Há Um Deus Chamado Enel escrita por Victor Souza


Capítulo 2
Capítulo 2 - Há um Deus que eu espero


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo da minha mini-fic sobre Enel, espero que gostem, tentei fazer capítulos menores para não ficar muito chato.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/327354/chapter/2

“Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo.”

Friedrich Nietzsche

Algum tempo já havia se passado desde a incomoda visita de Purana a minha casa que havia me deixado com uma pulga atrás da orelha, afinal de contas o que ele quis dizer com me dar uma segunda chance? Espero que ele já tenha esquecido isso. Todas as outras vezes que eu achei que ele já teria desistido eu apenas tinha demonstrado que não estava interessada nele, mas dessa vez eu falei com todas as letras.

Hoje eu teria o dia todo livre pra mim. Logo pela manhã Enel saiu da cidade, ele iria descer até o mar abaixo das nuvens para treinar um pouco. Eu me ruía de curiosidade quanto ao tipo de treinamento que ele estaria executando. Ele sempre saia cedo e voltava tarde, inúmeras vezes ele voltou do treinamento secreto trazendo algum presente do qual eu nunca descobri a origem.

Eu acordei cedinho e lá estava Enel na minha janela me olhando, nos dias em que ele iria sair para treinar e passar o dia todo fora ele perdia completamente o medo da morte e não ligava pra ser visto pelo meu pai. Ele usava uma calça azul grande que possuía detalhes dourados, seus cabelos dourados foram ajeitados sob uma bandana e seus pulsos e tornozelos como sempre decorados por pulseiras de ouro.

– Então você acha que o velho capitão também não é palio pra você agora? – perguntei me espreguiçando ainda na cama.

– Na verdade, acho que eu poderia derrotar ele sim, porem não faria isso com seu pai. – disse colocando os pés para dentro do quarto.

– Não diga isso, ele já foi um dos shinkans de Deus, se não tivesse me tido provavelmente ainda estaria na ativa. – levantei da cama indo em direção a ele ainda trajando meu pijama rosa com bolinhas brancas.

Os shinkans eram uma espécie de ranking avançado no exercito de Deus, eles eram os mais fortes no exercito e seguiam ordens diretas dele. Meu pai serviu a Purana por muito tempo até o dia em que ficou sabendo que eu viria ao mundo.

– Veja só, ele foi derrotado por você então. – Beijou-me calorosamente passando as mãos de leve nas minhas asas. – Essas asas não te incomodam na hora de dormir?

– De fato às vezes sim, mas você se acostuma. – Disse dando um pequeno sorrindo e beijando-lhe novamente tinha que aproveitar pelo resto do dia.

Acho que eu já devo ter lhes falado eu os habitantes das ilhas do céu nascem com asas, certo? Todos nós possuímos pequenas asinhas nas costas, não podemos usar elas para voar, apenas para enfeitar, mas, porque eu to lembrando disso agora? Só para comentar com vocês o simples fato de Enel não ter.

Há uma pequena crença na ilha de Bilka sobre filhos de pessoas com asas que nascem sem asas: dizem que ao contrario de nós que somos chamados de anjos e somos protegidos de Deus, esses, sem asas, são o oposto, são demônios inimigos de Deus. Em minha opinião uma crença boba, Enel nunca fez mal a ninguém sem um motivo, porem essa crença é o motivo do meu pai não gostar dele. “Não está vendo que logo quando Deus se apaixonou por você esse rapaz apareceu para atrapalhar?” meu pai costumava a dizer.

– Eu tenho que ir, eu volto anoite. Que tal sairmos para jantar? – Ele perguntou voltando as pernas para fora do quarto, mas ainda sentado nela.

– Seria maravilhoso. Vou ficar te esperando. – Ele deu um pequeno sorriso de canto de boca e saiu.

Fiquei na janela por uns minutos observando até que ele sumiu no horizonte, me perguntava sempre “porque as pessoas o tratavam como um demônio? Ninguém nem se interessou em conhecê.” Simplesmente por uma crença boba, mas basicamente a sociedade de Bilka era fundada sobre crenças então não havia do que reclamar.

Depois que despertei daqueles pensamentos continuei minha rotina normal. Tomei um banho maravilhoso, vesti uma toga branca e desci para tomar café com meus pais apesar de logo descobrir que eles não estavam em casa. Mamãe provavelmente teria ido à feira, demoraria como sempre, não resistia a uma conversa com as amigas, mas, e papai? Ele não costumava sair sem avisar, onde estaria ele?

Talvez nem seja algo interessante a se comentar, mas talvez você já tenha percebido que as roupas em Bilka são basicamente brancas, não me pergunte porque, mas, é muito raro ver alguém vestido de outra cor, Enel faz parte dessas exceções. Como as pessoas já não gostavam dele por causa da sua “ousadia em nascer sem asas” ele não fazia questão de seguir os padrões da nossa sociedade.

Resolvi sair para passear, acho que vou comprar um bichinho de estimação. Não é algo a se admirar porem eu não tenho muitas amigas, a maioria das meninas prefere não se aproximar de mim, ou são aconselhadas por suas mães a não o fazer por motivos de: Enel. Elas acham que sou um péssimo exemplo simplesmente por namorar com ele.

Cheguei a uma pequena loja onde vendiam bichinhos, fiquei encantada. Tinha vários peixinhos diferentes, grandes, pequenos, brilhantes, de varias cores, alguns com olhos grandes, alguns cumpridos, de fato não tenho como descrever uma loja de bichinhos como a Heaven & Pet pra alguém que nunca tenha visitado a ilha do céu. Nossos animais são únicos devido ao ambiente em que vivem. Da sessão de peixes passei pela sessão de crustáceos, mas não queria um animal que eu não pudesse ter tanto contato. Passei pela sessão de lagartos e MEU DEUS UMA COBRA LOGO ALI NA FRENTE acho que vou dar a volta.

– Com licença senhorita, procurando algo em particular? – Uma senhorinha de voz doce e cabelos brancos encaracolados me atendeu, a dona da loja.

– Na verdade não, eu queria um bichinho, mas queria algo que eu pudesse tocar e brincar. – Tentei explicar a situação enquanto gesticula e me afastava da cobra fingindo olhar os peixes outra vez.

– Que tal um gato? Temos varias raças lindas, inclusive hoje recebemos um maravilhoso sorridente do sul, que dar uma olhada? – Ela disse apontando para o outro lado da loja onde um gato branco lindo estava dormindo.

– Não, infelizmente tenho alergia a gatos, teria algum outro mamífero? – A senhora olhou para o outro lado onde um carneirinho comia ração tranquilamente e fui logo advertindo. – Algo pequeno que eu possa criar no meu quarto.

– Que tal uma raposa das nuvens, são pequenas, você se daria bem com elas. – Ela me levou a uma pequena raposa, pequena com um gato, tão peluda quanto e pareceu gostar de mim. Comprei.

Comprei alguns outros itens necessários e retornei para casa. Meu novo bichinho era lindo, ainda não tinha pensado em um nome para ela. Iria esperar por Enel para escolhermos juntos, não pera, melhor não, iria parecer que estávamos escolhendo o nome de um filho. Corei na mesma hora. Melhor não. Caminhei pelas ruas movimentadas de Bilka até minha casa.


“Não passo a teus olhos de uma raposas igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro”

Saint-Exupéry


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se ler e gostar deixe um comentário. É minha primeira fic que não seja yaoi. Espero que gostem.

xoxo