Infiltradas escrita por Matheus
Corríamos para o precipício, peguei a mão de Lyko para lhe dar confiança.
-Pula!- Eu gritei
Pulamos e eu senti o frio na barriga e o vento, a queda era maior do que eu imaginava. Com a dobra de água reduzi a força da nossa queda, ainda assim afundamos bastante, a água estava gelada. Quando emergi, virei-me para Lyko, mas ele não estava ali. Mergulhei novamente e o vi no fundo, desacordado e afundando na água escura. Com a dobra da água pude nadar mais rápido em sua direção e em seguida ergue-lo para a superfície. O céu estava escurecendo e estava começando a ventar, consequentemente as ondas aumentaram. Nadei com ele até a costa de pedra e o larguei em uma parte plana, logo na beira do mar, pois não tinha força para carrega-lo.
-Lyko...- Eu disse, pegando em seu rosto pálido e gelado.
Então comecei fazer os movimentos para salvar de afogamento, que aprendi na tribo da água, já que era mulher. Tirei a água dos seus pulmões e ele acordou, tossindo muito. Apoiou-se nos cotovelos e ficamos ali por um tempo. Subimos um pouco mais a encosta, até uma caverna para nos abrigarmos da chuva que começara. Deitei em um canto.
-Estou muito cansada... – Eu disse. – Se não fosse por você eu teria morrido naquele galpão. Obrigada.
Lyko não respondeu, estava sentado de costas para mim, olhando a chuva. Ele já havia trancado o sangramento do braço com um pedaço que tirou da sua roupa. Eu entendia o porquê de ele estar assim.
-Eu estou tentando entender oque está acontecendo. – Disse ele, com as mãos no rosto. – Você... Você dobra água!
Fiquei calada.
-Eles disseram que você era uma espiã da tribo da água! – Continuou ele.
-Eu não sou uma espiã!
-Então, oque você fazia na nação do fogo? Eu nem consigo imaginar que você na verdade é da tribo da água...
Ele queria e merecia uma explicação. Levantei-me e sentei a sua frente, de costas para a entrada caverna. Atrás de mim chovia e ventava, fazendo meu cabelo balançar. Olhei nos seus olhos e comecei a falar.
-Lyko, eu e a minha mãe somos da tribo da água do norte. Nós viemos para a nação do fogo em busca de uma vida melhor. Eu nunca apoiei totalmente isso, mas como minha mãe me pressionou e acha que a nação do fogo vencerá a guerra...
-Tá, então “em busca de uma vida melhor” quer dizer se casar com um herdeiro de família rica! Se aproveitar do tradicionalismo e da ingenuidade da minha família!
-Eu desisti disso Lyko, eu fugi!
-Eu achei que te conhecesse, mas agora descubro que a pessoa pela qual me apaixonei é uma farsa! Eu confiei em você, e você me traiu!
Traído definia sua expressão facial e o tom de voz.
-Não, meus sentimentos em relação a você são verdadeiros, eu o amo!
-E como eu vou saber que agora você fala a verdade? Você veio até aqui, e ainda fala que foi forçada pela mãe, e agora a abandona numa casa da nação que está em guerra com a sua!
-Não, eu combinei de me encontrar com ela na cidade da fonte do fogo, eu deixei uma carta.
-Você tinha mais esse segredo? Oque mais você esconde de mim?
-O... meu nome na verdade é Kayla.
Escorriam lágrimas dos meus olhos.
-Ah, é claro! – Ele levantou – Alguém da tribo da água não se chamaria “Zilá”! Eu confiei em você! Mas agora descubro que você é uma mentira! Que tentou roubar a minha família! Adeus Kayla, ou seja lá qual seja seu nome real....
Ele saiu para a chuva que havia se tornado mais forte, ventava muito e as ondas estavam muito altas. Na entrada da caverna eu chorava e gritava o nome dele, na esperança que voltasse.
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