A última Gota de Sangue escrita por lawlie


Capítulo 8
Capítulo 8 – Lembranças sangrentas.




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Já na sala de aula, escura e fria, os vampiros se acomodaram. Hikari foi, como sempre para um canto afastado. Kaname se aproximou.

- Aquele era o Kiriyuu. – disse ele bem baixo. A garota olhava para o chão.

Hikari sabia que Kaname jamais a perdoaria por ter se aproximado de Zero. Tinha medo da reação dp vampiro. Na verdade, tinha medo dos vampiros. Porém, ela não mais podia esquecer da imagem de Zero. A aparência do garoto ficara empregnada em sua memória.

- Você sabe quem foi a família do Kiriyuu, Hikari-chan? – perguntou Kaname bem próximo da garota. Ninguém os ouvia desta forma. Hikari permaneceu quieta por um tempo. Fechou os olhos e disse um tanto pesarosa:

- Não, Kaname-sama. Por acaso eu deveria saber?

- Sim, Hikari-chan. – disse ele sussurrando bem próximo ao seu ouvido. – Eles eram Vampire Hunters.

- Vam... pire... Hun... ters... – gaguejou a garota vampira.

- Isso mesmo Hikari. Caçadores e assassinos de vampiros. – Kaname pôs a mão no rosto da garota. Ele se satisfazia ao envenenar ela com tais palavras.

Kaname sentia prazer ao ver que Hikari ficara assustada com a menção da palavra “Vampire Hunter”. Ela estremecera. Um frio arrepio a consumiu, descendo-lhe pela espinha. E o sangue-puro se deliciava cada vez mais ao ver o estado de pavor de Hikari ir aumentando. Era maravilhoso para ele ver a garota assim, com medo. Medo da família de Zero, apesar de estarem mortos.

A garota permaneceu petrificada por alguns segundos. Seus olhos inexpressíveis agora estavam carregados de pânico. Eles se movimentavam descontroladamente, alterando sua órbita. Sua respiração era ofegante. Seu coração acelerado. Suas mãos suavam frio e um nó na garganta a fez perder a voz. Tudo isso por causa dos Vampire Hunters.

Kaname sabia muito bem aonde tocar para deixar as pessoas apavoradas. Era perfeito em torturas. Agora Hikari estava abalada psicologicamente por completa. Sem chances de se aproximar de Zero de novo. O vampiro levantou-se e se encaminhou para a frente da sala, onde lá se acomodou em uma cadeira, deixando Hikari completamente perdida nos seus medos e lembranças da escuridão.

Dez anos atrás. Hikari era apenas uma garotinha de cinco anos de idade. Um tanto desengonçada e magra, como todas as crianças. Seus olhos eram grandes e cheios de vida. Era sorridente e irradiante.

Morava com seus pais numa bela casa, ricamente mobiliada e aconchegante. Era um ambiente extremamente familiar naquela casa de estilo inglês. Na verdade, os três eram uma bela família.

Seu pai era um homem um tanto novo, de cabelos bem negros mantidos em um corte milimetral. Era um homem de negócios, elegante dentro daquele habitual terno cinza. Sua mãe também era jovem. Era alegre e bastante carinhosa. Seus olhos eram duas grandes safiras. Seus cabelos eram também negros em forma de perfeitos cachos.

Era tarde de outono. O sol já se punha dando lugar à escuridão da noite. Um vento frio, que fazia as folhas amareladas caírem entrava pela janela da casa. O Sr e a Sra Kurama haviam saído. Hikari brincava de boneca no chão da sala.

Num repente a porta se abriu. Aquele vento cortante entrou pela sala, assustando a garotinha. O Sr e a Sra Kurama entraram em casa, em estado de choque. Lágrimas caíam dos olhos da Sra Kurama, que foi logo abraçar a filha. Parecia estar apavorada. O Sr Kurama tentava travar a porta para impedir o acesso. Estava ofegante e assustado.

- Eles estão vindo. – disse ele para a esposa ainda abraçada à filha. – Vamos esconder a Hikari.

- Venha Hikari-chan. – disse a mãe segurando a mão da filha.

Eles se encaminharam correndo em direção à lareira. O Sr Kurama levantou um piso do chão. O assoalho cedeu. Um pequeno cômodo falso existia debaixo do chão. Ele ergueu a filha e a colocou no subsolo.

- Aconteça o que acontecer, minha filha. – disse ele em meio às lágrimas. – Não saia daí até ser noite de amanhã.

- Nós te amamos Hikari.. – disse a Sra Kurama chorando e passando a mão nos cabelos da garota.

O Sr Kurama fechou o cômodo com o piso falso por cima. Hikari ficou isolada no subsolo, em um minúsculo cômodo de pedras úmidas e frias. De lá, ela pôde ouvir a pesada porta da sala ser arrombada. Passos apressados faziam o assoalho estramecer.

- Vampire Hunters! – gritou o Sr Kurama. Hikari estava em pânico no subsolo. Não podia ver o que acontecia lá em cima.

Um tiro ecoou na sala. Um grito agudo de mulher. Um baque no chão. Em seguida outro tiro e mais um baque. A garotinha sabia o que acontecera. Os Vampire Hunters atiraram em seus pais e eles caíram no chão. Mortos? Ela não sabia dizer. Apenas chorava em silêncio no escuro cômodo subterrâneo.

- Vamos. – disse uma voz rude na sala. – Não tem mais ninguém aqui. – E assim, os Vampire Hunters saíram a passos firmes da casa Kurama.

Hikari forçava o cômodo para sair. Mas algo bloqueava o piso solto. Algo quente pingara em sua testa. Na verdade, um líquido quente escorria pelas frestas e molhava a garota. Mal ela via, mas sabia que o que escorria para o cômodo do subsolo a molhando, era o sangue de seus pais, mortos pelos Vampire Hunters.

 

Hikari estava agora com quinze anos, na sala de aula da Academia Cross, mentalmente debilitada e sozinha nesse mundo de perigos. 


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