Sorrisos e Sussurros. escrita por Jajabarnes


Capítulo 8
Não posso sofrer mais...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Pov. Jacob.

Sim, ele merece.

Acho mais do que justo o que Susana está fazendo. Eu tinha certeza do que era e o por que, e lhe dava total apoio. Percebi o tal Caspian nos encarando quando trocamos aquele olhar hoje no almoço, também sei que ele deve estar pensando que Susana e eu... Enfim, mas não rola nada entre nós além da boa e antiga amizade. Somos irmãos de coração, Susana é a irmã mais nova que eu nunca tive e, como ela costuma dizer, eu sou seu “segundo irmão mais velho que ela nunca teve”.

O que alguém com o juízo bom iria fazer, seria ir ao encontro de Caspian e lhe explicar que não havia nada entre a Su e eu, e para ser franco eu até pensei em fazer isso, mas estou tomando cada vez mais as dores da Su, além disso, eu não devo satisfações a um cara que eu mal conheço.

Deixe ele pensar o que quiser. Quem mandou brincar com os sentimentos da Su desse jeito? Isso não se faz.

Mas meu lado “bom moço apaziguador” tinha que se manifestar e aproveitando a oportunidade de estar sozinho com Susana na sala de música do palácio, eu cheguei a esse ponto.

-Eu sei o que você está fazendo. - acusei. Susana estava sentada à frente do piano, tocando uma melodia suave. Ela parou quando eu falei, de pé, ao lado do mesmo.

-Do que você está falando? - deu uma risada fraca, encarando as teclas. Agora ela estava tentando desconversar.

-Dando um gelo no Caspian.

-Eu não estou dando um gelo nele... - ela deu uma risada nervosa e eu a encarei, cruzando os braços. Susana suspirou, arriando os ombros. - Apenas estou evitando-o... Não quero me decepcionar e sofrer mais...

-É, eu também sei disso. - falei. - Mas você acha que é o melhor a se fazer?

-Claro! É o melhor, o melhor para mim! - argumentou ela.

-Oi, muito prazer, sou Jacob. - estendi-lhe minha mão, logo em seguida rolando os olhos. - Conta outra, Susana! Você não me engana... Acha que eu não sei que você está sofrendo com essa indiferença?

-Estou apenas me poupando de mais sofrimento... - teimou.

-Não está não, está adiando ele. - falei, sentando ao seu lado. - Acho melhor acabar de vez com isso.

-Ah, é, Jacob?! - ela se irritou, pondo-se de pé. - Então tá. Eu deixo ele se aproximar trazendo junto tudo o que me encanta, mas aí, quando ele estiver bem perto, eu lembro que ele é comprometido, só que aí já é tarde demais por que eu já tinha criado mais esperanças falsas para depois vê-lo subindo ao altar com outra! É, Jacob, você tem razão, isso é o melhor a se fazer! - zombou, falando alto, andando de um lado para o outro com os olhos cheios de lágrimas.

-Hey, hey...! - levantei-me, tentando me aproximar dela para abraçá-la.

-Eu não posso fazer isso, Jake... - ela chorava, com a cabeça mergulhada em meu peito, os braços envolvendo minha cintura enquanto eu afagava seus cabelos. Ela soluçava. - Eu não vou aguentar me aproximar dele novamente... Não posso sofrer mais...

Pov. Caspian.

Estávamos em meu gabinete. Pedro, Edmundo e eu fomos para lá depois do almoço, logo que Jacob e Susana se retiraram para a sala de música e Lúcia foi com Eustáquio treinar arco e flecha, eu me retirei para minha sala, ansiando por um momento de paz onde eu poderia ocupar minha mente com outros assuntos. Não adiantou muito, eu só conseguia pensar em Susana e no quanto ela estava magoada comigo e no quanto ela e aquele Jacob estavam próximos.

-Você tem que falar com ela, Caspian. - disse Edmundo.

-O Ed tem razão – falou Pedro. - Conhecemos a Su, ela está mal...

-Não é o que parece. - falei. - O comportamento dela demonstra completamente o oposto.

-Você só está assim por que ela está te dando gelo. - continuou ele. - É assim que ela faz... Quando está magoada com alguém, Susana simplesmente ignora a pessoa, fingindo que está tudo bem, mas na verdade está tudo péssimo. É o jeito dela.

-É – concordou Edmundo. - E não espere que ela venha falar com você, por que ela não vem. Se você quiser que isso acabe, você tem que ir atrás dela. Foi assim quando ela ficou sem falar com o Pedro por semanas... - comentou.

-Pois é, ela quase me deixou louco me ignorando... - concordou Pedro.

-E o que você fez para ela? - perguntei.

-Er... Bom, quando a gente era criança, Susana tinha uma boneca. Ela adorava aquela boneca, agia como se a boneca fosse uma pessoa de verdade e era impossível separar a Su da boneca. Aí, um belo dia, Susana derrubou meu brinquedo preferido, quebrando-o. Foi um acidente e ela estava se sentindo muito culpada, como se tivesse me quebrado uma perna... - contou. - Mas eu fiquei furioso e pra “vingar meu brinquedo morto” - ele fez aspas no ar. - No dia seguinte, eu acordei mais cedo que a Su, fui até o quarto dela, pegue a boneca e a escondi, quando a Su acordou e procurou seu precioso tesouro, eu disse que a boneca tinha morrido. Aí você deve imaginar o que aconteceu... Eu me arrependi amargamente por ter feito isso, mas mesmo assim a Su fez comigo o mesmo que está fazendo com você... Só que no seu caso, o negócio é mais sério.

-Você foi cruel, Pedro. - comentou Edmundo.

-Eu sei! Mas me arrependi...

Houve um breve silêncio.

-Só não entendo uma coisa... - comentou Edmundo.

-O que? - perguntamos Pedro e eu.

-Por que você vai se casar com a estrela? - perguntou e ele e Pedro me encararam.

-Eu... Bem... - suspirei. - Eu achei que o melhor jeito de ficar bem, de sofrer menos seria encontrando outra pessoa. E quando desembarcamos na Ilha de Ramandu – olhei para Edmundo – Achei que Lilliandil era perfeita para isso. Bonita, meiga, inteligente... Claro, não era como Susana, mas era a candidata perfeita... Então, depois que Edmundo, Eustáquio e Lúcia partiram, na volta para Nárnia, eu parei novamente na Ilha de Ramandú e pedi Lilliandil em casamento. Ela aceitou e veio comigo para Narnia. - suspirei. - Mas... Depois de oficializarmos nosso compromisso perante os Lordes, ela se transformou nessa criatura insuportável...

-E por que você simplesmente não a manda catar coquinho? - perguntou Edmundo, como se eu não tivesse pensado nisso.

-Não é tão simples, Ed. - interveio Pedro.

-Ué, e porque não?

-Pense no escândalo que seria. - falei.

-Mas Caspian, você prefere se casar com aquele ser e magoar a Su do que desfazer esse casamento? - perguntou Edmundo.

Apanhei os envelopes em minha mesa e mostrei a ele.

-Ih, caramba... - disse Pedro, pegando um dos envelopes de minhas mãos.

-O que é isso? - Edmundo quis saber.

-Antes de vocês chegarem, eu já havia mandado os convites para o baile de noivado aos reinos vizinhos e o casamento já havia sido marcado... - contei, sentindo um aperto no peito.

Nós três fizemos silêncio. Não havia nada mais a dizer. Nada mais a fazer.

[…]

A tarde correu ensolarada, mas eu não melhorara nem um pouco, só melhoraria quando falasse com Susana. Por falar nela, não a vejo desde o almoço e o que mais me revolta é que eu sei que ela está com o tal Jacob.

Tive esperanças de encotrá-la no jantar, mas ela não desceu, pediu para levarem sua janta em seus aposentos. O que mais me doeu foi saber que ela não queria encontrar comigo. Ninguém disse isso, claro, mas também não precisavam dizer, todos sabíamos perfeitamente por que ela não queria mais fazer as refeições na salão conosco ou porque vivia entocada nos cantos. Ela não queria me ver.

Havia um clima de desconforto entre todos. Lilliandil era a única a qual toda essa situação não afetava. Lógico que não afetaria. Para ela, quanto mais longe Susana estivesse longe de mim, melhor. Não importa o que eu ache ou sinta sobre isso.

Só que isso não iria continuar.

Eu passei o resto do dia inteiro preparado para falar com Susana caso, por ventura, ela cruzasse meu caminho. Mas não. Não a vi em nenhum lugar. Nenhum. Pensei em ir ao quarto dela, acabar de vez com aquela situação, mas seria mais inapropriado ainda.

Resolvi que falaria com ela de manhã, de um jeito ou de outro eu iria falar com ela. E não passaria de amanhã.

[…]

Decidi ir me deitar quando consegui me desvencilhar de Lilliandil. Era cedo para dormir, mas o horário não fez muita diferença, eu não consegui dormir. Fiquei rolando de um lado para o outro, depois fiquei encarando o teto do dorsel e pensando nos assuntos que não têm saído da minha mente.

O casamento... As ameaças calormanas... Lilliandil e sua voz insuportável... Susana... Jacob... Susana e Jacob... Ela magoada comigo... Minha saudade dela... A lembrança de nosso último beijo... A vontade quase que insuportável de beijá-la novamente...

Cochilei embalado por uma melodia suave de piano. Até que, quando estava prestes a mergulhar no sono tanto almejado, minha mente se perguntou de onde vinha aquele som. Abri os olhos e olhei em volta. Levantei e prestei atenção no silêncio, certificando-me de que estava realmente escutando aquela melodia.

Guiado por uma força que vinha de dentro de mim, eu saí do quarto e segui o som pelos corredores desertos e escuro. Até achegar a sala de música. A porta estava entreaberta e eu espiei pela brecha um pouco larga, que ela deixava.

Sentada ao piano, de costas para a porta, lá estava ela. O roupão cobria sua camisola, ambos compridos; os cabelos longos caíam livres pelas costas e seus dedos delicados dedilhavam as teclas brancas produzindo aquela melodia adorável. Em silêncio, entrei na sala e fechei a porta com cuidado, caminhei calmamente até parar atrás dela, foi quando percebeu minha presença. A música parou com um som grave.

Ela permaneceu de costas, encarando as teclas, sem tocar.

Então eu suspirei, criei coragem e falei calma e humildemente.

-Acho que precisamos conversar...


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Notas finais do capítulo

Reviews! Vou postar também o capítulo 10 também!
Beijokas!!