Admito Que Te Amo escrita por a curious


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

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Uma mesa de café da manhã muito bem colocada e farta estava preparada e à espera dos moradores da casa. Os primeiros a descerem foram os matriarcas da família, seguidos pela filha caçula que vinha logo atrás cumprimentando-os com um alegre bom dia. Sentaram-se para tomarem o café.

–Pai, você pode me levar pra escola hoje?

–Claro filha.

–Bom dia pra todos! – chegou sentando-se com eles. – Alguém viu a Emily?

–Ela passou por mim quando eu descia as escadas. Pediu pra te avisar que estava com pressa porque tinha que chegar mais cedo na loja.

–Mais cedo? – apenas riu enquanto enchia um copo som suco. – Essa mulher trabalha demais.

Tentava brincar com a situação. Era sempre assim, não levava nada a sério, oque não agradava em nada a seu pai Afonso.

–Já você trabalha de menos, não é Vinícius?!

–Ah pai, não começa... Quer saber, eu perdi a fome. – levantou-se e se retirou da sala.

–Viu só oque você fez Afonso?

–Ora Marta, e você que está certa a atitude do seu filho?

–Pare de dizer besteiras. Afinal de contas, a Emily tem mesmo que trabalhar, pois é o Vinícius quem tem dinheiro e não ela. - levantou-se com toda a sua arrogância e saiu.

Por ser seu filho mais velho, Afonso sempre imaginou Vinícius tomando a frente em sua empresa de consultoria, mas o filho não mostrou nenhum interesse, o que ele aceitou muito bem. O problema foi que, depois que se casou e teve direito a receber o dinheiro de sua herança, o rapaz largou a faculdade e não se dedicou a mais nada.

Afonso apenas respirou fundo para manter a calma.

–Pai... – ouviu a voz da caçula que lhe chamava um pouco acanhada.

Mudou a expressão e o tom de voz para não assusta-la ainda mais.

–Vamos filha, não quero que você se atrase.

...

Num bairro distante dali...

–Pronto tia, estamos em casa. Vou preparar alguma coisa pra gente comer. – ajudou a tia a se sentar no sofá e foi para a cozinha.

Minutos depois, a moça retorna com a refeição que havia preparado.

–Aqui está. O mais saudável possível, lembre-se do que o médico falou, a senhora tem que se alimentar bem e fazer muito repouso, descansar bastante e se cuidar...

A mulher apenas observava enquanto a sobrinha falava sem sequer dar uma pausa para respirar. E sabia muito bem o que isso significava, pois conhecia muito bem sua menina.

Amanda veio morar com ela desde que sua irmã morreu, tinha entre um e dois anos e por isso sempre foi muito apegada à tia.

–Minha querida... – a moça emudeceu ao ouvir aquela voz calma e doce, que por várias vezes lhe deu conselhos e que agora estava sem força devido à doença. Segurou uma das mãos da sobrinha, guiando-a para que sentasse ao seu lado. Colocou a outra mão por cima das mãos dela e continuou.

–Eu sei que você ficou um pouco assustada com tudo isso que aconteceu, mas eu não quero que você se preocupe...

–Como não tia? A senhora já não estava se sentindo bem a algum tempo e agora sabemos porque. – apertou as mãos da tia. – A senhora é tudo que eu tenho... - se segurou para não chorar.

–Amanda...

–Pode deixar que agora é a minha vez de cuidar da senhora.

–Amanda, por favor, eu não quero que você se sinta “em dívida” comigo por...

–Mas é assim que eu me sinto. Eu sou muito grata por ter cuidado de mim e ter assumido uma responsabilidade que era do meu pai... – mexer nessas lembranças fazia com que ficasse cada vez mais difícil para ela conter as lágrimas.

–Amanda, ...

–Mas, eu prometo tia, não sei como, mas a senhora vai fazer a cirurgia e se curar. É a minha promessa.

Laura apenas abraçou a sobrinha que, ao receber o carinho, se desmanchou em lágrimas.

...

Enquanto descia as escadas, na esperança de que fosse tarde o suficiente para que ninguém mais estivesse na mesa tomando café, Vitor se arrependeu por não ter descido um pouco mais tarde.

–Bom dia pra você também.

–Agora não mãe. – tentou passar sem ser notado, mas foi em vão.

–Vitor, não me diga que você está indo para aquele lugar de bárbaros de novo.

O rapaz nem se deu ao trabalho de responder, deixando sua mãe ainda mais furiosa. Mas não tanto quanto o fato de saber para onde o filho estava indo.

Não tomou café nem nada. Foi direto para a garagem, entrou em seu Ford GT preto e seguiu para o ginásio onde treinava.

Enquanto dirigia, um flashback de uma discussão com a mãe lhe veio à mente.

“ -Você não pode falar assim comigo, eu sou sua mãe.

–É por isso você acha que pode me obrigar?

–Você tem um nome a zelar, eu só estou pensando no seu futuro. Coisa que você não vai ter se continuar com essa ideia absurda de praticar...luta livre.

–Eu já disse mãe, quem tem que decidir o que vai ser da minha vida sou eu.

–Acontece que eu não vou permitir que você estrague o seu futuro com uma tolice dessas.

–Pra mim chega, a gente não vai chegar a lugar nenhum. – virou-se indo em direção a porta.

–Vitor, volte aqui, eu ainda estou falando com você.

Saiu batendo a porta do escritório onde estavam. ”

O celular tocou despertando-o de suas lembranças.

–Alô.

E aí Vitor, será que dava pra você passar aqui hoje? A minha moto ainda está na oficina...

–Tá bom.

–Falô, até mais tarde então!

Desligou o telefone e seguiu para o ginásio, esse era o único lugar ultimamente que tinha um pouco de sossego, apesar de ter sido esse o motivo das brigas e discussões com a mãe. Marta não aceitava as escolhas que os filhos haviam feito para suas vidas. Já tinha desistido do filho mais velho, sabia do desejo do marido em ter o primogênito na empresa da família, mas ela sempre soube que dos dois, Vitor era o que teria mais competência para dar continuidade aos negócios da família.

Esperança que fora desfeita quando ele disse que assim como o irmão, não tinha interesse em assumir a empresa do pai. E foi pior ainda quando revelou que assim que terminasse a faculdade iria tentar carreira como lutador de MMA. Até tinha talento, mas, no fundo fazia isso só para contrariar a mãe, o que queria mesmo era pegar o dinheiro e ir embora de uma vez.

...

Durante o treino, Vitor tentou manter-se focado e concentrado.

À noite, passou em casa apenas para tomar um banho. Seguiu para a casa do amigo e foram para a faculdade.

Ao chegar, saltaram do carro. Vitor até escutava, mas não prestava mais atenção em Paulo que havia falado durante todo trajeto. Entram pelo portão indo em direção as escadas.

–Então, eu falei com a Carla, mas ela nem quis ouvir... – percebeu que o amigo parecia estar em outro lugar. – ...e parece que você também não tá querendo me ouvir. – fez sinal para chamar-lhe atenção.

–Foi mau. O que você estava falando?

–Deixa pra lá... Mas eu estava pensando...

–Você sabe que eu não gosto quando você “pensa”.

–Vou deixar essa passar, e vamos entrar antes que a gente se atrase.

Paulo sempre agia assim quando o amigo estava mais sério do que de costume. E ambos achavam que essa diferença na personalidade dos dois, servia para equilibrar a amizade deles.

...

Estavam jantando na mansão Navarro, quando uma moça loira adentrou na sala. Tinha cabelos médios e ondulados com uma franja lateral, possuía um sorriso simpático e um corpo de modelo.

–Boa noite pra vocês!

–Nossa, pensei que nem fosse ver minha esposa hoje. – levantou-se e foi ao encontro dela.

–Boa noite Emily! – apenas o sogro a cumprimentou.

–Sobe lá, toma um banho, ainda dá tempo de você jantar com a gente.

–Tá bom amor. – deu um beijo no marido e subiu.

...

Na hora do intervalo, Paulo percebeu que o amigo estava ainda mais ausente e ficou curioso para saber o motivo.

–Então, é impressão minha ou você está procurando alguém?

–O que? – ficou um pouco surpreso com a pergunta.

–Porque é o que parece cara.

–Não é isso,...

Um pouco indiferente, mas Vitor contou ao amigo sobre a moça e a tia que estava no hospital.

...

Depois do jantar o casal subiu para o quarto.

–Eu estava com saudades sabia? – beijou a esposa que pareceu não estar muito receptiva. – Oque foi minha linda?

–Ah, você sabe que eu não sou de reclamar, mas hoje... – soltou um longo bocejo enquanto se deitava na cama.

–Eu já falei pra você que não precisa trabalhar mas...

–Ah não Vinícius, por favor, não vamos falar disso. Vem, deita aqui comigo que eu também estava com saudades de você.

Emily era uma pessoa simples e de bom coração. Fazia pouco mais de um ano que tinha aberto sua loja de roupas, uma boutique muito frequentada. Loja esta bancada pelo marido que gastou o que foi e não foi preciso para realizar o sonho da amada.

...

Estavam conversando com alguns amigos, quando Vitor avistou, de relance, uma moça passar por eles. Prestou mais atenção nela e a reconheceu, era Amanda.

Na hora, quis ir até lá e falar com ela para saber se estava tudo bem com ela e a tia. E, vendo que os amigos estavam entretidos com o assunto que conversavam, saiu sem ser percebido.

Ela foi em direção ao corredor, parecia que estava indo de volta para sua sala. Quando ele estava prestes a alcança-la, o telefone dela tocou.

–Alô?... – ele parou.

–Oi Camila!...

–Sim, ela já saiu do hospital.

Vitor ficou a uma distância segura sem que ela o percebesse.

–Na verdade Camila, ela vai ter que fazer uma cirurgia, tem que comprar remédios para o tratamento e eu não sei o que fazer...

–Eu sei amiga...

–Olha só, eu posso te ligar mais tarde?...

–Tá bom, thau!

Seguiu para a sala e Vitor desistiu de ir atrás dela. Ficou ali pensando no que tinha no que tinha ouvido e uma ideia lhe passou pela cabeça.

–Sonhando acordado cara? – Paulo chegou brincalhão como sempre, e como sempre sendo ignorado pelo amigo.

Mas desta vez, Vitor queria um tempo pra pensar melhor na ideia que, a princípio, achou absurda, mas, no final, talvez desse certo.

Foi pra casa naquela noite ainda com aquela ideia na cabeça e demorou a pegar no sono por conta disso.


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Notas finais do capítulo

Achei essa ideia um pouco clichê, mas vamos ver se vai dar certo ou não... Tenho que confessar que estou meio em dúvida.

Por hoje, é isso. Por favor, comentem :)