Devasta-me (Hiatus) escrita por Mel Virgílio


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Hey.
Desculpe a demora, mas estava sem vontade alguma de voltar a postar. Agradeço a JFraga por me dar uma animada ;)
Espero que eu volte para postar o próximo capítulo, mas sou pior que um bicho preguiça, então...
Enfim. Aí está o capítulo, bem fofo na minha opinião, espero que gostem!



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Depois de devolvermos as bandejas, começamos a passear pela Comunidade.

– Então, o que faremos agora?

– Pensei que estivesse com saudade de onde passávamos nosso tempo livre antes... Poderíamos ir pra lá.

Ia, prontamente, concordar com sua idéia; mas parei de andar e o encarei desconfiada. Ele também parou e me olhou, confuso e nervoso.

– Mas... – Comecei – duvido que você chegue lá antes de mim!

Sai em disparada antes que ele conseguisse processar o que tinha acabado de dizer. Alguns passos depois, o ouvi vindo atrás de mim.

Felizmente, aprendi a correr muito bem durante o tempo lá fora.

Passei por detrás das casas, um caminho já conhecido; e, para minha surpresa, assim que virei a direita numa das casas já mais simples, dei de cara com Drake, que tinha um grande sorriso no rosto.

– Atalho! – Ele gritou, quando passou na minha frente. Ah, não, pensei, não vou perder pra ele.

A partir daí, a disputa ficou bem acirrada, um ultrapassando o outro e sendo ultrapassado. Já perto da barreira que separava a Comunidade do mundo lá fora, comecei a sentir uma pontada no lado direito do corpo. Comecei a desacelerar.

– Ok, OK, você ganhou – gritei para que ele parasse também.

Sentei no chão, ofegante, apertando o lugar que doía. Ouvi Drake se sentar ao meu lado.

– Já estava para desistir, obrigado por pedir tempo – ele debochou.

– Vai ter que me ensinar aquele atalho – disse – não quero perder da próxima vez. – Ouvi-o dar uma risadinha.

Ficamos uns tempos sentados, acalmando a respiração.

– Certo – me levantei – quero chegar lá logo, vamos. – Ele continuou deitado, me olhando. – Vamos – repeti.

Ele estendeu a mão para mim, mas, em vez de tomar impulso para ficar em pé, me puxou para o chão. Vi ele começando a sorrir e decidir que não daria essa vitória á ele.

Quando comecei a cair, pus um pé na frente e mantive o equilíbrio. Seu sorriso se fechou, mas eu abri um, inocente. Ele soltou minha mão, resmungou e se levantou, voltando a caminhar, comigo ao seu lado.

Chegamos a uma barreira que marcava o fim da Comunidade; era feita por entulhos, tinha cerca de cinco metros de altura.

– Vou primeiro – Drake anunciou. Começou a escalar o montinho, chegou ao topo sem dificuldades e desapareceu do outro lado. Mas ouvi-o deslizar e saltar para o chão com um baque.

– Pode vir!

Apoiei os pés e fui escalando, escorreguei umas duas vezes, mas consegui chegar até em cima e deslizar para o outro lado sem cair. Dois metros abaixo do topo, no outro lado, havia apenas uma parede lisa, ou seja: não dava para escorregar até o chão, teria que pular. Uma altura de mais ou menos três metros.

Certo, pensei, não deve ser tão difícil. Já pulei alturas maiores.

Aham, outro pensamento veio a minha cabeça, quando você estava correndo perigo, e não brincando.

Admito que fiquei com um pouco de medo, mas espantei os pensamentos.

Procurei apoio para os pés, para tomar impulso quando saltasse. Assim que apoiei meu peso todo na ponta, o entulho desmoronou. Comecei a cair, um frio percorreu meu corpo. Antes que me estatelasse no chão, senti dois braços a minha volta, me agarrando.

Tropeçamos um pouco, mas Drake nos manteve em pé. Não percebi que também o tinha agarrado, até que me afastei.

– Certo – disse – o pior já passou.

– Outra corrida? – Drake sugeriu.

– Pode ser, mas dessa vez você vai perder.

Saímos os dois em disparada, agora só faltava uns 30 metros até o lago.

Disputamos bons minutos, mas acabamos não ligando no final, porque eu parei de correr e fiquei olhando o paraíso que se encontrava a minha frente.

Parecia muito melhor do que antes. Talvez porque eu estivesse mais acostumada a lixo e restos do que uma paisagem como essa: sol, grama verde, água clara, algumas flores e arbustos aqui e ali. Incrível como essa pequena beleza permaneceu intacta.

Sem pensar, me joguei na grama e rolei, gargalhando como uma criança, Drake começou a rir e logo estávamos ambos rindo e rolando.

Jogávamos folhas um no outro corríamos e pulávamos. Talvez não tenhamos mudado tanto desde que éramos crianças.

Naquele momento, estávamos tão felizes e descontraídos que ele não se importou quando eu deitei em sua barriga. E eu não me importei quando ele começou a mexer em meu cabelo.

Acho que adormeci ali por que quando despertei, Drake me chamava.

Entreabri os olhos e o vi, seu cabelo estava bagunçado e com um pouco de grama, o sol batia em seus olhos, tornando-os prateados e tinha um sorriso perfeito no rosto.

Isso me fez sorrir também.

– Está na hora de irmos. – Ele sussurrou.

Concordei com a cabeça, levantando bem devagar e me espreguiçando.

Voltamos pelo mesmo caminho; antes que o paraíso se perdesse de vista, olhei para trás uma última vez.

– Voltamos amanhã – Drake prometeu. Concordei com a cabeça novamente.

Na hora de passar pela barreira, fizemos como antes: ele foi à frente me ajudou a não dar de cara com o chão na minha vez de pular.

Não corremos dessa vez, não tínhamos pressa. Na verdade, fomos caminhando bem lentamente, conversando.

– Eles realmente aumentaram a barreira, não é? – Perguntei enquanto passávamos pelas casas.

– Sim.Com o decorrer do tempo, os líderes de alguns setores sentiram falta da quantidade de pessoas jogadas pelas ruas, começaram a procurar. Aumentamos a barreira para pensarem que era um antigo lixão. Até agora não tivemos nenhum problema.

– Parece que as coisas ficaram bem difíceis, depois que... Bem... – murmurei.

– Sim – Drake afirmou – mas são coisas do decorrer do tempo.

– Na hora do almoço – comecei – você disse que era uma questão de tempo, até que...? – Eu sabia a resposta, e Drake também sabia disso, mas mesmo assim respondeu.

– Até que nos achem, nos cerquem e nos matem.

Sua expressão endureceu. Não era pra ter tocado no assunto. Apoiei a mão em seu ombro e olhei para ele. Passamos por mais uma casa. Ele suspirou.

– Você sabe disso. Todos nós sabemos, os adultos pelo menos. Já estamos planejando fugas, mas por enquanto não achamos outro lugar seguro para ir.

– Vocês saem por aí procurando? – Questionei em voz alta. Como podiam sair assim, o tempo todo? Se arriscando, quando dizem que os soldados estão mais reforçados?

– Precisamos procurar. Você sabe disso também. – Drake balançou a cabeça.

Ficamos em silêncio por um pouco mais de tempo.

Chegamos ao centro da Comunidade, e antes de nos misturarmos com o resto das pessoas, ele me diz:

– Ah, e não ache que vai passar ilesa pelos interrogatórios e broncas. Só ainda não tive tempo.

Bufei como se fosse a coisa mais ridícula do mundo, mas no fundo fiquei feliz por ele se importar comigo e sobre o que estive fazendo esse tempo todo.


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Notas finais do capítulo

Se quiser me xingar pela demora, deixar comentários negativos, me ameaçar; se aprovou o capítulo, se adorou ou amou, se quer pedir para que eu leia sua fic, se notar erros de gramática no capítulo ou qualquer outra coisa, deixe um review. Não importa o conteúdo, um "Gostei" ou um mega texto, vou ficar feliz em saber que se deu ao trabalho de escrever para mim :)
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