O Impossível, Difícil De Definir... escrita por Louvre


Capítulo 13
Consequências


Notas iniciais do capítulo

Gostei muito da repercussão do último capítulo, muito obrigado a todos que leram e comentaram...
Boa leitura!



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Capítulo 13: Consequências

- Você me chama de locão, mas o louco é você Zé da Cartola! – Dizeres de Adriano, ele e Nicholas estavam um pouco molhados e adentravam o apartamento em que o jovem de cabelo cacheado morava. – Que ideia de sair do clube no meio dessa chuva?!

- Velho eu não almocei e tava morrendo de fome e você também não almoçou deveria entender, além disso, você ainda deu sorte porque tinha um guarda chuva meu guardado no clube de dança.

- Sorte mesmo, você saiu hoje de guarda chuva mesmo tendo um guardado no clube, mas tava tanto sol por que você levou um guarda chuva?

- Eu vi no jornal que poderia chover forte hoje... Que fome! O que eu vou preparar hoje pro almoço?

- Sua mãe não ta aqui? Ela não fez o almoço?

- Minha mãe é advogada, ela trabalha pra caramba! Tem dia que ela sai antes que eu acorde e chega só tarde da noite, daí eu aprendi a me virar né irmãozinho? – falou meio em tom de piada.

- Vai me enganar que você sabe cozinhar? Aposto que seu pai deixou a comida pronta e você vai só esquentar.

- Sei cozinhar sim, e muito bem! E depois meu pai não mora com a gente... Ele saiu de casa quando eu tinha nove anos, acho que perturbei tanto ele que ele desistiu de mim. – tais dizeres deixaram Adriano sem graça. – Hoje ele se casou com outra mulher tem outro filho, um garoto muito especial você precisa ver, qualquer um preferiria gostar de um garoto como aquele do que alguém estranho igual eu... Sabe, as pessoas acham que eu sou uma pessoa ruim pela minha aparência, talvez elas tenham um pouco de razão, já que meu próprio pai não vai com a minha cara. – dava pra sentir a tristeza nos dizeres de Nicholas.

- É... Eu não sei o que dizer... – Adriano fala com sinceridade.

- Papo ruim né vei? Principalmente pra hora do almoço... Já sei o que vou preparar, batatas fritas com queijo minas e bacon! Vou fazer uma porção boa porque você deve comer bastante!

- Acho que você pensou certo. – Adriano falou olhando e colocando sua mão na barriga. – Mas o Jaime come mais que eu!

- Aquele bochechudo tem cara de ser o devorador máximo da escola! – comentário que espertou risos no loirinho. – O irmãozinho pode sentar aí e ficar a vontade, eu tenho uns jogos de matar zumbi pra jogar no vídeo game, você tem cara de viciado nesses games...

- Ta tão na cara assim? – Adriano perguntou enquanto Nicholas ligava a TV e o vídeo game.

- Daqui a pouco as batatas ficam prontas, vão ser as melhores batatas que você já comeu locão! – fala claramente se gabando.

- Zé da cartola eu não to incomodando não? Tipo não precisa cozinhar pra mim...

- Como assim? Você me desafiou, agora eu preciso mostrar o meu valor! – falou batendo no peito com uma colher. – Além disso, eu quase nunca tenho convidados aqui em casa, nem lembro a última vez que almocei em casa na companhia de alguém. – realmente Nicholas não se sentia incomodado, ele gostava de cozinhar, qualquer cozinheiro gosta muito mais de cozinhar pra alguém do que pra si mesmo.

- Então ta, vou matar esses zumbis aqui pra abrir meu apetite. – o loirinho falou sorrindo em tom de piada.

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Enquanto toda aquela chuva caía àqueles dois se beijavam, não se importavam com a água, na verdade, naquele instante não se importavam com nada, lentamente seus lábios se separaram e seus olhos se abriram, por mais que tivessem vivido aquele momento ainda era difícil de acreditar, talvez por isso mantinham aquele sorriso bobo e sem graça na face um para o outro.

- É... A gente precisa sair dessa chuva... – Jaime fala.

- Pois é... A gente pode se resfriar né? – Maria Joaquina opina.

- Pior que aqui não tem lugar nenhum pra se esconder. – o garoto fala caminhando e olhando ao arredor, sua mão segurava a mão dela. – Onde está a sorte numa hora dessas? – Ele fala em tom de piada. De repente um carro familiar passa chamando a atenção da garota rica.

- É o carro do meu pai... PAI! – ela fala soltando a mão do menino, correndo e acenando sentido ao carro que acabara de passar por ela.

A chuva era tão intensa que era praticamente impossível enxergar alguma coisa pelos retrovisores, porém, Miguel conseguiu ouvir ao fundo uma voz gritando “pai” e viu algo como mãos gesticulando, repentinamente ele pára o carro e sai.

- Maria Joaquina?! O que você ta fazendo no meio dessa chuva? – ele pergunta muito surpreso.

- É que eu saí pra caminhar e de repente começou a chover...

- Jaime?! Vocês saíram juntos? – se surpreendeu mais ao ver o conhecido gordinho.

- Na verdade a gente se encontrou aqui por acidente.

- Pelo amor de Deus, vocês dois no meio dessa chuva! Vamos entrem no carro! – ele falou abrindo a porta traseira, os garotos entraram rapidamente.

- Você precisa tomar um banho e trocar essas roupas molhadas... E eu falo de vocês dois! – o médico fala dirigindo, entretanto o menino não prestava atenção, somente olhava a garota por quem era apaixonado com um leve sorriso, ele deslizou sua mão até a mão dela, a jovem, por sua vez, puxou sua mão, tinha medo à reação do pai.

- Por que o senhor está dirigindo pai? Cadê nosso motorista?

- Eu dei folga pra ele hoje, quem diria que ia chover tanto?

Não demorou muito para que Miguel chegasse a sua casa, mesmo que dirigisse com cautela, devido à chuva, a casa não estava tão longe, pelo menos não tão longe pra quem está de carro. Durante todo o caminho os jovens ficavam se entreolhando e sorrindo de leve, porém quando a menina percebia que sei pai a observava virava o rosto desviando seu olhar de Jaime.

- Vou pedir a Joana pra trazer uma toalha pra você Jaime, Maria Joaquina você vai direto tomar banho! – falou imperativamente e sua filha obedeceu, Joana também não demorou em trazer a toalha para o garoto.

- O que aconteceu Miguel? – a mãe da jovem perguntou.

- Eu encontrei com o Jaime e com nossa filha no meio dessa chuva toda! – respondeu a mulher. – Não se preocupe Jaime, eu te levo de caro pra casa. – Miguel falou pro garoto.

- Mas... Agora? – ele perguntou.

- Sim, seus pais devem estar morrendo de preocupação com você fora de casa com essa chuva toda, e depois você precisa tomar um banho e trocar essas roupas!

- Ta, mas eu posso... – pensou em dizer se podia esperar Maria Joaquina sair do banho pra se despedir dela, porém no último instante ficou receoso.

- Pode o quê? – o médico perguntou.

- Não nada... Amanhã eu resolvo... – depois de tais palavras ambos voltaram ao carro e Miguel o levou pra casa.

- A Maria Joaquina estava com o Jaime?! Será que é ele o garoto que ela... Não, ele é diferente demais dela! – a mãe falou pra si mesma.

Não demorou muito pra que Miguel chegasse à casa dos Palilo, Jaime entrou em sua residência com o médico, apesar de estar com as roupas muito molhadas não parecia incomodado, ao contrário estava até feliz.

- Você tava no meio desse chuvão Jaime? – a mãe pergunta preocupada.

- Eu encontrei com ele no meio do caminho. – Miguel falou.

- Foi mesmo, a chuva me pegou de repente, não parecia que ia chover quando saí...

- E você acabou dando trabalho pro doutor Miguel não é garoto? – o pai do gordinho fala um pouco alterado.

- Não se preocupe seu Rafael, não foi trabalho nenhum. – o médico responde.

- Lógico que foi! Trazer esse moleque ensopado dentro do seu carro, deve ta tudo encharcado lá! – Rafael opinou novamente. – Garoto você só dá trabalho!

- Repito, não foi trabalho nenhum... Bom eu tenho que ir...

- Não vai doutor Miguel, eu vou passar um café pro senhor, é o mínimo que eu posso fazer por trazer meu gordinho pra casa! – a mãe do garoto fala.

- Muito obrigado, mas eu realmente preciso ir.

- Muito obrigado pela carona doutor. – Jaime agradece. – Eu vou tomar um banho e tirar essa roupa molhada como o senhor falou. – retirou-se após essas palavras, em seguida o médico também saiu.

- Que estranho? – dizeres do pai. – O Jaime tava todo molhado, mas tava feliz, por quê? E olha que ele não tirou o sorriso do rosto nem quando eu briguei com ele.

- Deve que o doutor Miguel deu alguma coisa pra ele comer. – a mãe opinou.

- Deve ser isso mesmo. – concluiu.

........................

- Jaime... – Maria Joaquina terminou seu banho, se vestiu e foi à sala procurando o garoto. – Onde ele foi?

- Seu pai levou ele pra casa Maria Joaquina. – Joana respondeu.

- Sem se despedir? – ela tentava compreender.

- Bom, eu não tava aqui quando ele foi embora, não sei te responder isso.

- Ta tudo bem, eu vou pro quarto. – falou se retirando. Em seu quarto pensava em várias coisas, sentia-se alegre, feliz e tentava compreender o que tinha acontecido. “Eu agora tenho certeza, eu realmente to apaixonada por aquele garoto! E ele também gosta de mim... Ele se declarou pra mim, foi tão bonito! Mas eu não me declarei pra ele, eu não disse que o amava...” o último pensamento a fez mudar sua feição de alegria pra preocupação, “Não... Eu não falei que gostava dele e ainda o evitei quase que completamente dentro do carro, será que ele foi embora sem se despedir por que acha que eu não gosto dele de verdade? Não, não... Eu sempre o ofendi e a família dele também, e se ele estiver achando que eu só o beijei pra tirar uma onda com ele, e se ele tiver achando que eu não gosto dele? Por que eu não disse que o amava naquela hora, por quê? Ele deve estar me odiando agora!”

Um dos grandes desafios da adolescência é justamente a intensidade dos sentimentos, tais conjecturas podem estar erradas, mas parecem tão corretas aos olhos dela, afinal ele é o garoto a quem ela tanto maltratou e isso deve ter deixado alguma marca. Pensava que Jaime achava que ela estava brincando com seus sentimentos, naquele momento, essa ideia, parecia muito real pra ela.

Em sua casa Jaime comia como nunca, estava feliz e confiante, seu apetite animou seus pais outrora preocupados com a não fome do jovem, sua cabeça só pensava em Maria Joaquina, tinha total certeza do que queria, “Amanhã na escola eu vou pedir pra namorar com a Maria Joaquina!” estava mais que decidido e tinha certeza que teria êxito.


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Notas finais do capítulo

Sua cabeça é seu pior inimigo, e agora? como será o próximo dia de aula?
Até o próximo!