Eu estava sonhando que recebia flores e um convite pra jantar de um admirador, quando acordei com uma claridade no meu rosto. Juliana puxava o lençol e Lia tirava o travesseiro que tampava meu rosto.

– Levanta. – disse Ju pulando em cima da cama.

– Hoje a gente entra mais tarde na escola. Me deixa dormir só mais um pouco. – eu disse puxando o lençol e me cobrindo de novo.

– Não, não. Vamos tomar café juntas. Levanta logo.

Levantei-me e fiquei na cama sentada, ainda meio, sonolenta. Nem conseguia abrir os olhos.

– Amiga, vai tomar banho enquanto eu e a Lia terminamos de preparar o café. – d Ju disse puxando meu braço e me tirando da cama.

Me levantei, peguei meu look do dia e fui tomar banho. Ao ligar o chuveiro a tristeza tomou conta de mim. Não sei por que razão. Comecei a chorar e lembrar do Bruno. De tudo que ele me falou, de tudo que me fez passar, da carta e fiquei ali, no chão molhado, deixando a água cair sobre meu corpo, querendo que a água levasse consigo, minha dor. Ju então, me gritou dizendo que o café já estava pronto. Saí do box, me enxuguei, coloquei a roupa e me sentei na mesa junto com elas.

– Amiga, você está se sentindo melhor? – perguntou Ju.

– Bem melhor. Obrigada por estarem comigo. – eu disse segurando a mão das duas.

Lia e Ju se olharam.

– Amiga, encontrei uma foto do Bruno debaixo do seu...

– Olha só, vocês são minhas amigas. Mas queria pedir pra não falarem do Bruno, pelo menos nos próximos cem anos. Tem muita coisa que eu preciso assimilar, tá tudo muito recente, eu sei. Tudo aconteceu muito rápido. E não tem como eu dizer que não sinto nada por ele, porque vou estar mentindo. Mas eu não quero me machucar mais, não quero sofrer. Quero mudar, sabe? Encarar o mundo de frente, eu preciso disso, desde que vim morar sozinha. Eu me dei conta de que o Bruno vai viver a vida dele, assim como cada um tem a sua e eu tenho que fazer isso também. Bruno não vai me dar emprego, nem dinheiro, nem felicidade, nem sucesso, nem nada. A minha vida eu tenho que construir sozinha e como ele disse na carta, que o destino não me colocou na vida dele, e é isso, é melhor deixar pra trás.

Lia e Ju sorriram e seguraram minha mão. Quando disse aquilo me senti aliviada. Não senti dor, nem vontade de chorar. Talvez por aquilo ser o melhor a se fazer. Se vai doer? Pode até ser. Mas aí depois a gente arquiva como experiência.

– Vamos logo se não nós vamos chegar atrasadas na aula. – eu disse me levantando da mesa e pegando a mochila.

Nós três terminamos o café e fomos andando até a escola. Quando Vitor me liga.