Heirs escrita por Jajabarnes


Capítulo 7
Ficarmos juntos, só nós cinco.


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/327074/chapter/7

Alysson.

–O que vamos fazer no metrô? - perguntou Lavínia, correndo com Lorena para alcançar-nos. Paramos na calçada, esperando o sinal para atravessarmos. Juh rolou os olhos.

–Eu já falei, precisamos de dinheiro. - atravessamos a rua.

–Margaret não vai gostar de saber que saímos sem autorização. - observou Lorena.

–Por isso ninguém vai abrir a boca e temos a cobertura dos que ficaram no orfanato. - explicou Rick.

–Ah... - exprimiram as duas.

–Vocês sabem cantar? - perguntou Juh. Encontramos um ponto bem movimentado na estação do metrô, Rick sentou no banco, pegando o violão. Sentei ao lado dele segurando meu pote de cerâmica preferido.

–Cantar? Sim... Mais ou menos... - respondeu Lorena.

–Ótimo. Uma das duas me acompanha e depois trocamos. Rick, vamos começar com...

–Espera aí – Lorena interrompeu. - Como é?

Juh rolou os olhos e vi a hora de intervir.

–Precisamos de dinheiro, Lorena. - balancei o pote de cerâmica. Ela fez cara de entendida.

–Mas não seria mais fácil pedir à Margaret? - sugeriu Lavínia.

–Como se ela fosse dar. - riu Rick.

–Ok, vamos lá. - Juh chamou.

Juh começou a cantar acompanhada de Lorena, que a princípio ficou meio perdida, e eu fiquei séculos olhando-as cantar, sentindo a música, até que minha atenção, sem motivo, voltou-se para as duas pessoas sentadas ao meu lado. Rick dedilhava o violão concentrado, mas ao lado dele encontrei uma Lavínia descarada. Ela olhava-o embasbacada. Como se ele fosse feito de ouro. Rick pareceu não ter percebido nem que ela deslizou pelo banco, para mais perto dele.

Olhei para meu pote e surgiram ali dentro moedas e algumas notas, mas não tirou minha atenção de Lavínia. Ela olhava fixamente para Rick, mordendo o lábio inferior. Parecia percorrer cada traço dele com os olhos. Em outras circunstâncias eu guardaria para mim e usaria como arma para provocá-lo mais tarde, entretanto algo no fundo de meu inconsciente apitou. Aquilo estava muito estranho e aproveitei quando Juh e Lorena terminaram mais uma música para dizer a hora de trocar. Entreguei o pote à Juh e chamei Lavínia para me acompanhar. Ela pareceu irritada por eu ter interrompido sua avaliação, lançando-me um olhar nada amigável que ninguém mais percebeu. Quando começamos a cantar dei uma rápida olhada por cima do ombro, para Lorena, e para meu alívio ela olhava para a irmã, sorrindo de leve, embalada pela música.

O resto da manhã seguiu assim, trocávamos de lugar para cantar e eu sempre dava um jeito de só deixar Lavínia sentada com Rick se eu também fosse sentar, para ficar de olho nela, ou melhor, entre eles. Quase na hora do almoço fizemos uma pausa e contamos o dinheiro. Aquela manhã rendera e não precisaríamos ficar para a tarde. Já estávamos de saída quando Jazz apareceu do nada.

–Oi, gente. - ela tinha Mary nos braços, uma pequena bolsa de alça comprida pendurada em um dos ombros e uma sacola de papel pendurada no braço. Parou ao meu lado.

–Hey, Jazz. - Rick sorriu ao lado de Lavínia, colocando o violão nas costas dentro da capa preta.

–Oi. - respondemos Lorena, Lavínia e eu, mas em tons diferentes.

–O que está fazendo aqui? - perguntou Juh, passando a mão nos cabelos de Mary.

–Mary estava febril, fui levá-la ao pronto-socorro.

–Febril? - saltei para mais perto pondo a mão na testa da pequena Mary, ela sorriu ao me ver.

–Estava, mas já foi medicada e a temperatura baixou. - explicou. - Ah! E eu trouxe o almoço de vocês. - tirou a sacola de papel do braço e estendeu-a para Juh.

–Obrigada, Jazz, mas não será preciso. - disse Rick.

–É, já estávamos voltando. - completou Lavínia.

–Já? Tão rápido? - admirou-se Jazz.

–Sim.- Rick sorriu orgulhoso.

–Nossa, então vocês fizeram um show aqui e nem nos chamaram, né? - brincou.

–Eu também fiquei surpresa. - disse Lorena. - Eles fizeram o maior suspense quando viemos para cá, já estava ficando com medo. Jamais imaginaria que era para cantar.

Paramos para olhá-la. Jazz e eu trocamos um olhar.

–Por que? - perguntou Juh, mais séria. - O que você pensou?

–Ah, bem, achei que vocês faziam outra coisa para ganhar dinheiro. - falou como se fosse a coisa mais natural do mundo para nós.

–Segura a Mary! - Jazz me passou a pequena num susto e avançou na direção de Lorena agarrando-a pela gola da blusa e puxando-a para perto de si. - Diga com todas as letras que você não insinuou o que eu pensei.

–Hey, hey! - Rick foi separar as duas, ou melhor, fazer a Jazz largar a Lorena. - Calma, Jazz. - falou tranquilamente. -Tenho certeza que a Lorena não quis dizer isso, não é?

Todos olhamos para a loura, esperando para ouvir. Ela levou alguns segundos.

–Claro... - sorriu amarelo.

Ajeitei Mary em meus braços. Rick sorriu tranquilo para Jazz. Juh pendurou a bolsa no ombro.

–Claro. - debochou Jazz. Juh se aproximou da irmã e passou a mão nos cabelos dela, murmurando: “amiga, amiga...”

Lorena já tinha tomado a dianteira, seguida de Lavínia e Rick, em seguida por mim com Mary nos braços. Jazz ainda resmungava atrás de nós e Juh continuava dizendo coisas como “relaxa”, “eu sei”, “calma, calma, amiga”.

[…]

Mais tarde naquele mesmo dia, caía uma chuva torrencial. Os pequenos aproveitaram o clima para tirar uma soneca dando ao lugar um momento de paz e silêncio. Não faço ideia de onde os quatro estejam. Deixei Mary no quarto com as outras meninas e fui tomar um banho, ao sair cheguei no quarto que dividia com minhas primas. Jazz dormia no colo da irmã que estava com as costas apoiadas nos travesseiros. Juh sorriu pra mim, com uma das mãos afagava os cabelos de sua gêmea e a outra brincava com seu colar, com a medalhinha dourada.

–Ela está mais calma? - perguntei baixo, escovando os cabelos.

–Ela sempre fica mais calma quando dorme. - Juh riu.

–E você?

Ela deu de ombros.

–Tô de boa.

–Vi que você estava brincando com o pingente. - acusei docemente. - Sei muito bem como você fica quando está fazendo isso.

Juh não teve tempo de responder, ouvimos uma batida na porta e logo Richard e Léo entraram. Aquele era um dos momentos que aproveitávamos para ficarmos juntos, só nós cinco, e conversar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Este foi um daqueles capítulos necessários, a história está prestes a realmente embarcar na aventura!
Não esqueçam dos reviews!
Beijokas!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Heirs" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.