A última Gota de Sangue escrita por lawlie


Capítulo 9
Capítulo 9 – Mais uma vez.




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A aula da Night Class havia terminado. Os vampiros voltavam para o Dormitório da Lua. A madrugada esfriara. O outono causava os habituais chuviscos nos jardins. Yuuki e Zero estavam na patrulha noturna.

Hikari caminhava em meio aos corredores escuros e labirintuosos. Parecia um zumbi sonâmbulo sem expressai alguma. Sua palidez era refletida pela luz da lua, assim como seus olhos desordenados cor de sangue.

A vampira chegava a possuir um ar psicótico e esquizofrênico. Às vezes ficava parada em frente a uma parede a observar a tapeçaria. Talvez ela estivesse se comunicando de alguma forma com algo que somente ela via. Porém, não recebia resposta alguma. Ela voltou a andar com seus leves passos chacoalhando o assoalho.

Enquanto passava por um corredor, um vulto escuro a segurou e a empurrou contra a parede. Num baque, as costas da garota bateram na parede fria. A garota se assustou com aquele ser obcecado pressionando seus pulsos. Os olhos inexpressíveis de Hikari possuíam pupilas contraídas de pavor.

- Agora é a minha vez. – disse a voz sussurrada de Akatsuki em meio a sua obsessão pelo sangue de Hikari.

Talvez a garota fosse passiva demais. Hikari aceitava perfeitamente seu destino. Seu conformismo exagerado era inaceitável pela racionalidade das mentes sãs. A apatia da vampira chegava a ser doentia e repugnante. Ela era apenas um ser sem ânimo para viver, uma perfeita defunta que faleceu sem ter seu corpo apodrecido e corrompido pelo tempo. Sua alma já se fora no dia em que os sangues de seus pais derramaram em meio as frestas do porão.

Não mais importava se ela fosse usada pelos outros vampiros. Não mais importava se seu sangue fosse sugado por completo. Faltava-lhe auto-estima. Mas acima de tudo, faltava-lhe aprender a amar.

- Hanabusa já provou seu sangue. – disse Akatsuki freneticamente. – Agora é a minha vez.

As presas famintas do vampiro estavam à mostra. A saliva gotejava a espera do sabor do doce sangue de Hikari. Num ímpeto, ele empurrou o rosto dela contra a parede, deixando o pescoço a vista. Já é previsível o próximo ato. A perfuração da pele. O esguichamento do sangue. O degustar do vampiro.

Era como um dejá vu. A história se repete mais e mais. Hikari era apensa a personagem principal para manter esse ciclo vicioso. Era lamentável, mas realista. Um dia ela irá se cansar. Mas pode ser tarde demais. Depois que seu sangue já se esgotar, lamentos não adiantarão.                                                   

            Kaname estava na sacada, iluminado pela lareira, fingia que lia um livro. Mas mantinha os olhos fixados em Yuuki.

            Chagava a ser doentio sua obsessão pela monitora. Era provável que dela, Kaname só quisesse o sangue. Mas para isso, existia Hikari, que estava a disposição do vampiro para saciar sua sede. Era provável que no fundo do seu coração petrificado e gélido, inexistente às vezes, ele só quisesse Yuuki como uma vampira. Mas nada se sabe se ele iria se importar com as dolorosas febres que um humano passa a se transformar em vampiro. Seus pensamentos eram ocultos em excesso.

            Kaname se desvencilhou da sua atrativa observação em Yuuki e concentrou-se no cheiro que acabara de sentir. O adocicado perfume do sangue de Hikari era farejado pelo sangue puro. De início, sequer se moveu. Afinal, queria deixar o pobre ser que estava sugando o sangue Kurama se divertir por um momento. Talvez fosse gentil deixar um pobre coitado saborear um plasma tão nobre. Mas talvez fosse cruel ao saber que Hikari sofria com essa deplorável situação e humilhação que era submetida;

            Depois de um tempo, ele imaginava como o vampiro estava saindo em sua performance de se aproveitar de Hikari. Kamane decidiu que agora era hora de intervir. Antes que Akatsuki passasse dos limites. Elegantemente, ele levanta e sai pelos corredores. Em meio a penumbra, ele se depara com a cena agonizante de Hikari.

            - Akatsuki. – diz ele bem baixo, porém imperativo. O vampiro se assusta e logo solta a garota. Seus lábios ainda estavam manchados de sangue. – Vá embora!

            Instantaneamente, Akatsuki faz uma referência demonstrando seu sinal de desculpas e sai oculto pelas sombras.

            - Agora são só eu e você. – fala Kaname para Hikari abatida e anêmica. – Eu não tenho pena de você. Por que você insiste em ser tão fragilzinha?

            Ela não responde. Apenas tenta se apoiar nas paredes tentando buscar suporte para sua frágil saúde. Porém é inevitável. Hikari só conseguia pensar em sua morte.  Talvez se ela partisse para sempre o seu sofrimento iria embora. A morte seria seu descanso eterno.

            - Você é inútil. – disse Kaname elegantemente. – Agora venha cá e faça a sua obrigação.

            Hikari, bravamente, após a perca de sangue, deixa o pescoço a mostra e o oferece a Kaname. Seus olhos simbolizavam raiva. O sangue puro talvez sonhasse que Hikari fosse Yuuki. Que seus sangues fossem os mesmos. Essa era sua ilusão. Tola fantasia.

            - Você nunca vai a ter. – disse Hikari sussurrando no ouvido de Kaname.

            O sangue puro a empurrou. Jogou-a contra a parede. Hikari caiu no chão, sem forças.

            - Cuidado com o que você fala. – disse Kaname monstruosamente. Hikari sangrava. E lentamente desmaia no chão.


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