? — diz Marvel. 

— Tanto faz! — digo, zangada. — Vamos continuar a caçada e depois mataremos a Garota em Chamas.

Essa noite, Clove se provou inteligente ao chegar à conclusões que nem eu mesma chegaria. Andamos por cerca de uma hora, mas não achamos nenhum tributo. Por sorte, pegamos dois esquilos com as armadilhas.

— Um esquilo para Clove e Cato, um para Glimmer e eu. — sugere Marvel. Todos concordam.

Como apostei com Marvel, disse que prepararia um jantar maravilhoso. Acendo a fogueira com ajuda dos fósforos e começo a limpar o esquilo. Logo em seguida, amarro o roedor em um galho e coloco-o no fogo, imitando os movimentos de Cato, que assa sua comida em outra fogueira ao nosso lado.

— Tome cuidado para não incendiar o jantar. — avisa Marvel. 

— Se eu fosse você, tomava cuidado com essa sua boca. — retruco. — Vamos lá, está quase pronto.

— Ui, tá bom então, fabulosa. 

— Eu sou mesmo.

— Não tanto quanto eu.

— Cala a boca, Marvel! Venha, acabei de assar isso aqui. É melhor ir se preparando para ficar acordado a noite inteira. — digo, dando um pedaço do esquilo à ele.

Ele morde um pedaço e olha para cima, como se estivesse pensando.

— Está cru.

— Como é que é? — pergunto indignada.

— Olhe para cá. — diz Marvel, abrindo a carne esquilo com a adaga que ele tira de meu cinto. — A carne está crua. Isso pode causar doenças.

— Parece que eu perdi.

— Parece nada. Você perdeu mesmo. Convenhamos, Glim, você não sabe cozinhar. Deixe que eu prepare isso aqui. — diz ele, rindo.

Marvel coloca o esquilo novamente no fogo, enquanto Cato e Clove já devoraram metade de seus roedores. Em questão de minutos, o nosso fica pronto para consumo.

— Aqui está. — diz ele, entregando um pedaço a mim. — Um esquilo comestível.

Mordo um pedaço da carne e está realmente deliciosa. Devoro todo o animal em pouco tempo.

— Agora você vai caçar todos os dias. Sozinha. — diz Marvel, rindo. — Mentira, nunca faria isso com você. Eu vou te acompanhar nesse tempo. 

— Tanto faz. — digo, revirando os olhos e em seguida, dando um sorriso. Quando Cato e Clove estão distraídos conversando sobre o grandalhão do Distrito 11, chego perto de Marvel e lhe dou um beijo. — Vou dormir agora. Boa noite, Marvelous.

— Boa noite, Glimmer. 

***

O dia seguinte chega rapidamente, a tarde vem em um piscar de olhos. Cato e Clove foram caçar tributos, enquanto Marvel e eu fomos procurar comida, como o prometido. Com o meu machado em mãos e a adaga no cinto, tenho a sensação de ser a mais forte por aqui.

— Olha aqui, Glim. — diz ele, amarrando um pedaço de corda que Clove nos deu em uma rede com algumas outras cordas. — Essa aqui é uma armadilha grande e discreta. Tome cuidado para não pisar nela.

— Vou ter cuidado. — aviso a ele.

— Vamos prosseguir caminho. 

— Talvez possamos achar algum animal sem a sua armadilha.

— Minha mira é boa. É claro que conseguiremos algo, mas essa coisa aqui nos garantirá uma janta.

Marvel e eu andamos durante algum tempo. Conseguimos um peru selvagem e dois coelhos, que nos alimentarão durante dois dias. Um barulho de folhas se agitando perto de nós indica que algum animal caiu em uma armadilha.

— Corra, Glim! Rápido!

Chegamos perto do lugar onde foi montada a armadilha e a garotinha do 11 está presa lá, debatendo-se.

— Katniss! — ela grita com um tom de desespero em sua voz. — Katniss!

A voz de Katniss está mais perto.

— Rue! Rue, estou chegando!

A garotinha coloca sua pequena e delicada mão para fora da rede e Marvel joga uma lança no estômago dela. Por um momento, ao ouvir seus gritos de dor, fico um grande sentimento de culpa, mas lembro-me de que devo matar qualquer um para que possa vencer. Katniss aparece com um arco na mão direita e a aljava nas costas.

O arco! Clove estava certa sobre ele. A Garota em Chamas o pegou.

Em um movimento rápido, Katniss prepara uma flecha e a lança em direção à Marvel, como vingança por ele ter atirado em Rue.


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Notas finais do capítulo

E agora, o Marvel vai sobreviver?