Digimon Adventure 03 - Em Busca Do Espaço Zero escrita por Sillycone br


Capítulo 1
Seu Tempo Acabou


Notas iniciais do capítulo

Apresentando os personagens e começando um pouquinho da história. Lembrando que me reservo no direito de alterar qualquer erro que eu venha a cometer no texto.

Sem mais delongas, uma boa leitura e obrigado!



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Por um instante, tudo ficou em silêncio. Com aquele intervalo, um grupo de digimons se embrenhou na floresta e continuou correndo desesperadamente em busca de abrigo. Seu líder, Gazimon, sinalizou com sua garra e fez com que todos parassem.  Eles então se jogaram no chão, se escondendo no meio da mata.

“Será que ele viu a gente?” – Sussurou um Chuumon.

Tocando os lábios, Gazimon pediu silêncio. O Chuumon tapou sua boca e prendeu a respiração.  De repente, ouviu-se o som do bater de asas se aproximando, acima da floresta.

Um Digimon dragão pairava a poucos metros do esconderijo deles. Suas escamas eram compostas de partes brancas e partes pretas com riscos azuis. Tinha garras vermelhas e dentes afiados à mostra. O dragão rosnou e retomou seu rumo para o céu, sumindo da vista dos Digimons que estavam abaixo das árvores. O bater de asas foi ficando cada vez mais distante, até que finalmente ninguém conseguia mais ouvi-lo.

“Ele se foi?” – Perguntou Sukamon. – “Será que desistiu?”

Pouco a pouco, os digimons ganharam coragem e saíram de seus esconderijos. Todos queriam se reunir novamente, mas estavam atentos a qualquer sinal do inimigo que os estava perseguindo.

“Esperem, fiquem quietos.” – Disse Gazimon – “Vou ver se é seguro lá de cima.”

Com um salto, ele se agarrou num dos galhos de uma árvore e começou a subir até o topo. Escondido no meio das folhas, ele não conseguiu encontrar qualquer indicação de onde o Digimon dragão podia ter ido. O líder do grupo franziu o cenho.

“Isso não é bom...” – pensava – “Um Digimon daquele tamanho não poderia ir tão longe tão rápido. A não ser...”.

Tremendo só de pensar naquela possibilidade, ele olhou para cima.

Como uma bala, o dragão negro estava com as asas fechadas em um mergulho vertical. Ele se aproximava rapidamente, com os olhos amarelos fixos no lugar onde eles estavam escondidos. O dragão rugiu de maneira ameaçadora, deixando Gazimon paralisado de medo.

“Pessoal...Corram...” –o líder sussurrou para si mesmo .

Os outros também ouviram o rugido. Entraram em pânico. Não tinham para onde ir. Não podiam ver nada além das arvores à sua volta.

“PESSOAL!” – gritou Gazimon – “ELE ESTA VINDO! CORR...”

Power Metal!” – urrou o digimon dragão.

Naquele instante, várias esferas de ferro foram disparadas contra a árvore onde Gazimon estava escondido. As esferas se chocaram com o alvo, desintegrando- o em questão de segundos.

“GAZIMON!” – um Digimon gritou.

Mas ninguém teve tempo de lamentar a morte do amigo. Quando estava prestes a se chocar com o chão, o Digimon dragão abriu suas asas, pousando com um estrondo na clareira que seu ataque havia acabado de criar.

Sem piedade, o dragão dilacerou os digimons mais próximos com suas garras, enquanto os que sobraram começaram a fugir de medo. Os corpos perfurados se desfizeram, de modo que foram reduzidos à forma de dados.

Nesse momento, das costas do Digimon dragão, surgiu um garoto. Ele deveria ter uns 15 anos. Tinha um cabelo castanho e olhos verdes. Vestia uma camiseta branca com uma jaqueta por cima. A jaqueta e a calça eram pretas, assim como suas luvas e botas.

O garoto tinha um olhar indecifrável em seu rosto. Olhava para os dados dos Digimons derrotados como se não sentisse nada por eles. Carregava em suas mãos um tipo de dispositivo, o Digivice. Ainda nas costas do Digimon dragão, o jovem ergueu seu aparelho para cima com o braço direito, dizendo em voz alta:

“Digi-data! Scan!”

Então, o Digivice começou a brilhar, criando uma linha de luz branca entre si mesmo e os dados dos digimons. O garoto se manteve firme até que seu dispositivo absorveu o que restava das criaturas que havia acabado de derrotar.

“Droga...” – praguejou o garoto, olhando para o aparelho em suas mãos –“Não é o suficiente... Dorugamon!”

“Certo!” – respondeu o Digimon Dragão.

Com o garoto segurando firme seu colarinho, o dragão não perdeu tempo.  Saltou alguns metros de distancia, indo de encontro aos digimons que tentavam fugir. Com uma investida, perfurou o peito de todos que viu pela frente. A cada novo Digimon destruído, o humano erguia seu Digivice e absorvia os dados.

Sukamon e Chuumon foram os últimos a sobreviver ao massacre. Eles tentaram se esconder pela mata, mas o Digimon dragão os encontrou com facilidade. Num ato de desespero, Sukamon empurrou o amigo para longe, protegendo-o de um ataque que teria atingido os dois.

“Não!” – gritou Chuumon, chocando-se contra uma árvore. –“Sukamon!”

Mas era tarde demais. Vendo o último de seus companheiros se contorcer de dor e desaparecer no ar, o pequeno Chuumon começou a chorar. Dorugamon virou-se para ele, mas hesitou em atacar.

“Hibiki...” –Murmurou o digimon dragão –“Eu não sei se eu posso...”

“Mas...Porque...” – soluçava Chuumon –“O que... são vocês?”

O garoto nas costas de Dorugamon saltou, pousando ao lado de sua montaria. Ele não conseguia ignorar o medo e o desespero nos olhos do pequeno Digimon à sua frente. Fechou seus punhos, tentando conter a raiva que sentia de si mesmo.

“Meus amigos...” – Chuumon silabou baixinho –“Porque? Você...”

“Enquanto tiverem o D-vírus...” – respondeu o garoto, se aproximando com cuidado – “Não posso deixá-los viver...”

“Você os matou...” – continuou o pequeno Digimon –“VOCÊ OS MATOU!”

E então, sem pensar nas conseqüências, Chuumon tentou agredir o garoto que estava à sua frente. Surpreso, o rapaz se jogou para trás, apoiando suas mãos no chão. Pouco antes de alcançar seu alvo, o atacante foi atingido por uma esfera de ferro e imediatamente reduzido à forma de dados.

Sem aviso, começou a chover. O garoto ficou de joelhos, observando os dados flutuantes. Ele baixou a cabeça, em silêncio, perdido em seus pensamentos. Dorugamon bufou, mas preferiu não se pronunciar. Algum tempo se passou, sem que nenhum dos dois tivesse coragem de dizer nada.  

Finalmente, o jovem ergueu seu digivice mais uma vez, absorvendo os dados de Sukamon e Chuumon. As linhas de luz se dissiparam, deixando ele e o dragão ao seu lado finalmente sozinhos.

Com o corpo brilhando em uma luz amarela, Dorugamon retornou à sua forma Seichouki, Dorumon. Ele então se aproximou do humano ao seu lado, que desviou o olhar de maneira pensativa.

“Hibiki...” – murmurou Dorumon –“Qual é, Hibiki! Você está bem?

“Estou... É só que...” – respondeu o garoto –“Eu me pergunto se o que estamos fazendo é certo... Você acha que ela nos perdoaria se soubesse, Dorumon?”

“Eu não sei...” – disse o Digimon – “Mas você sabe que temos que continuar, não é?”

“É claro...” – o rapaz confirmou – “É só que... Eu não quero que isso se torne fácil...”

Respirando fundo, o menino se colocou de pé. Olhou uma última vez na direção onde a pouco esteve o corpo de Chuumon. Pensou em todos os digimons que havia eliminado. Deixou-se levar pelo pesar e pela culpa de não poder fazer nada para ajudá-los. Ele começou a ir embora, deixando para trás aquelas lembranças dolorosas.

O temporal começou a piorar. Um vento soprou forte, levando muitas folhas para longe. Dorumon apressou-se e se colocou ao lado do garoto. Vendo como seu parceiro estava triste, o Digimon perguntou:

“É mesmo, Hibiki! Amanhã não é o seu primeiro dia?”

“Suponho que sim...” – Respondeu o humano, desanimado. – “Mas nós não temos tempo para...”.

“Ei! Hibiki!” – o Digimon resmungou – “Você vai dar o seu melhor amanhã, não vai? Sem essa cara feia?”.

Os dois pararam de andar por um segundo.

“Obrigado, Dorumon.” – disse o garoto, se abaixando para ficar na altura de seu Digimon.  –“É bom lembrar que estamos nisso juntos.”.

O rosto de Dorumon ficou ruborizado e os dois ficaram sorrindo em silêncio por um tempo. Logo em seguida, o temporal começou a se acalmar. No limite do horizonte, um arco-íris brilhava no céu. O humano e seu Digimon se perguntavam se aquele era um sinal de que as coisas iriam melhorar...

(...)

Tailmon bocejou, evidentemente entediada. Estava apoiada em uma árvore que ficava no pátio do colégio onde sua parceira, Hikari Yagami, estudava. As duas haviam combinado de chegar mais cedo naquele dia.

Pelo que a Digimon felina sabia, aquele seria mais um dia para tentar tirar uma soneca na sombra, enquanto os parceiros dos outros digiescolhidos ficavam brincando e conversando até que a aula terminasse. E para ela esse pensamento não parecia muito animador.

“Bom dia, dorminhoca!” – alguém a cumprimentou.  

O susto que levou foi tão grande que acabou desequilibrando-a. Com habilidade, ela prendeu seu rabo na base de um galho e impulsionou-se para cima. Deixou escapar um suspiro de alívio por não ter caído.

Foi só então que ela percebeu que os Digiescolhidos haviam acabado de chegar no prédio. Patamon e os outros digimons escalavam a arvore para vir até ela. O olhar ameaçador da gata encontrou os olhos de Chibimon, o parceiro de Daisuke.

“Dorminhoca, né?” – repetiu a gata, de maneira irônica. – “Ficou maluco? Quer que alguém nos encontre aqui?”

O pequeno digimon desculpou-se rapidamente, mas não parecia estar muito arrependido do que havia feito. Pelo contrario, parecia estar suprimindo a vontade de rir enquanto pensava em algo mais divertido para fazer.

Tudo o que Tailmon pôde fazer foi suspirar e fechar os olhos. Era exatamente daquilo que ela estava falando.

“E por falar nisso, onde está o Daisuke?” – ela perguntou.

“Eu não sei.” – afirmou Chibimon – “Disse que tinha que voltar em casa para pegar alguma coisa...”

“Claro...” – resmungou a gata. – “Já estou até vendo. Como sempre, Motomiya, atrasado de...

A parceira de Hikari interrompeu sua fala, erguendo suas orelhas para o alto. Havia um cheiro estranho no ar. Do tipo que era familiar para ela, mas não conseguia se lembrar de onde.

“O que foi?” – perguntou Chibimon –“Não fique brava, eu prometo que não te chamo mais de...”

Assim como Tailmon, ele e os outros Digimons perceberam que tinha alguma coisa errada. Os cinco subiram para o ponto mais alto da árvore, de onde tinham uma boa visão do pátio e do prédio onde seus parceiros estavam.

“Não resta dúvidas...” – a Digimon felina confirmou, olhando em direção ao colégio – “Isso é cheiro de Digimon!”

(...)

Daisuke sorriu triunfante. Mais uma vez, o líder dos novos digiescolhidos conseguiu ficar na mesma turma que seu amor platônico, Hikari. O rapaz dava pulos de alegria enquanto se dirigia para a sala de aula a passos largos. Não queria chegar atrasado naquele dia.

Beleza!” – pensou ele, pouco antes de cruzar a porta –“Esse ano eu com certeza vou conquistar a Hikari! Não vou perder para aquele babaca do Take...

Para sua surpresa, todos os seus colegas já estavam na sala de aula. Todos riram baixinho dele, sabendo o que viria a seguir. O professor se aproximou de Daisuke e olhou para ele de maneira severa, dizendo:

“Como sempre, Motomiya, atrasado de novo.”  

“Desculpe-me, professor, não vai acontecer novamente” – prometeu o garoto, fazendo uma reverencia.

“Sei...” – resmungou o professor, descrente – “Ande logo e arrume um lugar, quero começar logo.”

Daisuke se apressou e buscou com os olhos o par de carteiras onde Hikari estava sentada. Quando encontrou, sentiu seu coração quase parar. A mesa ao lado da garota já estava ocupada, por ninguém menos do que seu “rival no amor”, Takeru Takaishi.

MAS QUE DROGA!” – Daisuke reclamou em seus pensamentos –“Na mesma turma que ele de novo?

O garoto escolheu então um par de mesas vazio que estava ao lado dos dois. Jogou a mochila de qualquer jeito sobre a mesa e afundou a cabeça sobre ela. Hikari e Takeru o cumprimentaram educadamente, mas tudo o que ele fez foi erguer o rosto, resmungar alguma coisa de volta e se recostar na carteira.

“Certo, vamos dar início à aula!” – exclamou o professor –“Vocês ai atrás, podem parar com a brincadeira?”

Os jovens que se sentavam nas ultimas fileiras se desculparam, interrompendo a conversa imediatamente.

“Excelente.” – o professor continuou – “Temos muito que ver hoje. Mas antes, gostaria de lhes apresentar um novo aluno que acabou de ser transferido à nossa classe...”

O murmúrio inevitável começou. O professor foi até a porta e convidou o recém chegado a apresentar-se. A turma de Daisuke ficou observando um garoto da idade deles entrar na sala e se curvar respeitosamente, dizendo:

“Muito prazer. Meu nome é Hibiki Yuuki.”

(...)

Na hora do intervalo, Daisuke, Takeru e Hikari se uniram a Iori Hida e Miyako Inoue, já que os cinco digiescolhidos estavam em turmas diferentes. Eles conversavam tranquilamente enquanto caminhavam em direção ao lugar onde seus digimons estavam escondidos.

“Então você tentou abrir o portal para o Digimundo?” – Perguntou Daisuke.

“Sim, mas não consegui” –respondeu Hikari – “Já havia falhado no computador de casa, então achei que um do nosso colégio iria funcionar.”

“Mas ainda assim é estranho.” – afirmou Iori, pensativo –“Pensei que o D3 fosse o suficiente para abrir o portal.”

“É, é estranho não ter dado certo” – disse Takeru, de acordo – “Só que eu não entendi, Hikari, é porque você tem tanta pressa de voltar pra lá.”

“É, bem...”—começou a garota.

Ela hesitou por um momento, insegura do que devia dizer. Como não lhe restou alternativa, resolveu então contar aos amigos sobre os pesadelos que vinha tendo recentemente. Eles a encaravam com um olhar assustado, enquanto ela descrevia os horrores que presenciava toda noite em seus sonhos.

“Sinto que não temos muito tempo...” – murmurou Hikari, preocupada –“Precisamos abrir o portal de alguma forma, antes que...”

Ela não teve coragem de continuar. Eles interromperam a caminhada um momento depois que perceberam que Hikari estava tremendo. Takeru tomou a mão direita da garota e pressionou contra suas próprias mãos. Seus olhos se encontraram por um momento e o loiro disse:

 “Não se preocupe. Nós vamos encontrar uma maneira de nos levar ao Digimundo. Eu prometo.”

O rosto de Hikari ficou corado. Nem percebeu que havia parado de tremer. Ela sorriu, soltando sua mão das do garoto. Daisuke ficou só olhando, se mordendo de ciúmes. Miyako observou a cena com um sorriso perverso em seu rosto, enquanto Iori verificava se nenhum outro estudante do colégio havia seguido o grupo.

Logo em seguida, os cinco cruzaram o pátio e começaram a chamar pelo nome dos seus digimons. Depois de algumas tentativas, não tiveram nenhuma resposta.

“Ué?” – questionou Miyako, confusa –“Para onde será que eles foram?”

Antes que alguém pudesse responder, a forma Seichouki de Chibimon, Veemon, caiu de cima da árvore.  O Digimon dragão desabou sobre o próprio parceiro, o que acabou amortecendo sua queda. Aparentemente, havia acabado de digivolver.

“Pessoal!” – exclamou Veemon – “Que bom que chegaram!”

“Espere aí, o que houve?” – perguntou Iori – “Onde estão os outros?”

Todos ficaram surpresos assim souberam que havia um Digimon dentro do colégio. Veemon afirmou que ele havia ficado para alertar os digiescolhidos assim que fosse possível, enquanto os outros tinham ido procurar dentro do prédio.

“Certo, Veemon. Nós nos separamos e vamos atrás deles.” – Disse Daisuke, determinado – “Mas primeiro, dá pra me fazer um favor?”

“Claro Daisuke!” – Veemon respondeu –“O que?”

“Sai logo de cima de mim, caramba!”

(...)

Miyako avisou que iria até a sala de professores para tentar distraí-los até que o Digimon estranho fosse encontrado. Hikari foi até a sala de informática, onde Tailmon tinha ido procurar. O restante do grupo se dividiu, procurando por algum sinal de seus companheiros.

“Temos que evitar uma luta.” – afirmou Takeru – “Se entrarmos em uma batalha com um Digimon por aqui, vamos acabar destruindo o colégio.”

“Tem razão.” – concordou Iori – “Mas ainda sim, para passar despercebido por todo mundo, não pode ser um Digimon muito grande.”

“Heh, não me importa o tamanho!” –riu-se Daisuke, confiante –“Nós vamos é chutar o traseiro dele para fora daqui!”

“Por aqui!” – indicou Veemon.

Depois de se certificar que as outras classes estavam vazias, os três garotos seguiram o Digimon dragão até a turma que Daisuke e Takeru estudavam. Quando entraram, encontraram as mesas totalmente reviradas, com papeis e mochilas espalhadas pelo chão.

“Mas, o que houve aqui?” –quis saber Daisuke.

Iori chamou atenção para uma mochila verde que estava se movendo. Veemon colocou-se na frente dos rapazes, preparando-se para uma batalha. No momento que resolveu atacar, Patamon colocou o rosto para fora da mochila, lutando para recuperar o fôlego.

“Takeru!”—gritou Patamon –“Ele esteve aqui!”

“O Digimon?” –perguntou Takeru –“E vocês lutaram com ele, Patamon?”

“Bem...” – murmurou o Digimon, meio sem jeito. –“Não exatamente. Eu meio que fiquei preso na sua mochila e esbarrei em algumas coisas...”

Takeru se aproximou e ajudou o seu Digimon a se livrar da mochila. Olhou de novo para a bagunça à sua volta e se perguntou como eles conseguiriam explicar aquilo tudo aos professores. Do meio de uma pilha de papéis surgiu Upamon, olhando para todos com cara de inocente e dizendo:

“Eu juro que não fiz nada, Iori!”

Enquanto o restante do grupo ria daquela situação, Takeru escutou algo estranho. Os outros se calaram por um instante, aparentemente também incomodados com o barulho. Era como um chiado agudo que durou não mais do que alguns segundos, e depois desapareceu.

 “Ei, pessoal. Vocês ouviram isso?” – perguntou o garoto. –“Pessoal?”

Não houve resposta. Daisuke e os outros estavam inertes, como estátuas. Patamon saltou para a cabeça de Takeru, apoiando-se sobre o chapéu do garoto.

“Takeru, você também está se sentindo estranho?” – perguntou o Digimon, preocupado.

“Patamon,veja!” – murmurou Takeru –“ Eles não se movendo! Ei, pessoal!”

O garoto e seu Digimon tentaram, em vão, reanimar o grupo. Tocaram os ombros de Daisuke, sacudindo-o para ver se ele respondia. Depois de várias tentativas, não conseguiram move-lo nem mesmo um centímetro.

De repente, o D3 de Takeru começou a brilhar com uma luz amarela,fazendo com que o  garoto tomasse o aparelho nas mãos. Uma linha de luz ligou os D3 de Daisuke e de Takeru, se extinguindo rapidamente. Logo depois, Daisuke e Veemon começaram a se movimentar, olhando confusos para os lados.

“Ué, mas... O que foi?” – quis saber Daisuke—“Nos estávamos conversando e...”

Antes que Daisuke pudesse terminar, todas as lâmpadas da sala estouraram ao mesmo tempo, deixando eles no escuro. Os dois garotos se abaixaram por reflexo, tentando se proteger dos cacos de vidro.

“Daisuke!” – exclamou Veemon, tocando no ombro do parceiro – “O vidro não está caindo!”

“Mas que conversa é essa, Veemon?” – silabou o garoto, ainda abaixado –“Não tem como o vidro não...”

Mas Daisuke estava enganado. Os digiescolhidos e seus digimons observavam, estarrecidos, os pedaços da lâmpada quebrada flutuarem a alguns metros do chão. Alguns muito próximos do rosto dos garotos, mas sem nunca terminar de cair. Como se não houvesse gravidade que puxasse os objetos para baixo.

“Mas...” – começou Daisuke –“O que está acontecendo?”

“Takeru!” –Chamou Patamon –“Olha lá fora! Aconteceu com eles também!”

Daisuke e Takeru se aproximaram das janelas, enquanto eles e seus Digimons olhavam para o lado de fora. E o que viram a seguir foi a cena mais bizarra que já haviam visto.

O jogo de futebol dos estudantes estava parado. Cada jogador estava congelado em uma posição mais curiosa que a outra. Outros jovens que conversavam e caminhavam pelo colégio também não se moviam. A árvore no pátio estava inclinada, mas não havia vento que a estivesse soprando daquela maneira e nenhuma de suas folhas era derrubada de seus galhos.

“É como se o tempo tivesse parado...” – observou Takeru.

O mais estranho era o sol, que estava totalmente coberto, como em um eclipse. Estava tão escuro que eles podiam jurar que já havia anoitecido.

“Pera aí!” –interrompeu Daisuke –“E quanto a Hikari e Tailmon? Elas estão bem?”

“A Hikari disse que iria se encontrar com Tailmon na sala de informática.” –Lembrou Veemon.

“Hikari!” – gritou Daisuke, saindo da sala correndo.

“Daisuke, espera!” – pediu o digimon dragão, indo de encontro ao parceiro.

“Ei, vocês dois!” – gritou Takeru –“E quanto ao Iori e Upamon?”

Mas Daisuke e Veemon não escutaram, pois estavam correndo para longe dali. Takeru suspirou, sabendo que essa imprudência era típica da personalidade do amigo. Tentou reanimar Iori assim como fez com Daisuke, apontando o seu D3, mas não funcionou. O loiro retirou seu chapéu e o pressionou com força, contendo raiva por não poder fazer nada pelos dois.

“Takeru! O que está acontecendo?” –Perguntou Patamon.

O loiro recolocou o chapéu, sacudindo a cabeça. Quando se acalmou, respondeu:

“Eu não sei, Patamon. Mas tenho a impressão de que vamos descobrir logo...”

(...)

No caminho para o laboratório de informática, Takeru e Daisuke se esbarraram com Miyako e se assutaram ao ver que ela, Poromon e os professores também não se moviam. Quando chegaram à sala que ficava no final do corredor, Patamon e Veemon se aproximaram, tentando espiar para ver o que estava se passando lá dentro.

Estava escuro, então não dava para enxergar muita coisa. O que era possível saber era que um dos computadores estava ligado. A luz vermelha do monitor estava fazendo sombra no corpo de uma pessoa, que estava de pé com o rosto virado para a tela.

“Você não pode fazer isso!” – gritou um rapaz, de dentro da sala. –“Nós tínhamos um acordo!”

Você tinha um acordo com ele.” – retrucou uma voz grave –“Eu não sou ele.”

“Como é?” – o rapaz questionou, confuso –“Quem é você?”

Não lhe interessa.” – a voz grave respondeu –“O que importa é que eu farei o que for preciso para ter o que eu quero.

“O que for preciso!? Você tem idéia do que você fez?” --  perguntou o garoto, se exaltando.

Eu eliminei os obstáculos que estavam te atrapalhando.” – Continuou a voz grave –“Agora, você está livre para servir à minha vontade!

“Me recuso!” –berrou rapaz, perdendo a paciência –“Não faremos mais o seu trabalho sujo!

A voz grave riu diabolicamente em um tom que fez Daisuke e os outros gelarem até os ossos.

Se você se recusar...” –disse a voz grave, com desdém –“Seu mundo nunca voltará ao normal. E se continuar a me desobedecer, matarei as duas humanas que tenho comigo!

E depois daquela fala, a tela do computador apagou, deixando todos no escuro novamente. O jovem que estava dentro da sala acertou uma mesa com alguma coisa, xingando com todos os nomes que conhecia.

“O que faremos agora, Hibiki?” – alguém perguntou para o rapaz.

“Como se tivéssemos escolha, Dorimon...” – respondeu.

O garoto se aproximou da tela do computador. Ergueu um objeto com o braço direito e apontou para o monitor, dizendo:

“Digital Gate! OPEN!”

De repente, o monitor ligou sozinho, brilhando intensamente. Por reflexo, o grupo de Daisuke desviou o olhar, enquanto o rapaz que estava dentro da sala era sugado pela tela do computador, desaparecendo sem deixar vestígios...

(...)

Continua!


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Deixem, por favor, o seu comentario e review. Estou tentando melhorar minha escrita, então sempre que vocês enchergam algo que eu não vejo, me ajuda bastante.

Para quem não sabe, "Seichouki" significa Criança, Nível de evolução dos digimons que precede à forma Seijukuki(campeã).

No mais, obrigado pessoal e vejo vocês no capítulo 2!