Digimon Adventure 03 - Em Busca Do Espaço Zero escrita por Sillycone br


Capítulo 8
O Castelo Flutuante


Notas iniciais do capítulo

Voltamos mais cedo do que eu esperava!

É que tive um bom tempo para preparar umas boas ideias para escrever. E é por isso que estou adiantando o serviço agora!

Seria ótimo ter novos leitores para a Fic. Mas eu entendo que, enquanto meu trabalho estiver sendo apreciado, para mim será o suficiente.

Comentários finais serão mais bem explicativos! Qualquer erro será alterado amanhã.

Também estou pensando em tirar esse fim de semana para Reler e ajeitar esses comentários finais e iniciais de cada capítulo.

E vem surpresa por aí! Uma capa da Fic nova, desenhada por um amigo meu!

Obrigado por tudo e não esqueça do seu comentário!



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Quando Takeru acordou, sentiu sua cabeça latejar de dor. Ele soltou um gemido de reclamação. A visão dele ainda estava turva, meio embaçada. O garoto se apoiou com as duas mãos no chão e olhou em volta, tentando entender o que estava acontecendo.

Percebeu então que estava voando. Dava pra saber por que os fortes ventos que sopravam em seu rosto ameaçavam jogar seu chapéu para longe. O loiro piscou os olhos uma vez tentando se manter acordado, até que finalmente percebeu.

Ele estava em um tipo de jaula. Era uma superfície quadrada feita de metal, com barras cilíndricas e enferrujadas que se espalhavam por todas as direções. A cela era puxada como se fosse uma carruagem. A diferença era que ao invés de cavalos, dois Airdramons com correntes amarradas no pescoço é que faziam o loiro se movimentar.

Na segunda vez que piscou os olhos, o loiro percebeu que não estava sozinho. Patamon estava esparramado ao seu lado. Um pouco mais adiante, os corpos de Ken, Miyako e seus digimons também estavam jogados. Todos com ferimentos sérios. Mas evidentemente vivos.

Piscando seus olhos azuis, Takeru se esforçou muito para lembrar de tudo que tinha acontecido: Hibiki sumindo. O loiro, Daisuke, Ken, Miyako e Iori saindo para procurar. Depois que Daisuke não voltou, Iori se voluntariando para esperar por eles. Os digiescolhidos restantes se separando de novo. A visão de um paladino de armadura prateada descendo dos céus. E dali pra frente, suas lembranças eram um grande borrão branco.

Sacudindo a cabeça para tentar recuperar sua sanidade, reparou em uma presença que ainda não tinha percebido: um dragão roxo na forma Seichouki, que estava de pé encarando o horizonte com um olhar deprimido.

“Dorumon...” – o loiro ainda conseguiu silabar.

Os olhos do Digimon dragão se arregalaram quando se viraram para o garoto. Pareciam aliviados. Como se não estivesse esperando a cortesia, Takeru hesitou no momento em que o parceiro de Hibiki ofereceu o apoio de seu pescoço e ajudou o rapaz a ficar de pé.

“É bom te ver de novo, Takeru.” – comentou Dorumon, que deixou escapar um sorriso sincero.

“Digo o mesmo.” – respondeu o loiro. – “Mas me diga, o que foi que aconteceu?”

“Vocês perderam.” – afirmou o digimon, sem rodeios – “E ao que parece, nós dois também.”

Foi então que a mente de Takeru teve uma pequena lembrança. A de um Digimon na forma de anjo e um paladino de armadura prateada lutando. E então uma luz verde. A dor. A escuridão...

Tudo não durou menos de alguns segundos. Mas para o loiro, o calor que queimava sua pele e o medo que o dominava por dentro eram bem reais. Como se sua memória não fosse capaz de esquecer aquelas sensações.

“Ei.” – chamou o parceiro de Hibiki, fazendo Takeru voltar a si com uma cutucada. – “Não se preocupe. Vocês vão ficar bem.”

O garoto encarou o digimon de cima a baixo. Dava pra ver que a pelagem roxa dele guardava uma boa dose de cortes e ferimentos. Muito mais graves do que as dos outros, na verdade. Porém, mesmo naquele estado, Dorumon se preocupava com os que estavam à sua volta. Não dava para deixar de dar esse crédito a ele.

O olhar do dragão roxo voltou a encarar as grades com seu olhar melancólico. Mas tentou não expressar tristeza, como se tivesse medo de que aquele sentimento acabasse contaminando Takeru.

Foi então que o loiro olhou para a mesma direção que o dragão. E, para sua surpresa, reparou que logo à frente deles, havia uma segunda dupla de Airdramons puxando outra cela de metal. E dentro do cárcere, ele reconheceu a silhueta de uma pessoa: um garoto de cabelos castanhos e vestes negras, bastante ferido e desacordado.

“Ele está bem?” – perguntou Takeru – “Quer dizer...”

“Ele está vivo.” – respondeu Dorumon, ainda mais desanimado do que queria – “Assim como todos nós.”

Takeru acenou em concordância e os dois ficaram sem saber o que dizer. O silêncio se perpetuou enquanto o garoto tentava não reparar nos ferimentos do Cavaleiro Negro que, de tão profundos e intensos, podiam ser vistos mesmo da distância em que estavam.

“Espere um segundo.” – pediu o loiro. – “Para onde estão nos levando?”

“Para o centro de toda a energia das trevas desse mundo.” – disse Dorumon, como se não fosse nada. -- “Eles nos contaram que aquele lugar foi erguido das ruínas de um castelo onde residia um Digimon maligno. Depois de usar seu poder para restaurá-lo, Reapermon e sua corja passaram a usar o local como uma espécie de base. O castelo agora fica acima das nuvens. Por isso o chamam de Castelo Flutuante.”

Takeru encarou o Digimon, sem conseguir acreditar. Mas era tudo verdade. Eles foram capturados. Eram prisioneiros. Para alguém que veio até esse mundo só para salvar Hikari, o loiro não estava em seus melhores momentos.

“O que eles querem com a gente, eu não tenho idéia...” – afirmou o Digimon dragão – “Mas não importa. Desde que o plano de Hibiki dê certo, ficaremos bem.”

O pensamento de Takeru se alarmou quando a pergunta que deveria ter feito desde o início veio à sua mente:

“Onde estão Daisuke e Iori?”

E ele sentiu Dorumon desviar o olhar e balançar a cabeça.

A primeira coisa que o loiro pensou foi em Hikari. Nas tantas vezes que ele jurou protegê-la. Em como Daisuke mobilizou todos para encontrá-la, enquanto até agora ele não tinha feito absolutamente nada de significativo.

E o garoto sentiu o corpo tremer. De frio... De dor...

De medo...

(...)

A próxima vez que acordaram, os Digiescolhidos viram a ilha.

Nada mais era do que um imenso pedaço de terra que flutuava a milhares de metros sobre o céu. Como se tivesse sido arrancado do chão, levando consigo tudo o que estava sobre sua superfície.

Ainda zonzos e incapacitados, Takeru e o grupo que estava com ele foram forçados para fora da gaiola que estavam presos. E diante deles, estava o gigantesco Castelo Flutuante.

Não tinha como dizer que aquele era um castelo comum. Suas paredes eram feitas de algum tipo de tijolo roxo. Parecia ser composto de vários blocos e torres que se sobrepunham em lugares irregulares. Como se alguém tivesse recortado e colado alguns pedaços de torres em posições bizarras. Janelas escuras se espalhavam pela parte externa. E grandes portais de madeira separavam um cômodo do outro.

No entanto, não houve muito tempo para admirar a paisagem. O portão que dava acesso ao castelo se abriu. ChaosDukemon já estava aguardando a chegada dos Digiescolhidos e seus digimons.

Apontando sua lança na direção de Hibiki, o paladinho prateado murmurou algumas palavras. O corpo do Cavaleiro negro, que ainda não se movia, foi erguido no ar por uma energia verde que saia de Balmung. O Digimon maligno apontou seu escudo para o grupo de Takeru e repetiu o processo.

Eles não puderam fazer nada, enquanto eram arrastados para dentro do Castelo, sem saber se viveriam para ver a luz do dia mais uma vez.

(...)

Miyako despertou no momento em que ela e os outros se chocaram contra o chão.

“Onde estamos?” – quis saber a garota, olhando para um lado e para o outro, com os olhos arregalados.

“Não se preocupe.” – murmurou uma voz calma. – “Está tudo bem.”

Ela reparou que a voz era de Ken. O garoto estava caído logo ao seu lado, lutando contra seus ferimentos para conseguir se levantar. Por algum motivo, ela ficou mais calma. A tranqüilidade e a gentileza presentes da voz do moreno eram tudo o que ela precisava para se animar e não sentir mais medo.

De repente, uma cela feita de energia verde passou a rodear o grupo. ChaosDukemon virou de costas para eles, atravessou o portal de madeira que era o único acesso àquela sala e desapareceu.

As grades que compunham aquele novo cárcere de energia pareciam ridiculamente frágeis. Como se só de tocar sua superfície, ela fosse que quebrar com um estalo e deixá-los livres. Miyako aproximou sua mão lentamente de uma das barras, quando Dorumon gritou:

“Pare!” – e ela removeu sua mão – “Não toque nisso.”

Foi quando a jovem reparou que não só o Dragão roxo, mas Takeru e os outros digimons também estavam por ali. Ela fez uma cara emburrada e perguntou de forma inocente:

“Porque? O que de pior pode acontecer?”

“Essa é a Judecca Prison.” – silabou o digimon. – “Um dos ataques dele. Assim que você tocar, alem de queimar sua mão, ele vai saber que você está tentando escapar. Vai acabar com a gente antes que você tenha tempo de explicar.

Foi quando menina do grupo engoliu o seco, cruzou os braços e se manteve em silêncio. Hawkmon se aproximou e tentou confortar a sua parceira, enquanto os outros simplesmente se sentaram e esperaram.

(...)

Depois do que pareceram ser horas, ninguém apareceu diante dos Digiescolhidos e seus digimons. Eles ficaram o tempo todo calados. Dorumon insistiu em ficar de pé, um pouco afastado do restante deles. O dragão olhava incansavelmente para o portal de madeira à frente, evidentemente preocupado com o que poderia ter acontecido com o Cavaleiro Negro.

De repente, o silêncio foi quebrado. Ouviu-se o som de uma lâmina afiada se chocando com a parede sólida do castelo. Um grito agonizante de um Digimon desconhecido, do lado de fora do salão. E então, mais nada.

Quando Takeru e os outros se levantaram para ver o que era, uma lâmina se fincou sobre a madeira. Atingiu a porta uma, duas vezes. No terceiro golpe, ela cedeu. Dois machados atravessaram o portão fazendo o que restou dele em pedacinhos. O portador das duas armas deu um passo à frente do salão, de modo que todos agora podiam vê-lo.

Os machados mudaram sua forma para dois braços longos que se extendiam até o calcanhar de seu dono. O Digimon, porque tinha que ser um Digimon, tinha a forma de um coelho de olhos vermelhos e pele marrom. Seu corpo magro era coberto por um tipo de colete branco, uma calça roxa e um cachecol da mesma cor.

Ken, Miyako e seus digimons mantiveram seu estado de alerta. Patamon foi parar nos braços de seu parceiro humano. Todos esperavam ser atacados a qualquer momento. Porém, foi Dorumon que gritou primeiro:

“Antylamon!”

E não foi um grito de medo, ou de ameaça. O dragão roxo estava devidamente feliz, como se fosse exatamente aquilo que ele estivesse esperando acontecer.

“Você conhece esse Digimon, Dorumon?” – indagou Takeru, sem tirar os olhos do portal quebrado.

“No que me diz respeito, isso não é da sua conta.” – anunciou uma voz conhecida de todos. “Não é mesmo loirinho?”

Foi quando Hibiki entrou no salão, cruzando o entulho e ficando ao lado do coelho gigante. Diferente de pouco tempo atrás, as vestes do cavaleiro negro estavam completamente recuperadas. Os ferimentos que se espalhavam pelo seu corpo, totalmente curados.

“É você mesmo?” – indagou Miyako, sem acreditar na condição perfeita que o garoto exibia.

“Amadores...” – murmurou o rapaz de vestes negras, ajeitando suas vestes – “Já deveriam saber que nossos corpos são puramente feitos de dados. Com o comando certo, meu Digivice pode perfeitamente comprimir e extrair esses dados de acordo com minha vontade.”

“Do que você está falando?” – perguntou Takeru, já cansado daquele comportamento convencido do Cavaleiro Negro.

“Observem e aprendam...” – ordenou o rapaz de cabelos castanhos.

Ele sacou o digivice nas mãos e pronunciou as palavras “Digidata – Scan!”. Em seguida, o corpo ferido de Dorumon se ergueu no ar e foi envolvido por uma luz dourada. Quando a luz deixou de brilhar, ele se transformou no minúsculo Dorimon, sua forma Younenki.

A pequena criatura na forma de besta parecia aliviada de escutar a voz do parceiro. Sem precisar ser ordenado, Dorimon passou no meio de duas barras da cela de energia que prendia os outros. Seu corpo pequeno conseguiu desviar com facilidade dos raios de luz, sem tocá-los nem uma vez.

Ele correu para seu parceiro humano e os dois se abraçaram, amaldiçoando os momentos que estiveram separados. Em seguida, o rapaz de vestes negras pronunciou: “Digidata – Reload!” e seu parceiro Digimon voltou a brilhar com uma luz dourada. E então, Dorumon ficou de pé. Não havia nenhum machucado. O pelo roxo dele estava liso e livre de qualquer ferimento.

Quando o processo terminou, Hibiki foi ao chão. Estava fraco e tremendo. Respirando com dificuldade. Os dois digimons que estavam ao seu lado ofereceram ajuda, que ele obviamente recusou. Reunindo o que restava de suas forças, ele se colocou de pé e disse:

“Vamos. Não temos tempo a perder.”

Os digiescolhidos ficaram sem ação. Eles chamaram pelo nome do Cavaleiro Negro várias vezes. Imploraram por ajuda. Mas o rapaz apenas desviou o olhar friamente. Ele e seu pequeno grupo pularam a pilha de escombros novamente, deixando os outros para trás.

(...)

O suor escorria pelo rosto de Hibiki. Ele estava percorrendo os longos corredores do castelo há vários minutos. Tudo ali era extremamente confuso e distorcido. Não dava para saber onde era o teto e onde era a o chão. Evidentemente, o poder das trevas naquele lugar era tão grande que era difícil não ser enganado.

“Tem certeza que é aqui perto, Antylamon?” – indagou o Cavaleiro Negro

“Sem dúvidas.” – disse o digimon coelho. – “Quanto mais próximos ficamos, mais poderosa fica a influência maligna deste castelo.”

Eles começaram a abrir portas ao acaso, esperando encontrar aquilo que estavam procurando. Quando finalmente Antylamon apontou para uma das portas, Hibiki já chegou chutando, pra colocar a casa abaixo. Imprudentemente, o rapaz entrou primeiro, seguido de perto pelos dois digimons ao seu lado.

Os três estavam agora em um salão escuro. A pouca luz que iluminava o local vinha de um pequeno altar negro logo a frente deles. Tirando por aquilo, dava a impressão de que aquele lugar tinha sido abandonado há muito tempo.

O brilho do altar emanava o poder das Trevas. Um poder que era repressor. Esmagador. Do tipo que conseguiria nublar sua mente de qualquer pensamento coerente . Tudo o que Hibiki podia pensar era o que Reapermon teria feito para criar um objeto como aquele.

E no meio do altar, um orbe branco de formato esférico flutuava solitário na altura do peito do rapaz de vestes negras.

“Só um?” – assustou-se Hibiki – “Isso foi tudo o que restou dele?”

“Eu temo que sim.” – confirmou Antylamon – “Sem os outros 11 núcleos, ele estará enfraquecido. Mas enquanto o núcleo principal resistir, ainda será possível despertá-lo.”

O garoto não pareceu muito convencido. Não havia, porém, tempo para os seus questionamentos. Ele e os dois digimons se aproximaram com cautela, quando o cavaleiro perguntou:

“E seu eu tirar isso do altar, o que vai acontecer?”

“O Digimon que dorme neste núcleo permanecerá adormecido.”—afirmou o coelho gigante–“Mas que fique avisado. O altar mergulha tudo o que sua luz toca em trevas. Se não for capaz de resistir à sua influência maligna, você será consumido por ele.”

“Eu fui muito longe para desistir agora.” – disse o garoto, com determinação. – “Se isso é o que é preciso para libertar Kiara, então é isso que eu farei.”

Antylamon deu uma risada de aprovação, deixando escapar um comentário:

“Minha parceira tem muita sorte de ter alguém como você”

As bochecas de Hibiki ganharam um tom absurdamente rosado. Sacudindo a cabeça para se livrar da vergonha, ele mergulhou as mãos no meio daquela estranha luz roxa.

A dor e a queimação foram imediatas. Mas a determinação do Cavaleiro negro não cederia a algo tão simplório quanto essas sensações insignificantes. Ele respirou fundo e fez com que seus braços se aproximassem ainda mais do orbe flutuante. O garoto segurou o objeto com a palma das duas mãos e, com um puxão, removeu-o de cima do altar.

Ele caiu sentado, suando e tremendo. O salão ficou escuro de repente. Mas o rapaz sabia que, depois de tantos infortúnios, finalmente sua busca estava terminada.

Hibiki tratou de colocar o orbe entre suas vestes. Por hora, sua utilidade havia acabado. Mas assim que conseguiu se colocar de pé, sentiu seu coração bater acelerado.

No final do salão, eles ouviram um mecanismo se ativar e o altar desaparecer. A parede oposta à porta girou em 180 graus, revelando um fundo falso. E onde antes tinha uma superfície de pedra, agora tinha um cilindro de vidro cujo interior brilhava intensamente.

E ali, no meio daquela luz reconfortante, flutuava o corpo de uma linda jovem. Ela tinha cabelos curtos e castanhos, uma blusa rosa e branca de mangas longas , assim como shorts curtos amarelos que deixavam visíveis seus joelhos delicados. Vestia também um par de botas rosadas, combinando com a cor da camiseta.

“Hibiki...” – murmurou Dorumon, depois de observar a garota por um tempo – “Aquela ali não é a Kia...”

Mas o Cavaleiro, pela primeira vez, não deu atenção aos detalhes. Ele foi de encontro ao cilindro e o quebrou com um golpe do cotovelo. Devido a isso, ganhou alguns novos ferimentos, que ele ignorou.

O vidro frágil cedeu e a garota caiu desacordada no meio dos braços do rapaz. Ele a colocou gentilmente sobre o chão e aproximou o ouvido do tórax dela. O batimento estava muito fraco. Ela não estava respirando. Se ele não fizesse nada, ela iria morrer.

“Por favor...” – murmurou Hibiki suavemente no ouvido da garota – “Não me abandone. Eu estou aqui. Não me deixe mais só...”

E então ele pronunciou três palavras inaudíveis. Três palavras sinceras que ele jamais dirigiria a qualquer outra pessoa. Três simples palavras que, por si só, eram suficientes para mostrar o quanto ele se importava com aquele momento.

E em silêncio, ele aproximou seus lábios dos da garota, prestes a lhe conceder o sopro que lhe traria de volta a vida...

Quando o inacreditável aconteceu.

Um humano entrou no salão. Um rapaz que tinha pelo menos uns quatro anos a mais do que Hibiki, com os cabelos rebeldes castanhos e olhos da mesma cor. Deu pra perceber que ele estava apressado e irritado. Dorumon e Antylamon não tiveram reação, quando o recém-chegado atravessou os poucos metros que separavam a porta e do lugar onde o cavaleiro negro estava abaixado.

O dragão roxo ficou boquiaberto quando o rapaz de cabelos rebeldes acertou um belo de um murro no rosto de Hibiki, fazendo o garoto rolar por vários metros depois do impacto. Ele massageou a bochecha dolorida, quando olhou para o seu agressor e gritou:

“Mas que porcaria foi essa?”

E o rapaz de cabelos rebeldes lhe respondeu em um tom alterado:

“FIQUE LONGE DA MINHA IRMÃ, SEU DESGRAÇADO!”

Sem entender, o Cavaleiro negro encarou o rosto da garota mais uma vez. Podia jurar que o rosto que ele viu era da garota que ele conhecia. Daria qualquer coisa para continuar acreditando que aquilo era verdade.

Mas ele estava enganado. Aquela garota definitivamente não era Kiara.

O rapaz de cabelos rebeldes se aproximou e checou a condição da jovem. Julgando que ela estava bem, passou a carregá-la na posição de cavalinho. Ele novamente encarou o Cavaleiro Negro com raiva, quando alguém bateu na porta do salão.

Esse alguém era, na verdade, um digimon de pele laranja que lembrava a forma de um dinossauro. Ele se apoiava na porta com a pata direita, lutando para recuperar o fôlego.

“Me desculpe, Taichi.” – silabou o digimon, com a respiração descompassada. – “Mas você não precisava sair correndo tão rápido na minha frente, não é?”

“Ele ia beija-la, Agumon!” – protestou o rapaz de cabelos rebeldes. – “Ainda bem que eu cheguei a tempo!”

“Taichi!” – repreendeu-lhe o digimon dinossauro – “A Hikari está bem? Está respirando?”

“Bem o suficiente” – respondeu o outro – “Vamos, temos que levá-la para um lugar seguro!”

E, carregando a menina em suas costas, o rapaz chamado de Taichi correu em direção à porta e desapareceu entre os corredores. Antylamon deixou a surpresa do momento passar, até que murmurou:

“Vamos, ela ainda pode estar por aqui. Não podemos perder a esperança.” – saindo da sala logo em seguida.

Hibiki e Dorumon ficaram sozinhos no salão.

“Vem comigo, Hibiki. Nós temos que continuar procurando!” – disse o dragão roxo, avançando de volta para o corredor e encarando seu parceiro humano.

Mas bastou que o Digimon olhasse nos olhos do parceiro para perceber que aquela tentativa de animá-lo era inútil. Olhando para baixo, só o que Hibiki podia pensar era:

Acabou.Eu falhei. Nunca mais vou poder salvá-la... Kiara está agora muito além de onde eu posso alcançar.”

(...)

Continua!


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Notas finais do capítulo

Pra quem já chegou até aqui, deve saber que pra mim vale a seguinte regra: Aquilo que não é dito, muitas vezes, é mais importante do que aquilo que é dito.

Não se preocupe se não entendeu tudo. Os próximos capítulos revelarão novas surpresas aos pouquinhos... Só para deixá-los curiosos...

As duas correções que eu precisei fazer na Fic para que esse enredo fizesse sentido:

Quando Hikari e Tailmon foram capturadas, eu dei a entender que era a própria Hikari que a gata observava do lado de fora de sua cúpola. Eu quis dizer que era isso que Taimon ACHAVA que era verdade. Eu preciso aprender a ser mais direto. Mas quando eu reescrevi os capítulos, deixei isso bem claro. Eu acho. xD

A segunda: por incrível que pareça, eu errei ao descrever o sexo de um digimon. O Antylamon é macho, acreditando vocês ou não. Sério, eu também fiquei em choque. Quando eu descrevi ele em um momento anterior, coloquei ele como fêmea. Erro meu.

No mais, aguardo vocês nos comentários e no capítulo 9!

Dicionário do capítulo:

Judecca Prison: A prisão de Judecca era a quarta parte do inferno gelado de Cocytus. Na divina comédia, é descrito como o local do inferno destinado àqueles que traíram seus mestres e benfeitores.



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