Capitulo 4
      Não tem Deméter caça com Perséfone

JAKE

 Eu estava deitado no chão no meio do meu chalé pensando em tudo que havia acontecido em minha vida nos últimos meses quando bateram na porta, depois de ter um sonho muito real, descobrir ser filho de uma deusa grega, passar o outono e o inverno em coma, acordar na primavera perdido no tempo, e ser trago ao Acampamento Meio Sangue por um sátiro meio biruta no verão, ainda tinha que aceitar aquele pedido inesperado.
 Quíron e um menino que eu desconhecia estavam parados na frente do chalé de Perséfone, o garoto loiro era mais alto que eu, seus olhos cinzentos vasculhavam cada canto do meu chalé, ele vestia a camiseta laranja do acampamento e uma bermuda jeans azul, seus chinelos de dedo tinham varias corujas desenhadas, ele parecia encantado com a aparência do chalé, também, quem não ficaria ? Metade do chalé representava o tempo em que Perséfone passava coma mãe Deméter, então era um lado cheio de vida, flores, plantas e cor, já o outro representava o tempo que Perséfone passava com seu marido Hades, era um lado seco, frio, com um pouco de gelo e neve, uma terra ressecada mas também bonita de suas maneiras.

-Olá Jake,viemos lhe oferecer uma missão.

 Quíron disse aquilo despertando o menino de seu encanto, algo na voz do centauro lendário me dizia para não recusar aquele pedido, mas ao mesmo tempo era fúnebre como se eu já estivesse morto caso fosse nesta missão desconhecida.  

-Desculpe mas eu não aceito – Não ia me intimidar pelo jeito como Quíron  falara comigo.

-Mas você nem sabe sobre o que se trata, nem me conhece – O garoto estava tentando me convencer a participar desta missão suicida mas não estava dando certo.

-Você acha que eu não sei ? É lógico que eu sei, eu também estava perto na hora que Rachel a recitou, e pelo que vejo eu sou a segunda opção, os filhinhos da minha vovozinha não quiseram participar ? Porque eu teria ?

 O garoto e Quíron ficaram tensos, parecia que eu tinha acertado um tiro em cheio, não estava gostando nada disso, ser tratado como segunda opção, que se virassem sozinhos.

-Vamos Atlantis, sei reconhecer uma luta perdida.

-Espere Quíron, mas a gente nem ... – Atlantis parou de falar e engoliu seco, ele lançou um olhar de desprezo para mim e disse – Semideuses não agem desse jeito.

 Os dois saíram de meu chalé, quem aquele menino achava que era para falar daquele jeito comigo, “semideuses não agem desse jeito” ele mal chegou no acampamento ! Estava tão nervoso que acabei esmagando uma rosa com o pé. No centro do chalé exatamente no centro havia uma arvore igual as que ficavam no jardim do mundo inferior, madeira negra e folhas que mudavam de cor e brilhavam como neon, a cada pétala que caia era um dia a menos de Perséfone na terra, a arvore ainda estava cheia, mas no exato momento em que olhei todas as pétalas caíram e começaram a rodopiar como um furacão colorido fazendo minha mãe se materializar na minha frente.

-Olá meu filho – Ela disse me olhando com aquele olhar de “tenho mais o que fazer do que ficar te visitando” – Vejo que ainda não tem uma arma.

Então minha mãe me deu um presente, ela deixou uma semente de romã cair na terra onde a arvore sem pétalas estava plantada e logo uma espada negra brotou do chão.

-Tome, esta é sua espada – Seu punho era de couro cravejado de pedras do mundo inferior – Ela é feita de ferro Estige, igual a do meu enteado – Ela disse a ultima palavra com um certo desdém – Porém a sua é muito diferente e mais poderosa ela foi banhada no veneno das frutas proibidas do jardim de meu marido, assim que o veneno entra em contado com o inimigo ele o prende eternamente no mundo inferior, mas tome cuidado pois o veneno não ira durar para sempre, e se você fizer o menor corte possível também vai ficar preso com a mamãe .

 O jeito como ela falava dava para entender que ela não queria que aquilo acontecesse.

-E por que você está me dando tudo isso ?

-Porque você vai partir em missão, e como é meu único filho eu me senti no direito de te presentear, o que é raro no mundo dos deuses.

-Mas eu não quero partir nesta missão !

-Quer sim e pare de birra antes que eu te transforme em um dente de leão, boa sorte meu menino, grandes surpresas o aguardam.

 E assim minha mãe sumiu no mesmo furacão de pétalas fazendo-as voltar a seus devidos galhos e me deixando ali sozinho no meio do chalé com uma difícil decisão que pelo visto era uma ordem.