- Quem é você? - Indagou Hagure ao homem que aparecera repentinamente. Ele ficara em silêncio.

 Cris percebeu o quão tenso Sora estava. 

- Ja chega! - Gritou o garoto de olhos azuis - MP System: Light Gears! - Ele partiu para cima do outro - Equipar! Canhão de Luz! - As engrenagens fizeram os movimentos de sempre, tomando como forma um canhão prateado.

 "O que ele esta fazendo?" Cris indagava-se. Ela, mas que ninguém sabia como funcionava o MPS.

 "Um tipo de copiadora"

As palavras de Sora voltaram a sua mente.

 "O Magic Possession System funciona como uma copiadora. Quando Sora toca em algum objeto metálico, sua composição, data de fabricação, o artesão que a fez, TUDO, é registrado no MPS. Usando as engrenagens, ele reconstrói a arma mais adequada para o momento. Seu arsenal é tão grande que suas possibilidades de ataque, assim como as de defesa, são infinitas."

 Era obvio que o Sora estava fora de si. Sua mira nunca fora boa, então por que usar uma arma como aquela? 

 Não... Sora não poderia travar aquela batalha. Perderia em um piscar de olhos. Esta batalha era da Cris, e isso estava mais que certo.

- Leve o Sora e o Hagure. - Disse ela a Asuna, que ainda estava a seu lado - Vão atrás da Dark Crower e, Asuna, proteja o Sora. Faça-o acordar para a realidade. Isso não é um jogo. 

 O garoto assentiu com a cabeça, correndo para o lado de Hagure, onde, em seu ouvido, comunicou-lhe o que Cris falara a pouco.

 Sua atenção foi voltada a Sora, que disparava uma enorme saraivada de lasers, muitos que nem ao menos atingiam o tal homem, e quando o acertavam, parecia sequer fazer efeito. 

- Ei! Gazela serelepe! - Sora fuzilou-a com o olhar - Deixe esse comigo!

 Uma das coisas que Cris gostava em Sora, era o fato de ele sempre deixar ela lhe dar com o trabalho duro. Ela sabia que seu amigo detestava sujar as mãos. Em quanto ele sentia repulsa, Cris sentia um certo desejo por violência. Algo dentro dela só ficava em paz, quando sua vida estava em perigo.

 Viver... Era uma das poucas coisas de que Cris tem medo. Era, antes de Sora mostrar-lhe o lado bom disso tudo. Continuaria, sempre em frente, em nome de Sora, em nome de Julliet, em nome de todos os seus companheiros da Fairy Tail e agora, em nome de Asuna também.

 - Onee! - A voz do feiticeiro trouxe Cris de volta de seus devaneios - Cuidado!

 Ela piscou para ele que se limitou a morder o lábio inferior e correr para longe, cada vez mais para dentro da floresta. O Centro da ilha. O lugar onde a Dark Crower estaria selada. 

- Bem, então vamos começar - Cris posicionara suas adagas e estava prestes a ataca-lo, quando foi surpreendida pelo som de sua voz.

- Não queria falar nada na frente dele. - Começou, aproximando-se da garota, fazendo-a recuar alguns passos - Tsc, você não lembra mais de mim, Cris-chan? 

- Por que eu deveria? Te conheço por acaso para você me chamar assim, tão intimamente?

- Sim, conhece. - Suas palavras foram como uma espada sendo cravada lentamente na garganta de Cris - Sou eu, Marlan.

- E-eu não conheço nenhum... - Um clarão iluminou seus olhos, em instantes, sua cabeça ficou inundada com um zilhão de imagens da sua infância, o orfanato, Sora, seu irmão e o garoto de cabelos negros e pele acastanhada o qual era o mais velho do grupo. Marlan. - Vo-você... 

- Sim! - O som de sua voz foi como um trovão cortando o ar - estou vivo, obrigado.

- Como..? - Cris ainda estava boquiaberta - O orfanato... Ruiu em chamas! Como você conseguiu sair?

- Não consegui. - Disse, simplesmente - Acho que lhe devo uma explicação, antes de tudo.

 Cris voltou a guardar as adagas, mas, ficou alerta para qualquer movimento em falso do suposto Marlan. 

- Vejo que você não acredita que sou eu de verdade.

- Realmente... 

 Ele sorriu.

- A mesma Cris de sempre, desconfiada, alerta, sempre pronta para o perigo. Diga-me, Cris-chan, você ainda lembra de nossas brincadeiras? Em especial aquela em que juramos, quando crescermos, nos reencontrarmos e fundarmos uma guilda?

- Naquela época, acreditávamos mesmo que seriamos adotados. - Ela sorriu, um sorriso debochado - Diga-me, o que isso tem a ver?

- Se me lembro bem, fora você quem desenhara nosso simbolo, lembra? - Ele levantou um pouco sua camisa, exibindo a tatuagem de uma estrela de quatro pontas envolta em um par de asas em seu abdome. A mesma marca que Cris criara a mais de 5 anos atrás. 

 Ela suspirou.

- Então... é você mesmo. Mas, diga-me, por que não contou-me isso na frente do Sora? 

- Simples. Maaku-san me pediu para deixar o lindo e inocente irmão para ele. 

- Maaku também esta vivo? O que esta acontecendo aqui?

- Vou lhe contar uma história.

                    ***

- Punho.. De vácuo! - Aquele foi o golpe final, que fez Black Heart cair duro no convés do navio, junto a seus capangas. 

- Amarre-os - Disse Layla a Cylan - Vou pegar o leme. Nós nos desviamos muito da rota, mas o vento agora sopra para o norte, e isso ajudará bastante na navegação.

- Espere, - Gremin arfava, seu corpo exibia arranhões e cortes profundos, assim como Cylan - não é melhor jogarmos eles ao mar?

- E deixar de prender um dos mais perigosos mestres de uma Dark Guild? Nem pensar! Cylan...

 O garoto obedeceu a Layla, amarrando os magos inconcientes da Black Wing ao mastro. 

- Myran... Estou chegando! Aguente firme. - Seu sussurro fora carregado pelos ventos, levando suas palavras para longe. 

                    ***

- Vou lhe contar uma historia. - Anunciou Marlan, sentando no chão de grama - Primeiro, você tem ciência de que o fogo que apagou aquele orfanato, fora proposital? 

- Não... Não sabia. - Disse Cris, um tanto chocada - Continue. 

- Bem, Cris-chan, aquele orfanato fora construído para abrigar crianças "especiais", certo? Você nunca se perguntou o porque de nunca termos sido adotados?

- Cecile-san, - a imagem da diretora do orfanato veio em sua cabeça - Ela me contou tudo logo após o incidente.. Pode-se dizer que foi uma tragédia? 

 Marlan assentiu com a cabeça.

- Muitos magos de Dark Guilds, desfaçados de cidadãos comuns costumavam muito vir ao orfanato, visando ganhar a custódia de uma criança maga. Tão dotada de poderes quanto de inocência. Uma arma perfeita para ser modelada e usada a vontade. 

- Sim, é isso mesmo - confirmou Marlan.

- Então, quem causou a destruição do orfanato e por quê? 

- Isso nem ao menos nós sabemos. 

- Hm... Prossiga.

- Gosto de ver quer seu jeito decidido não desapareceu apesar do tempo - Ele fez uma pausa, logo, prosseguindo - Tentamos procurar por todos. Maaku, Diana e eu, corremos de quarto em quarto, atrás de sobreviventes, em meio a chamas e a fumaça negra. Nos deparamos apenas com cômodos vazios e carbonizados.

 "Estavamos no segundo andar do prédio, nos encontramos com Jamins e Marik que, assim como nós, já sufocavam com a fumaça. Maaku estava decidido: Encontraria Sora e a você, mesmo que fosse a ultima coisa que fizesse."

- Lembro-me de ter saído ao jardim, - Comentou Cris, pensativa - Sora queria me mostrar uma borboleta de cor escarlate que aparecera por lá. De início, não quis ir.

- Você deveria ser grata a cabeça dura do Sora-kun e sua teimosia. Apenas por causa disso, vocês ainda estão vivos. 

- Sim, eu sou. - Ela sentou na grama, ainda afastada de Marlan - continue.

- De qualquer forma, não poderíamos sair dali. Todas as entradas estavam bloqueadas pelos escombros. Então o que fizemos, foi nos abrigar no único comodo cujo o fogo não causara estragos: A sala de música. Bem... Mas você sabe...

- A sala de música ficava em um anexo cujo a unica entrada era um corredor estreito. - Completou ela. Parecia que cada detalhe do orfanato emergia em sua mente como se todo o caos tivesse acontecido um dia antes.

- Isso... Não preciso falar que o telhado caiu bem em cima dos outros, não é? 

- Alguém mais sobreviveu? 

- Claro, o pequeno também ficou vivo. 

- O pequeno... Você fala de Marik? 

 Marlan levantou, limpando sua calça de pano com as mãos.

- Não se faça de surpresa, - ele prosseguiu. Cris não entendeu ao certo, mas começou a sentir um estranho pressentimento - você estava ao lado dele a dez minutos atrás.

- Não pode ser... - A garota não tinha palavras, estava perplexa - Ele...

- O Maaku pensou em tudo. - Marlan sorriu. Sem mais devaneios, então, cerrou o punho correndo em direção a Cris, com a intenção de mata-la. 

                                                                                   ***

- É aqui. - Hagure anunciara. Os três estavam parados em meio a uma clareira, exatamente no centro da ilha.

- Eu não vejo nada de especial... - Sora olhava de um lado a outro, tentando encontrar onde estaria escondido o selo principal que sela a Dark Crower. Asuna apertou sua mão.  Desde de que deixaram Cris para trás, o garoto estava agarrado a seu braço. 

- Claro que não vê, - desdenhou Hagure, indo em direção a uma enorme pedra - é porque esta escondido.  

 Ele a tocou, recitando alguns encantos, um circulo dourado surgiu onde sua mão entrava em contato com a  rocha. Sora pensou que a terra estava se partindo no meio, e realmente, ela estava. O chão se rachava em dois, a medida que enormes pilastras de mármore surgiam do solo, seguidas de um altar de pedra negra que reluzia com os raios do por do sol. Uma pedra rocha jazia no centro, brilhando em inúmeros tons de violeta.

- Vamos começar logo, temos que fazer isso e voltar apara ajudar os outros. Hagure... - Sora não teve tempo de terminar. Uma risada gélida atingiu seus ouvidos. Parecia ecoar em sua mente. A origem? um homem de capuz que se aproximava a passos lentos do altar. 

- ótimo, ótimo - começou. Sua voz era estranhamente familiar para o mago de olhos azuis - não acredito que foi tão fácil assim! 

 Sua risada voltou a preencher a clareira. Dava arrepios. Uma risada fria, sem sentimento algum. 

- Quem é você?! 

- Ora... - sua mão deslizou para o capuz negro que o envolvia - não lembra de  mim, caro Sora?

 O mago da Fairy Tail se surpreendeu quando o tal sujeito tirou o capuz, revelando olhos azuis e feições idênticas a sua. 

- Mas, você me abandonou, naquele orfanato. Para que me guardaria na memoria - Ele riu de maneira assombrosa - Certo, maninho?