Because We Can – 6º capítulo.

“A maior porção de culpa é da tendência do homem a prestar atenção no ruído que existe a seu redor, em vez de se concentrar na beleza do silencio que há dentro dele.”

- Me esconde, vou me enfiar debaixo da mesa. – eu disse tentando me ajoelhar no chão, mas Marlenne que estava sentada ao meu lado me puxou de volta.

- Para de besteira Lily, uma hora ou outra ele vai te ver mesmo. – Doe disse e Lene concordou. – Afinal, ele mora na casa ao lado da sua e com certeza vai voltar pra escola.

Conhecia Severus desde criança, éramos vizinhos e melhores amigos desde que me entendo por gente. Até o dia em que ele e James brigaram por mim e ele ficou nervoso e acabou me xingando na frente da escola inteira. Depois disso eu nunca mais quis falar com ele, que foi embora morar com sua tia, mas agora estava de volta para com certeza me aterrorizar. Acho que o mundo não conspira ao meu favor.

- Porque comigo? Sempre comigo! Acho que eu vou me jogar ali daquela ponte e já volto! – eu lhes disse me lamentando e abaixando a cabeça e escondendo entre os meus braços.

- Ah, claro e ele não vai ver seu cabelo!

- Droga, porque eu fui nascer com um sinalizador na cabeça? Me ajuda Lene? – eu perguntei na esperança.

- Se vira!

- Doe?

- Tarde demais Lily!

- O que? Ele ta vindo? – eu perguntei alarmada levantando a cabeça com tudo e virando pra trás e não encontrando nenhum menino com os cabelos pretos (tanto quanto os olhos). Me virei pra elas e as vadias estavam rindo de mim. – isso mesmo, ri da desgraça alheia.

- Sua cara foi hilária. – Lene, claro uma boa amiga!

Eu mostrei a língua pra elas em um gesto muito maduro. Eu também sabia que ser inevitável não encontrar com ele, como Doe disse, ele era meu vizinho, então as coisas iriam se complicar porque eu não queria vê-lo!

...

Na varanda da minha casa, sentada, tomando um delicioso café, estava uma das pessoas mais lindas do mundo, se você pensou em uma ruiva de olhos verdes::::::VOCÊ ACERTOU! Sério, já parei. Estava ali parada sem fazer absolutamente nada, pensando na morte da bezerra, coitada tinha ainda uma vida longa pela frente.

- Coitada da bezerra!!!!!!! – eu gritei.

- Sempre com a cabeça em outro lugar né Lilica! – apenas uma pessoa me chamava assim. Olhei pra ele e me levantei com a intenção de entrar em casa, não queria falar com ele agora, não estava preparada psicologicamente com isso. – Lily, volta aqui, conversa comigo. Por favor? – ele correu até mim e segurou meu braço.

- Você perdeu o direito de me chamar de Lily ou Lilica naquele dia Snape, então pra você agora é Evans. Deixa-me entrar, não quero ter que olhar pra sua cara.

- Evans, por favor, me perdoa, eu não queria ter te ofendido! Você pode não acreditar mas eu me arrependo de tudo o que eu fiz por você. Depois daquele dia eu fiz coisas terríveis, me droguei e até roubei pra sustentar o vicio, eu queria acabar com a minha vida e estava quase conseguindo, até que minha mãe me mandou pra uma clinica de recuperação alegando que eu estava na casa da minha tia. Não peço que tenha dó de mim e me perdoe só por isso, estou aqui alegando meu erro, mas eu quero minha melhor amiga de volta. – ele disse me olhando e vi sinceridade em seus olhos, ele estava falando a verdade. O abracei.

- Senti tanto sua falta! – eu lhe disse chorando, ele me abraçava apertado.

- O que me motivava a continuar naquela clinica me tratando era imaginar o dia em que você iria me perdoar! – ele me levantou do chão e me girou, ele sabia o quanto eu gostava disso.

- Lily, é impressão minha ou eu ouvi a voz do Seve... – a voz da minha mãe morreu ao nos ver abraçados. – Oh meu Deus, vocês voltaram a conversar! – ela exclamou feliz.

- Olá Sra. Evans, quanto tempo. – ele disse.

- Venha aqui me da um abraço! – ela o puxou e o abraçou e eu sorri – Vamos entrar, acabei de tirar um bolo do forno.

- Eba, bolo. – eu comemorei. Minha mãe era daquelas que enquanto você não vomita ela não para de te enfiar comida, amava isso nela.

Entramos e começamos a comer e conversar, o bolo estava delicioso, minha linda mãe perguntou para Severus como tinha sido na casa de sua tia, ele mentiu dizendo que tinha ido tudo bem. Pelo visto ele queria que só eu soubesse a verdade.

Era tão bom ter meu melhor amigo de volta, e que Sirius não ouça isso!

...

“Era noite e eu estava andando pelas ruas desertas de minha vizinhança, não sabia exatamente o que estava fazendo ou pra onde estava indo.

- O que eu estou fazendo nesse lugar? – eu perguntei pra mim mesma.

Continuei andando, senti uma luz forte me cegando e quando dei por mim estava caída com um poça enorme de sangue embaixo de minha cabeça”

- Lily, acorda! – minha mãe disse balançando meus ombros.

- Já acordei mãe. – definitivamente não estava com um bom pressentimento sobre o dia de hoje.

- Então levanta porque você ainda tem aula hoje.

- Ótima forma de me animar. – eu gritei.

Meu celular tocou e eu me assustei, era SevSev dizendo que já estava me esperando na cozinha, apressadinho ele ou era eu que estava atrasada? Aposto na segunda opção. Me arrumei rápido colocando uma roupa simples, não estava animada hoje.

- Vamos logo Severus, quero que esse dia termine logo.

- Bom dia pra você também Lilica.

- Ta, ta. Tchau mãe.

- Não vai comer nada Lily? – ela perguntou.

- Não. – eu gritei da porta.

Severus e eu fomos caminhando em silencio, um silencio confortável.

- E não é que é verdade! O Seboso voltou! – Sirius chegou perto já começando com a palhaçada.

- Para Sirius, por favor? Por mim? – eu pedi e ele concordou. Bom menino, até merece um osso.

A situação era a seguinte, James e Tunia estavam discutindo perto de nós, Sirius estava abraçando com Lene, Doe e Remus estavam conversando, um mais vermelho que o outro.

Vi Tunia sair chorando e começar a atravessar a rua sem olhar pra nenhum dos lados e eu tinha que fazer alguma coisa, um carro em alta velocidade vinha em sua direção e acho que ele não iria parar. Nós todos estávamos na calçada mesmo. E eu tinha que fazer alguma coisa, ela é minha irmã e eu a amo acima de todas as brigas.

Sem pensar duas vezes sai correndo e a empurrei para longe do carro. Sabe quando dizem que toda a sua vida passa diante de seus olhos quando vocês esta prestes a morrer? Pois é a mais pura verdade.

Vi a primeira vez que entrei na escola e conheci James, vi o meu desastroso primeiro beijo, vi a primeira vez que tirei uma nota vermelha e pirei, vi a briga com SevSev e vi também meu beijo quase perfeito com James.

Ouvi alguém gritando meu nome, mas não dei muita atenção. Tudo estava começando a ficar preto.

Adeus mundo cruel.