Luar De Prata escrita por All Black


Capítulo 5
Esperança


Notas iniciais do capítulo

Estou fazendo o melhor possível. Espero que aprovem o meu trabalho.
Boa leitura!



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– Bom dia, senhor comandante. – John veio ao encontro de Eddard.

– Não tão bom assim.

– Estão aqui todos os que conseguimos encontrar. Um total de treze jovens.

– Falarei com eles agora – finalizou o diálogo.

O aglomerado de adolescentes estava posicionando na frente de Eddard Brave, e tinham ao lado esquerdo os carros, ao direito, o elevador e atrás, as armas. Os trezes pareciam mais um bando de bebês, uma roendo a unha, outra assoprando o cabelo que caia por sobre os olhos, e um mais imbecil ainda, que tentava tocar o cotovelo com a língua. Irão todos morrer hoje à noite, pensava Eddard.

– Saudações, caros jovens. Sou Eddard Brave, comandante da Confederação Bala de Prata – ele se apresentou mais por formalidade que necessidade – sejam bem-vindos ao grupo de confederados. Como já devem ter percebido, ali estão as armas – apontou ele para sua frente e em direção aos recrutas – Escolham uma arma de fogo, e duas armas de combate. Após isso, escolham qualquer um dos carros aqui estacionados – Eddard fez uma pausa – Sabem atirar? – perguntou ele. Ninguém respondeu – À noite sairão para a caçada. Esse será o teste de vocês e os que retornarem vivos serão Caçadores de Lobisomens. Dispensados.

Eddard não pôde deixar de notar Melody Arrow junto ao grupo. A garota nem piscou enquanto ele falava. Quando foram escolher as armas, ela novamente chamou a atenção do caçador, enquanto que todos corriam para pegar armas pesadas como rifles snipers, metralhadoras e espingardas, a garota escolheu uma pistola, o mesmo modelo que havia usado no dia que foi resgatada por Richard, a desert eagle.

– Foi a minha escolha também quando ingressei na confederação, sabia? – Melody foi abordada pelo comandante.

– Potência sem deixar de lado a precisão, senhor.

– Todos os novos recrutas escolhem armas pesadas. Uns escolhem rifles snipers, mas e se a ameaça estiver muito próxima ou se movimentando demais? Outros prezam pelas escopetas. Eu recomendo desde que esteja munido de uma arma com precisão à distância. – Eddard deu as costas a ela e indo em direção a seção das espingardas, pegou uma, calibre doze e entregou-a para Mel – Leve esta também, sei que andou dando alguns headshots com uma similar, e mais, eu realmente quero que volte.

– Agradecida – soltou a garota – agora se me der licença, tenho i30 para pegar ali no estacionamento.

– Boa escolha, vá.

Antes de retornar ao quarto, Eddard instruiu John a levar os jovens para fora do prédio e dar-lhes alguns alvos para atirarem.

No quarto, despiu-se e tomou um banho quente. A noite tinha sido cansativa, mas o caçador não podia descansar, não agora. Saiu do banheiro nu e jogou-se na cama. Depois de um pequeno intervalo de tempo, Eddard vestiu uma roupa preta, como de costume, calçou as meias e botas e saiu. Catherine o aguardava. Saiu do aposento e pegou o corredor, para depois, o elevador.

Enquanto Eddard Brave caminhava, pensava em como a jovem Melody lembrava a ele mesmo poucos anos antes. Uma garota à primeira vista, delicada e mimada, mas que por dentro, era um serial killer, fria e corajosa.

Quando chegou à porta do elevador, apertou o botão para que este viesse várias vezes. Em vão, o elevador não respondia ao comando. Só restavam as escadas. Uma subida longa, que por vezes, o comandante havia feito com desenvoltura. Passou pelo terceiro andar, quarto, quinto. Continuou subindo até que uma mancha no chão despertou a sua curiosidade.

A mancha era apenas uma gota de alguma coisa que devia ter sido derramada ali, foi o que Eddard pensou quando olhou pela primeira vez, mas depois notou uma série delas nos degraus superiores e descobriu, era sangue. Levantou a cabeça e começou a subir os degraus mais rápido que antes, logo esses passos já eram trotes e depois ele já estava correndo aceleradamente pelos degraus acima. Quando chegou ao último andar, onde Catherine passou a noite presa, avistou a uma das celas aberta.

Eddard entrou na alcova e lá, o corpo de um homem estava inerte no chão, sobre uma poça de sangue. Era o Polegar, um dos atalaias que designou para guardar Catherine em segurança. Com a experiência de Eddard, ele podia afirmar que a morte foi ocasionada por arma cortante, mas seria um prato cheio para acusarem Catherine. Depois disso, revistou todo o andar em busca de Robert ou o possível autor de tal ato. Ele tentou de novo o elevador, que enfim funcionou e foi direto para o andar o primeiro piso, onde estavam os novos confederados.

– Parem tudo o que estiverem fazendo e escutem-me – ordenou Eddard, enquanto saía do elevador – Ocorreu um incidente com um homem há algumas horas atrás e uma cativa está desaparecida dentro do prédio. Quero que procurem por ela, agora.

– Sim senhor – responderam em uníssono.

– Tragam-na até mim. Estarei no meu escritório – Enquanto Comandante Brave terminava de falar, todos os ouvintes já começavam a dispersar para todos os lados – Caso não logrem êxito até as dezesseis horas, retornem para cá.

As horas se passaram rapidamente. Nenhum dos buscadores conseguiu encontrar a jovem mulher e o relógio já marcava quase quatro horas. Eddard e Richard aguardavam ao retorno de todos para passar as últimas instruções da caçada. Melody foi a última a chegar, chegou até depois de Christian Jackson, que tinha fama de atrasado.

Dessa vez, foi Richard quem falou:

– Todos aqui? – os recrutados assentiram com a cabeça – Minha única advertência é que tenham cuidado com mordidas ou arranhões feitos pelos lobisomens, pois é isso que transforma as pessoas nessas aberrações – Eddard observava enquanto o companheiro falava – Peguem seus carros e dirijam-se para o portão na muralha oeste. Retornem ao alvorecer. Dispensados.

Peter Johnson arrancou em um Cadilac Escalade. Eleanor Donald saiu comportadamente dirigindo um Ford Focus, Melody em seu Hyundai i30, e os outros em carro similares. Despontaram todos em fila única, já que o portão e o túnel eram estreitos.

Eram pouco mais de quatro horas, mas a lua já vinha aparecendo. O prata tomou conta da escuridão. Enquanto a lua inundava as trevas com um intenso brilho da fase cheia, os jovens caçadores partiam para inúmeras direções. Era melhor assim, um grupo grande atrairia muitas atenções e o risco seria maior.

Melody decidiu ir à sua antiga casa, relembrar tempos de calmaria na pacata cidade. O caminho estava do mesmo jeito que no dia em que ela e o seu pai fugiram da implacável fúria dos lobisomens. Acessou a Rua dos Lírios e depois na Rua Cel. David Mulliger, chegando enfim, na sua antiga residência. Não se atreveu a descer do carro. Sorte dela.

Atraído seja pelo barulho, seja pelo cheiro, um lobisomem vinha na direção de Mel em passos acelerados. Esse era dos grandes. Com as quatro patas no chão, tinha por volta de um metro e meio de altura, os olhos, vermelhos, a boca, enorme. O lobisomem pulou em cima do carro assustando a garota, que até o dado momento, não tinha notado a aproximação.

– Meu carro, maldito! – rugiu Melody enquanto saia bruscamente com o carro na direção inversa. O lobisomem caiu em pé na frente do veículo com o farol deixando-o parcialmente sem visão. A última coisa que o lobo viu foi o pára-choque do carro o atingido em cheio. Melody Arrow desceu do carro com sua escopeta na mão rumando para onde estava o animal inconsciente. Um disparo fatal na cabeça, estilhaçando o crânio.

Ao longe, ouvia disparos de inúmeras armas. Seus companheiros estavam em confronto. Mas antes que pudesse pensar em ajudar os outros, mais dois lobisomens já vinham saindo de dentro de uma casa próxima à dela. Esses eram menores, talvez até crianças durante o dia. Correu de volta ao carro e pegou a Desert Eagle, e acertou em cheio em deles, e a novidade foi que o tiro acertou a cabeça. Podia ter findado a vida dos dois, podia. Puxou da bainha presa à cintura, uma espada curta de uma mão e partiu para o confronto direto.

Não sou tão boa com lâminas, quanto com armas de fogo, pensou Mel. Por mais que ela tentasse, o animal era mais rápido e esquivava de todos os golpes desferidos com a espada. Tentou o estilo grego, desferindo golpes cortantes, tentou o romano, atacando com golpes perfurantes. Mas nada parecia surtir efeito. A situação piorou quando em uma investida do oponente sobre ela, assustou-se e deixou cair a espada.

Quando se anda de costas, é quase certo que irá cair, sempre ouço isso da minha mãe. Deviam ter dado um aviso prévio a Melody Arrow sobre isso. Após ficar desprovida da espada, o lobisomem começou a avançar sobre ela com mais audácia, e a mesma, a recuar de costas, parando só depois de cair sentada no chão ao tropeçar em um piso mais elevado. O lobisomem saltou sobre ela. A garota fechou os olhos. A besta já estava indo de encontro ao pescoço de da garota, quando uma lâmina prateada tirou-lhe fora a cabeça. Foi por um ápice.

– Levante-se, bela jovem.

– Quem é você? – Melody percebeu que não era nenhum dos que deixaram a CBL junto com ela.

– Por enquanto, sou aquele que te salvou.

– Bem, Aquele Que Te Salvou, estou agradecida – a garota falou sério.

– Não foi nada – o salvador respondeu sem dar importância no tom da garota, e foi saindo a pé pela escuridão – Espero vê-la novamente.

Foi o último som que Melody ouviu. Adentrou o carro, fechou a porta e cochilou contra a vontade própria.

O dia raiou e a luz inundou tudo à vista. O som de buzinas quebrava o silêncio. Era a comemoração dos que sobreviveram. Christian Jackson e Saarah Hummel seguiam em seus carros guiados por Melody Arrow. Os outros dez sucumbiram pela fúria da noite.

O estranho pairava na cabeça de Mel. Ela não pôde ver perfeitamente seu rosto, mais era um jovem de cabelos escuros e usava uma espada longa de duas mãos. Rapaz cordial, na podia negar, mas que a irritou por não revelar o nome. Ele teria suas razões, sim, claro que teria.

Os três que retornaram, Christian, Saarah e Melody foram recebidos com aclamação no portão oeste. Era estranho que tantos tenham perecido na noite anterior e ainda conseguissem arrancar aplausos das pessoas, mas Melody entendeu, eles eram a esperança. A perspectiva de sobrevivência.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor. Agradeço (: