POV Rose

Ao longe eu podia ouvi-lo chamar. Uma voz agoniada, dolorosa de se ouvir. 

Scorpius. Eu queri voltar e dizer para ele o quanto eu o amava. Dizer que ele tinha que parar de chorar que tudo estava bem, mesmo que as dores em meu corpo dissessem o contrário.

Mas eu não conseguia. Era como tentar abrir caminho por uma camada de gelo. Eu batia na superfície e ela me mandava de volta para baixo.

Até que tudo passou. A dor parou, junto com o lamento do meu anjo. E então uma escada apareceu na minha frente, e eu comecei a subir. Quando terminei eu estava em uma sala branca, com muitas cadeiras de ferro ornamentadas e flores.

Tinha uma janela grande. E eu não estava sozinha.

Tinham muitas pessoas, pessoas que eu conhecia. Pessoas que estavam espalhadas pelas fotos na minha casa. Na casa dos meus tios. Em Hogwarts.

-Finalmente você chegou! Tudo bem com você querida?-uma mulher baixa e com cabelos acaju me perguntou. Reconheci Lily Potter, a mãe do tio Harry. Ela segurou as minhas mãos.

-Tudo bem Lils, deixe a menina respirar um pouco!-disse um homem muito lindo, de cabelos negros. Sirius Black.

-Mas que diabos está acontecendo aqui?-eu perguntei. E então eu me toquei -- Ah, eu morri- falei, com a voz meio embargada pelas lágrimas que queriam descer. Então a mulher me abraçou.

-Não minha querida, ainda não!-ela disse. Eu respirei.

-Então aonde é que eu to e ,sem ofensas, porque to rodeada de gente morta heim?-perguntei. Sirius sorriu e James Potter, pai do tio Harry também.

- A garota puxou a você mesmo heim James, igualzinha!-el exclamou. James riu.

-Isso não é ruim.

-Não disse que era.

-Tá legal, mas vocês podem por favor, me dizer aonde eu estou?-eu perguntei, com toda a doçura e educação que mamãe me ensinou. Tentei não pensar nisso. Pensar nela doía.

-Você está no limbo Weasley-respondeu um outro homem, tambpem de cabelos pretos, mas nem de longe tão bonito quanto Sirius. Tinha cabelos oleosos e nariz de gancho.

-Limbo? Que diabos é o limbo?-perguntei. 

-É um lugas reservado as pessoas que tem uma escolha, por algum motivo. No seu caso, pessoas que sofreram e morreram por amor- respondeu a mulher. 

-Sério?-perguntei. Ela sorriu.

-Não foi por isso que você morreu?-perguntou James. Eu pensei.

-Sim. Morri porque não quis dizer o segredo-eu sussurrei. Sirius me olhou e colocou a mão nos meus ombros.

-Me orgulho disse. Sabia que eles morreram porque foram traidos? O fiel do segredo abriu o jogo e eles morreram para salvar o filho. Ela podia voltar. Mas o filho perderia a proteção. Entende o que eu quero dizer? A vida é feita de escolhas. E você tem mais uma a fazer- ele disse, me fitando com seus penetrantes olhos negros.

-Então eu posso voltar?-eu perguntei. 

-Exatamente. Mas se você voltar a dor volta junto- Lily me disse. 

Eu não queria mais dor queria? Não mesmo. Só de pensar meu corpo já se retraía. Aqui estava tudo tão bom, tão calmo. 

Mas não estava perfeito. Faltava uma coisa: Scorpius.

E se ele não estiver aqui, não faz sentido ficar. Eu aguento toda dor do mundo, desde que ele esteja do meu lado.

-Eu volto-respondi, determinada. Ela me olhou e sorriu.

-Você ama mesmo o Malfoy né?

-Sim. Muito mesmo-respondi. Sirius riu.

-Quem diria, finamente nasceu um Malfoy que preste!-debochou ele. Eu ri.

-O Sr. Malfoy também é legal até-retruquei. Eles riram. 

-Tudo bem, o Sev vai te mandar de volta-ela disse. Então o nariz de gancho veio e me levou por mais uma escadaria. Mas eu não estava cansada. Quando chegamos, ele se virou para mim.

- Sei que devem ter falado horrores de mim para você, mas eu não sou um monstro.O motivo pelo qual eu morri é tão nobre quanto o deles. Amor-ele me disso. Eu olhei para ele.

-Então porque você não voltou?-perguntei. Ele sorriu, um sorriso triste.

-Porque ela está aqui. Mesmo que esteja junto com o marido, ela está aqui e eu estou feliz porque ela está feliz e perto de mim. E amor é isso. É saber se dor, saber encontrar a sua felicidade na felicidade alheia. Lembre-se disse pequena Weasley-ele disse. Eu fiquei chocada com isso, mas entendi o que ele  falou. Eu já havia ouvido tio Harry falar bastante desta história.

-Sabe, eles me falaram de você sim-eu disse, me encaminhando para a porta que ele me indicara- Mas me disseram que o senhor era o bruxo mais corajoso que eles já haviam conhecido. E isso é verdade-eu disse, entes de entrar pela porta.

E então eu cai. Não uma aterrissagem tranquila,mas sim um baque forte no chão, que me fez perder o ar. E então a dor voltou com o dobro de intensidade.

-NÃO!!MINHA FILHA NÃO!!-eu ouvia minha mãe berrar. Sentia alguém segurando meu pulso

-Morta-declarou uma voz conhecida. Tio Harry. Eu abri mininimamente os olhos para ver a minha volta e me deparei com uma cena desesperadora. Todos se abraçavam e choravam, mas o mais triste era uma figura solitária afastada do grupo.

Scorpius.

O loiro estava com a cabeça entre as mãos e soluçava compulsivamente. Mesmo com toda dor e cansaço que me atingiam eu sentium instito de protege-lo. Minha mão se erguei debilmente.

-Scorpius...-chamei com o fino fio de voz que eu ainda tinha.James, que era quem estava mais perto de mim, se virou e seus olhos se arregalaram.

-ARRRREE!!! ELA TA VIVA!-ele exclamou, sobressaltando todos.Todos olharam para mim e eu tentei me sentar, mas tudo que consegui foi me virar de bruços e não voltar mais. 

-ROSE!-ouvi um berro geral de mu nome. Todos vieram se amontoando em cima de mim, mas a única pessoa que eu queria ver era Scorpius.

-Scorpius-sussurrei de novo, dessa vez um pouco mais alto, e fui recompensada com um par de olhos cinzentos pairando em cima de mim.

-Rose! Por Merlin, você está viva!-ele disse, me segurando pelos ombros e me abraçando. E  naquele momento, enquanto ele me abraçava e a escuridão me tragava, eu soube que valeria a pena. Valeria para sempre.

Porque ele faria valer.

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Da primeira vez que acordei, eu estava em um quarto branco, provavelmente o St. Mungus. Quando tentei me levantar a tontura me atingiu como uma pedrada.

-Faz o favor de se deitar sua vaca, não quero que você morra de novo!-ouvi uma voz conhecida falar. Claire. Quando olhei para o lado, vi ela, James e Alvo ao meu lado.

-Mas o que?-perguntei ainda meio confusa. James riu, como era de costume dele. 

-Mas o que o que garota, tem que explicar mais? Depois de eu ter salvado a todos nós, de o Peter ter recebido o que merecia da própria mãe e a louca ter se matado, você vem e MORRE!!!!-ela gritou. Eu dei um riso fraco.

-Tudo bem Clair, eu to viva não to?-perguntei, de modo retórico. James e Alvo se afinavam em um canto.

-SIM, GRAÇAS A MERLIN, SE NÃO EU IA ATÉ O SUBMUNDO, TE CAÇAVA, RESSUSCITAVA VOCÊ E TE MATAVA DEPOIS!-ela  berrou. Eu ri, mas uma enfermeira desesperada entrou  achando que um dos comensais havia escapado, e tudo que eu tive foi um vislumbre de uma cabeleira loira no meio de tantos ruivos antes de ser empurrada de volta para a escuridão.

Quando acordei de novo, o que me pareceram dias depois, estava tendo a maior muvuca no quarto. Meu pai e Scorpius se encaravam furiosamente, sendo que Alvo e James estavam segurando Scorpius e o tio Harry meu pai.

-SAI AGORA SEU PROJETO DE DONINHA!-berrava o ruivo. 

-NUNCA SEU CENOURÃO, VOCÊ NÃO PODE MANDAR EM MIM E MUITO MENOS NO MEU RELaCIONAMENTO COM A SUA FILHA!-   retrucou o outro, vermelho de raiva. Eu sai da cama em um salto.

-MAS QUE MERDA QUE TA ACONTECENDO AQUI?-berrei, com toda a calma que me é característica.

-O acontece é que seu pai quer me expulsar daqui-respondeu o loiro, trincando os dentes. Eu me coloquei no meio dos dois.

-Como assim Ronald Weasley?-perguntei, erguendo as sobrancelhas e cruzando os braços.

-Eu não admito que você namore com ele! Não mais! Depois que vocês começaram a namorar, tudo deu errado. Você quase morreu, nossa família se desestruturou, até mesmo Dominique foi para Azkaban por culpa dele!-meu pai rugiu. Eu o fitei, crente de que tinha escutado errado.

-Como assim você proíbe? Quem você é para me proibir de fazer algo?-perguntei, espumando de raiva.

-SEU PAI SUPONHO!

-Só porque é meu pai não quer dizer que você pode decidir minha vida por mim!

-Quer sim, e eu decido!

-Ronald, vamos ponderar melhor a situação, por favor?-disse minha mãe tentando conter a situação.

-Não vamos ponderar merda nenhuma, está decidido!-ele berou de volta. Eu encarei ele, esperando que meu olhar exprimisse todo meu ódio.

-Então essa é a sua palavra final?-perguntei, praticamente rosnando. 

-Sim.

-Quer saber a minha?

-Adoraria, mesmo que isso não mude em nada!

-Adeus-eu disse, antes de segurar minha varinha e a mão de Scorpius e aparatar para bem longe.

Naquele momento, eu novamente fiz minha escolha. Ao que parece escolhas estavam cada vez mais presentes em minha vida.

E eu escolhi aquilo sem o qual não poderia viver: o amor.

O meu amor.

Scorpius.