Jogos Vorazes - Glimmer escrita por Triz


Capítulo 13
Capítulo 13 - May the odds be ever in your favor?


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Tenho um novo leitor *-*
Espero que gostem do capítulo, que é dedicado à Paulo e Scarlet Ohara, que favoritaram a fic. Muito obrigada!



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Quando eu tinha cerca de catorze anos, ouvi falar sobre teleguiadas na escola. O professor me disse que são vespas modificadas pela Capital, cujo veneno causa alucinações ou até mesmo a morte. Fui orientada a ficar longe delas, mas nesse momento, um ninho inteiro dessas criaturinhas mortais está nos atacando.

— Para o lago! Para o lago! — grita Clove, já saindo do lugar, guardando suas facas na jaqueta de qualquer jeito.

Cato só tem tempo de esfaquear a perna do Conquistador antes de os dois saírem de meu campo de visão.

Corro pela área tentando ao menos visualizar alguém no meio das teleguiadas, mas me parece que já conseguiram fugir. Mas eu não. Fico no meio dos insetos, tentando desesperadamente não levar picadas e com o arco, tento afastá-las, mas é claro que elas contuinuam a me rodear. Por sorte, ainda só recebi uma ferroada, então tento fugir de algum jeito.

— Me ajude! Socorro! — grito, desesperada, enquanto vejo Marvel se mandar dali tentando proteger algo que não existe. O veneno das teleguiadas também causa alucinações. Me pergunto se sou eu o que Marvel tenta proteger.

Quando levo duas ou três ferroadas, sinto que vou cair no chão a qualquer hora. É quando alguma coisa me empurra para fora da nuvem dos insetos. O impulso é forte o suficiente para que eu consiga sair correndo sem cair. Olho para trás por um instante e sinto vontade de chorar: Silvia se contorce no meio das teleguiadas, recebendo múltiplas ferroadas e tendo algumas alucinações. Fora ela quem me salvara, ela acabara de dar sua vida por mim. Começo a chorar ali mesmo quando a vejo desabar no chão, imóvel. Seu corpo, antes bonito e forte, agora estava horrível com as imensas bolhas que são as picadas de teleguiadas.

Preciso sair daqui logo, penso, enquanto abandono o arco e a aljava ali mesmo, enfurecida por ter feito Silvia morrer tão cedo. Ela tinha apenas dezessete ou dezoito anos e acabara de perder a vida.

As árvores ao meu redor começam a se multiplicar e o chão começa a tremer. Fico me perguntando quem jogou o ninho em nós, mas nesse momento estou mais preocupada em me manter viva. Percebo uma picada das teleguiadas no joelho esquerdo, uma no ombro direito, uma na testa e por fim, uma na coxa direita. A dor é inexplicável, os ferimentos impedem-me de realizar até mesmo um simples movimento.

Minha mãe de repente aparece na arena, sorrindo para mim normalmente. Tome cuidado com os insetos, avisa ela. Não, ela não pode estar aqui, ela está em casa me assistindo. Ela muda de forma e se transforma em milhares de aranhas, que começam a subir pelo meu corpo.

O canhão de Silvia me faz acordar das alucinações enquanto cambaleio pela floresta fechada. Não sei onde estão os outros Carreiristas, estou sozinha no meio da floresta. As alucinações ficam tão fortes que caio no chão, tentando conter a dor, mas por fim desmaio.

***

— Acorda, Glim. — diz Marvel, enrolando um pano em minha cabeça. Ele me ajuda a sentar em cima de um saco de dormir e tira o cabelo de meu rosto. — Você está bem?

— O que aconteceu? — pergunto, confusa. Noto que as minhas feridas estão bem menores comparadas as de quando fui atacada. — Onde estamos?

— Deixe-me esclarecer as coisas, minha princesa. — diz ele. — Fomos atacados por um bando de teleguiadas e conseguimos fugir, porém ninguém encontrava você. Silvia não conseguiu escapar e morreu, vimos o corpo dela sendo levado por um aerodeslizador. Eu jurava estar te protegendo na hora do ataque, mas eu estava tendo alucinações e só percebi quando chegamos no lago. Continuando, depois de dois dias achamos você desmaiada no meio da floresta. Nesse tempo, só Silvia e o garoto do 10 morreram. Infelizmente, você perdeu o seu machado e eu tive que carregá-la até aqui. — diz Marvel, apontando para o chifre dourado. — Estamos agora na Cornucópia.

Dou uma olhada pelo lugar, reparando que tudo está arrumado: fogueiras, sacos de dormir e até uma pirâmide enorme de suprimentos ao lado da Cornucópia. Cato e Clove brigam na beira de um lago enquanto um menino magricela e pálido senta ao lado deles, olhando fixamente para os círculos de metal que ficamos ao entrar na arena.

— Quem é o magrelo? — pergunto, apontando para o garoto com cara de desprezo.

— Ah, é o garoto do Distrito 3. Cato não quer o garoto por aqui, mas Clove diz para mantermos ele por perto. Ele está pensando em algum jeito de reativar as minas dos pedestais para proteger os suprimentos e ele também nos ajudou a curar as ferroadas de teleguiadas.

— E o Conquistador?

— Fugiu. Fugiu para ajudar a Garota em Chamas. No fim, ele realmente era apaixonado por ela, mas como Cato conseguiu abrir um corte em sua perna, provavelmente estará morto daqui a alguns dias.

Raiva. É isso o que sinto de Peeta. Ele nos enganou e nos traiu.

Sinceramente? Espero que ele tenha uma morte lenta e dolorosa. Não gosto nem um pouco de ser feita de boba.

Quando finalmente consigo me levantar, Marvel me guia até a beira do lago, onde Cato e Clove estão. Eles param de discutir e o garoto do Distrito 3 começa a cavar uns buracos no solo.

— Eu disse, Cato. — diz Clove, com os braços cruzados. Ela parece estar bem mesmo depois dos ataques das teleguiadas. — Ele conseguiu armar um plano e ainda nos curou do veneno daquelas vespas idiotas. Vamos colocá-lo logo nessa aliança.

Cato fica irritado por um segundo com Clove, mas por fim ela consegue acalmá-lo. E o que é engraçado é que apenas Clove consegue acalmar Cato quando está furioso.

O garoto do Distrito 3 vem em nossa direção.

— Terminei o serviço. — diz ele, limpando as mãos miúdas cheias de terra. — É o seguinte: caso queiram pegar algum suprimento ou arma, tem de seguir uma sequência certa de passos. Dois para a esquerda, quatro para a frente, três para a direita, um para a frente e cinco para a esquerda. Querem que eu repita?

Dois para a esquerda, quatro para a frente, três para a direita, um para a frente e cinco para a esquerda. Ok, consigo decorar isso fácil.

A primeira coisa que preciso fazer é pegar uma nova arma nesses montes de suprimentos. Seguindo a sequência de passos com cuidado, consigo chegar até a pirêmide com grandes saltos largos. Vasculho o estoque de armas que tem lá: algumas adagas, uma espada, duas lanças, três martelos, alguns dardos e facas e por fim, um machado. Um machado!

— Pegue uma lança para o garotinho aqui, loira! — grita Cato, de longe.

Seguro na mão direita o machado, coloco uma adaga no meu cinto e preparo a lança na mão esquerda. Salto novamente pelos espaços seguros até chegar perto do garoto.

— É melhor tomar cuidado conosco. — avisa Cato a ele, tirando a lança de minha mão e entregando ao garotinho pálido. — Restam apenas dez tributos, se você fizer algo de errado, será a próxima vítima.

Sem dizer nada, o garoto faz a sequência de passos para chegar na pirâmide, pega uma maçã para comer e volta em movimentos muito rápidos.

Cato repentinamente dá um grito e aponta para a floresta. Olho para lá, vejo fumaça saindo do meio das árvores e logo em seguida vejo todos começando a se armar.

— O garoto do Distrito 3 vem com a gente. Nós precisamos dele na floresta e, de qualquer maneira, o trabalho dele aqui já acabou. Ninguém pode tocar nesses suprimentos. — diz Cato, colocando sua espada em seu cinto.

Todos juntos corremos pela floresta, sendo guiados pela fumaça. Caminhamos por cerca de meia hora, fazendo algumas pausas para eu não me cansar muito, já que fui a mais prejudicada no ataque das teleguiadas e ainda não consigo correr com a facilidade de antes.

Quando chegamos ao local, não há nada. O tributo deve ter escapado!

— Ele fugiu! — berra Cato, apontando a espada para mim. Fecho os olhos com força, com medo de ser morta ali mesmo. — Nós demoramos por sua culpa e o tributo fugiu!

— Ei, Cato, acalme-se. — diz Marvel. O garoto do Distrito 3 fica calado, olhando para uma árvore como se fosse a coisa mais interessante do Universo. 

— Marvel tem razão. — diz Clove, me defendendo. — A loira ficou mal nesses últimos dias. Podíamos ter deixado ela morrer, mas ela ainda tem alguma utilidade, certo? Por mais que ainda restem dez tributos, ainda somos uma aliança. Não quero ninguém se ferindo aqui, ouviram?

Todos concordam em silêncio, inclusive Cato.

— Acho melhor voltarmos. — sugiro, já começando a caminhada ao lado de Marvel.

— Não. — diz ele, apontando para cima. — Olhem para o céu novamente!

Uma segunda fogueira foi montada.

— Devem estar nos fazendo de bobos. — diz Cato, furioso.

— Não sou boba! — digo. 

— É, não é mesmo, Glim. — diz Marvel. — Você é fabulosa.

— Acho melhor voltarmos. — sugere Clove. — Devem ter feito as fogueiras para nos distraírem enquanto roubam os suprimentos.

— Mas as minas terrestres impedirão de nos roubar! — digo de volta.

— Mas elas podem... explodir... — diz Clove, arregalando os olhos e ajeitando rapidamente as facas no cinto. — Vamos, vamos voltar logo antes que explodam todos os suprimentos!

Começamos a correr, mas é tarde demais. A explosão acontece logo antes de chegarmos.


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Notas finais do capítulo

A Glimmer sobreviveu :D
E agora, como será a história com ela viva por mais tempo?