Devasta-me (Hiatus) escrita por Mel Virgílio


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Este é o segundo de hoje.



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Depois do café, Drake vai ajudar a buscar o estoque de roupas que chegou hoje e vem a cada cinco meses.

E eu vou buscar tarefas.

May, quem dá as ordens para todo mundo, está recolhendo as crianças para a escola – trabalho que antes era meu – e resolvo falar com ela.

- Olá May – sorrio para ela e as crianças.

- Que bom que já está de pé. Espero que esteja pronta para voltar ao trabalho. – Ela fala para as crianças irem sem ela, com outra garota. Ela é loira e tem a pele clara, parece bem amigável. - A partir de hoje já poderá começar a nos ajudar novamente. Não nas suas antigas funções, é claro, já arranjei alguém para cuidar delas – aponta com a cabeça na direção da garota.

Ela tira um papel do bolso, desdobra e me entrega.

- Obrigada.

- Estas são suas tarefas e horários, poderemos conversar mais tarde se quiser. Agora preciso levar as crianças para a aula, até mais.

Acenamos nos despedindo e eu leio o papel.

“6:40 – acordar.

7:00 – café.

8:00 – louça.

9:00 – terrenos.

12:00 – almoço.

14:00 – horário livre.

17:10 – roupas.

18:00 – jantar.

20:00 – louça.

20:30 – banho.

21:00 – toque de recolher.”

Voltei até o refeitório, onde havia um relógio, e consultei as horas. Próxima tarefa: terrenos. Mais conhecido por plantações.

-

O espaço aumentou. Umas seis vezes.

Antes, só podíamos plantar três ou quatro verduras ou grãos diferentes. Agora há de quase tudo.

Também temos árvores frutíferas, do outro lado. Mas meu trabalho hoje é plantar sementes de verduras, já que estamos na época certa para algumas.

Não foi difícil, nunca perdi a prática, até admito que ajudei uma ou duas pessoas.

Também consegui me enturmar novamente, havia várias pessoas novas.

Tinha acabado de cavar 40 buracos e estava enchendo-os de sementes quando ouço uma voz tímida sussurrar:

- Ei... Você pode me ajudar aqui?

Viro de costas e vejo uma garotinha, de uns 10 anos, atrapalhada com as suas sementes. Tinha derrubado quase meio saquinho no chão. Tentava juntar tudo e colocar de volta, ao mesmo tempo que impedia os cachos pretos de caírem nos olhos e de outras pessoas verem a bagunça que estava fazendo.

- Claro, espere aí. – Sorri para ela e me virei para pegar uma pá. Enquanto ela segurava o saco, despejei as sementes lá dentro.

- Obrigada... É a segunda vez que faço isso, ainda não me acostumei. – Ela fez uma careta e se virou para voltar ao trabalho.

Viro de volta ao meu trabalho.

- Qual seu nome? – Pergunto, enquanto jogo sementes dentro de outro buraco e o tampo.

- Hanna. E você? Nunca te vi aqui antes, mas bastante gente te conhece.

- Sou Sarah. Eu fui embora por um tempo... Voltei ontem.

- Ah, sim.

Ficamos em silêncio a partir de então.

Eu teria acabado antes, mas decidi enrolar para poder sair junto com ela.

Quando vi que se levantava, peguei a pá e o saquinho de sementes e fui atrás de Hanna.

Estava voltando para o centro da comunidade, assim que deixei os utensílios no balcão, quando ela me chama.

- Onde você vai? Temos que lavar as mãos.

- Vou lavar. No banheiro. – Expliquei.

- Falaram que temos que lavar no lavatório ao lado do balcão, é sempre assim. – Ela abaixa a cabeça.

Franzo a testa – Ah... Quando eu estava aqui não tínhamos lavatório perto do balcão. Obrigada.

- Tudo bem, é por aqui. – Hanna me guiou até lá. Lavamos as mãos e voltamos ao refeitório, para o almoço.

- Até mais – Aceno para ela, que retribui e vai para outra mesa.

Olho em volta procurando May, Drake ou Carl em alguma das mesas, mas só acho Drake, na fila da comida, acenando pra mim.

Aceno com a cabeça e vou em sua direção.

- Ei, como foi nos terrenos? – Perguntou, sorrindo.

- Como sabe que fui pra lá?

- Você tem os mesmos horários que eu. Só não fui hoje por causa do carregamento que chegou.

Drake me deu um lugar na fila, á sua frente, e continuamos andando conforme as pessoas saiam.

- E como foi com o descarregamento? – Pergunto.

- Legal. - Ele abaixa a voz - É perigoso, sabe? – Drake sussurra para mim, rapidamente. – As entregas...

- Por que? – Questiono.

- Ultimamente os soldados estão mais empenhados, passam mais tempo de vigia. Quase o dia todo. É difícil descarregar com eles lá fora, mas nada impossível. Está...

Neste momento foi nossa vez de pegar a comida, então Drake parou de falar. Pegou sua bandeja, mas antes de sair, virou para a cozinheira e disse:

- Ah, o dobro pra ela – e me indicou com a cabeça.

Bufei.

A mulher me entregou minha bandeja (que veio com o dobro de arroz, feijão e carne. Somente o suco e a salada veio em mesma quantidade que a dos outros) e fomos nos sentar em uma das mesas vazias.

- Está tudo piorando – Drake continuou – Em algum momento eles verão um de nós entrando ou saindo, e aí... – ele se calou.

Respirei fundo.

- Certo. Podemos almoçar sem pensar no provável fim?

Drake concordou com a cabeça e colocou uma garfada de comida na boca. Resolvi começar a comer também.

Estava na metade do prato quando voltamos a conversar.

- Como está sendo o primeiro dia? – Drake perguntou, bebendo um pouco de suco.

- Interessante. Fiz um amiga – procurei no meio das mesas e encontrei Hanna há umas sete mesas de distância. Mostrei-a a Drake.

- Já falei com ela e a mãe. São um pouco estranhas... A menina ficou muito pouco tempo aqui na escola, foi logo trabalhar. Diz que era ensinada pela mãe antes e não precisava. Não era pra estar trabalhando com a gente, mas ninguém discutiu.

Balancei a cabeça, concordando.

A conversa parou ali.

Quando estava raspando o prato, Drake bateu duas palmas baixas.

- Parabéns, comeu tudo! – comemorou. Dei língua.

- O que temos agora?

Ele me deu uma piscadela.

- Horário livre.


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Notas finais do capítulo

Algumas explicações:

— Na parte da plantação, queria falar sobre alguma ''verdura de época'' mas daí teria que colocar o tempo em que se passaria e não tenho paciência pra pesquisar isso. Então ok.

— Eu sei que, onde acontece a história (que eu acho que é a América ou algum lugar assim, não me lembro) eles não comem arroz e feijão. Mas deixem pra lá, licença poética u.u

Beijos :3



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