Infiltradas escrita por Matheus


Capítulo 6
Lyko




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Eu acordei de um longo sono. Apesar de não ter dormido na barraca a noite foi agradável. Lembrei-me do beijo, eu estava, definitivamente, apaixonado pela Zilá. “Onde está ela?” eu pensei. Olhei na barraca, lá não estava, e nem nas redondezas onde meu olhar alcançava. Eu estava com fome, então me lembrei da vila onde se vendia comida, talvez Zilá tivesse ido pra lá... Procurei minha bússola e meu mapa e não os achei, ela devia ter os levado. Como conhecia a região o suficiente, parti em direção à vila.

Chegando à vila percebi a imensa nuvem de fumaça que se erguia e ouvi a voz de Zilá:

-LYKO, SOCORRO! LYKO!

Rapidamente entendi oque estava acontecendo, corri o mais rápido que pude. Na frente do que parecia ser um galpão estava uma multidão de selvagens que gritavam para que o fogo se alastrasse. Não era um acidente, eles que atearam fogo, mas por quê? Fui para a parte de trás, onde ainda não havia fogo, o povo não me viu. Zilá continuava gritando e vi-a por uma grande fresta.

-Zilá! – Gritei pela fresta.

Ela se virou para mim e correu até a parede. Sua expressão era totalmente desesperada.

-Lyko!

-Tem algo que de pra quebrar a parede aí dentro?

-Não, - disse ela olhando para os lados. – Tá escuro, com fumaça... Não da pra ver nada!

-Tenta achar, qualquer coisa!

Olhei ao redor, não havia nada útil, então comecei a chutar a parede com toda a força. Percebi que Zilá, tendo desistido de procurar, fazia o mesmo.

-Ei, oque você está fazendo? –Disse um homem que aparecera. – Ela é um espiã, deve ser morta!

Ele tinha meia idade, era um lenhador, pois tinha em mãos um machado. Ele estava pronto para me impedir de salvá-la, não teria como discutir. Ela continuava batendo, sem muito efeito. Então eu tirei a espada, que por sorte trazia, e coloquei-a no seu pescoço. Senti quando a lâmina encostou-se em sua pele, ele ficou imóvel e assustado.

-Largue o machado! – Eu disse.

Ele jogou-o no chão, longe dele e então em abaixei a espada. Imediatamente ele saiu correndo para dentro do vilarejo. O fogo havia se alastrado e o galpão cuspia fumaça do teto. Os chutes de Zilá estavam mais fracos e ela tossia.

-Já vou te tirar daí, se afaste um pouco! – Eu disse, pegando o machado.

Bati o mais rápido e forte que pude, a madeira era velha, oque facilitou quebra-la. Pelo buraco aberto vi Zilá totalmente em meio a fogo e muita fumaça, tomada distancia da parede e esperando eu quebrar.

-Rápido! – Ela disse, entre tosses. Foi então que a vi desmaiar.

-Zilá! – Eu gritei e comecei a bater mais forte ainda.

Entrava o machado e na volta arrancava um pedaço com ele. Comecei a chutar entre uma machada e outra, até abrir um buraco grande o suficiente para eu entrar. Entrei e o local era extremamente quente e esfumaçado, corri para perto de Zilá. Peguei no rosto dela, ainda respirava, peguei-a no colo. Então tudo começou a desabar, a começar pela parte da frente, onde o fogo havia queimado totalmente. Corri para o buraco e logo após sairmos, toda a parede de trás já estava em chamas. Larguei-a no chão, ela tossia assim como eu, e então semiabriu os olhos. 

-Lyko – ela falava muito baixo.

-Ela fugiu... –Disse uma senhora, em meio a fumaça.

-Precisamos fugir – Disse Zilá, levantando cambaleante.

Pude ver mais silhuetas na fumaça, dos aldeões que apareciam.

-Você consegue correr? – Eu perguntei, pegando na sua mão.

Sim, vamos!- Respondeu ela.

Ela me puxou para o arvoredo ao lado e corremos sem olhar para trás. Vários aldeões nos perseguiam e gritavam avisando uns aos outros que ela havia fugido. Corríamos entre árvores altas, pulando de troncos caídos e pedregulhos.

-Quem ajuda um inimigo da nação, passar a ser inimigo da nação! – Um dos perseguidores gritou.

Logo em seguida uma pedra foi jogada em nossa direção, tendo por pouco não me acertado. Zilá ofegava, os aldeões gritavam. Entre os gritos ouvi o nome Kozu, que parecia ter chegado, foi então que bolas de fogo foram disparadas em nossa direção. Uma delas atingiu um galho de uma árvore que caiu na nossa frente, Zilá soltou um grito de susto. Por um segundo eu olhei para trás, o homem que atirava bolas de fogo, Kozu, era grande, careca, mas com uma trança na cabeça. Trazia diversão e maldade nos olhos, estava sem camisa e era um dos que estavam mais á frente, sendo os mais atrasados, mais idosos. Desviamos o galho em chamas e continuamos correndo, mas nos atrasamos e eles ficaram mais perto de nós, as pedras, galhos e as bolas de fogo continuavam.

Chegamos perto de um rio com forte correnteza e uma ponte precária, feita de árvores derrubadas. Olhei para trás, eles estavam muito perto, olhei para frente, Zilá já estava na ponte, eu a segui. Na metade da travessia eu pisei em falso, e se não fosse pela Zilá ter segurado meu braço eu teria me desequilibrado e caído no rio. Tento atravessados a ponte, Zilá, fazendo movimentos para cima com os braços ergueu uma onda que derruba os perseguidores que atravessavam a ponte, eles gritaram de raiva. Nós continuamos correndo, a julgar pelas bolas de fogo que haviam parado, Kuzu foi um dos que caíram no rio. Continuada a perseguição, eu tropecei em uma raíz.

-Lyko, vamos – Dize Zilá pegando na minha mão e me ajudando a levantar.

Enquanto levantava eu fui atingido no braço com uma pedra, sem dar atenção continuei correndo, mas notei que sangrava. A floresta em breve acabava e eu podia ver a luminosidade forte da parte de fora onde não havia o impedimento das árvores. Quando saímos, ao me acostumar com a luz, vi que corríamos para um precipício, no horizonte, o mar. Olhei para Zilá.

-Continua! – Ela me disse em resposta

-OQUE?

-PULA!

Ela pegou na minha mão, correndo, e ao chegar ao precipício pulou, eu fiz mesmo.


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