Os Sete Amores De Michelle Borardi escrita por Dani Morais


Capítulo 12
Unicórnio no Trânsito




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/327491/chapter/12

Entrei no carro correndo pensando naquela conversa reveladora. Joguei minha mochila no chão e peguei meu celular para mandar uma mensagem pra minha amiga que estava mais curiosa do que eu pra saber o assunto da tal conversa. Escrevi:

Acabei de conversar com ele... Ele é simplesmente PERFEITO... Beijos ;D

Ignorei o completamente o fato que causava minha indignação. Mas acho que foi certo exagero da minha parte. Por que haveria problema se ele fosse realmente BVL?

Ei, não tá me escutando, não?- Meu interrompeu completamente o meu momento reflexão, justamente na parte da aceitação.

O que foi, pai?- Eu respondi desconcertada.

Eu perguntei se você vai querer comprar o resto do seu uniforme agora. Ele me olhava esperando uma resposta simples e objetiva, mas...

UNICÓRNIO? TÁ LOUCO, PAI? DESDE QUANDO EU TENHO UM UNICÓRNIO? VOCÊ TA PRECISANDO DE UM MÉDICO! ISSO SIM!- o carro parou no farol e nós continuamos a discussão, enquanto éramos observados de ambos os lados.

QUE UNICÓRINIO, MENINA? VOCÊ TÁ FICANDO SURDA?-Ele gritava dentro do carro.

VOCÊ MSESMO ACABOU DE PERGUNTAR SE EU QUERIA MEU UNICÓRNIO!

QUE UNICÓNIO? VOCÊ TEM PROBLEMA?

MAS, PAI, VOCÊ ACABOU DE PERGUNTAR SE EU QUERIA COMPRAR MEU UNICÓRNIO!

Você deve estar escutando aquele Ipod muito alto...- ele diminuiu o tom de voz quando percebeu que o rapaz do lado dele nos olhava com uma cara de espanto e a mulher do meu lado ria alto da nossa cara- ...por que EU DISSE UNIFORME!.

Aquele grito doeu no meu ouvido. Nunca mais discuto com meu pai no volume sete, no meio do transito quando o carro estiver parado no farol e as pessoas prestando extrema atenção à nossa conversa.

Quando cheguei em casa fui direto tomar banho, ou melhor, fui para o cantinho da reflexão. Arranquei minhas roupas, liguei o chuveiro, molhei os cabelos e fiquei lá lembrando cada detalhe daquela conversa. Na boa, isso é coisa de gente apaixonada, mas eu não entendi por que eu fiquei tão espantada por ele nunca ter beijado ninguém. É claro que se o nosso relacionamento durasse, certamente, essa responsabilidade seria minha, mas isso vem depois.

Convenci a mim mesma de que o espanto foi pura consequência do stress do dia a dia e esvaziei meus pensamentos, mas o problema é que eu esvaziei tanto que acabei escorregando no sabonete e bati a cabeça no chão dando vida ao meu mais novo amigo: galo.

Apelidei o galo de Fred, assim podia dizer que levava meu amigo Fred para qualquer lugar que eu fosse- sempre quis dizer isso sobre alguém, mas como eu era totalmente solitária, tinha que aproveitar agora que tinha um amigo de todas as horas.

No dia seguinte fui com uma faixa na cabeça morrendo de medo que alguém visse aquela montanha na minha cabeça, principalmente o Fernando.

Quando entrei na sala fui falar com uma galera que estava no canto da sala, tentando ficar escondida. Mas, não foi suficiente. Ele vinha à minha direção e minhas pernas tremiam- não sei se por causa do ar condicionado ou se pelos cabelos loiros dele- levei minha mão a cabeça para checar se minha faixa estava tampando bem o galo.

Oi...- Ele, com certeza, disse mais coisa, mas eu não consegui prestar mais atenção em nada depois do beijo que ele me deu. Fiquei paralisada.

Você tem algum problema em falar? Por que desde ontem você não responde minhas perguntas. Ele me olhou nos olhos daquele jeito que fazia antes, me comeu todinha.

ah, eu...- eu não sabia nem o que falar, primeiro por que estava comida, e também não tinha escutado a pergunta, mas a Terra mandou outro sinal divino e a professora entrou na sala mandando todo mundo sentar.

Fiz questão de sentar longe dele para não ter outro problema de paralisia nas cordas vocais e assim conseguiria prestar um pouquinho mais de atenção na aula. Só que não.

Me peguei várias vezes pensando nele ao longo da aula e em todas essas vezes me virei só para checar o horário -mentira! Eu queria ver se ele estava viajando que nem eu ou se estava prestando atenção na aula- e, por incrível que pareça, ele estava olhando para mim em todas as vezes. Ele sorria, eu me derretia e sorria de volta, eu olhava novamente, ele sorria, eu me derretia e sorria de volta. Foi assim até o final da aula.

Na saída eu já estava com um pouco mais de coragem -me orgulho disso!- Fui até ele segurei sua mão e descemos até a porta da escola juntos.

Fe, meu pai já chegou. A gente se vê amanhã, ta bom? Soltei a mão dele e me curvei um pouco para beijar sua bochecha.

Ta bom, eu te amo!- EUTE AMO, EU TE AMO, EU TE AMO... Aquelas três simples palavras caíram na minha cabeça feito um gordo pulando na piscina.

Você o que? Quer dizer... haha... eu também... eu acho...- Saí correndo esbarrando em todo mundo, derrubei o refrigerante em cima da menina que estava na minha frente. NÃO QUERO VOLTAR NESSA ESCOLA NUNCA MAIS!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!