– Maaku... é você? - Sora estava boquiaberto. Sua mente girava em torno de milhões de km/h - Você esta vivo?

– Claro que estou, maninho. - Disse-lhe, em sua voz um tom irônico - vivinho da silva, obrigado.

– Mas... Como? - As primeiras lágrimas desceram por sua face - Eu voltei para te procurar! Não o encontrei!!

– Voltou, é? - Como um trovão, Maaku estava parado em frente a Sora. Ao seu ouvido, cochichou: - Você fugiu na primeira oportunidade.

Sua mão fechou-se em um punho que desferiu um golpe na barriga de Sora, o que o fez voar para longe.

– Sora-kun! - Gritou Hagure, indo na direção do mago, mas foi detido por uma parede de ervas que se erguia em uma velocidade rápida demais para ser considerada natural. Ele olhou para trás e foi atingido pelo tronco de uma arvore que o lançou com força para trás.

– Seu adversário sou eu. - Lá estava, um homem de pele morena e de cabelos castanhos que batiam no pescoço. Sua altura deveria ser igual a de Marlan, com a diferença do físico que parecia ser mais avantajado - Khansu Rercliff.

Hagure levantou do chão, com a mão na cabeça. Seu corpo doía e sua visão estava turva. Algo agarrou seu pé e o lançou para longe. Cipós saídos do chão dançavam ao redor de Khansu.

– Então, você é meu adversário? - o pequeno mago estava um tanto amedrontado. Nunca havia entrado em uma luta de verdade e como resultado disso, seu corpo era esguio e fraco. Mas afinal, um mago que não treina o físico, treina a mente e era tudo o que ele precisava para vencer.

– Você vai conhecer então o meu poder! - De seu bolso, ele tirou o que parecia ser uma pequena pedra escarlate e a segurou com força entre as duas mãos - Venha até mim, criatura subordinada a séculos. Apareça e mostre sua força a seu mestre por direito através do pacto por sangue. Eu Invoco a criatura do fogo, o domador das chamas!

Um circulo mágico apareceu bem em frente a Hagure. Uma energia pulsante tomou o local e por um instante, Khansu ficara impressionado com tanto poder mágico. Uma bola de fogo com um par de pernas, braços e olhos surgiu na frente do mago, o que fez seu adversário rir.

– Não acredito, tanto alarde para isso? - Com um movimento de mãos, flores brotaram do chão - Jardim das rosas venenosas!

Espinhos começaram a voar em todas as direções e teriam atingido Hagure, se não fosse por Sora que depois de atravessar a parede de heras, usou seu corpo para bloquear o ataque de Khansu.

– Ora, ora, - Começou Maaku, sorridente - vejo que você continua sendo o mesmo garoto ousado de sempre, não é?

– Esse moleque é meu! - Bradou Khansu para Sora - Não interfira!

– Maaku... - Suas palavras foram como um sussurro, que aos poucos, ganhou força - o que esta acontecendo aqui?

Seu irmão deu uma gargalhada alta.

– Vou te contar o que aconteceu naquele orfanato, maninho...

***

– Você não desiste, garota?! - Marine já havia perdido a paciência a muito tempo. Estava lutando com Myran a mais de meia hora e, apesar de estar ofegante, a garota não desistira. A maga da Light Angel já derrotara mais de 10 espíritos da garota, e mesmo assim ela continuava firme.

– Você... Você vai realmente me fazer abrir este portão?

– O que? - Marine pousou. Estava surpresa com o poder da garota que combinava ataques de espíritos celestiais. Ela nunca tinha ouvido falar de alguém capaz de abrir dois portões ao mesmo tempo - Do que estas falando?

Myran sorriu.

– Conheces a lenda da décima terceira chave dourada?

Marine caiu em gargalhadas.

– Do que esta falando?! “Eu conheço muito bem os espíritos celestiais, e só existem 88 constelações onde apenas 12 são conhecidas como “Os 12 portões de ouro”. Não existe uma décima terceira chave!

– Além de arrogante, é leiga... - Myran retirou do pescoço o colar prateado que usava, relevando uma estranha chave dourada decorada com o que mais parecia ser uma serpente - 12 chaves douradas... 9 das quais pertencem a Lucy Heartfilia da Fairy Tail. As outras três ainda estão perdidas, esperando para serem encontradas por um mago celestial de valor.

Houve silêncio. Marine espreitava, quieta em quanto Myran estava de cabeça baixa e séria. A maga da Dark Guild não fazia ideia do que a garota estava falando, poderia ser tudo blefe ou realmente tudo o que ela falara era verdade?

– A décima terceira chave... - Começou Myran, encarando a adversária - O portão proibido. A regente dos 88 espíritos celestes. Abro-te, portão do portador da serpente.

O céu escurecera a medida que o circulo mágico surgiu a frente de Myran. Marine sentiu seu corpo tremer. Nunca na vida sentira tamanha energia quanto aquela. A não ser é claro, a de Maaku-sama.

Uma enorme serpente espreitava a sua frente. Pronta para o ataque.

– Ophiuchus! - Bradou a garota no mesmo momento em que a criatura partira para o ataque.

***

– Então, é isso...? - Perguntou Sora a Maaku. Seu gêmeo contara-lhe a mesma história que Marlan contou a Cris. O mago da Fairy Tail não podia acreditar em tudo aquilo. Era tão surreal que parecia até mentira - então você realmente é ele, Asuna-kun. - O mago sorriu para o mais jovem que agora o abraçava com força. O momento poderia ser o mais lindo possível, mas fora estragado pela gargalhada fria de Maaku.

– Como você consegue abraçar esta coisa? - Sora voltou a encarar o irmão. Havia mais coisa a ser dita?

– O que você quer dizer? - Perguntou Sora, em um tom ríspido.

– Ora, você ainda não notou maninho? Você não sente a energia que essa coisa exala? Você não sente a sensação de conforto que ele lhe causa? Sente, não é? Pois saiba que esta coisinha esta sugando sua magia!

– Blasfêmia! - Sora estava boquiaberto. Realmente sentia tudo o que Maaku falara em Asuna, ou no caso, Merik, mas afirmar que o pobre garoto estava roubando sua magia... - Por que dizes isto?

Seu irmão ficou em silêncio. Caminhou até a pedra lilás como se estivesse a passeio em um parque.

– Não vou deixar você se aproximar! - Gritou Hagure, agora de pé. Ele pegou seu amuleto e recitou algumas palavras - Invocação Rondônia, traga-me algo que possa acabar com aqueles que ameaçam a paz.

Ouviu-se um estalo, o céu ficara negro, mas teria aquilo a ver com a magia de Hagure? De qualquer forma, novamente, um circulo mágico surgiu a sua frente de onde duas asas douradas brotaram, seguidas de um par de patas e um cumprido pescoço que sustentava uma cabeça que possuía um bico enorme. Era uma ave. Era uma ave, mas não era igual a qualquer outra. Poderia ter 12 metros de altura e suas penas pegavam fogo, mas isso não parecia machuca-la.

– Contemplem, - começou Hagure, com um enorme sorriso no rosto - o esplendor da ave mais poderosa do mundo!

Khansu não esperou para ver o que a criatura faria, em um segundo convocou os cipós que brotavam do chão. Atirou-os contra o bicho, o que não surtiu efeito, pois assim que se aproximaram, os cipós arderam em chamas, desintegrando-se em cinzas que foram carregadas pela brisa.

– Metre! – Gritou Khansu para Maaku – continue, eu irei acabar com esse garoto insolente!

Dizendo isso, levou a palma de suas mãos ao chão e fechou os olhos por um segundo para logo reabri-los.

– Você vai pagar por isso, nanico! – Um círculo mágico surgiu no local onde o mago da Dark Guild tocava. Um terremoto, seguido de um rugido. Primeiro veio o bico, depois as grandes asas saíram da terra, seguida pelo resto de seu corpo. Hagure agora olhava pasmo para uma ave – Um tanto maior que a fênix que invocara a pouco – de penugem esverdeada. Seu corpo era todo recoberto por folhas, galhos, cipós e caules. Khansu agarrou sua pata e a criatura levantou voou, investindo contra a que Hagure invocara.

– Sinta a fúria de Monnature! – Gritou para o pequeno. As duas criaturas colidiram gerando um estrondo como nenhum outro. Hagure não sabia o que fazer, estava nervoso. Aquela fora a melhor criatura que conseguira chamar e talvez a ultima do dia. Estava sem magia. Estava sem a força que tantas pessoas desejam e que ajudaria na batalha, mas ele não se deixaria derrotar. Todos. Todos até agora estavam em uma árdua batalha contra o inimigo, e agora era sua vez. Não ia correr para a proteção de Sora, não ia se esconder atrás de sua Fenix.

– Sora-kun! – Gritou ele para o mago mais velho – Conto com você!

Hagure, assim como Khansu, empoleirou-se na pata de sua ave. As duas criaturas levantaram voo em uma batalha mortal de garras e bicos, chamas e veneno. Sora não conseguia mais enxergar onde estava o pequeno. Ele, assim como seu adversário sumiram dentre o céu negro e sinistro que surgira a pouco. “E lá se foi o ultimo...” Pensou consigo mesmo. Talvez fosse a hora de ele próprio mostrar o seu valor e esclarecer certas coisas com seu irmão.