Diga que me quer. escrita por Nathalia Alves
Eu estava tentando preparar algo pra comer. Estava tão distraída pensando nas coisas que eu vim escutando esses dias sobre o Bruno. Eu realmente não preciso ficar chorando pelos cantos por alguém que não está nem aí pra mim.
Quando ia me sentar no sofá com a minha bandeja cheia de coisas que eu preparei a campainha tocou. Me assustei. Olhei para o relógio, eram 00:24h. Quem seria uma hora dessas? Olhei pelo olho mágico e não dava pra ver ninguém. Abri a porta de vagar e o Bruno estava lá. Com uma cara de cachorro abandonado em pé enfrente a porta.
- Posso falar com você? - ele perguntou. Estava estranho.
- Isso é hora de vir me encher o saco? - eu falei, já irritada.
- Por favor, preciso conversar com você. - ele disse se aproximando.
- Entra. - eu dei espaço pra ele entrar.
Eu nem sei o que estava fazendo. Não estava afim de briga, mas queria ouvir o que ele tinha pra dizer. Talvez eu estivesse aceitando o fato de ser amiga do Bruno, será que assim seria melhor?
- Pode sentar se quiser. Eu ia ligar a televisão. - eu disse pegando a bandeja e colocando em cima da mesa que havia do lado do sofá.
- Então Fatinha... eu.. - ele parecia estar confuso.
- Fala Bruno. Você veio aqui pra ficar olhando pra mim com essa cara de coitado? Fala logo. - eu disse e ele se sentou no sofá.
- Posso ficar perto de você? - ele perguntou chegando mais perto de mim no sofá.
Senti meu corpo estremecer. Comecei a tremer e ficar nervosa. O que ele pretendia com isso? Ele estava chegando cada vez mais perto.
- Por favor. Me desculpa. - ele disse e me deu um abraço tão.. carinhoso. Fechei os olhos e o abracei de volta.
- Te desculpar pelo que? - perguntei e me soltei dos seus braços.
- Por tudo. - ele disse e soltou a respiração.
- Um dia quem sabe Bruno. Mas hoje não. - eu disse.
- Eu não quero ter que viver nesse clima com você. Você passa por mim e nem fala comigo. - ele disse me olhando.
- Você acha que eu tenho que te tratar como, Bruno? Depois de tudo que você fez comigo? Você ficou comigo e depois me esculachou. Mentiu dizendo que não podia ter filhos e depois me fala que vai ficar noivo porque sua namorada está grávida? - eu disse e meus olhos encheram de lágrimas.
- E se eu disser que ela não está? - ele disse e eu fiquei surpresa.
- Você mentiu pra mim de novo?
- Me perdoa. Eu só precisava ficar longe de você pra não trair mais a Ana. Só que eu não consigo resistir. Quando eu to perto de você eu quero, mas.. - ele disse e abaixou a cabeça.
- Mas o que?
- Não sei, Fatinha.
- Sabe sim, fala.
- Você é linda, mas o seu jeito não é o tipo de garota que eu curto pra namorar, entende? As roupas que você usa, o fato de dar em cima de todo mundo. Se você fosse um pouco menos complicada, eu juro que tentaria.
Quando o Bruno disse aquilo, senti uma lágrima rolar pelo meu rosto. Continuei encarando ele.
- Acho que você precisa de alguém que te aceite e que não tenha vergonha de mostrar o que sente. Alguém que te assuma, sabe? Eu não conseguiria fazer isso.
- Então, você gosta de mim? - perguntei com um sorriso fraco.
- Gosto. Mas só consigo sentir algo quando a gente tá sozinho, sabe? Porque você me dá carinho e fica comigo sempre que eu quero.
Limpei o meu rosto e me levantei.
- Entendi. - ele veio atrás de mim.
- Por favor. Não me ignora mais. Não quero saber que você está triste por minha causa. Eu sei que é difícil. Mas eu torço muito pra que você seja feliz, de verdade. - veio por trás de mim e abraçou minha cintura. - Quero ser seu amigo.
Fechei os olhos com muita força. Meu mundo estava desabando ali. Ele então estava terminando tudo comigo? Se é que um dia existiu alguma coisa. Eu não sabia o que falar. Minha barriga estava doendo demais. Limpei meu rosto e me virei pra ele.
- Por mim tudo bem. - eu disse e ele me olhou surpreso.
- Que? - parecia indignado.
- Amigos? Não é o que você quer? Eu aceito. - eu disse dando um sorriso fraco e erguendo a mão para ele apertar.
Ele segurou a minha mão e me puxou. Colocou meu rosto no dele e me deu um beijo. Um beijo suave. O beijei por alguns segundos, mas logo me soltei.
- Desculpa.
- Tudo bem. Foi o ultimo. - eu disse tentando ser a pessoa mais fria desse mundo, embora eu estivesse morrendo por dentro.
- O ultimo. - ele concordou.
- Era só isso?
- Está me expulsando? - ele disse sorrindo.
- Sim.
- Nossa, então tudo bem.
Fui em direção à porta e quando ia abrir minha mão nem se mexeu. Colei minha testa na porta e comecei a chorar desesperadamente. Percebi que ele se aproximando. Me virei.
- Tem certeza que é isso que você quer? - eu perguntei olhando pra ele. Ele tinha um olhar triste.
- Vai ser melhor assim. Não quero te machucar. Você vai encontrar alguém.
- Então pode ir. - abri a aporta e ele foi embora.
Antes de fechar porta pude perceber que ele olhou pra trás e sorri fraco. Então fechei a porta. Me joguei na cama e chorei muito. Pensei em tudo que ele tinha me dito. Será que ele queria tudo aquilo mesmo? O que eu vou fazer agora? Será que fiz bem em aceitar ser amiga dele? Não posso. Eu amo o Bruno.
Minha barriga doía demais. Foi como se o prédio inteiro tivesse caindo sobre mim. Aquelas palavras, o rosto dele me parecia tão triste. Cheguei a achar que ele não queria aquilo, mas se ele falou, talvez seja porque quer sim. Desisto.
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