A Caçadora escrita por Messer


Capítulo 13
A Tiara de Ouro


Notas iniciais do capítulo

Explicativo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/325639/chapter/13

John ficou olhando para frente, com os olhos arregalados e o queixo caído. Nunca, mas nunca mesmo achou que ela pudesse fazer aquilo. Nem tinha tanta certeza assim de que estava falando a verdade, mas agora percebeu.

Ele estava andando pelo Central Park, procurando cegamente por Mary. Num momento, escutou uma canção. Era incrível o modo como que ela cantava, como solfejava a letra mesmo sem melodia. Ele foi trazido, andando silenciosamente para perto dela. Então, se escondeu atrás de um arbusto e viu Mary e Quione, com a garota cantando.

Tell me why

We live like this...

Então, do nada, as rochas começaram a se mexer, a ganharem vida. Se partiram, formando uma espécie de túnel, um túnel escuro e que preenchia o chão com uma névoa. John sentiu um calor estranho quando ele se abriu, o calor e medo. Muito medo. Ele sabia que aquilo era perigoso, que terminaria em morte. Teve que se segurar muito para não correr e puxar Mary para si, para longe daquele lugar.

Mas ela entrou, como se fosse natural, como se entrasse em casa. Com um susto, ele teve a sensação que aquela era mesmo seu lar. Como alguém pode viver em um lugar como esse?, ele pensou. Quione estava rondando o lugar, mas logo entrou, atrás da dona. E, silenciosamente, as pedras se fecharam.

John sentiu algo morno na mão, e olhou assustado para ela. Com um susto, percebeu que estava tão tenso que havia cravado os dedos nas palmas das mãos com tanta força que sangraram, fazendo quatro pequenos cortes circulares. Ele sacou a estela do bolso interior do casaco e se pôs a desenhar linhas, símbolos. A estela queimando sua pele não era uma sensação ruim, era até reconfortante. Era reconfortante ele sentir a dor familiar do objeto depois que descobriu esse novo mundo.

Devagar, tentou fazer a Marca na mão direita, logo que era canhoto. Depois, se levantou e saiu, procurando algum bar e tempo para pensar.

Percy estava acabado, olhando para sua irmã. Ela estava extremamente brava com ele, mal ousava olhá-lo. Não disse mais nenhuma palavra a mais, mas se sentiu culpado. Ele não deveria ter tido aquilo. Nem para Mary, nem para John.

Mas, infelizmente, não havia nada a ser feito.

– O que aconteceu? - Sara, namorada de Percy perguntou. - Nós escutamos os gritos e viemos apressados...

Ela deixou a frase pairar pelo ar. Percy a olhou, com seus cabelos castanhos-escuros compridos e cacheados, com os olhos negros e a pele escura. Ela era alta, esbelta e muito tímida. Demorou bastante tempo para ele se aproximar dela. Estava com um roupão cinza por baixo do pijama de frio. Seus olhos pareciam puxar respostas de sua mente, e foi isso que mais lhe chamou a atenção. Ela era mais do que uma bela guerreira.

– Uma garota nova - disse Percy, com a voz levemente rouca de ter gritado a agora pouco. - Achamos ela no Central Park, alguns dias atrás. Ela também via o que eu enxergava, e resolvi trazer ela para cá, para poder me explicar. Mas eu acabei gritando com ela e a mandando embora.

Sara somente colocou uma mão reconfortante em seu ombro, sem dizer nada. Estava com uma expressão cara, serena, como se dissesse: ''Sinto muito." Mas nada disse. E ele preferia assim.

– Era aquela garota que John ficou vigiando? Desculpe, eu escutei a conversa de vocês.

Era Nick, o garoto que havia chegado há um mês. Ele era meio enxerido, mas era um bom lutador e amigo. Quase sempre estava com ele e John, caçando demônios. Era um garoto descendente de japoneses, com seus olhos puxados e cabelos negros e espetados.

Percy confirmou com a cabeça.

– Foi por isso que ele foi atrás dela - disse Nick, pensativo. - Cara, ela deve ter sei lá o que para ele ir atrás dela!

Sara e Percy se entreolharam por um instante e deram de ombros. Puxando sua mão, eles foram ao elevador, com Percy querendo falar com ela a sós.

Era uma floresta escura, e estava de noite. Árvores faziam sombras ameaçadoras e uma figura de costas, vestindo uma capa negra estava no meio daquilo.

Mary franziu a testa e colocou um pouco mais de preto na capa da garota, para fazer mais sombras.

Ela havia chego ao Mundo Inferior e seguido direto ao palácio de seu pai. Nem se incomodou com o cheiro e o grito das pessoas, sofrendo a tortura eterna. Ela já conhecia o caminho, muito percorrido. Logo que entrou na sala do trono, encontrou o pai sentado de lado, com as costas no trono de ossos fundidos. Ela se ajoelhou.

– Pai.

Ele a olhou, com uma sobrancelha erguida. Estava exatamente como da última vez, com a pele pálida, os cabelos pretos no final do pescoço, seu manto negro e uma coroa dourada na cabeça, que Mary achava que se parecia com espinhos entrelaçados.

– Mary - ele disse, desgrudando as costas da cadeira e, pelo que lhe pareceu, vendo Mary pela primeira vez ali. - Filha, o que faz aqui?

A garota o olhou, com uma expressão triste no rosto. O deu se assustou e se inclinou mais para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

– Eu não tenho mais onde ficar - ela disse, se levantando. - Então vim passar um tempo com o senhor, até achar algum lugar para morar.

Então, ela foi até seu quarto, que estava como da última vez que deixara. Foi no século XVIII, então estava cheio de vestidos grandes nos armários, joias na penteadeira e a cama cuidadosamente dobrada. Vasculhando o armário, encontrou um vestido longo, grego, preto. Separou-o, e foi tomar um banho, para relaxar. Depois, vestiu-o, e se sentou na penteadeira prateada, vendo seu reflexo.

Pele pálida, os cabelos estavam mais escuros por causa da água. Logo, ela se pôs a trabalhar e fez uma maquiagem escura, ressaltando os olhos, que estavam num tom de cinza muito claro, com uma auréola preta em volta. Eles sempre ficavam assim quando ela ia para o Mundo Inferior. Colocou três grandes pulseiras em cada braço e anéis variados. Como seu pai era dono de tudo que vinha da terra, os metais preciosos sempre estavam sobrando.

Ela foi até o banheiro, e secou os cabelos, formando cachos. E se lembrou de uma tiara que ganhara. Ela voltou a penteadeira, e abriu a pequena gaveta lateral, que era estofada de veludo vinho por dentro. Lá, a tiara repousava, os fios de ouro entrelaçados um nos outros, serviam certo para sua cabeça. Ela a colocou, prendendo a franja, e saiu do quarto, liberando poder, como uma deusa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Caçadora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.