Luar De Prata escrita por All Black


Capítulo 4
Melody Arrow


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo conta a história de Melody Arrow. Achei necessário já que ela será uma peça fundamental na trama.
Boa leitura!



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Cidade dos Lobos estava em pânico. A notícia de que pessoas estavam se tornando lobisomens na noite de lua cheia alvoroçou a população.

As ruas estavam apinhadas de gente. Todos querendo deixar a cidade tão logo possível. Ricos, pobres, brancos, negros, crianças e adultos corriam para lá e para cá. No meio da multidão estava Brian Arrow, um médico de trinta e cinco anos, altura mediana, esbelto e de cabelos castanhos, olhos da mesma cor tentava chegar a sua casa, pegar a filha e seguir o mesmo caminho que todos.

Com a evasão das pessoas, conseqüentemente a falta de servidores, serviços como policiamento, corpo de bombeiros, hospitais estavam todos parados. Assaltos ocorriam a cada minuto, eram residências, lojas, depósitos.

Encontrou a casa arrombada e vazia. Jarros quebrados, mesas e cadeiras reviradas, gavetas escancaradas, a TV foi levada bem como o computador e o aparelho de som. Correu para o quarto dele, abriu o guarda-roupa, puxou o fundo falso e nada encontrou. Sua espingarda já não estava mais lá. Sentou-se na cama, sentiu um sabor salino na boca e logo percebeu que lágrimas emergiam dos olhos.

Recompôs-se e desceu as escadas, passou pela sala de estar e saiu pela porta da frente. O amarelo do sol sumia, para mais tarde dar lugar ao prateado da lua cheia.

 Olhou para os dois lados, e na sua esquerda, alguns metros mais a frente notou um corpo humano caído. Correu para lá. Era um homem de não mais que trinta anos, um assaltante talvez, mas Brian não pode distinguir direito a face, que estava bastante avariada. Olhou bem o estrago e lembrou-se, só pode ser obra dela, a minha espingarda calibre doze.

 Escutou um tiro e correu pela larga calçada na direção do estridente ruído. Encontrou mais um homem abatido com um tiro na cabeça. Mais a frente, um vulto dobrava a esquina e sem nenhum receio, correu na mesma direção.

Era uma garota, cabelos longos castanhos bamboleavam enquanto corria com a escopeta na mão esquerda e logo o médico deduziu ser a filha.

– Melody, espere. Sou eu, seu pai.

A garota hesitou, parou, olhou para trás e no mesmo instante já estava correndo na direção oposta a que seguia anteriormente. Agarrou-se ao pai em um abraço apertado.

– Temos que sair daqui, pai – conseguiu dizer, ainda abraçada ao pai.

– Nós iremos. – acalentou Brian – Mas primeiro temos que encontrar um carro.

– Assassinaram a Sra. Marta antes de me atacarem, podemos pegar o carro dela.

– Não podemos mais esperar, a lua já está saindo e aqueles virão.

A casa da velha falecida ficava na mesma rua. Uma casa como as outras, com um andar superior, várias janelas de madeira velha e as paredes verde musgo. A garagem estava com a entrada escancarada e o carro estava lá com as chaves no contato. O modelo era bem antigo que nem sei dizer o nome, corado em azul celeste e bancos de couro branco.

Seguiram pela Rua Cel. David Mulliger e depois na Rua dos Lírios para depois pegar a auto-estrada que saía da cidade. Antes chegarem ao fim da Rua dos Lírios, foram barrados por um enorme engarrafamento. Os carros estavam lá, mais nenhum sinal de pessoas. Estava tudo tão calmo, tão monótono.

– Como aprendeu a atirar? – indagou Brian, quebrando o gelo.

– Eu não sabia. – confessou a garota – apenas mirei e puxei o gatilho.

– Tem precisão na pontaria, Mel. – ele falou rindo.

Melody desviou o olhar do pai para alguma coisa, talvez uma pessoa que se contorcia deitada no chão um pouco mais a frente, na calçada. O pai percebeu também. Além disso, ouvia-se um grasnar tímido, e depois, um uivo. Em um piscar de olhos não havia mais ninguém no chão. Melody saiu do carro com a escopeta na mão, deixando o pai sem opção, exceto a de descer também.

Caminharam até onde antes havia estado o suposto enfermiço. Nenhum sinal de sangue ou resquícios de avarias físicas. Encontraram apenas farrapos de tecido, repleto de pelos negros.

A partir daí o tempo parou. Um vulto negro pulou em cima de Brian rosnando. Melody gritava apavorada enquanto o pai lutava contra a fera. A jovem que a pouco arrancou a vida de dois homens com tiros na cabeça agora era um criancinha apavorada por uma criatura fantasticamente assustadora. A espingarda pesou na sua mão e lembrou-se que tinha uma chance. Respirou fundo e gritou.

Conseguiu atrair a atenção do lobisomem para ela. A besta tinha olhos vermelhos famintos e caminhava lentamente para sua presa, não havia a necessidade de correr, a presa estava lá, parada, sem esboçar nenhuma reação de fuga.

O lobisomem estava a cinco metros dela. A Mel Assassina voltou, pensou Melody Arrow, levantando a arma e mirando a cabeça daquele que a ameaçava. Disparou só uma vez, arrancando a cabeça do lobisomem. Ela correu para o pai.

Brian Arrow bateu a cabeça contra o chão e estava tonto. A filha ajudou-o a levantar. Ele ia caminhando apoiado na garota para o carro. Sentou-se no banco do passageiro e passou o cinto. Mel bateu a porta e fez a volta para entrar no assento do motorista.

Ela congelou. Corriam para ela uns oito, talvez dez lobisomens. Adentrou o carro, deu a partida, engatou a ré e disparou tentando manter a atenção tanto na direção quanto nos inimigos. Freou bruscamente, engatou a primeira e entrou por uma rua estreita que estava vazia. No retrovisor, os lobos continuavam a se aproximar. Seu pai já havia recuperado os sentidos, soltou o cinto, e num contorcionismo dentro do minúsculo veículo, assumiu o volante. Melody colocou a escopeta, já sem balas, no banco de trás e pegou uma desert eagle na cintura, sentou-se na janela do carro e começou a disparar. Um, dois, três tiros, todos na cabeça. A arma, ela havia tirado do último assaltante que matou e agora restava apenas um tiro.

Melody Arrow olhou para o pai de uma forma que ele entendeu a situação. Ela retornou a janela e mandou seu último projétil para o olho de um lobisomem, este ganiu e depois se estatelou no chão. Ainda sobravam seis quando uma luz veio de encontro a eles, era um carro. Um veículo vermelho sangue com uma arma de grosso calibre sobre o teto disparando inúmeras vezes. De início, pai e filha pensaram serem eles o alvo, mas perceberam que não restavam mais lobisomens em perseguição.

O carro vermelho parou e logo Brian, apaixonado por carros, notou ser um Hummer, veículo muito utilizado pelo exército americano, mas este era um modelo para comercialização, bem mais moderno e luxuoso. De lá desceu um homem sorridente com uma pistola na cintura e uma espada na mão.

– Não deveriam estar aqui. – o tom do estranho homem não era de repreensão. – Deviam ter deixado a cidade como todos os outros.

– É uma longa história. – falou ofegante Brian. – Eu sou Brian Arrow e esta é minha filha, Melody Arrow.

– Sou Richard Simon, da Confederação Bala de Prata. – Mas vamos deixar as conversas para depois, aqueles nos quais você atirou garota vão recuperar a consciência. Só projéteis de prata consegue pará-los. Entrem no meu carro e levo vocês para um lugar seguro.

– Vamos! – pai e filha disseram, aliviados.


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Notas finais do capítulo

Desert eagle - pistola semi-automática.
aqueles - referente aos lobisomens.