A Profecia escrita por Annabel Lee
ZYAH
Faya estava suando, seu vestido estava sujo de terra e sangue, sua expressão era de alguém em pleno choque. Mas mesmo assim sua beleza anormal e perfeita parecia estar intocável. Isso me assustava.
- O que houve, Faya? - pergunta Lert. A multidão era só comentários e sussurros duvidosos. Tive raiva deles.
Faya começa a soluçar e a chorar. Cyra olha para mim como se me ordenasse a abraça-la, a fazer meu papel de noivo. Fiz o que o olhar duro da minha irmã mandava.
- Sollun - ela diz em meio a seus soluços chorosos - está... morto!
Largo seu abraço, agora assustado.
- O quê?
- Eu vim aqui te visitar, com meu criado. E... eu queria falar com Sollun! Quando entrei na Câmara do Espelho... ele... ele...
A multidão era silêncio total. Ninguém podia acreditar que uma pessoa como Sollun estava morto. Não só por sua importância em Nitha... Mas pela boa pessoa que era e sempre foi.
- O corpo ainda está lá? - pergunta o Capitão da Guarda de Guerreiros da Aldeia Primeira, Reyn. Que também era seu filho.
Todos olhamos para ele com piedade, Faya demora um pouco a responder. Talvez pensando em uma forma de não traumatiza-lo.
- Sim - ela diz simplesmente.
- Vou investigar. Pode ter sido um assassinato.
Agora que todos gelamos. Assassinato era a última coisa que poderia acontecer em qualquer uma das Aldeias... Com exceção talvez da Décima.
E se...
- Capitão Reyn - digo.
- Sim, meu filho.
- Eu e Helena gostaríamos de dar uma olhada. Afinal, Helena foi a última a vê-lo.
De repente, Faya olha fixamente para Helena (quem estava quieta todo esse tempo). Ela a olhava com mesma repulsa que meu pau a olhou alguns minutos atrás.
- Quem não garante que ELA não matou Sollun? - pergunta Faya, num tom de voz que não combina com ela.
- Eu nunca faria isso - Helena responde friamente - ele foi uma das únicas pessoas que me recebeu bem neste lugar! Por que eu o mataria?
- Vai ver ele lhe disse das Regras. Que você teria que ficar aqui por 1 ciclo. Então, com raiva, você o matou!
- Ele me trouxe para cá! E eu jamais saí daqui... Como poderia eu tê-lo matado? Pense um pouquinho!
As duas estavam tão próximas e tão cheias de ódio que pensei que teria outro assassinato logo, logo. Mas Helena apenas andou em minha direção e disse:
- Vamos, logo.
Acho que seria o suficiente para Faya explodir, e ela quase fez isso. Mas Cyra a puxou de leve e disse para ela acompanhá-la ao Castelo.
As duas se foram. E aos poucos, a multidão começou a dispersar. Alguns continuavam cochichando sobre o que teria acontecido... Outros simplesmente voltaram aos seus avazeres diários.
Logo, eu, Helena, Lert e o Capitão fomos até a Câmara do Espelho investigar.
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A parede de mármore negro que marcava a entrada da Câmara estava suja com sangue quase seco. O corpo de Sollun estava deitado em frente a ela. Havia uma poça de sangue embaixo dele, seus olhos estavam abertos e vidrados... Sua expressão aterrorizada.
Havia um corte de espada em seu peito e uma outra riscando seu pescoço.
O Capitão chamou um médico e os dois começaram a investigar os ferimentos de Sollun e o sangue nas paredes.
- Que horror - ouço Lert murmurar.
- Que faria algo assim? - pergunto - com o Guardião de Nitha?
O Capitão, o único herdeiro de Sollun e o único que conhecia a senha, entrou na Câmara. Ele voltou em poucos segundos, o rosto sombrio e preocupado.
- Capitão, o que houve? - pergunto.
- Quem matou Sollun teve um propósito... Que foi cumprido.
- E qual é? - Helena pergunta.
- O Espelho. O Espelho foi roubado.
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