Capítulo 74: Segundo e terceiro atos, comer e desfilar

As cortinas se abrem novamente, a plateia agora está diante de um cenário que lembra muito o interior de uma residência, o que mais chamava a atenção era uma grande mesa no centro do local.

– Que lugar é esse? – Alicia perguntou.

– Sabia que esse cachorro não era de confiança, ele nos levou pra um lugar nada a ver! – Maria Joaquina comentou.

– Não fala assim, o farejador é bom, ele é o cachorro do príncipe, se ele nos trouxe aqui é porque aqui é o caminho... – dizeres de Jaime.

– Nessa casa velha?! Duvido! – Maria falou novamente.

– Espera vocês dois, estão sentindo esse cheiro? – Alicia fala.

– SIM! – Jaime falou animado. – É cheiro de... – ele falou olhando pra mesa, seu rosto se tornou pura felicidade ao ver o que estava em cima dela. -... COMIDA!

– Ei garoto! Não mexe nesse sanduíche! – Alicia falou quando Jaime correu como um louco pra pegar os dois sanduíches que vira em cima da mesa. – Isso pode ser uma armadilha!!! – ela argumentou.

– Não é uma armadilha, isso é o meu desafio! – uma voz chega até eles, de repente Adriano aparece pros jovens e caminha até a mesa. – Pra vencerem o meu desafio um de vocês precisa comer esse sanduíche mais rápido que eu! – dizeres diretos do loirinho, de repente todos param de se mexer, menos Adriano, mais de repente ainda é o fato de Paulo e Valéria também entrarem em cena.

– O que você ta fazendo garoto? Você ta narrando a história com a gente... – Valéria fala.

– É isso mesmo, o que te deu pra entrar na história assim? – Paulo perguntou.

– Já ouviram falar em cachê duplo?! – ele falou sorrindo pra eles, Valéria e Paulo se entreolharam surpresos e exclamaram:

– Genial! Como eu não pensei nisso? – dizeres de Paulo.

– Mais que genial, incrível! Você não pensou porque é um tapado, como eu não pensei? – Valéria falou, ambos caminhavam saindo da cena.

– E pensar que se a gente tivesse essa ideia tinha tirado um dinheiro bom pra caramba! – Paulo falou novamente.

– Tenho que tirar o chapeu pra esse garoto... – Valéria falou se referindo a Adriano antes dela e Paulo saírem completamente da cena. Assim que os dois narradores saíram pela esquerda do palco os outros personagens voltaram a se movimentar.

– Desafio de comer é?! Eu posso encarar esse sem problemas! – Jaime falou confiante.

– Mas você vai ver que não é tão simples, esses sanduíches foram preparados pela bruxa, eles tem o sabor que você mais gosta, e são difíceis de mastigar e engolir, e eu como deles todos os dias, ela me ensinou a preparar... Será que você vai conseguir comer mais rápido que eu? – Adriano fala, Jaime se aproxima da mesa, puxa uma cadeira e se senta, olha fixamente pra seu adversário e fala.

– Se o desafio é comer ninguém ganha de mim! – disse pegando o sanduíche. – Quando vamos começar?

– No três então... Um, dois, três! – Adriano falou e começaram a comer, Adriano mordia os pedaços sem feição alguma ao contrário de Jaime, no telão branco aparecia o que Jaime estaria pensando, coisas como: “Nunca comi nada tão gostoso!”, “Realmente não é tão fácil mastigar e engolir esse sanduíche!” e “Preciso ter foco, tenho que ganhar desse cara pra meus amigos seguirem adiante!” depois de tal pensamento pareceu que se focou mais, começou a comer mais seriamente se assim se pode dizer. Enquanto isso, a música rock da lanchonete tocava pra toda quadra escutar, Alicia, Maria Joaquina e Irene faziam movimentos como se dançassem dando um ar mais engraçado a situação.

– TERMINEI!!! – Jaime gritou erguendo os braços.

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– Ninguém ganha do nosso garoto em comer! – Rafael Palilo exclama com sua mulher.

– É o meu gordinho! – Eloísa falou empolgada.

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– Não pode ser?! Só me faltava um pedaço... – Adriano falou surpreso. – Como você pode ter ganhado de mim?

– Eu te falei, ninguém me supera em comer! – Jaime falou batendo em sua barriga. – E depois, um sanduíche só pra mim é só um tira gosto! – exclamou confiante.

– Naruto Natsu Ichigo Toshirou, Keyko Yusuke Sakura Tomoyo Ishida! – Irene falou colocando sua mão no ombro do garoto, novamente todos congelaram, dessa vez Rebeca entrou em cena segurando uma placa, ela caminhou elegantemente até o centro do palco e a ergueu fazendo várias poses sorridentes. A placa dizia:

“Ela falou: Muito bem honroso barrigudo, sua fome anormal se mostrou útil e necessária, existem batalhas vencidas pela força e outras vencidas pela fome!” Tais dizeres despertaram muitas gargalhadas nos presentes, Rebeca recolheu a placa e saiu elegantemente da mesma forma que entrou, nesse instante os personagens voltaram a se mexer.

– Então ta né? – Jaime falou com feição de dúvida para a samurai, ele não entendeu absolutamente nada que ela dissera.

– Já que vocês venceram meu desafio podem passar, por aqui, vou lhes mostrar a passagem que guardo, mas quem me desafiou não pode passar... – o loirinho falou.

– Eu to ligado, podem seguir, eu vou procurar mais comida por aqui, vou ficar bem não se preocupem... – Jaime falou enquanto suas colegas seguiam o loirinho saindo de cena.

– Acho que corre o risco dele devorar essa casa toda! – Maria Joaquina cochichou com Alicia.

– Concordo, acho que ele passa longe da normalidade! – Alicia comentou de volta chamando mais risos. As jovens saiam de cena enquanto a música rock da lanchonete voltava a tocar, as cortinas se fecharam ao ritmo dela, mais uma vez a professora subiu ao palco.

– A jovens aventureiros conseguiram vencer o segundo desafio e de uma forma bem inusitada, aguardem com paciência o terceiro ato! – ela falou animada, enquanto saia do palco muitas palmas foram ouvidas.

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As cortinas se abrem novamente, o ambiente, novamente, era dentro de algum local, havia algumas cadeiras, algumas coisas que lembravam refletores, o que realmente chamava a atenção era o que parecia ser uma grande passarela no centro do local.

– Mas que lugar esquisito é esse? – Alicia é a primeira a questionar, já era comum tal fato.

– Gente que estranho, parece àquelas passarelas de desfile de moda... – Maria comenta surpresa.

– Sério é?! Mas o que isso quer dizer? – Alicia pergunta novamente.

– Quer dizer o óbvio! – uma voz feminina chega até elas, de repente as luzes se apagam e luzes coloridas iluminam a passarela, Tereza aparece numa espécie de mini explosão de fumaça, a jovem estava muito elegante e bem vestida, ela caminha como uma modelo profissional pela passarela, faz poses e pára a frente das jovens, as luzes voltam ao normal revelando feições de surpresa extrema das jovens aventureiras. – Preparem-se para o meu desafio, para passarem por mim precisam ser melhores modelos que eu! Na verdade só uma de vocês...

– É a gente já conhece as regras... Essa bruxa é bem criativa pra criar desafios né? – Alicia comenta fazendo a plateia rir.

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– Renê as luzes ficaram perfeitas! – Helena comentou com seu namorado.

– Obrigado, mas eu só apertei os botões, quem cuidou dessa parte “tecnológica” foi o Paulo... – ele comentou de volta.

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– Não se preocupe meninas, a passarela é o meu mundo! Finalmente terei a projeção mundial que sempre quis! – Maria Joaquina falou com ímpeto, entretanto teve certa dificuldade em subir na passarela o que fez o público rir.

– Isso não vai prestar! – Alicia comentou.

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– Força mina filha! – Miguel comentou.

– Você consegue Maria Joaquina! – Clara falou empolgada.

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– Vou provar que eu sou melhor modelo que você e nós vamos passar por esse desafio! – Maria falou com convicção.

– Então tente capisce? – Tereza respondeu.

– Espera, temos um problema, tipo pra esse tipo de competição tem que ter um juiz ou não? Tipo eu não entendo nada de moda e eu acho que a oriental também não... – Alicia falou e olhou pra Irene, a samurai olhou de volta, olhou a passarela e sacou sua espada, começou a treinar como se nada tivesse acontecendo ao seu redor. – Ela ta mais perdida que eu! – Novamente os personagens congelaram, os três narradores adentraram a cena.

– Parabéns! – Paulo bateu palmas ironicamente. – De quem foi a ideia de colocar esse desafio e não colocar um juiz?

– Olha pra mim não, isso foi coisa dela... – Adriano falou apontando pra Valéria.

– Ah gente ó! Desculpa se eu não pensei em tudo! – ela falou em tom de repreensão. – Vamos pegar um juiz agora então... – ela sugeriu.

– Mas agora, quer dizer, no meio da ação? – Paulo perguntou.

– Não parece meio forçado? – Observação de Adriano.

– E daí, a história é nossa mesmo! – a justificativa de Valéria fez a plateia rir.

– Então ta né...? – Adriano falou. – Pra ser juiz tem que ser uma pessoa inteligente certo? – Adriano perguntou sugerindo, no instante que falou uma foto de Daniel apareceu no telão branco.

– É mas... Se é desses caras que entendem de moda tem que ser daqueles tipos “diferentes” sabe? – Paulo falou girando sua mão de forma engraçada, de repente a foto de Daniel sumiu e deu lugar a foto de um homem vestido de forma muito extravagante, a cor que imperava nele era o rosa e trazia um grande leque, a plateia não se continha em risos.

– Os dois estão certos, e se a gente misturasse os dois? – Valéria sugeriu e uma foto de Daniel vestido daquela forma extravagante apareceu no telão provocando mais risos ainda da plateia.

– É... Ficou bem “artístico”... – Adriano falou olhando a foto.

– Acho que tenho que zuar alguém depois que isso tudo acabar! – Paulo falou.

– Então vai esse mesmo! Nosso Juiz de moda! – Valéria falou apontando pra um lugar específico no palco, uma pequena explosão de fumaça rosa aconteceu e Daniel apareceu vestido daquela forma extravagante da foto.

– Gente o que eu to fazendo aqui? – ele perguntou com sua mão no peito com feição de surpresa.

– Você vai ser nosso juiz do desfile de moda! – Valéria fala.

– Adoro desfile! – Daniel falou no momento que os três narradores saíam de cena.

– Julga direito hein? – Adriano falou.

– Isso mesmo, senão a gente tira um foto e posta na internet! – Paulo ameaçou fazendo a plateia rir novamente.

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– Coitado! O que fizeram com o Daniel?! – Firmino falou não se aguentando em risos, ele estava próximo aos pais de Maria Joaquina.

– Acabaram com o garoto! – Miguel falou, também ria bastante.

– Colocar na internet... Perfeito! – dizeres de Clara também rindo muito.

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Assim que os narradores saíram os personagens voltaram a se movimentar, eles se espantaram com aquela figura que estava em cena junto com eles.

– De onde veio isso? – Alicia perguntou, Irene e Rabito se esconderam atrás dela.

– Vamos gente, cadê o desfile que eu vou julgar? Quero ver quem é a melhor modelo! – Daniel falou se abanando com o leque.

– Já que temos um juiz vamos começar! – Maria falou com propriedade, ela desfilou primeiro, caminhou de forma muito elegante por toda extensão da passarela, Tereza fez o mesmo logo em seguida, depois a duas desfilaram juntas, uma música peculiar desse tipo de evento tocava para toda a quadra.

– Ta certo que eu não entendo de moda, mas eu entendo mais ou menos de gente, pela cara desse juiz eu acho que ele ta gostando mais da modelo da bruxa... – Alicia falou pra Irene, porém a jovem samurai continuava treinando alheia a tudo. – Por que eu ainda insisto? – se perguntou decepcionada. – Já sei o que fazer! – Alicia falou pra si mesma e foi até o juiz de moda.

– O que você quer garota? Estou muito ocupado! – ele falou.

– Eu só queria saber se eu tenho chance nesse negócio de... De... De mo-de-lo... – a jovem falou com muita dificuldade, suas palavras distraíram o juiz.

– Perfeito! Era o que eu precisava! – Maria Joaquina falou pra si mesma, de repente ela empurra Tereza de cima da passarela e a faz cair de forma engraçada, a plateia riu bastante. A jovem de olhos azuis não caiu no chão, caiu num colchão escondido, uma das magias do teatro.

– Bem vinda ao mundo da moda colega! – Maria Joaquina falou cerrando seus punhos.

– Gente o que foi isso? – o juiz perguntou.

– Ela caiu, juro! – Maria falou como se fosse uma criança tentando esconder algo.

– Fiquei bege...! Uma modelo tão boa... Infelizmente cair da passarela foi uma falta muito grave, não posso dar a vitoria pra ela... Minha jovem, você que permanece aí de pé é nossa vencedora! – Daniel falou causando felicidade nas jovens aventureiras. – Mas como eu ia te dizendo... – Se virou pra Alicia pra conversar com ela sobre o assunto que o distraiu há uns instantes.

– E- espera... – Tereza falou com dificuldade tentando se levantar, Maria olhou pros lados, pegou um refletor, feito de papelão diga-se de passagem, e o jogou na jovem de olhos azuis a fazendo desmaiar.

– Fica quietinha aí! – Maria falou, novamente a plateia riu.

– O que foi isso de novo? – o juiz perguntou assustado.

– Foi uma barata, tinha uma barata ali e eu joguei um refletor pra matar ela foi isso... – Maria Joaquina falou nervosa.

– Ai detesto barata! – Daniel falou. – Deixa eu ir embora daqui antes que eu veja uma dessas! – falou caminhando pra fora do palco.

– E a gente como fica? – Alicia pergunta.

– Vocês duas seguem com o farejador, o juiz falou que eu ganhei então eu ganhei, só que, pelas regras da bruxa, eu não posso seguir com vocês... Desejo sorte colegas! – Maria falou.

– Então vamos moça samurai... Vamos seguir o farejador! – Alicia falou, Rabito correu saindo à lateral do palco e as meninas, menos Maria, o seguiram, a cortina desceu novamente.

– Não sei vocês, mas eu to gostando bastante do espetáculo, cada ato uma surpresa diferente e uma gargalhada melhor que a outra, aguardem nosso próximo ato! –Helena falou subindo ao palco, mais uma vez palmas foram escutadas, a peça realmente estava agradando.