Luar De Prata escrita por All Black


Capítulo 6
Possessão


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo se passa concomitante ao anterior. Enquanto o outro, ESPERANÇA, aborda a caçada do recrutas, este, Possessão, trata do que acontecia dentro das muralhas da CBL na noite da caçada.
Espero que gostem!
Boa leitura!



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Os aspirantes a caçadores tinham saído há pouco. A noite já caíra fazia tempo, mesmo sendo pouco mais de seis horas da tarde. Eddard estava sentado em sua enorme mesa, no gabinete e John, que ofegante estava, ia entrando com Catherine guiada pelo braço.

– Encontrei a garota, senhor.

– Olá, Cat! – Eddard saudou-a, mas não deixou de notar que a transformação não havia ocorrido mesmo depois de a lua tomar conta do céu – Amanhã será interrogada sobre o acontecimento da noite passada. Hoje será sedada e passará a noite em meus aposentos, sob minha vigília – os olhos de Catherine Page brilhavam, e de repente mudaram de cor, de negros para um vermelho sangue, no entanto, nem Eddard nem John notaram.

– Quero que morra, seu infeliz – Catherine falou com uma voz anormal, que não pertencia a ela. Uma voz grave e rouca. – Eu vou destruir pessoalmente tudo o que você mais ama. A CBL, seus amigos e também destruirei Catherine – e finalizou soltando uma gargalhada diabólica. Cat caiu, desmaiada.

– Leve-a daqui. Quero que seja colocada outra cama no meu quarto e que ela seja acomodada lá. Cuide você mesmo disso.

– Certo. Com sua licença, senhor. – John saiu e consigo levou a cativa.

Eddard ficou espantado quando ouviu aquelas palavras vindas da boca de Catherine, mas não transpareceu a seu subordinado. Era bastante anormal que aquilo acontecesse. A voz, ele tinha certeza que não era da mulher, mas saíram pela boca da própria. Nunca tinha visto nada parecido.

O comandante da CBL saiu do seu gabinete tempos depois, indo para o quarto. Catherine estava dormindo pesadamente numa cama de casal ao lado da dele, fitou-a por um instante e deitou-se na sua cama, mas o sono não veio. Ficava virando de um lado para o outro enquanto deitado. Por fim, pegou um livro, A Guerra dos Tronos e começou a ler. Foi assim até certas horas da noite.

Eddard Brave estava distraído lendo o livro, com todas as personagens medievais, reis, rainhas, cavaleiros e tudo o que uma boa história medieval tem direito, e não percebeu o sumiço de Catherine.

A jovem Cat estava novamente possuída, e revirava silenciosamente o guarda-roupa do caçador, que ficava em outro ambiente do quarto. Em um fundo falso encontrou uma arma, um fuzil M16 automático. Catherine, ou seja, o que quer que a controlasse saiu do closet e retornou à principal do quarto.

– Olá, Eddard Brave! – a mesma voz que anteriormente a mulher havia falado, grave e rouca.

– O... quê...? – As palavras não saíram quando Eddard levantou a cabeça e se deu conta que a jovem de cabelos negros segurava um fuzil. Assustou-se.

– Você sabe quem sou eu? – não esperou por resposta – por anos a Confederação Bala de Prata matou meus pupilos, meus tão amados servos, mas não mais. Colocarei um fim nisso.

Uma longa pausa se fez, e depois aquele que estava em Catherine voltou a falar.

– Se me conhecesse saberia que o seu funesto pai quase me matou uma vez. Desde então, vivo uma vida miserável – Eddard nada falou – Mas por ironia do destino, o velho Matt Brave foi acertar as contas com o demônio primeiro que eu. Se o maldito tivesse aceitado a minha oferta, estaria por aí, na liberdade da noite.

– Que oferta? – o comandante finalmente desenrolou.

– Ah! Ele nunca te contou? – a voz ficava cada vez mais pesada.

– Não – Eddard confidenciou.

– Esqueça isso. O que importa é que vingarei está cicatriz aqui – falou apontando para o peito, mas acabou por esquecer que não estava no próprio corpo. Apontou o fuzil para Eddard – Este é o fim dos Brave. Quer falar al... – a voz mudou, era Cat – Fuja, senhor, fuja! – por alguns instantes, Catherine lutava pelo controle de suas ações.

Eddard entendeu e correu para a porta. Atrás dele, o fuzil disparava sem direção, acertando portas, móveis, paredes, os livros. Um dos projéteis passou a centímetros do braço do comandante. Este trespassou a porta e trancou-a por fora.

Seria suficiente para conter a criatura lá dentro. A porta era uma enorme estrutura de mogno maciço de dez centímetros de espessura, toda entalhada.

O corredor ao qual dava a porta do quarto do comandante estava escuro e deserto. As luzes apagadas era uma medida para poupar energia, e também, no enorme prédio da CBL era difícil cruzar alguém nos corredores, principalmente à noite.

Ao longe, pode distinguir o tiro de uma magnum sniper. No corredor, correu para o elevador mais próximo. Subiu para o andar de cima, onde ficava a maioria dos quartos ocupados, dentre eles, o de Richard. Bateu na porta dele.

Enquanto esperava pelo subordinado, um pensamento veio em sua cabeça. Como Catherine conseguui levantar se o corpo estava sedado? A única resposta que pensou foi que John havia descumprido suas ordens. Richard saiu do quarto meio atordoado, mas sem deixar o sorriso de lado, ele sempre estava sorrindo.

– Sim, o que quer Edd?

– Senhor – corrigiu o comandante – enquanto eu ostentar esse broche – mostrou a jóia de prata que tinha desenhado um lobo com uma flecha incrustada de diamantes na garganta e envolto por um circulo também de prata – sou seu comandante e exijo respeito.

– Um descuido, senhor.

– Preciso da sua ajuda. Se vista, pegue uma arma com dardos tranqüilizante e espere-me na porta do meu dormitório.

– Estarei lá em meia hora.

O comandante assentiu com a cabeça e retornou ao elevador. Dessa vez, desceu para o térreo, o enorme térreo. Enquanto descia, Eddard encostou a cabeça em uma das paredes do elevador, e por um instante ele voltara a ser um garoto de dez anos que corria atrás do pai em uma clareira no meio da floresta. O pai de Eddard, Matt, caçava um animal qualquer que fosse, e o seu primogênito insistia em ele próprio atingir com a arma o animal. Talvez tenha sido um dos momentos mais felizes da vida do ‘perfeito’ Eddard Brave, o comandante da CBL, o homem frio e calculista, um prodígio quando se falava de liderança. Naquele momento era só uma criança, na usufruindo de toda a inocência que a idade permitia. Voltou à realidade quando o elevador alcançou o fim da linha programada. Foi na seção de armas, pegou uma espada qualquer e subiu de volta ao quarto.

Quando voltou, Richard já estava aguardando ao pé da porta.

– Senhor, o que aconteceu?

– Catherine. Está possuída por alguma coisa. Temos que sedá-la.

– Certo!

– Se prepare para qualquer coisa quando eu abrir a porta. No três. Um... Dois... Três – Richard posicionou-se atrás de Eddard com a arma mirada e atento a qualquer movimento além da entrada. Edd estava com a espada empunhada.

Nada aconteceu. O quarto encontrava-se completamente vazia e tudo estava do mesmo jeito... Exceto a janela, sim a janela que estava escancarada, com o vento invadindo o lugar e balançando as cortinas.

– Vamos revistar o quarto inteiro. Caso ela tenha fugido pela janela e sobrevivido, não vai longe. – disse Eddard.

Reviraram todo o dormitório. Embaixo das camas, no closet, banheiro e o resto. Nenhum sinal de Cat ou da arma que estava em posse. Por fim, o comandante dispensou Richard, despiu-se das vestes negras e enrolou-se nos lençóis. Dormiu.

Sonhou novamente com o momento em que corria atrás do pai no meio da floresta. Eddard tinha-o como um herói e o que tinha ouvido daquela voz, fez com que ele se recordasse o momento. Era um dos poucos que ele se lembrava.

Esse sonho mudou. Eddard Brave sonhava com o dia em que soube da morte do pai. Uns caras fortes, que portavam armas, bateram na porta da casa dele e disseram que o pai havia sido encontrado mutilado na floresta dos lobos, a norte da cidade. O menino não deixou de perceber que não eram da polícia, mas a notícia o impediu de questioná-los. O sonho foi interrompido pelo som das buzinas no portão. Eddard acordou e percebeu que já era dia. Os novos caçadores estavam chegando.


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Notas finais do capítulo

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