Vozes escrita por Dorrit Division


Capítulo 2
Adeus, inferno.


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui esta o primeiro capitulo galera. Se divirtam!!!! E sugestoes, dicas, tudo, sao super bem-vindas!!! Espero que vcs gostem e comentem!!!
Boa leitura.



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14 de maio, 2008

Londres, Inglaterra.

Eu andava por aqueles corredores daquele hospício que ousavam chamar de escola, Tower House School, usando um uniforme que fazia com que eu me sentisse como uma personagem de novela mexicana. Eu tentava me concentrar nos meus passos, fitando o chão. Calma, Mandy. É só mais um mês de tortura. Relaxa. Ninguém vai chegar perto de você. Vai dar tudo... PAF! Ótimo. Era a última coisa que me faltava. Esbarrei num corpo troncudo e uma explosão do barulho de livros caindo no chão tomou conta dos meus ouvidos. Meu coração deu um salto. Livros de biologia, química, espanhol e daquela matéria maçante que é a filosofia se espalhavam pelo piso grafite da passagem. Com o susto, caí de joelhos, que latejavam com o impacto. Os óculos no pior estado possível. Minha visão começou a embaçar.

Olha por onde anda, vadia. Ouvi. A voz era dele. Frank. O único garoto por quem eu sentia algo nessa escola. A quem eu respeitava. Até agora. Menos um.

– Ei, desculpa aí, mas, se devia tentar olhar melhor por onde você anda, não? - Ele começou a me ajudar a recolher os cadernos.

Isso foi estranho. Mas não foi a primeira vez que eu ouvia coisas erradas. Coisas que eu não devia ouvir. Eu contei para minha mãe, psicanalista, e ela me deu uns remédios para uso diário. As doses eram de acordo com a manifestação de minhas alucinações. Provavelmente o efeito da última dose passou. Eu devia tomar outra. Mas eu sabia que não tinha com o que me preocupar. Era tudo fruto da minha imaginação.

– Ei, Frank, anda logo, você não quer levar outra advertência, quer? E isso não é problema seu, deixa essa vagabunda que o sinal vai tocar. - Disse Billy. O valentão, conhecido pela sua voz fina e pelos braços grossos. Olhar amedrontador. Ele não teria essa fama se não fosse por suas aparências.

Ouvi um creck e me dei conta de que ele pisou nos meus óculos. Propositalmente ou não, o estrago deve ter sido feio. Ouvi passos rápidos, uma correria, e o sinal bateu. E lá estava eu. De joelhos, no meio de um corredor deserto. Sem um sinal de vida. Esperando para ganhar mais uma advertência por atraso à aula.

Tateei o chão e achei uma armação de óculos de grau. Nem merecia mais tal título. Suspirei e coloquei o par destroçado. Procurei na minha mala o frasco com as pílulas. Minha mente estava começando a borbulhar em pensamentos. Sobre matéria. Parecia que eu estava num estádio onde milhares de criancinhas gritavam equações, fatos históricos e até mesmo Nietzsche. Insuportável. Depois de engolir o comprimido roxo, suspiro, guardando os cadernos. A supervisora chegou.

***

Prefiro pular a parte do meu dia na escola, onde não passou de mais um discurso histérico da supervisora, eu como o alvo principal de bolinhas de papel e um desastre na aula de física. Eu conseguia repetir a cena milhares de vezes:

– Moon? O que me diz? - Sra. Anna-Leigh, professora substituta da matéria, pergunta.

– Oi? - Respondo, desatenta.

– Parece que seu sobrenome já diz, não é? Vive no mundo da lua enquanto devia estar prestando atenção na Teoria da Relatividade. - Eu enrusbeço em meio as piadinhas de mau gosto e risadas. Jogam mais uma bolinha no meu cabelo. Coloco meu rosto entre minhas mãos e tento desviar minha atenção de qualquer outro barulho senão o do farfalhar das árvores no lado de fora.

Chacoalhei minha cabeça, tentando me livrar da cena. Cheguei em casa, e, ao abrir a porta, me deparei com caixas e mais caixas de mudança. O que está acontecendo? Jimmy vem correndo para mim e me abraça com tamanha força que não consigo imaginar de onde surgiu, já que para seus 8 anos e meio, tinha um corpo um tanto magro demais. E estava pelado.

– Jimmy!!! Vá colocar alguma roupa. - Digo, do modo mais carinhoso possível. Não tinha como culpá-lo. Sem uma figura masculina presente, sua vida era um tanto difícil, além de sofrer de Síndrome de Asperger (espécie de autismo).

Ele fica calado até que a figura cinzenta da minha mãe se materializa na minha frente, em instantes. Ela nos abraça, sorrindo um sorriso que não vejo há anos. Ela me olha nos olhos e acaricia meus cabelos lisos, cor de chocolate.

– Sorriam, meus queridos. Próxima parada: Austrália.

Ouço um grito agudo, de uma criança, invadir minha mente. Tão agudo que começo a ficar tonta, até que desmaio.



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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Eu estou tentando, nessa historia, dar uma de Tim Burton e retratar assuntos pesados do melhor modo possivel, o mais delicado que eu consiga. Espero que voces estejam gostando, porque isso aqui eh so o comecoo, tem muita coisa pra vir. Valeu galera!
Beijao e ate o proximo capitulo,
Dorrit Division