Ele tinha 14 anos e eu 11, ele tinha 1,78 de altura e eu 1,52, ele era bvl e eu também ...é... TA PERFEITO!

Combinamos de ficar nos dois dias, no dia do Hopi Hari e no dia da baladinha. Até lá, ficaríamos conversando na escola e no MSN.

Se eu sofri até lá? Bom, se ficar sem conseguir comer durante um mês, por puro medo de quando ele viesse falar aparece um pequeno e delicado pedaço de pão de batata nos meus dentes, é sofrer, eu sofri e muito.

Surpreendi-me muito comigo mesma depois desse terceiro amor, passei a ter outra visão sobre mim mesma, afinal percebi que tinha uma queda por personagens de filme, o Gabriel, por sua vez, era o Shrek. Ele tinha apenas algumas leves -tipo, muito grandes- semelhanças com o Shrek, principalmente o tamanho, não era a toa que esse era o apelido dele, também era conhecido por Bigode, como preferir.

Não foi novidade nenhuma quando no dia do passeio ao Hopi Hari nem olhamos pra cara um do outro de tanta vergonha e falta de atitude de ambas as partes, não rolou nada- já pode me criticar, sociedade!

Se eu não tenho coragem para comer aquela ultima rosquinha que meu pai me proíbe de comer, caso contrario “o bicho da gula, vai correr e pegar meus miolos”,imagina se  eu vou ter coragem pra arrancar aquele beijo do Shrek.

Fizemos, então, juras- aah, que coisa linda!- de que na baladinha da escola iria rolar com certeza. E foi o que aconteceu.

Cheguei primeiro e fiquei em um lugar estratégico, quando ele chegasse não teria como ele não reparar em mim.

Quando o vi de repente vindo em minha direção, não consegui fazer mais nada além de olhar para o chão e me deparei com meu cadarço que estava desamarrado.

Assim que meu olhar voltou em sua direção sua boca já estava a centímetros da minha e não tive saída, o beijei.

-“Calma, deixa eu amarrar o tênis”- MERDA, por que amarrar o tênis é mais importante do que beijar ele naquele momento, ele vai achar que estou fugindo...mas, por outro lado eu nunca fui equilibrada o suficiente, vai que ele decide me levar pra outro lugar e eu sem querer piso no cadarço levando minha cara diretamente para o chão, e é claro que eu estaria segurando a mão dele, o que faria com que ele caísse por cima de mim e me amassasse com toda aquela fantasia de Shrek que não era fantasia e sim a sua nada sexy massa corporal, nós sairíamos rolando e atropelando as pessoas como um boliche humano e aí sim eu mereceria o Sid de volta, pois minha cara ficaria completamente compatível ao nível de beleza dele. É melhor amarrar o tênis logo.

“Eu quero tanto seu beijo molhado, seus lábio de mel que me deixaram louca, eu vou te dar um beijo molhado...” foi assim que fiquei depois de beijar ele: doidinha.

Foi tudo muito rápido e ao mesmo tempo não, por que nós ficamos o resto da balada toda juntos e eu não estava nem um pouco arrependida mesmo depois de praticar com a minha mãe o que ela sempre dizia: ”filhinha, você pode me contar tudo, eu sou sua amiga além de ser sua mãe” e ter recebido como resposta um leve sermão de “NÃO FIQUE COM ESSE GAROTO MAL ENCARADO QUE VOCÊ NÃO CONHECE, OLHA SÓ PRA ISSO, VOCÊS TEM TRÊS ANOS DE DIFERENÇA,POR ELE IRIA QUERER FICAR COM UMA MENINA TÃO NOVINHA COMO VOCÊ AO INVES DE FICAR COM MENINAS DA IDADE DELE? SÓ PODE ESTAR QUERENDO SE APROVEITAR, IMAGINA... ELE DEVE SER DROGADO, NÃO É? ANDA ME FALA, O QUE ELE USA? É MACONHA, NÃO É? NÃO! É COCAÍNA, MINHA FILHA OLHA O TIPO DE GENTE QUE VOCÊ ESTÁ SE ENVOLVENDO...” Pura neurose...

Não que minha mãe nunca tivesse me livrado de situações piores do que essa, mas francamente mãe, não é pra tanto né? Fiquei mesmo! Beijei mesmo! Gostei muito! E pra finalizar, ainda pediu pra namorar comigo e é OBVIO que eu disse sim.