A Caçadora escrita por Messer


Capítulo 12
Porta de Orfeu


Notas iniciais do capítulo

Agora tá pronta para ler! Obrigada por esperar, e quero reviews u.u
Kkkkkkkkkk



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Querido diário,

Não sei mais o que fazer. Voltei ao Central Park.

Depois de eu ser atacada por um gigante, e acabar descobrindo um novo mundo, fui excluída da Caçada. Artemis veio e me disse, no jardim do Instituto.

Eu conheci três novas pessoas, a Annie, uma garota legal e meio hiperativa, mas é bem gente boa. Eu contei mais ou menos o que eu sou, e ela pareceu aceitar. O outro é o Percy, um mortal que consegue ver através da névoa. Ele pareceu bem interessado e legal, mas eu quase o matei algum tempo atrás. Percebi que ele só estava me usando para saber o que ele tinha.

E tem o John.

Depois que eu e Percy discutimos, eu saí do Instituto e vim para cá. Ficar na natureza me acalma. Principalmente a noite. Quione está aqui comigo, o que achei estranho. Acho que Ártemis percebeu que ela faria falta para mim como uma perna.

Não tenho muito a falar agora, só que não sei o que fazer. Eu posso ir morar com meu pai, no Mundo Inferior, ou posso ir ao Acampamento. Só que, tenho a péssima impressão de que eu vou ter que continuar nesse mundo de Caçadores de Sombras. É difícil.

Aliás, existe algo que não é assim?

Ela fechou o pequeno caderno. Encostou a cabeça no tronco da árvore que estava sentada e olhou para o céu. Não havia estrelas, somente o escuro e pesado céu cor de chumbo que sempre pairava sobre Manhattan. Até mesmo o dia era mais bonito que ele.

Mary fechou os olhos e tentou dormir. Estava cochilando agora pouco, mas ainda sentia o corpo cansado e pesado. Quione estava em seu colo, de alguma forma aquecendo-a.


Annie estava congelada no lugar. Não conseguia se mexer, mas sabia que não podia fazer nada. Não iria falar nada sobre o que Mary havia contado a ela, mas os garotos estavam brigando.


– Foi ela que começou! - Percy ainda insistia, gritando. Ele estava extremamente irritado, como a irmã nunca havia visto. John estava a alguns passos de sua frente, mas sua expressão era de raiva.

Ele balançou a cabeça raivosamente, em um gesto negativo.

– Ela sempre começa, né? Todos que sempre começam, exceto você!

Percy olhou para ele, ofendido. Era estranho os dois brigarem, mesmo sendo parabaitai. John era mais baixo, mais novo. Seu cabelo estava bagunçado de um lado, o que fez Annie pensar que ele estava dormindo. Seus olhos dourados brilhavam com a luz do luar, fazendo-o parecer uma espécie de super-herói. Já Percy estava com o rosto nas sombras, olhando para baixo. Alguma parte de suas madeixas estavam prateadas, e ele parecia o vilão.

O Herói e o Vilão.

Mas as aparências não deixavam enganar Annie. John poderia ser assim, bonito, com seus cabelos castanhos e olhos diferentes, mas era somente uma máscara. Ele era o tipo de cara que arranjaria encrenca em um quarto vazio caso tivesse irritado. Agora não seria a hora. Ele estava somente preocupado com... Mary.

Pensar nisso lhe deu um aperto no coração. Não pelo John, mas sim pela garota, a Mary. John sempre estava pegando umas e outras, para lhe fazer companhia. Ele uma vez lhe disse que nunca sentia algo por elas, mas o modo que agia com elas o denunciava, tirando o fato de John ser sincero sobre seus sentimentos.

Vendo que ambos estavam quase brigando, com os punhos cerrados, e os outros tensos, Annie conseguiu mexer as pernas e se dirigir até os rapazes.

– Brigar não vai adiantar nada.

John a olhou, como se tivesse levado um tapa na cara.

– Certeza? Ele a jogou daqui, você deveria estar do meu lado! Ela estava ferida, e com o que aconteceu, sabe-se Deus o que ela pode fazer...

– Depois do que aconteceu? - Annie o interrompeu. Nunca havia visto John proteger, não daquele ponto. O modo com que falou com ela... - O que aconteceu, John?

Ele fechou a cara e ficou sem expressão, hesitando.

– Esquece. Vou atrás dela.

– Como assim? Você nem sabe o que ela é! - Percy protestou, indo atrás de John, que saia do recinto.

– Que se dane!

Percy parou, olhando com os olhos escuros arregalados para o garoto. Nem dando moral, John continuou avançando, em passos largos e silenciosos. Annie, sem conseguir aguentar, correu até o amigo e o segurou pelo ombro.

– John, ela vai voltar...

– Mas eu vou atrás dela - interrompeu-a. Ele tinha um olhar determinado. - Verdade, eu nem sei o que ela é, mas vou atrás dela. Ninguém merece ser tratado daquele jeito sem um pedido de desculpas.

– Eu vou com você, então - Annie disse, apertando o ombro dele.

John a encarou. Estava com os olhos brilhando, a pupila dilatada, deixando as íris em um tom dourado e prateado. Assim, perto dele, ela podia ver como parecia cansado e exausto. Mas iria procurar Mary. Sem se importar consigo mesmo, como sempre.

– Você não sabe onde ela está - Annie falou, erguendo as sobrancelhas numa expressão de advertência.

– Tenho uma ideia - retrucou ele.

– Mas então tenho que lhe contar o que ela é, para não se decepcionar.

– Ela lhe disse alguma coisa? - John perguntou, com uma esperança na voz e no rosto.

Com um suspiro, ela disse:

– Mary me contou que ela é uma Meio-Sangue. Metade humana e metade deusa. Até esses tempos atrás, ela era uma Caçadora, uma guerreira imortal. Essas Caçadoras são um grupo de garotas que saem rondando o país matando monstros. Elas não amam, John.

Ele olhou para baixo, com uma expressão de choque. Annie não sabia que ele iria ficar assim.

– Mas ela não é mais - disse Annie, após um momento, quando percebeu que não teria resposta dele. - Disse que foi expulsa, e parece que não ficou feliz por isso.

– Agora eu entendi - disse John, um murmurio - o porque de ela ter agido daquele jeito no telhado.

– Como? - Perguntou Annie, desconfiada.

John pensou por um tempo, nas palavras que poderia escolher. Algo nele dizia que não queria contar que ela pulou em seus braços.

– Quando fui lá, ela estava chorando, mas não me disse o porquê, por mais que eu tentasse descobrir. Parecia que ela realmente gostava desse grupo.

Ele ergueu o olhar e encontrou os olhos violetas de Annie. A garota estava na escuridão, mas seus olhos ainda eram visíveis. Ela era como uma irmã para ele.

– Vou atrás dela - disse ele, e se desfez do aperto da garota. Ela não disse nada, só o soltou, sem hesitar. John se virou e andou pelas ruas do Brooklin, em direção ao Central Park.


Mary não sabia por quanto tempo havia dormido, nem se realmente havia.


Mas, quando acordou, o céu ainda estava escuro, mas começava a nevar. Quione nem havia se mexido de seu colo, e a loba tinha uma leve camada de neve em cima do corpo, como sua dona. As bochechas de Mary estavam levemente avermelhadas pelo frio, retiravam a sua palidez habitual.

Ela estava cansada, e não sabia para onde ir. Não queria voltar para o Instituto, não depois do que aconteceu. Não iria dar uma de fraca e voltar.

Para o Acampamento, talvez? Não, lá havia muitas pessoas, e seria quase que obrigada a treinar. Ela precisava tirar um tempo sozinha, um tempo do mundo mortal. Um tempo dos vivos.

Ela deu três tapinhas nas costas de Quione e a loba acordou, alertando-se completamente. Mary levantou e se pôs a caminhar pelo Central Park, a procura da Porta de Orfeu.


Depois de caminhar o suficiente para sentir os pés doendo, Mary conseguiu achar o portal.


Era um monte de pedras, que a maioria dos mortais ignoraria. Os semideuses também, e os que sabiam que lá existia a entrada lá, evitavam passar pelo lugar. Mary realmente não sabia o por que de as pessoas terem medo de seu pai. Ele era uma pessoa legal. Pelo menos com ela, era assim. Já com os outros... Bem, isso não era assunto dela.

Mary observou um pouco e pensou, olhando para as pedras a sua frente. Quione estava quieta, e parecia tensa. A loba nunca havia descido para o Mundo Inferior, e ficava remexendo o rabo nas pernas da dona.

A garota lembrou uma canção.

– I am outside...

And I've been waiting for de Sun

With my wide eyes

I've seen worlds that don't belong

My mouth is dry

With words I cannot verbalize

Tell me why

We live like this...


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Notas finais do capítulo

Translate:
Eu estou do lado de fora
E estive esperando o sol
Com os meus olhos grandes
Eu vi os mundos que não se encaixam
Minha boca está seca
Com palavras que eu não posso verbalizar...
We are broken, Paramore. Eu escolhi essa música pois ela é linda, e essa parte combina com o que a Mary está sentindo. Com o que ela está sentindo. Quem quiser escutar, tá aqui: http://www.vagalume.com.br/paramore/we-are-broken-traducao.html
Ao longo da história, vou por aqui imagens, ou trechos de músicas que combinem com os personagens.



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