Jogos Vorazes - Glimmer escrita por Triz


Capítulo 15
Capítulo 15 - Uma pequena grande novidade


Notas iniciais do capítulo

E aí, sentiram falta de mim? >.
Aí está a continuação, espero que gostem :3



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Enquanto a flecha gira na direção de Marvel, fecho os olhos com força e começo a chorar, cobrindo o rosto com as mãos. Não quero ver isso, não quero ver a morte dele.

Paraliso, esquecendo-me até de como se respira. Qualquer chance de salvá-lo já foi pelo ralo. Sou uma inútil, apenas isso. Sinto raiva, tristeza e ódio de mim ao mesmo tempo, já que não pude nem salvar o amor de minha vida.

Sou uma idiota.

Espero ouvir algum grito ou tiro de canhão, mas tudo o que ouço é um rugido furioso de Katniss antes de algo me puxar bruscamente para o lado e me puxar correndo para longe. Abro os olhos, confusa, e vejo Marvel me arrastando para fora dali.

— Está bem? — pergunta ele, parando e virando-se para mim. Enfiada em seu braço esquerdo está a flecha de Katniss. — Você está bem?

— Estou, estou! — pergunto, desesperada e ao mesmo tempo feliz por vê-lo vivo. — Tire logo essa coisa daí!

Eu removo a flecha de seu braço em um puxão rápido. Marvel nem se importa com a dor e só de vê-lo vivo após um ataque, sorrio de um jeito idiota.

— Ainda bem que você está vivo — digo, feliz da vida. Abraço-o com toda a força possível. — Não quero te perder, nunca. Nunca mais me assuste dessa maneira. Fique ao meu lado para sempre.

— Ei, ei, estou bem — diz ele me abraçando de volta com mais força ainda. — Foi só um susto, nada mais. Calma.

— Não quero perdê-lo — digo, agora ficando triste. — Quero ir para casa.

— Também quero, Glim. Mas infelizmente um de nós vai ganhar.

— E se sobrarmos nós dois? O que faremos?

— Eu daria a minha vida por você, obviamente. 

— Mas eu faria o mesmo...

Ele me ergue no ar e me beija intensamente. Nunca mais quero sair dali, mas nos separamos quando o canhão de Rue soa. Agora Katniss provavelmente virá atrás de nós, temos que fugir o mais rápido possível.

— Não vai precisar morrer por mim. Eu faço de tudo pela minha princesa — diz ele, passando a mão em meu cabelo.

Andamos de mãos dadas até o acampamento. Ao nos ver com as mãos unidas, Clove desvia o olhar e nos separamos na mesma hora.

— Então... — pergunta ela, ajeitando suas facas em sua jaqueta. — Quem foi o sortudo?

— Que sortudo? — pergunto, confusa.

— Rue — responde Marvel. — A garotinha do 11. Ela estava com Katniss.

— E vocês mataram ela? — pergunta Cato, vindo em nossa direção. 

Marvel mostra o braço ensanguentado à todos. Clove tira do bolso um pedaço de pano e enrola em seu braço ferido.

— Achei um kit de primeiros socorros nas ruínas — explica ela. — Continuando... ela te acertou com o que?

— Você tinha razão, Clove — digo. — Ela pegou meu arco, mesmo. E ainda por cima, tem uma mira excelente.

— Ela ia me acertar no pescoço — continua Marvel. — Só que coloquei o braço na frente para me proteger e saí correndo com a Glim.

— Trouxemos a comida, pelo menos. 

Depois de terminarmos a refeição, Marvel e Cato saem à procura de Katniss enquanto eu tenho alguns minutos à sós com a baixinha mal humorada, vulgo Clove.

— Você está imunda — diz ela.

— Obrigada pelo elogio.

— Você ainda não tomou banho aqui na arena? Digo, o seu cabelo está quase castanho com a sujeira.

Pego uma mecha para examiná-lo e sinto o cheiro de terra nele.

— Tem razão.

— Tem um lago aqui perto onde você pode tomar banho — sugere ela. — Eu te levo se quiser. Só não se banhe aqui no nosso lago, não quero beber água sabor Glimmer.

— Por mim tudo bem.

— Você gosta do Marvel.

— Grande descoberta a sua, Clove. Assim como você gosta do Cato.

Ela faz uma expressão zangada e aponta uma de suas facas para mim, o que me assusta um pouco. Não queira mexer com Clove, ela pode matá-lo.

— Você não pode negar, certo? — pergunto a ela, que abaixa a faca na hora.

Clove se senta na beira do lago onde olha seu reflexo, pensativa. Posso notar as mudanças em sua face. Nasceram olheiras profundas embaixo de seus olhos, sua expressão está cansada e ela está mais magra que antes, parecendo menor e mais frágil, o que não é verdade, já que de frágil ela não tem nada. Em sua pele aparecem vários cortes, os restos das picadas de teleguiadas e uma queimadura em sua bochecha. Seu cabelo está parcialmente queimado devido ao incêndio.

— O que está olhando? — perguta Clove.

— A arena muda a gente em todos os sentidos, não é mesmo? Olhe para você mesma aí no seu reflexo. Posso ver o quanto está cansada e faminta. E não é só no lado físico que a gente muda. É no psicológico também. Todos os Carreiristas querem ir para casa, no fundo, assim como eu e você. Por isso ficamos mais cruéis, para que possamos ir para casa o mais rápido possível — explico a ela.

— Por uma vez acho que posso concordar com você. E você também já se olhou? Também não está nada bem.

Inclino-me perto do lago para que possa me olhar. 

Me assusto com o que vejo.

Não tenho mais o brilho que era constante em meu olhar, olheiras apareceram e minha face está repleta de cortes, provavelmente causados pelos galhos que batiam em meu rosto enquanto eu corrida do fogo. Estou magérrima, toda a beleza de meu corpo cheio de curvas maravilhosas não está mais ali. O meu cabelo, assim como o de Clove, está queimado em uma parte e para piorar, pelo meu corpo vejo diversos hematomas.

— Aposto que a maioria dos tributos está como nós — digo.

— Eu tenho certeza disso — diz ela, olhando para mim como se estivesse me examinando. — Mudemos de assunto agora. Como conheceu Marvel?

— Ah, conheço-o há uns oito anos, por aí — explico. — Um dia, minha mãe me levou para uma exposição de armas da Academia. Eu me perdi no meio da multidão, já que fui atraída por uma exposição de lanças. E lá estava Marvel, atirando em alvos dificílimos de se acertar, e, obviamente, fiquei impressionada. Quando Marvel acabou, ele veio em minha direção perguntar se tinha ido bem. Eu disse que sim, é claro, e então é que me lembrei de minha mãe e fiquei desesperada. Ele prometeu me ajudar a encontrá-la, mas acabamos brincando de Jogos Vorazes em uma área abandonada do Distrito até que ele escorregou e cortou o joelho enquanto corria pela rua esburacada. O carreguei nas costas até a Academia com dificuldade, onde finalmente nos apresentamos e nossas mães nos acharam. Desde aquele dia, treinamos juntos todos os dias e acabamos virando amigos.

— Que história mais entediante — diz ela, cruzando os braços. — Não foi nada de mais. Vamos ir logo para o banho.

Clove e eu andamos alguns metros pela floresta e achamos um lago. Despimo-nos ali mesmo, ficando apenas de roupa de baixo — não tendo nenhuma vergonha, já que ficar sem roupa na arena é normal — e tomamos um banho. Passo a maior parte do tempo nadando na água, aproveitando a sensação refrescante.

Quando terminamos, voltamos ao acampamento e acendemos uma fogueira com a ajuda dos fósforos, já que está esfriando.

De longe, vimos Cato e Marvel andando em nossa direção. Nenhum canhão foi ouvido, o que significa que ninguém morreu. Os dois se sentam ao nosso lado na beira do lago e ficamos os quatro ali, parados como estátuas, observando o entardecer. Marvel e Cato também estão acabados. Os dois estão cheios de cortes, com as queimaduras do incêncio e as ferroadas do ataque das teleguiadas. Ambos cansados e magros, assim como eu e Clove.

— Não tiveram sorte? — pergunto.

— Nenhum tributo sequer, Glim — diz Marvel, olhando para seu reflexo no lago, levemente desapontado.

— A sorte não está a nosso favor — diz Cato. — Primeiro, as teleguiadas, depois o incêncio, em seguida, a explosão de nossa pirâmide de suprimentos. E para piorar, nenhum tributo apareceu.

— Não podemos deixar os Idealizadores entediados novamente. Da próxima vez, podem mandar tempestades ou até mesmo bestantes.

Alguns trompetes soam e ouço a voz de Claudius Templesmith. Ele provavelmente anunciará apenas mais um ágape, já que está um tédio por aqui e eles sempre têm alguma morte.

— Atenção, tributos — diz ele. — Uma mudança nas regras foi feita — mudança nas regras. Isso é uma boa coisa, boa até demais. — Essa nova mudança diz que dois tributos do mesmo Distrito podem ser coroados vencedores! — como é? — Repetindo, dois tributos do mesmo Distrito podem voltar para casa. E que a sorte esteja sempre a seu favor.

Não acredito. Quase pulo no lago de felicidade, mas de algum modo consigo me conter. Penso naquela frase que eu disse há alguns dias.

"Podiam deixar dois tributos vencerem, mas isso é impossível."

Não, isso é possível. É possível! Posso voltar para casa com Marvel!


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