A última Gota de Sangue escrita por lawlie


Capítulo 10
Capítulo 10 – O desespero começa.




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O dia já raiava lá fora. A monotonia era a mesma. E a história ia se repetindo sempre e sempre. Hikari ainda continuava desacordada no corredor. Seus cabelos negros estavam manchados de sangue.

            O seu inconsciente louco despertava. A hora em que ela abrir os olhos, a escuridão de sua mente prevalecerá. Depois desse dia e da quase hemorragia da vampira, Hikari mudara drasticamente.

            Os outros vampiros descansavam. Porém, alguém via caminhando pelo corredor. Os passos iam se aproximando cada vez mais da cena onde se encontrava a vampira desmaiada. Hanabusa logo se deparou com o corpo de Hikari estirado no chão.

            De início, o vampiro sentiu repúdio. Mas depois seu sentimento completamente egoísta foi dando lugar a uma certa pena desse ser tão frágil. Quem sabe se ele não ajudasse Hikari, ela não se tornasse eternamente grata e fiel.

            O vampiro abaixou. Acariciou um pouco os cabelos negros da garota. Lentamente, levantou seu rosto. Repousou sua mão sobre a gélida tez de Hikari. Ela parecia um cadáver frio e rígido. Mas há uma pequena diferença. Os vampiros eram morto-vivos incapazes de se tornarem cadáveres.

            - Por que você insiste em ser tão perturbada? – perguntou Hanabusa encarando a inexpressão de Hikari.

            Num repente assustador, ela abre os olhos e permanece distante. Hanabusa sente um breve medo da garota, que vai se dissolvendo cada vez mais em pena.

            - Quem fez isso com você? – pergunta ele tentando demonstrar compaixão. Hanabusa vira o pescoço de Hikari e vê duas marcas de mordidas.

            Agora sim era de se admitir que o vampiro estava se derretendo de dó de Hikari. Por mais frio que fosse seu coração, um fio de angústia o corrompeu. Ele quis poder ser útil para Hikari. Parecia que somente agora ele se deu conta da brutalidade que Hikari era submetida: um pote de sangue, uma reserva inesgotável, que não tem emoções alguma. Apenas uma fonte para se saciar a sede de sangue.

            Ele estava cada vez mais comovido por aquela garota. E acima de tudo, olhando bem, por trás de toda aquela fraqueza e palidez, ele conseguia ser linda. Um frágil cristal, uma boneca de porcelana que merecia ser guardada com todo o cuidado. Quem sabe um dia ela possa ser amada.

            - Por kami-sama... – disse ele. – O que fizeram com você?

            Em uma tentativa de demonstrar sua solidariedade, Hanabusa enxuga o sangue do pescoço de Hikari. Ele senti um cruel remorso por ter, um dia, tomado desse sangue.

            - Foi o Akatsuki, não foi? – perguntou ele. Não houve resposta. – E o Kaname.

            Hikari não respondia e sequer se movia. Hanabusa fechou os punhos de raiva.

            “Kaname...” pensou ele “Por que ele é tão cruel? Por que ele insiste em acabar com a vida dessa pobre garota? Por quê?”

            Mas, ao invés de passar a vida toda questionando o motivo das tragédias, devemos nos preocupar apenas com como devemos agir para superá-las. O sofrimento é relativo. E com certeza pode ser vencido. É apenas um desafio para gigantes.

            Hanabusa se aproximou do corpo imóvel de Hikari e o abraçou fortemente. Parecia querer protegê-lo. E na verdade, queria sim.

            - Eu juro que te protegerei, Hikari. – disse ele por fim, conseguindo demonstrar seu afeto reprimido. 

            Hikari, de alguma forma, fora posta a repousar em sua cama. Provavelmente por Hanabusa. O vampiro estava corroído de pena daquele ser tão frágil e com certeza brigaria com Kaname por causa dela.

            Hanabusa fora para o seu quarto descansar. E também pensar. Ele queria poder fazer algo por Hikari. Parece que ele abandonara toda sua futilidade e superficialidade ao pensar na vampira. Só agora, sentimentos de compaixão e afeto começam a aparecer nesse ser um tanto negligente com a dor alheia.

            Kaname levantou-se logo e foi conversar com o Diretor Cross. No caminho, encontrou Yuuki. A garota se assustou ao ver o sangue puro. Assustou-se porque realmente nutria um sentimento muito forte por ele.

            - Bom dia Yuuki. – cumprimentou ele.

            - Bom dia Kaname-senpai. – disse ela corada. – O que você faz aqui tão cedo?

            - Problemas Yuuki. Os quais você não deve se preocupar. – responde.

            - Está tudo bem com você?

            - Sim. Não se preocupe Yuuki. Tenha um bom dia. – assim, Kaname saiu do corredor e seguiu para a sala do diretor.

            - O que o traz tão cedo? – pergunta Cross com Kaname já dentro da sala.

            - Problemas com a novata. – responde ele.

            - O que foi?

            - Ela está a um passo da loucura. E Hanabusa está se envolvendo com ela.

            - Você não está querendo dizer que ela está a um passo é de ser enlouquecida? – pergunta Cross.

            - O que você está querendo insinuar com isso?

            - Nada, Kaname. Eu só quero que seja honesto comigo. É ela quem se enlouquece ou são os vampiros que lhe causam insanidade?

            - Ora Cross! Você está querendo dizer que somos monstros? Como prejudicaríamos nossos próprios semelhantes? – perguntou Kaname indignado.

            - Eu nunca diria isso.

            - Mas saiba que você deveria transferir essa garota para outro lugar. Creio eu que a Academia não é um manicômio.

            - O que aconteceu a você para tão repentina mudança de opinião? Não era você quem estava animado com a permanência de Hikari? Isso está me parecendo mais ciúmes do que preocupação.

            - Não seja tolo. Um equívoco meu. Agora percebo que ela necessita de um acompanhamento mais amplo.

            - Se você veio aqui para me pedir que a retire da Academia, eu não posso acatar isso. – diz o diretor.

            - Está bem então. Agora saiba que eu não me responsabilizarei por nenhuma conseqüência. – diz Kaname.

            O vampiro levanta-se subitamente e sai da sala. Novamente se encontra com Yuuki, porém desta vez não trocam palavras e somente o olhar dela é percebido.

            Kaname vai rapidamente para o Dormitório da Lua e se dirige para seu quarto. Na penumbra, ele tranca a porta. Uma sombra se movimenta no canto.

            - Já acordou? – pergunta ele.

            - Eu nunca adormeço. – respondeu a voz tresloucada de Hikari. Ela parecia frenética e muito desequilibrada. Seu olhar era mais doentio que o anterior.

            - Você deveria saber que é falta de educação entrar em um aposento sem ser convidada. Além de não ser convencional uma garota freqüentar assim um quarto de um garoto.

            - Não me venha com moralidades, Kaname, porque você é a última pessoa capaz de me dar ordens sobre bons modos.

            - Agora você está agressiva? – pergunta ele.

            - E você sempre carrega esse sorriso falso? – retruca ela. – O que foi dessa vez? Foi pedir para o diretor me expulsar?

            - Sim. Eu sou do tipo que acredita que o mal deve ser cortado pela raiz.

            - Vai depender de que tipo de mal você fala. – ironiza Hikari.

            - Você se acha um tanto esperta não? – pergunta Kaname.

            - Não. Não é de meu praxe o narcisismo e o egocentrismo. Ao contrário de você. Eu apenas fico me indagando sobre quais seriam suas intenções com a filha do diretor.

            - Meta-se nos seus assuntos Hikari.

            - Você fica a enganando enquanto ela lhe faz o mesmo. Creio que sua vontade era se livrar de Zero. Por que essa garota vale tanto?

            - Ela não é como você. Ela não é desequilibrada. – responde Kaname.

            - Eu realmente queria saber dos seus planos obscuros.

            - Você acha que você é a heroína dessa história. Você consegue ser mais perversa que eu Hikari. – diz Kaname. – Você é má. E isso é um fato. Você é capaz de matar sem dó. Tão cruel e insana quanto um Level E.

            - Ora, ora Kaname. Pare de se esconder nessa máscara de cavalheiro. Eu sei que você desejaria matar Zero. – diz Hikari. – E sei que você tem sonhos com o sangue de Yuuki. Não julgaremos nossa perversidade. Ambos apodrecemos de dentro para fora.

            - Você não se envergonha? Hanabusa está realmente derretido por sua fragilidade. Você irá usá-lo? Quem é o perverso agora? Quem você sonha em ter o sangue? Quem você sonha em matar?

            - Sinto em dizer que você está errado Kaname. – diz Hikari.

            - Errado em afirmar que você se sente atraída pelo Zero?

            - Errado em pensar que você sabe de tudo. – diz ela.

            - Eu vou te revelar uma coisa Hikari. Você devia estar morta. – fala Kaname sombriamente.

            - Pois saiba que eu farei tudo para sobreviver.

            - Então você viverá no inferno. Eu sou capaz de te controlar, se lembra? Qualquer passo em falso seu pode ser seu fim. E não pense que eu desisti de me alimentar de seu sangue. Você sempre estará a minha disposição.

            - Iremos constatar isso brevemente. – diz Hikari.

            - Você não vai escapar de mim!

            A garota dá as costas, mas é segurada por Kaname. Ele a joga na cama e a segura firme, com as presas a mostra.

            - Vamos, acabe com o meu sangue! – provoca Hikari.

            - Você é apenas uma diversão. – diz Kaname.

            - Ande logo! Imagine que eu sou a Yuuki! Vamos! Realize seu desejo! Feche os olhos! Vamos ver se você irá conseguir fingir que sou ela! É isso que você deseja?!

            - Cale a boca! – ordena Kaname, sugando-lhe o sangue.

            A pergunta ainda permanece: quem é realmente perverso nessa história?

 


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