O Impossível, Difícil De Definir... escrita por Louvre


Capítulo 31
Um encontro nada convencional


Notas iniciais do capítulo

Eu acho esse capítulo engraçado, mas não pelas piadas e sim pela situação.
Boa leitura!



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Capítulo 31: Um encontro nada convencional

“Ela ta atrasada...” Daniel pensa olhando seu relógio, está à frente de uma sorveteria esperando Irene, marcaram de começar naquele dia o trabalho que a professora Helena passou pra eles.

- Oi Daniel... – ela fala o cumprimentando. – Desculpa o atraso... – falou o cumprimentando com um beijo inocente na face, o garoto corou um pouco.

- Ta tudo bem... Afinal o que são cinco minutos né? – ele falou sem jeito, não sabia o que o deixava mais sem graça, se era o fato de fazer um trabalho “sozinho” com Irene, se era a forma como ela se vestia, bermuda curta, sandálias e uma camiseta de anime, que ele achava incrível, ou se era simplesmente do fato de finalmente sair com ela, não era o que ele planejava é bem verdade, não era exatamente o encontro que queria ter, mas em todo caso...

- Então vamos ao nosso trabalho?! – ela falou passando seu braço no braço dele e caminhando. – Pra quê essa jaqueta que você ta segurando?

- É que... É que... Ta fazendo calor agora, só que mais tarde pode fazer frio... – falou muito sem graça.

- Que menino prevenido é você! – ela falou em tom de piada praticamente o puxando.

Caminharam até um prédio que estava em construção, não era muito longe dali, Irene falou algumas coisas bem humoradas e Daniel riu, ela viu que o garoto estava nervoso e tentava acalmá-lo.

- Chegamos, você trouxe o material pra anotação? – ele pergunta.

- Te passei na escola esquecido! Você lembrou de trazer? – ela fala.

- É mesmo... Deve ta aqui... – falou procurando em sua mochila. – Achei! Eu nunca ia esquecer disso...

- Temos um problema... Olha. – a moça fala mostrando um cartaz a frente da cerca que protegia a construção, dizia: “Trabalhadores em greve por tempo indeterminado!”

- Que droga! Isso não tava nos planos! E agora como vamos fazer pra entrevistar os trabalhadores da obra? Mas ta metade do nosso trabalho ta comprometido com isso sabia? – ele falou visivelmente alterado.

- Ficou nervosinho é? Calma Daniel, não precisa estressar com tão pouco... – ela fala, observa ao redor, constata que ninguém está próximo, então sobe pela grade e pula do outro lado. – Não vamos perder tanto tempo assim se tirarmos as fotos que planejamos né?

- O que você ta fazendo Irene? A gente não pode entrar numa obra assim, isso é invasão, além de obras serem lugares perigosos e... – o garoto falou preocupado.

- Nossa você é sempre tão regrado assim?! – ela pergunta cortando o raciocínio dele. – É só hoje Daniel, pula aí e vamos tirar umas fotos, ninguém ta vendo não... Quer me deixar sozinha num lugar perigoso como uma construção? – ela fala de forma convincente.

- Ta... Ta certo, mas só dessa vez... – o garoto fala e se agarra na cerca, tenta subir uma vez e cai, Irene segura o riso, depois sobe novamente, dessa vez sua escalada teve êxito.

- Como se sente no seu primeiro dia de criminoso? – Irene pergunta em tom de piada.

- Nervoso... Vamos tirar essas fotos antes que alguém nos pegue! – falou preocupado.

- Nossa, vamos apodrecer na cadeia por isso! – ela fala fazendo piada novamente. – Me dá a câmera, vou tirar essas fotos... – o garoto abriu sua mochila e entregou sua câmera a ela.

- Toma cuidado com essa câmera, ela não é minha... – a jovem olhou pra ele, levantou a câmera e a deixou cair, entretanto a segurou com a outra mão, Daniel quase se jogou pra pegar o objeto de tão preocupado, enquanto isso Irene ria.

- Você é muito engraçado!

- Por que você fez isso? – falou indignado.

- Garoto relaxa... Você não pode ser um pouco menos preocupado? – ela fala sorrindo já tirando algumas fotos. – de vez em quando fazer alguma coisa sem pensar faz bem e planejar demais pode estragar tudo!

- Você pode estar certa.

- Muito obrigado pelo apoio! – falou com um sorriso leve, um sorriso tão hipnotizante pro garoto que o fez ignorar todas as suas regras por um instante, se esqueceu que havia invadido uma propriedade e dos perigos de se andar numa obra, pior, estava até concordando que não tinha nada demais nisso.

Seguiram tirando fotos de vários pedaços da obra, vigas, matérias, plantas, tudo que achavam importante fotografavam, até que..

- Vou tirar uma foto daquele pedaço ali... – a moça fala apontando pro lugar aonde iria.

- Beleza, mas toma cuidado onde pisa... – foi só Daniel falar que ela pisou em falso e se desequilibrou, ele a segurou a mão dela instintivamente evitando que ela caísse.

- Que homem gentil, não deixa uma moça como eu nem se desequilibrar... – ela fala com seu jeito peculiar, Daniel começa a mudar de cor.

- É que eu pensei que você fosse cair sabe? Não que eu tivesse alguma segunda intenção... Não que você não seja bonita pra se ter uma segunda intenção... – ele falou soltando a mão dela, Irene começou a gargalhar.

- Não sabia que você tinha tanto senso de humor Daniel. – ela fala.

- É né, pois é?! – ele responde sem jeito.

- Vamos? Chega de foto, meu quase tombo foi um aviso divino de que chega de trabalho por hoje! – falou em tom de piada. – Afinal se eu caísse desarrumaria meu penteado chique do meu cabelo originalmente liso! – falou jogando o cabelo, queria fazer uma clara piada, mas o movimento de suas mechas fizeram a palpitação do garoto aumentar, sorriu como bobo e não piscou, apenas olhou aquela garota, perfeita em sua mente, calado.

- A não! – ela falou olhando o horizonte, uma chuva começava a cair. – Não tava preparada pra isso.

- Também não é comum chuva nessa época do ano... – Daniel comenta. – Mas nem é uma chuva tão forte assim...

- Vou te contar uma coisa sobre o cabelo das garotas Daniel, quando ele molha ou no momento que se acorda ele retorna a um estágio ancestral onde não havia chapinhas, cremes de cabelo, progressivas e afins... Não é uma coisa legal! – assim que ela fala a chuva aumenta.

- Bom então... A gente pode esperar aqui o que acha? – ele sugere.

- Fechou! Não saio nessa chuva mesmo! – ela falou erguendo sua mão para que Daniel batesse, o garoto demorou um pouco pra entender, mas retribuiu o gesto.

Ficaram ali conversando por horas, riram bastante e contaram coisas engraçadas sobre suas vidas, até se divertiram naquela situação inusitada.

- Não pode estar falando sério?! – Daniel falou rindo bastante.

- To te falando garoto... Eu quebrei o pé pulando aquele muro, e ainda saí no lucro que se o cachorro me pega eu tava ferrada!

- E seus pais, o que eles fizeram?

- Nada, eu falei que eu caí de uma escada, meu pai só falou pra eu tomar mais cuidado... – ela mesma não se aguentava de rir das coisas que relembrava.

- Eu nunca fiz nada tão doido assim, tipo e você é uma menina, meninas são mais tranquilas, eu acho pelo menos...

- Nem todas, algumas são bem pra frente igual eu... Linda, poderosa e pra frente! – falou se levantando e fazendo pose, claramente fez uma piada, nesse instante um vento frio passa a fazendo se encolher.

- Aqui Irene usa isso... – Daniel fala entregando sua jaqueta à moça.

- Nossa que cavalheiro! – os dizeres dela o envergonham.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Até duas... Diga...

- Você... – “Gostaria de sair comigo?” foi o que pensou, mas o que perguntou foi diferente. – Gosta desses animes japoneses? Tipo que tem um na sua camisa né...?

- Sim gosto bastante, tem alguns que tem muito sangue e violência que são os meus favoritos! – falou em tom de brincadeira, mas o garoto não entendeu, se assustou com a resposta. – Seu bobo eu tava brincando, eu gosto mais dos engraçados, mas não gosto só de animes, gosto das bandas deles e da culinária também, eu até sei fazer um monte de pratos japoneses... Sou muito otaku!

- Otome que você quer dizer né? Pelo que me disseram otaku é pra garotos e otome é pra moças. – ele corrige.

- Você não perde uma chance de corrigir hein senhor nerd? – ela fala brincando novamente. – Mas você tem razão, eu falo otaku porque são poucos os que conhecem a palavra e otome são mínimos, quase ninguém entende... Pelo menos quase ninguém do meu círculo social. – ela explica.

- Não tome minhas palavras como ofensa, por favor. – ele falou preocupado.

- Até quando você ta nervoso você fala igual nerd, não se preocupe, eu não me ofendi.

- Eu sempre pensei que otakus e otomes falassem gírias que são palavras em japonês, mas você não falou nenhuma.

- Não é tão simples assim... Sabe o que é, eu sempre sou um ser estranho em todo lugar que eu frequento, então evito falar algo que as pessoas achem estranho como palavras em japonês.

- Como assim “ser estranho”? – a dúvida se desenhou na mente do garoto.

- É que ninguém me aceita bem, foi assim em todas as escolas que passei, só aqui que foi diferente, eu tive tanto medo de não ser aceita que decidi ser diferente, só não sabia como, daí vi a Tereza, uma garota bonita e perdida, pensei: “Se eu for amiga dessa garota ninguém vai me excluir, afinal ela é muito bonita” daí falei umas coisas pra ela e ela começou a rir... Foi aí que nasceu essa Irene que faz piada com tudo, essa que você ta conversando agora.

- Isso é inaceitável! Uma garota, bonita, gente boa, engraçada e descolada sendo excluída pelas outras pessoas! – Daniel falou indignado.

- Muito obrigado pelos elogios... – ela respondeu o deixando corado. – Olha só Daniel, a chuva passou, vamos embora? – ela falou passando seu braço pelo braço dele.

- Ta... Va-vamos né? – falou envergonhado e seguiu com ela até a grade e a pularam novamente.

- Depois a gente marca de terminar esse trabalho. – ela falou. – Me diverti muito apesar de ser uma tarefa escolar. – falou antes de beijá-lo no rosto. – Até amanhã na escola Daniel. – falou seguindo seu caminho.

- Se quiser eu posso te acompanhar até sua casa, não vai ser incômodo algum, eu até ia gostar... – falou pra si mesmo, pois a jovem já estava distante. – Um dia eu crio coragem pra falar o que sinto.


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Notas finais do capítulo

Dale falta de coragem desse garoto! só isso que tenho a declarar...
Até o próximo!