My Cure escrita por Lacrist


Capítulo 8
Capítulo 7 - Mundo Encantado


Notas iniciais do capítulo

Hey meninas!
Acho que não demorei muito dessa vez, não é? (espero que não)
Esse capítulo está tenso, mas acho que vocês vão gostar dele *-*
Tenham uma boa leitura!



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Nada como um fim de semana para alegrar um pouco o meu dia! Era tudo o que eu pensava enquanto escolhia uma roupa para usar. Hoje eu iria visitar meu pai na casa do meu tio e estava até animada para isso. O dia ensolarado e os pássaros que cantavam nas árvores só aumentavam toda a minha animação. 

Quando eu disse que iria visitar meu pai, minha mãe apenas soltou um muxoxo e depois de alguns minutos em silêncio e com a feição entristecida, foi que ela disse: "Nossa... que bom filha. Diga que mandei lembranças."

Fiquei preocupada na hora. Minha mãe tem estado tão triste que as vezes me dá vontade de mandar o papai voltar a morar conosco a força. Claro que isso não iria adiantar, mas nada poderia me impedir de ao menos tentar.

Jeremy e eu nem nos falamos mais depois do que aconteceu no boliche. Meu chefe me despediu depois de ver o que eu fiz nos banheiros do estabelecimento. Ele disse que eu não sabia limpar, vê se pode! Eu tinha deixado aquela porqueira cheirosa e ele ainda tinha a coragem de me despedir! 

Bufei, pegando uma saia jeans e uma bata branca e correndo pro banheiro com a toalha enrolada no meu corpo, pronta para me vestir e sair daquela droga de cidade onde eu morava.

Só quando eu estava devidamente arrumada foi que eu saí, pegando minha bolsa e despedindo-me de minha mãe. Jeremy estava na casa de Anna pelo que eu sabia e Bonnie deveria estar ajudando sua avó a plantar algumas plantas no quintal de sua casa. Já Caroline, deveria estar na escola, organizando os próximos eventos do colégio, junto com Rebekah (eca) e mais algumas outras líderes de torcida e a diretora.

Peguei um ônibus, já que meu carro havia sido vendido e tentei não pensar muito em como aquela questão deixava um buraco no meu coração. Eu odiava andar de ônibus!

Coloquei meus fones de ouvido, deixando que uma música romântica começasse a tocar. Eu não estava apaixonada, mas músicas como aquela conseguiam falar comigo de uma maneira que ninguém mais conseguia. 

Por mais estranha que aquela situação fosse, de alguma maneira, a música que tocava me lembrava o Damon. Mas não de um jeito ruim, tampouco de um jeito apaixonado, mas de um jeito... especial.

Sabe quando você tem a sensação de que o que viveu com aquela pessoa pode ter sido muito mais do que você possa imaginar ou ao menos se lembrar? Talvez isso nunca tenha acontecido com você, mas essa sensação tem me perseguido todos os dias.

Alguma coisa dentro do meu coração vivia me dizendo que a ligação que eu tenho com Damon Salvatore é tão grande, que nenhum cientista renomado conseguiria explicar. 

Eu poderia sentir raiva de tudo isso ou até mesmo repudiar, mas eu não consigo mais repudiar algo que eu tenho certeza de que fez parte da minha vida. De um passado tão estranho e cheio de nuvens que me impossibilitam de lembrar com clareza de tudo o que eu vivi.

Acreditem, esse turbilhão de sensações me fez ir até a casa de Damon ontem. Mas ele não quis me atender. Estava tão bravo comigo que bateu a porta na minha cara. Me arrependi amargamente de ter ido até lá, de ter me rebaixado daquela maneira mas eu não pude evitar.

E mesmo tendo me arrependido de ter feito aquilo, eu tenho certeza de que se eu tivesse a chance de voltar atrás, eu teria feito novamente a mesma coisa.

Vendo que eu estava perto de onde eu deveria soltar, levantei-me do banco em que eu estava sentada e apertei a cigarra para que o motorista parasse o ônibus.

Desci do mesmo e caminhei tranquilamente pela rua, que já se encontrava bastante movimentada.

Entrei no prédio onde meu tio morava e saudei o porteiro, entrando no elevador e apertando o 10° andar. Meu pai não sabia que eu iria visitá-lo. Eu queria fazer uma surpresa.

O elevador abriu a porta quando chegou ao andar que eu havia solicitado. Caminhei devagar para o apartamento de meu tio e quando cheguei perto, vi que a porta estava aberta de um jeito escancarado. 

Estranhando aquilo, fiquei ali parada em frente a porta por um tempo.

Com o cenho franzido, adentrei o apartamento de uma vez só.

- Pai? Tio? Vocês estão ai? - Levantei o pescoço, procurando-os, mas não o vi. Tudo estava estranhamente silencioso.

Dei mais alguns passos vagarosos para dentro até sentir alguém pôr a mão em minha boca com brutalidade, juntamente com um pano encharcado de um negócio com um cheiro estranho. Me debati, tentando a todo o custo me livrar do homem que me apertava com força. O desespero batendo em todas as articulações do meu corpo.

Tentei gritar, mas acabei perdendo as forças e aos poucos, fui perdendo a consciência também.

Quando percebi, eu já havia desmaiado.

(...)

Abri os olhos, tentando me situar e lembrar-me do que havia acontecido. A primeira coisa que eu vi foi o teto. Tudo estava tão escuro que acabei ficando apavorada quando me lembrei do que havia acontecido. 

Sentei-me no chão bruscamente, passando as mãos pelo chão áspero e frio como gelo. Olhando em volta, eu mal podia enxergar direito. Me levantei do chão, cambaleando e me apoiando nas paredes.

O reconhecimento passou por mim como um raio, quando vi que eu estava em um porão. Mas... será que eu ainda estava no apartamento do meu tio?

- SOCORRO! - Chorando como nunca, minhas mãos começaram a tremer. Eu estava assustada. O medo de que eu tivesse sido sequestrada ou até mesmo violentada de alguma maneira me deixou em frangalhos.

Por quanto tempo eu havia ficado desacordada?

Onde meu pai e meu tio estavam quando eu fui atacada?

Será que pegaram eles também?

O porteiro não viu que pessoas estranhas haviam adentrado o prédio?

- ALGUÉM ME AJUDA!! - Soquei a porta do porão com força, vendo que estava trancada.

Ninguém me respondia e aquele silêncio só me deixava mais apavorada.

Gritei quando um bicho passou pelo meu pé. Olhando para todos os lados possíveis, tentei achar uma saída. Eu não queria mais ficar ali, trancada com ratos no escuro.

- EU QUERO SAIR! - Continuei socando a porta, desesperadamente, chorando e tremendo.

- ELENA, FILHA! - Era a voz do meu pai e vinha do lado de fora.

- PAI, ME TIRA DAQUI! - Parei de socar a porta, aliviada por saber que não haviam me sequestrado.

- Eu estou amarrado. Eles roubaram o apartamento. Seu tio está desacordado. - Papai tentava mostrar tranquilidade, mas eu tinha certeza de que ele estava tão apavorado quanto eu.

- Eu quero sair daqui! - Choraminguei.

- Calma, você está no porão do apartamento. Estou tentando me soltar, eu vou te tirar daí querida. - Fiquei escorada na porta por algum tempo, querendo desesperadamente sair de dentro daquele lugar pavoroso e cheio de animais nogentos.

Depois de alguns minutos, ouvi um barulho e me afastei da porta.

Papai a abriu e corri para seus braços. Ele me apertou contra seu corpo, aliviado ao ver que eu estava bem.

Meu tio acordou também, um pouco tonto, mas parecia-me bem.

- Elena, querida! - Ele se levantou, ainda desnorteado. Eu dei um sorriso meio trêmulo e o abracei, sentindo-me aliviada de repente.

- Agora posso saber o que veio fazer aqui, mocinha? - Papai perguntou, observando o estado do apartamento, que se encontrava todo revirado.

- Vim visitar você, papai. Senti sua falta. Queria fazer uma surpresa, por isso não avisei. - Encolhi meus ombros, enxugando as lágrimas dos olhos.

- Foi um péssimo dia para você resolver vir nos visitar. - Meu tio respondeu de forma engraçada, tentando aliviar a tensão.

- Me explique como eles conseguiram entrar aqui. - Pedi.

- Eu havia pedido para o John ligar para o encanador, para resolvermos um probleminha no cano da pia. Então, quando os tais "encanadores" chegaram, eles nos renderam, anunciando que era um assalto. Levei uma coronhada na cabeça quando tentei reagir. - Meu tio segurava um pano próximo a sua nuca, que sangrava um pouco.

- Então, tentei negociar com os ladrões, mas eles estavam furiosos. E foi aí que eu ouvi sua voz, vindo da sala. Eles mandaram que eu ficasse calado e colocaram uma arma na minha cabeça. Eu torci para que você fosse embora, mas você não foi. Um dos ladrões estava na sala e você não o viu se escondendo atrás da porta e então... eles te pegaram e te colocaram no porão. Depois, levaram todo o dinheiro que tínhamos, cartões de crédito, computador... quase tudo. - Papai me abraçou de lado.

- Acabei de ligar para a polícia, denunciando aqueles canalhas! Eles vão pagar! - Disse meu tio, desligando o telefone.

- Eu espero que os encontrem. - Eu ainda estava traumatizada. - Eu podia ter evitado... eu estranhei quando vi a porta escancarada... poderia ter chamado a polícia.

- Não se sinta culpada, filha. - Meu pai afagou meus cabelos. 

Depois de algum tempo, a polícia chegou. Revistaram o apartamento e fizeram algumas perguntas para nós, dizendo que fariam o possível para encontrar os ladrões. 

A polícia foi embora e então, papai se ofereceu para me levar até em casa. Já havia escurecido e a única coisa que eu queria era esquecer tudo o que havia acontecido. Me despedi do meu tio e entrei em seu carro (que graças a Deus não havia sido roubado) e permanecemos um tempo em silêncio, até que papai resolveu quebrá-lo.

- Como está sua mãe? - Perguntou ele.

- Não vou mentir para você, pai. Ela está muito triste. Quase não come e está se matando de tanto trabalhar. - Mordi o canto da boca, brincando com a minha blusa.

- Estou preocupado com ela... - Ele suspirou

- Eu também. E por falar nisso, ela mandou lembranças.

- Você sabe que eu ainda a amo, não sabe?

- Sei, pai. Mas será que ela sabe? - O silêncio acabou voltando com a minha pergunta. Papai parecia refletir com minhas palavras.

- Acho que não. Quando eu disse para ela que queria me separar eu menti, dizendo que não a amava mais. Só que eu estava cansado de brigar! O amor que tínhamos acabou se enfraquecendo com tantas brigas. - A angústia se fez presente com aquele assunto.

- Então porque não diz isso pra ela? Tentem se resolver! Se ainda há amor, há esperança. 

- Eu... eu não sei se seria uma boa idéia. - Papai exitou, parando o carro em frente a minha casa.

- Pense nisso, papai. - O abracei, dando um beijo em sua testa e saí do carro. 

- Espere, eu vou com você! - Sorri quando papai desligou o carro, caminhando junto comigo até a porta.

Entrei em minha casa, vendo que estava totalmente escura e silenciosa. Acendi a luz da sala, estranhando mais uma vez naquele dia a quietude daquela casa.

- Mãe? Cadê você? - Algo dentro de mim apitava, dizendo que algo muito ruim havia acontecido.

Corri até a cozinha, vendo que era o único cômodo em que a luz estava acesa. Dei a volta no balcão e soltei um grito agudo quando olhei para baixo.

Minha mãe estava caída no chão, desmaiada. Sua cabeça estava sangrando.

- O que aconteceu, Elena? - Meu pai veio correndo ao ver meu grito. - Isobel! - Me agaixei perto de minha mãe, chorando.

- Temos que levá-la pro hospital! - Papai pegou minha mãe no colo e saiu correndo com ela em direção ao seu carro.

- O que aconteceu com minha mãe? - Jeremy estava chegando em casa de carro com Damon, Stefan e seus pais.

- Eu não sei! Nós chegamos e a encontramos desmaiada no chão. - Respondi, a beira do desespero.

- Vamos, vamos logo pro hospital! - Gritou ele.

Entramos no carro de papai. Colocamos mamãe deitada em meu colo e Jeremy foi no carro com os pais de Damon para o hospital.

Chegando lá, os médicos colocaram minha mãe numa maca e a levaram apressados para uma sala. Meu pai explicava o que tinha acontecido para Jeremy e os outros, já que eu não tinha forças para falar nada.

Sentada numa cadeira, longe de todos, eu refletia em tudo o que tinha acontecido no meu dia. Minha cara não devia ser das melhores naquele momento.

Eu orava para que minha mãe ficasse bem e que nada de grave pudesse ter acontecido com ela. Basicamente, tudo o que tínhamos era ela, já que meu pai tinha saído de casa ao se divorciar de minha mãe.

Damon passou por mim, sem ao menos me dirigir a palavra.

Levantei-me, seguindo-o pelos corredores, até vê-lo parar em frente a uma máquina de refrigerantes.

- Está me seguindo? - Sua voz baixa denunciava um pouco de sua irritação.

- Não eu só... queria um ombro amigo. - Me aproximei dele exitante.

- Pensei que eu fosse um fracassado. - Damon tirou uma latinha de coca-cola da máquina de refrigerante e se pôs a caminhar. Eu o segui.

- Você não é. Eu é que sou. - Não me importava mais em me humilhar. Damon parecia ser a única pessoa que podia me ajudar naquele momento.

- Desculpe Elena, mas eu não posso te ajudar mais. - Ele nem sequer olhava para o meu rosto.

- E porquê não? - Perguntei, indignada.

- Eu tentei te ajudar várias vezes e você rejeitou minha ajuda em todas elas.

- Mas eu quero a sua ajuda agora.

- Sinto muito, mas quem não quer agora sou eu. - Eu ia retrucar, mas já havíamos chegado perto de onde meus pais, meu irmão, os pais de Damon e Stefan estavam e eu ia sair dali e me excluir novamente mas mudei de idéia quando vi o médico se aproximar de nós com um semblante muito sério.

- E aí doutor, como ela está? - Jeremy perguntou, aflito.

- A senhora Isobel bateu a cabeça muito forte quando caiu e perdeu muito sangue. Ela passou por uma cirurgia delicada, conseguimos salvá-la. O problema, é que ela acabou entrando em coma. - Uma pontada forte atingiu meu coração com o que o médico disse.

- Em coma? - Perguntou papai, desesperado.

- Sim. É possível que ela acorde daqui há semanas.

- E se não acordar? - Perguntei.

- Há pacientes que dormem por vários meses ou até mesmo anos. Ela pode ouvir tudo o que acontece ao seu redor, mas continua dormindo. Há esperanças de que ela acorde antes, temos que ter paciência.

- E se depois de muito tempo, ainda assim ela não acordar? - Quem fez a pergunta foi Stefan. 

- Aí cabe a vocês decidir o que querem. Se vão continuar esperando que ela acorde ou se vão desligar os aparelhos, que automaticamente causarão sua morte. - O doutor se retirou, chamando John para que assinasse alguns papéis.

- Droga! - Jeremy disse, chorando.

Os pais de Damon foram consolá-lo enquanto eu, saí correndo chorando desesperadamente. Eu queria que fosse eu ali no lugar de minha mãe. Eu não merecia estar acordada quando uma pessoa tão boa quanto minha mãe permanecia dormindo.

Ela tinha que saber que meu pai a amava! E eu? Não há ninguém no mundo que me ame mais do que meus pais! Mas eu não tenho ninguém que me ame do modo como meus pais se amam. Se eu entrasse em coma, ninguém sentiria minha falta, ninguém!

Parei em um corredor vazio e deserto e fui deslizando pela parede, desnorteada, desesperada. Meu coração doía, minha cabeça parecia que ia explodir e eu só conseguia chorar cada vez mais alto.

Eu gritava, eu esperneava, eu não me aguentava mais em pé. Só queria que aquela dor parasse, estava me consumindo, estava me machucando!

- Elena... - Coloquei as mãos em minha cabeça e apertei meus cabelos fortemente, querendo arrancá-los. Ignorei a presença de Damon, só queria que ele me deixasse em paz. - Elena, pare com isso. - Damon se agaichou em minha frente e tirou minhas mãos de minha cabeça. Olhei para ele, totalmente sem forças para me desvencilhar de seu toque.

- Ainda precisa de um amigo? - Ele deu um sorriso fraco em minha direção mas eu não consegui retribuir.

- Ainda quer ser meu amigo? - Minha voz estava embargada.

- Só por essa noite. - Ele disse, sério.

- Tudo bem, só por essa noite. - Concordei, deixando que ele me abraçasse apertado.

Naquela noite, eu deixaria Damon cuidar de mim e me ajudar. Eu sabia que ninguém mais poderia me acalmar além dele. Damon tinha algo que me ligava a ele e eu me sentia segura em seus braços. Só ele poderia dar a paz que eu precisava naquele momento.

Aos poucos, eu fui percebendo que o mundo com o qual eu estava acostumada a viver era totalmente diferente do mundo real, do mundo frio, do mundo cruel. Aquele era o mundo em que eu deveria viver e que eu não estava vivendo.

E naquele momento, eu estava destruindo o mundo encantado em que eu vivi durante bastante tempo, cega e surda, imune aos alertas que as pessoas me faziam, tendo a certeza de que era para mim ter feito aquilo há muito mais tempo.

Destruindo aos poucos todo o mundo cor de rosa que me cercava, vendo-o se envolver com uma nuvem negra e totalmente vazia.

Estava acabado. Aquele mundo não existia mais.


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Notas finais do capítulo

Booom, eu gostei muito de escrever esse capítulo! Agora as mudanças vão começar bem lentamente. Elena já percebeu que o mundo que ela vivia era uma farsa. Damon ainda não vai ajudá-la. Perceberam que ele disse que só a ajudaria naquela noite, não é? haha. Mas o próximo capítulo fará com que eles se aproximem bastante. Quando vocês lerem, saberão o motivo.
A mãe de Elena entrou em coma =(( E John ainda a ama gente Ç_Ç
Mas eu já garanto a vocês que a Isobel não morre ok?
Espero que vcs tenham gostado desse capítulo, eu o escrevi de coração.
Comentem bastante viu meninas? Os comentários de vcs só me deixam mais alegre e com ânimo pra continuar.
Tenham uma boa tarde suas lindas *-*