Os Sete Amores De Michelle Borardi escrita por Dani Morais


Capítulo 10
Mais Uma Vez




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Você lembra aquele estudo que eu fiz baseado na troca de olhares, não é? A pessoa te encara, te come, te engole só com os olhos e em troca você fica toda derretida por ela. Pois é...

Fernando era meu colega de classe durante a 7ª série. Não importava o lugar que ele sentava, sempre dava um jeito de ficar espionando as coisas que eu desenhava no caderno.

Não demorou muito pra eu perceber que meu coração batia mais forte por ele. Não sei se pelo fato dele ter a maior carinha fofa de bebê ou se era por que ele era branquinho e loirinho – eu tenho uma queda por meninos loiros, eu assumo!

Cheguei a comentar com a minha amiga sobre a quedinha que eu tinha por ele e ela prometeu que me ajudaria. E ela foi rápida.

No dia seguinte durante a troca de aulas juntamos um grupinho de alunos – que o incluía- e começamos a jogar um joguinho. Era bem simples, tudo que você tinha que fazer era escrever em um pedaço de papel o nome da pessoa que você estava gostando.

Peguei o meu pedaço e tentei fazer a letra mais bonita que consegui. FERNANDO. Escrevi bem grande para que não sobrassem dúvidas, vai que ele era meio lerdo.

Acontece que a única desinformada da brincadeira era eu, todos já sabiam antes do jogo quem gostava de quem e inclusive já sabiam que ele gostava de mim também. E quando pegaram o meu papel fizeram o favor de gritar pra todos saberem, o que resultou em um pedido de namoro.

Mais uma vez? Eu não sabia se estava preparada psicologicamente para outro relacionamento... vamos dizer...”complicado”.

Não respondi nada, não queria parecer fácil, afinal a gente também nunca tinha conversado direito.

Ele ficou sem jeito e foi reclamar para o amigo. Cinco minutos depois me perguntou novamente:

–“Você quer ficar comigo?” OPA, OPA, OPA, POR QUE MUDOU ASSIM DE REPENTE? ACHEI QUE ELE QUERIA NAMORAR, AGORA VEM COM ESSA HISTÓRIA DE FICAR, COMO ASSIM?

Nunca acreditei quando me diziam que os meninos, às vezes, conseguem ser mais complicados que as meninas. Parabéns, meninos, vocês realmente conseguem!

Resolvi aceitar logo antes que ele mudasse de ideia e viesse me agarrando no meio da sala de aula.

–“ Vai ser na troca de aula, na próxima troca de aula vocês se pegam!”

O QUÊEE? COMO ASSIM NA TROCA DE AULA? To ferrada! Mal entrei na escola e já vou levar uma puta advertência por beijar na sala de aula. O que meus pais iriam pensar? Ou melhor, eu já sabia exatamente o que eles iriam pensar:

–“Filha, eu não acredito que você está se prostituindo na sala de aula pra comprar bala! Quanto você está cobrando? Se você quisesse dinheiro para a bala, era só você falar!”

Não precisei pensar mais nada...

–“NÃO!NÃO, NÃO! Na troca de aula não! Depois nós conversamos pessoalmente e decidimos!”- gritei no meio da sala, o que me fez pensar que estavam me olhando com uma cara de espanto que eu já sabia o que significava: “De onde veio esse rádio ambulante que está fazendo barraco no meio da sala de aula?” Eu já estava acostumada em passar esse tipo de imagem para as pessoas. Mas, e daí? Ser normal não é legal mesmo!

No outro dia fui pra escola querendo morrer. Meu pai foi brigando comigo o caminho inteiro por que eu tinha deixado meu quarto uma zona. Pai: a zona é minha, se você quiser nem precisa passar por lá, eu fecho a porta e você finge que aquele cômodo não existe, mas me deixa em paz com o meu mundinho. Eu sei que é pedir muito para uma pessoa como você que passa as camisetas pelo menos uma três vezes antes de usar com medo que nesse intervalo de tempo de você passar até colocar no corpo possa passar uma brisa devastadora e acabar com toda a sua obra de arte, mas vamos combinar que mesmo se passar um furacão no meu quarto não tem como ficar pior, não é?

Entrei na sala de aula com a pior cara de mau humor que eu podia fazer pra tentar espantar qualquer idiota que viesse comentar como foi a noite emocionante dele colando figurinhas no álbum ou então contanto pela milésima vez seus bonecos da coleção. E não é que deu certo?

Assim que Fernando entrou na sala com a carinha mais fofa do mundo me lembrei de que estava “ficando” com ele. E, para o meu total espanto, ele não veio falar comigo. Qual é? Minha cara nem tava tão feia assim. Será que ele já tinha desistido? Também não fui falar com ele.

Só pra provocar um pouquinho, sentei com outro menino e começamos a fazer a lição juntos. HAHAHA, eu sou a melhor do mundo em fazer ciúmes. Ele não tirou os olhos de mim por um segundo sequer. Apenas me mandou um bilhete que me deu até calafrios quando li:

“Encontre-me em frente à quadra na saída. Quero conversar com você!”

To ferrada... de novo....



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