Sorrisos e Sussurros. escrita por Jajabarnes


Capítulo 28
Foi preciso dizer adeus.


Notas iniciais do capítulo

Ela se foi

Isso é um fato. Mas não sei se vocês perceberam que faltou um ponto final na frase :3
Divirtam-se!
Acho que a Ragina Spektor andou me inspirando de novo...



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Caspian.

Com o coração acelerado deixei o quarto de Susana para que o Professor trabalhasse e pus-me a andar do lado de fora inquietamente fazendo o manto mover-se a cada movimento. Não conseguia pensar em nada além de Susana. Nada me passava pela cabeça sobre o que acontecera. Ela estava tão bem, não entendo o que podia ter acontecido!

Pude vislumbrar, em algum momento, Jake, Eustáquio, Pedro e Lúcia conversando baixo sobre alguma coisa, mas não consegui me deter em nada do que diziam ou podiam estar dizendo. Tentei respirar com cautela e paciência, mas não conseguia me concentrar nisso também. Em algum momento, Lúcia e Eustáquio saíram. Pareceu uma eternidade, mas algum tempo depois a porta se abriu e Dr. Cornélius saiu. Só aí parei de andar, fitando-o aflito da mesma forma que os outros faziam. Meu coração pulava dentro do peito.

–Como ela está? - perguntei assim que ele botou o pé pra fora. Vi Professor respirar fundo.

–Meus senhores – começou ele e pareceu não encontrar palavras.

–Professor... - falei, tentando manter a voz calma e falhando nitidamente.

–Fiz tudo o que podia para ajudá-la, Majestades. - disse. Oscilei. - Sinto muito.

Meus ouvidos ficaram surdos rapidamente enquanto que dos outros veio um arfar, Pedro escorara-se na parede e deslizara até o chão quando entrei em rompante no quarto, correndo para o lado de Susana, largando-me na cama ao seu lado. Ela parecia dormir.

–Su – chamei, num fio de esperança. Os lábios vermelhos não responderam, nem os olhos abriram. Senti os meus arderem. - Su – gemi, sendo rendido pelo desespero que tomou conta de cada parte do meu ser. - Su, responde, não faz isso! - segurei-lhe a mão e o toque gelado me apunhalou. - Não, não, não! - toquei seu rosto também gelado. Ela não respondeu e o pânico desesperado enfrentou a realidade lançada bruscamente à minha face. Agarrei-a em meus braços fortemente. - Susana! - ordenei. Nada. - SUSANA!

Jake

O chamado e o choro de Caspian soaram no vazio do silêncio ali de fora, sendo logo abafado pela tempestade súbita que chicoteava lá fora. Não consegui me mover nem quando Lúcia passou por mim, ajoelhando-se ao lado do irmão.

–Pedro... - chamou ela. Meu coração se comprimiu ao ouvi-la chamar de novo, agora com uma pontada de dor na voz. - Pedro... Não... - e ela soluçou. - Meu elixir... Devemos buscar meu elixir... - ofegou suplicante ao Professor. Olhei-o também ansiando para sua resposta positiva, pronto para correr aos aposentos de Lúcia e buscar o elixir. Mas ele hesitou, os olhos marejados por trás dos óculos.

–Seu elixir nada poderia fazer agora, Majestade. - disse ele, com profundo pesar, no tom mais amável que pôde. Arfei, contendo os soluços. Lúcia chorou abraçada à Pedro e Edmundo se juntou a eles antes de o Professor concluir sua fala. - Ela se foi.

Não consegui mais conter o choro e corri para longe dali, buscando refúgio na sala de música, mas logo foi insuportável ficar ali e parti rumo à meus aposentos, entregando-me ao soluçar doloroso. Aslam, se você estivesse aqui...! Por que foi embora?! Por que?!

Susana não podia... Ela não... Sequer tivemos tempo de socorrê-la, isso não é justo! Meu Juba do Leão, isso não é justo!

Lúcia.

Eustáquio logo se juntou a nós três e foi envolvido no abraço.

O choro de Caspian tornara-se silencioso ou o nosso se tornara mais alto, por que eu não o ouvia. Com a cabeça deitada no peito de Pedro, podia ouvir sua respiração áspera, Edmundo me abraçava tentando me consolar e Pedro nos mantinha firmemente em seu abraço que, embora apertado, parecia largo por faltar alguém ali. Não podia suportar olhar para dentro do quarto. Queria dormir para acordar e encontrar tudo bem novamente. Não conseguia conceber a ideia, o brusco e cruel giro que o mundo deu sem sequer nos permitir reagir.

Se eu não estivesse com tanta pressa, se eu tivesse esperado mais por ela... Teria visto quando começara a passar mal, talvez... Talvez teria dado tempo de socorrê-la. Por Aslam! O que aconteceu?! O que?!

Meus soluços tomaram uma frequência incontrolável que eu não pude prever. Só havia uma dor intensa dentro do meu peito que forçava para sair, mas não sabia como. Sem que eu percebesse que havia saído ou há quanto tempo estávamos ali, Dr. Cornélius chegou acompanhado de duas encarregadas da enfermaria. Ele parou alguns passos distantes de nós, aguardando, dando-nos tempo para notar ou querer notar sua presença. Senti Edmundo soltar-me um pouco, seguido de Pedro, voltando sua atenção para o senhor. Ergui os olhos também. Dr. Cornélius estava mais abatido do que eu jamais vira. Ele engoliu antes de falar.

–Majestades – disse ele. - Sei que não é a melhor hora, mas precisamos fazer nosso trabalho lá dentro. - ele segurava as mãos e as enfermeiras olhavam para o chão. Franzi os lábios para não começar a chorar desesperadamente de novo. Pude finalmente olhar para os outros. Eustáquio chorara tanto quanto eu. Edmundo tinha uma expressão abatida, uma dor nos olhos. Já Pedro não soluçara nem deixara transparecer a intensidade de seu choro apesar da face avermelhada e o rastro fresco das lágrimas em seu rosto. Ele assentiu minimamente.

Nos pusemos de pé cautelosamente. Só alguns segundos depois criamos coragem para olhar o quarto. Caspian ainda estava lá, agora imóvel. A saia branca do vestido de Susana fazia volume sobre a cama. Pedro tomou a frente, hesitante, entrando primeiro no quarto. Nos aproximamos devagar da cama, por trás de Caspian. Dr. Cornélius e as enfermeiras entraram também, aguardando num ponto distante do cômodo. Encarei o chão a princípio, sem coragem, mas aos poucos fui conseguindo. Houve silêncio até que alguém conseguisse chamar por ele.

–Caspian – a voz de Pedro era um sussurro. Por um instante achei que a resposta não viria e Pedro estava pronto para chamar outra vez quando ele respondeu.

–Me deixem só. - foi sua súplica dolorosamente posta para fora.

–Cas, as enfermeiras precisam fazer o trabalho delas... - insistiu Pedro, paciente.

–Apenas me deixem só. - insistiu ele, um pouco mais firme.

–Teremos tempo para isso mais tarde – sussurrou Pedro. Senti lágrimas rolarem por meu rosto quando abracei-me forte, como se com a pressão, a dor aliviasse. Edmundo viu, e passou os braços ao meu redor.

Caspian não respondeu, mas pudemos notar sua hesitação ao fungar e balançar-se levemente.

–Por favor, não estou pedindo muito.

–Eu sei que não. - concordou Pedro, a voz falhando brevemente. Ele pôs a mão no ombro de Caspian. - Mas temos que sair... - ele não se moveu. - Cas – Pedro insistiu paciente, puxando-o minimamente para trás, afastando-o de Susana. Caspian imediatamente resistiu, negando com a cabeça. Chorei mais. - É preciso... Voltaremos depois, assim que eles acabarem. - garantiu meu irmão antes de puxá-lo outra vez da mesma forma. Caspian hesitou brevemente, mas então vimos seus braços moverem-se, soltando Susana, deitando-a sobre a cama com um cuidado e carinho quase palpáveis. Afagou a face dela antes de pôr-se de pé, então afastando-se da cama e tornando-se para nós.

Sua expressão partiu outra vez meu coração. Ele estava desolado, parecia não estar em si e mal se aguentar em pé. Duvidei de que já tivesse realmente se dado conta do que aconteceu. Caspian seguiu meio cambaleante para a saída e Pedro o acompanhou, não olhando para Susana, sempre com a mão no ombro de Caspian pronto para ampará-lo se ele desmaiasse como aparentava estar prestes a fazer. Edmundo e eu não nos movemos. Meus olhos logo foram embaçados enquanto eu fitava Susana sem vida sobre a cama. Ela parecia dormir como um anjo como costumava fazer e me trucidava o fato de saber que, na manhã seguinte, ela não despertaria como também costumava fazer. Com um afago no braço, Edmundo lembrou-me que devíamos sair dali e apressei os passos como se fugisse. Eustáquio nos aguardava na porta, fechando-a quando passamos. Lá fora, Caspian não estava mais no alcance de nossas vistas. Os raios continuavam do lado de fora, estrondosos.

–Pedro... - consegui sussurrar. - O... O que fazemos agora?

Meu irmão fitou-me por um tempo antes de lamber os lábios, respirar fundo e responder.

–Alguém... - ele fez uma pausa para tentar normalizar a voz. - Alguém deve ir até os convidados... Talvez... Talvez - lágrimas rolaram de seus olhos, senti meu queixo tremer. - Eu... Eu não sei... - Ele não estava conseguindo pensar direito e logo desistiu, entregando-se ao arfar e então aos soluços. Ao vê-lo daquela forma, não consegui conter minhas lágrimas novamente e abracei-o forte pela cintura. Edmundo nos abraçou também seguido por Eustáquio. Nenhum de nós conseguiu aguentar por mais tempo algum. E vi Pedro chorar como nunca tinha sequer imaginado antes.

Jake.

No ímpeto, mantive-me em meus aposentos chorando amargamente, mas algum tempo depois um sentimento de culpa me sobreveio por ter deixado os outros num momento como aquele. Faltava-me coragem para deixar meu quarto, porém sem pensar muito levantei e me obriguei a sair.

Procurei pelos outros e os encontrei onde os tinha deixado, em frente ao quarto de Susana. Pedro, Lúcia, Edmundo e Eustáquio estavam abraçados, chorando dolorosamente no corredor. Meus passos foram perdendo a coragem e desacelerando a medida que eu me aproximava deles. Quando Lúcia me viu, dirigindo-me seu olhar cheio de dor, estendeu a mão para mim e ao que cheguei perto o suficiente para alcançá-la, ela puxou-me para junto deles e foi o bastante para que eu me rendesse ao choro outra vez.

Não sei dizer quanto tempo ficamos ali, de pé, abraçados. Nenhum de nós estava preparado para enfrentar aquilo. Susana ter nos deixado era algo irreal demais. Impossível demais. Nenhum de nós sabia o que fazer e duvido que apenas eu não conseguia pensar. Nos sentíamos perdidos, completamente sem chão.

Porém uma hora o abraço teve que chegar ao fim e os procedimentos tiveram que ser feitos. Lúcia me explicou vagamente que Dr. Cornélius estava cuidando de Susana e Caspian sumira das vistas de todos quando fora obrigado a deixá-la para que fosse cuidada. Eustáquio prontificou-se a dar a notícia aos convidados para poupar os Pevensie pelo menos disso. E não demorou muito para que a terrível e inesperada notícia se espalhasse pelo castelo e pela cidade.

Então o dia de festa contagiante se tornara de luto tão negro quanto as nuvens de tempestade.

Caspian.

Aproveitei o momento em que senti minhas pernas outra vez e saí sem rumo pelo castelo, ávido por uma fuga daquele labirinto sem ter certeza de para onde estava indo. Apenas ia. Em meu peito crescia um montante que ocupava meu interior e buscava um modo de sair não encontrando-o, lançando-me num sufoco que parecia estar comprimindo meu coração até que ele virasse pó. Meus ouvidos estavam surdos e podia ouvir o impacto forte de meus passos contra o chão a medida que continuava a andar rumo a lugar algum.

Quando dei por mim, estava correndo por uma escada estreita em caracol e então soube exatamente para onde estava indo. Chovia forte ainda quando alcancei de rompante o alto da torre mais alta do castelo. O vento frio agredia-me, lançando o manto pesado para trás. A cidade lá em baixo estava mergulhada num silêncio denso, muito diferente de algumas horas atrás, mas a tempestade parecia estar perto do fim ali fora e iniciando-se dentro de mim.

Sentia-me destruído, como se estivesse à beira de um abismo que logo, logo me sugaria para sua escuridão. Aquela torre parecia que não me manteria de pé, que estava prestes a ruir e a altura letal que a separava do chão tornou-se brevemente tentadora, mas a impressão de um rugido num canto remoto de minha mente fez a tentação dissipar-se, impedindo-me do ato insano para fugir daquele pesadelo, obrigando-me a encará-lo. Eu sequer parecia ter acordado hoje. Senti-me prestes a explodir.

E ao mesmo tempo vazio. Um vazio imenso em meus braços. Podia lembrar exatamente a sensação de abraçar e ser abraçado por Susana, a sensação de tê-la em meus braços nas noites que compartilhamos, mas agora não haveriam mais lembranças a serem feitas além daquela da sensação de abraçá-la e não ser abraçado de volta.

Num jato, as lembranças voltaram à meus olhos no mesmo ritmo que a dor teimou em sair, mas não haviam lágrimas para expulsá-la. Vi Susana outra vez, a saia aplumada do seu vestido de noiva flutuando à sua volta a cada movimento da nossa valsa, seus olhos estavam de um azul tão intenso que fez meu coração acelerar, os cabelos ondulados movimentando-se graciosamente em volta de seu rosto. O sorriso sincero de felicidade que ela ostentou durante o dia inteiro jogavam um raio de luz em minha alma escurecida. A dor crescia excruciante.

–Aslam! - chamei alto para o céu. - Me ajude! - agarrei-me ao peitoril, pensando alto com um nó na garganta. - Por que teve que ser assim...? Por que a trouxe de volta se ela morreria?! Se foi por minha causa, não precisava ter feito! Preferiria mil vezes aquela dor a esta...! - respirei asperamente. Ao erguer o olhar para o céu, vi surgir uma estrela no horizonte e não pude conter o arfar.

As palavras do Professor, usadas em uma de suas aulas, soaram dentro de meus ouvidos. Quando uma vida é finda aqui, uma estrela nasce lá, refletindo eternamente a alma que um dia pisou nesta terra.

Ainda era inconcebível para mim. Irreal demais. Mas a prova estava à minha vista. A partir de agora tudo o que eu poderia ter da presença dela na minha vida era uma estrela no horizonte. Susana seguiu a luz que a levou para o País de Aslam. E eu seguiria qualquer luz que me levasse até ela. Mesmo que eu tivesse que seguir a luz daquela estrela.

Lúcia

Ripchip voltou com Eustáquio algum tempo depois e, sem jeito, ele aproximou-se de mim segurando as mãozinhas.

–Majestade – disse sem saber como prosseguir no tom mais amável que possuía. - Eu... Eu acho que, nessas horas terríveis, um abraço seria bem vindo – e as mãozinhas se separaram, aguardando-me para me abraçar. Ajoelhei e o abracei apertado, sem me esforçar em conter as lágrimas. Quando desfizemos o abraço pude ver seus olhinhos marejados e a tristeza estampada em seu rosto. Rip voltou-se cauteloso para Pedro e notei seus olhos ainda mais agoniados ao ver o Grande Rei chorando. - Senhor – chamou. - Estou à disposição para as próximas ordens.

Pedro respirou fundo várias vezes antes de responder.

–Rip, eu peço que você, Drinian e Glenstorm cuidem dos convidados – respondeu Pedro com a voz exausta, baixa e arrastada. - E... Por hora não podemos fazer nada... - e ele conteve as lágrimas outra vez.

Rip teve a gentileza de não fazer perguntas ou cometários sobre o acontecido e um silêncio se instalou em seguida, sendo quebrado apenas quando a porta do quarto de Susana abriu, espantando a todos. Dr. Cornélius saiu e fechou a porta ao passar.

–Já terminaram? - Edmundo exprimiu, baixo, quase não reconheci sua voz.

–Ainda não, Majestade – respondeu ele.

–O que...! - Pedro guinchou, mas logo controlou a voz. - O que vocês estão fazendo afinal?

–Nas últimas horas temos apenas examinado-a, meu senhor. - explicou. - Tentando descobrir qualquer sinal que indique a causa de tudo. - Pedro assentiu algumas vezes, lambendo os lábios. - Se me permite, Majestade, deixarei as enfermeiras trabalhando a sós. Preciso falar com Caspian.

–Não sabemos onde ele está. - disse Eustáquio. - Sumiu depois que deixamos o quarto.

–Hm – ponderou o senhor. - Acho que sei onde posso encontrá-lo. - e deu um passo para se afastar, mas parou e voltou-se a nós antes de seguir de vez. - Majestades, se me permitem dizer, sugiro que descansem. Eu os avisarei caso houver alguma notícia.

Caspian.

Não faço a menor ideia de quanto tempo fiquei na torre e faço uma ideia menor ainda de como e por que decidi que era hora de sair dali. Ao contrário de como quando cheguei, desci os degraus lentamente, num torpor que não me permitia perceber as coisas ao meu redor. Um torpor tão forte que nem me permitiu um susto quando Professor me alcançou em frente às portas de meu quarto, local do qual nem me dei conta que havia chegado.

–Achei que o encontraria na torre – disse ele, paciente. Fiquei calado. - Mas pelo jeito você já vem de lá. - olhou meu traje provavelmente molhado. - Eu preciso falar com você.

–Não imagino nada que seja importante no momento. - minha voz saiu num sussurro abafado e sem ânimo. Professor olhou as mãos.

–Eu realmente não queria ter que falar com você sobre isso, Caspian. Mas é necessário. Sei que este não é o momento ideal, só que para algo assim nenhum momento seria e eu acho que você precisa saber.

–O que é então? - perguntei exausto. Professor hesitou, olhando as próprias mãos. Pude ouvir sua respiração. Ergueu a cabeça e me olhou cauteloso.

–Você me responderia uma dúvida a respeito da condição da Rainha, então preciso que seja sincero. - disse antes de hesitar outra vez. Não falei nada. - Caspian, por acaso, você e Susana se entregaram antes do casamento?

Olhei confuso.

–Mas o que isso tem a ver com...?

–Apenas me responda, Caspian. - interrompeu ele, um pouco aflito, mas sem alterar o tom de voz, encarando-me nos olhos. Pude perceber que ele prendeu a respiração em expectativa.

–Sim... - ofeguei. Senti a dor querer sair, e não conseguir outra vez, mas algo me disse que ela logo alcançaria seu objetivo. Vi Professor expirar.

–Meu filho – ele fechou os olhos com força para logo abri-los em seguida. - Minhas suspeitas se confirmaram...

–Ainda não compreendo, Professor...

–Não sabe o quanto me dói lhe causar mais esta dor.

–Do que o senhor está falando?

Ele respirou fundo.

–Quando a examinava nas últimas horas e depois de você me confirmar, tive a certeza absoluta de que Rainha Susana lhe concebeu um filho, Caspian.

Oscilei. Tudo girou à minha volta e o nó na garganta me sufocava. Ofeguei várias vezes com os olhos embaçados, como se tentasse cuspir as palavras, nem assim consegui.

–Não... - grasnei. - Não pode ser, eu... Nós não...! - o nó prendeu minha garganta e não pude dizer mais nada, apenas sentir a dor inflando e lágrimas lentas rolarem por minha face. Mas o choro não conseguiu sair. Mal podia respirar direito, sentia que estava prestes a morrer.

–Eu sinto muito, meu rei. - disse o Professor, sincero.

–M-me deixe sozinho, Professor... - consegui sussurrar, sufocando. - Por favor...

Ele assentiu e se retirou. Cambaleante, abri a porta de meu quarto em rompante numa agonia desesperada. Fugia da minha compreensão como eu ainda estava de pé. A respiração se tornara impossível. Bati a porta para que se fechasse e caminhei até a cama, meus olhos rodaram pelo quarto, buscando algum tipo de saída urgente. Foi quando pararam na parede oposta à cama. Havia algo diferente ali, algo escrito com sangue que a confusão e a vista turva não me permitiram ler, mas no segundo seguinte ficou tudo bem visível.

O sorriso de felicidade não vingou

Sobre o chão purpúreo caiu

Plural é a sua dor.”

Então a dor encontrou sua saída. Caí de joelhos. Sentindo, com urros e lágrimas, o mais excruciante pranto irromper do fundo de minha alma.


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Notas finais do capítulo

Não me matem *corre*
Té o próximo!
Reviews!
Beijokas!!