– Caras, - Sora aproximou-se, estalando os dedos, o que sempre fazia antes de uma luta - vocês me tiraram do sério desta vez.
– Sora-san! - gritou um dos magos que pareciam ser gêmeos. Um jato de chamas aproximava-se dele. Precisou dar um impulso com força no chão, dando uma cambalhota no ar para depois voltar ao lugar onde estava. As gramíneas a seus pés estavam chamuscadas.
– Natsuki Sora, - Grunhiu um dos homens - você sempre faz piadas da nossa tropa, mas nunca nos encarou de frente. Não é você que chamam de lâmina do Herói? É realmente você que grande parte dos magos de guildas negras teme? Não me faça rir, você não passa de um Neko-chan assustado.
Todos os membros da Black Wing caíram em gargalhadas ruidosas e desagradáveis. Asuna trincou os dentes. Não deixaria alguém falar mal da pessoa que o salvara. Já tinha presenciado o poder de Sora e sabia do que ele era capaz.
– Deixe-nos cuidar disso - Ofereceu-se a garota com o gêmeo, de cabelos escuros e óculos. Sem esperar por confirmação, de seu bolso, retirou uma chave prateada, posicionando-a bem a sua frente - Abra! Portão que lacra o guardião de Cisne, Swan! - Um círculo mágico formou-se onde a chave estava, fazendo aparecer o espirito celestial da constelação de Cisne.
Asuna nunca vira criatura como aquela, Tinha pernas e braços humanos, já seu tronco e tórax eram literalmente um cisne, sem falar em seu longo pescoço branco e suas asas de mesmo tom. - Vamos lá, Swan...
– Espere! - Sora levantara o braço, impedindo o avanço de Swan - Esses caras me irritaram, Myran-san. E estão prestes a conhecer minha fúria. - Seu rosto era uma máscara inexpressível.
– Se eu fosse vocês - começou Cris, um sorriso maligno formando-se em seu rosto - já começava a chorar.
– Cão que ladra não morde! - Zombou um dos homens - quero ver só se...
– MP System: Light Gears! - Um circulo mágico brilhou sob os pés de Sora. De seus braços, emergiam o que pareciam ser pequenas engrenagens feitas de luz que dançavam ao redor de seu corpo - Equipar! Edragon! Espada Sagrada do Dragão! - As engrenagens agitaram-se, e, em um piscar de olhos estavam agrupadas. Todos, exceto Cris e Julliet, olhavam espantados para uma espada de lâmina composta do que pareciam escamas, com um cabo decorado com rubis e escritas antigas que Sora bradava em sua mão, orgulhoso.
Os magos da Black Wing pareiam chocados.
– Blasfêmia! - Um deles acusou, com o tom debochado na voz - Edragon foi destruída a muito tempo, impossível um mago como você ter posse de uma arma como esta.
Cris caíra em gargalhada. Julliet exibiu um sorriso no canto do rosto.
– Não subestimem o MP System. - preveniu Julliet.
– Tarde de mais. - Como um relâmpago, Sora partira para o ataque.
– Idiota! Seja o que for que você tenha em mãos, não é capaz de derrotar minhas chamas. - E, novamente, um jato de labaredas foi lançado contra Sora, mas, desta vez, não desviou. - e-ele... Como isso é possível?! - Sora desbravava o fogo, cortando-o como se fosse papel.
– Essa espada pode não ser a primeira Edragon, mas tem o poder da original! - Sora desferiu golpes rápidos e precisos contra o homem que não demorou muito a cair no chão - Tchê! Se acha tão forte, mas na verdade perdeu para um ataque simplório deste. - O garoto de olhos azuis estava vidrado, tão concentrado que chegava ate parecer assustador. - MP System! Reequipar: Susanoo Lance! Lança do Deus dos Mares! - O que era antes uma espada na mão do mago, voltara a ser pequenas engrenagens, mas não por muito tempo porque agora, Sora segurava um cajado de madeira com o que aparentava ser um lácrima em seu topo em formato losangonal. - Vou Varrer vocês da existência!
– Ele fez alguns movimentos circulares com o cajado tocando-o no chão a seu redor. Cada lugar em que o lácrima obtia contato, surgiu um circulo azulado. - Julliet! Cris Onee!
– Yep! Tsukinojutso: - Recitou a garota de longos cabelos negros - Astral L. Barrier!
Julliet fez alguns movimentos com as mãos que deram origem a uma camada de luz que envolveu todos os aliados da Fairy Tail - Agora, Sora!
– Susanoo... Maremoto! - Ele tocou com a ponta oposta do cajado no chão, enormes ondas de água inundaram o local - Onee! - ele gritou, para a garota que estava no alto de um rochedo - Equipar! Botas de Impulso. As engrenagens que ainda giravam ao redor de seu corpo reuniram-se em seu pé, formando um par de botas metálicas. O garoto saltou para onde Cris estava no mesmo instante em que ela pulou de lá.
– Rugido, do Dragão do Trovão.
Suas pulmões inflaram-se, e logo a Dragon Slayer cuspia uma enorme rajada elétrica que atingiu a enorme tsuname provocada por Sora, que por sua vez, arrastou os magos da Black Wing em uma onda de energia catalizada pela água.
– Combinação Numero 15 - Julliet, Cris e Sora gritaram em uníssono - Rugido Lunar do Deus dos Mares!
"Quem são eles?" Questionou-se Asuna. O truque que Sora usara para derrotar os homens em Clover Town não chegava nem perto do que ele havia feito a pouco. A barreira de luz que os protegiam foi desfeita.
– Uau! Então isso é o Tsukinojutso! Magia de defesa.
– Não exatamente, - Disse Julliet, um pouco chateada - Na verdade...
– Palavra Chave: Tsukinojutso, - começou Asuna. Estranhamente, seus olhos assumiram um leve brilho avermelhado - Uma magia antiga, classificada como arcana pertencente ao extinto Clã Tsukaina. Consiste em basear sua magia com técnicas usadas pelas antigas Gueixas do Clã Tsukaina. Basicamente, são magias de defesa, ilusão, cura, rastreamento e suporte, dependendo da especialidade do Tsukinojutso.
– Ora, seu hamster acordou - Cris deu um meio sorriso para Sora, que retribuiu fuzilando-a.
– Como você conhece tanto assim meu Clã? - Perguntou Julliet, surpresa.
– Eu... Não sei. As palavras vieram a minha cabeça, apenas as repeti. - Seus olhos negros piscaram, e ele fitou Sora.
– é exatamente isso - confirmou a maga, um pouco assombrada.
– Julliet-san, - Começou Hagure, encarando Asuna com cuidado, pronto para qualquer movimento do garoto - você me deve uma historia, lembra?
A garota suspirou.
– Bem, existe uma lenda muito antiga que minha avó contava-me todas as noites - Ela fez uma pausa, pigarreou. Sua voz assumiu um tom teatral - a muito tempo, um velho artesão que fazia objetos de bambu para viver, um dia, encontrou um bambu especialmente bonito e brilhante no alto de uma montanha. Quando o cortou, uma pequena nenenzinha saiu de dentro da planta. O velho levou a criança com ele, deu-lhe o nome de Kaguya e a criou, juntamente com a mulher dele.
"Em alguns meses, a menina havia crescido muito e ficado ainda mais linda do que já era. Sua beleza atraiu vários príncipes e cinco deles chegaram a propor casamento à menina. Ela pediu a cada um deles que procurasse pelo mundo e trouxesse para ela um lendário tesouro, como uma língua de dragão, chifre de unicórnio ou coisa parecida. Quem conseguisse, se casaria com ela."
"O primeiro príncipe morreu tentando. O segundo falsificou o tesouro, mas sua trapaça foi logo descoberta. Outros simplesmente falharam. E, assim, ninguém pôde casar-se com a menina, até que o próprio Imperador a pediu em casamento – e ela recusou."
"Muitos anos se passaram. O artesão reparou que Kaguya parecia triste e melancólica quando via a lua. E, quando ele lhe perguntou por que, ela respondeu:
– Descobri que eu sou filha do luar, e que o povo da lua virá levar-me embora daqui na próxima lua cheia."
"É claro que o velho pai postiço ficou surpresíssimo. Ele decidiu não deixar que aquilo acontecesse de jeito nenhum. Falou com o imperador que, por sua vez, mandou seus soldados para guardarem a casa."
"Mas de nada adiantou. Na lua cheia, tal como Kaguya dissera, uma carruagem desceu do céu e parou em frente à casa da menina. O exército imperial lutou bravamente, mas tudo foi em vão – afinal, os soldados lutavam contra forças muito poderosas."
"O luar veio até a menina e ordenou-lhe que dirigisse a carruagem de volta à lua. Ela chorou, agradeceu, despediu-se do artesão e de sua mulher e foi embora, obediente, reinar como Princesa da Lua."
– Uau... - Hagure estava inexpressivo, boquiaberto.
– Julliet-san, - Dessa vez quem falara fora Layla, uma maga de aparência angelical da Blue Pegasus - mas como surgiram os poderes que você usa?
– é, - continuou Myran - pensei que um dos príncipes iria trazer uma magia desconhecida, uma magia da lua. Então eles se casariam e teriam filhos e mais filhinhos!
Julliet não soube o que dizer, aquela sim era uma garota melosamente romântica.
– Os descendentes do velho artesão, as irmãs postiças de Kaguya. - explicou Cris - no fundo, a perda da primeira irmã, postiça ou não, as atingiu com muita força.
Não apenas a elas, mas também a seus pais, que passaram a ser tristes e distantes.
– Todas as noites, - continuou Sora - elas vestiam-se com os quimonos utilizados no festival da lua e dançavam para o céu estrelado, iluminadas pelo brilho prateado.
– Passaram anos fazendo isso, - prosseguiu Julliet - como um ritual para lembrar de Kaguya e de quem fora. A princesa fora tocada pela pureza da família com quem convivera. Concedeu, então, os segredos de uma magia poderosa a suas meio-irmãs. Para Kaguya, aquela era uma forma de estar sempre com sua preciosa família. E assim nasceram as primeiras Gueixas do clã Tsukaina.

Ninguém disse nada por um certo tempo. Mas, mais rápido do que o esperado, o silêncio foi quebrado.
– Ai que lindo - Zombou Gremin - um verdadeiro conto de fadas.
– Gremin-san, não seja tão rude - repreendeu Myran - é uma historia muito linda, Julliet-san!
– Não que eu acredite ou algo assim. - Explicou a maga - é apenas uma lenda.
– Mas é muito interessante, Julliet-san - Disse Layla, com os olhos brilhando - uma verdadeira historia de princesas!
– Bem legal! - Acrescentou Hagure, animado.
– Será que, - Começou Cris - posso interromper a festa agora? Está tudo muito lindo, tudo muito bem, mas acabamos de ser atacados por mais de 30 homens!
– Não podemos ficar aqui, - disse Sora, decidido - levantaremos acampamento nesse momento. Acalypha Town fica a mais dois dias de caminhada, o quanto antes chegarmos lá, menos perigos vamos correr.
– Vocês tem razão. - Concordou Cylan, cruzando os braços. - será menos arriscado, e quanto antes estivermos no barco, será melhor.
– Tudo bem, - disse Gremin - Mas, quanto a ele?
Todos os olhares dirigiram-se a Asuna, que até então permanecera quieto, em um canto afastado.
– Quanto a isso, - Sora aproximou-se - Tenho algo a pedir.


***

– Isto esta me saindo mais trabalhoso do que o combinado - afirmou Black Heart. Passava a mão por sua barba escura - teremos que reavaliar o valor.
Marine sorriu.
– Creio que isso não será possível, mestre Black Heart. - Disse, cruzando as pernas.
– Mas o poder deles foi capaz de desabilitar a maioria dos meus melhores magos! Não foi isso que o pedido que ele me fizera dizia!
– Ora, - um sorriso malicioso abriu-se no rosto da mulher de longos cachos loiros - creio que o combinado foi explicito, meu caro homem.
– "Apenas o atrasem, o suficiente até que eu possa cancelar o efeito dos selos" - Disse Marlan, tocando no ombro de Marine - Digamos que ele ainda não conseguiu fazer o que o acordo pedia. Vocês estão presos ao contrato ate segunda ordem. - Seu tom foi frio e direto.
– Nada feito. Me envolver nessa não vai dar certo, a não ser que...
Marlan socara a mesa do escritório de Black Heart. O móvel se desfez no momento em que entrou em contato com a mão do mago.
– é melhor você não brincar conosco, velho - Adivertiu Marlan, tirando risadas debochadas de Marine.
– As consequências serão trágicas... - Afirmou a feiticeira, entre risos.

Naquela mesma noite, Black Heart, mestre da guilda Black Wing, partira de sua cede principal, rumando encontrar os malditos magos que humilharam seu nome. Cris estava prestes a descobrir, que muitos problemas viriam pela frente.