A Profecia escrita por Annabel Lee


Capítulo 32
CAPÍTULO XXXII


Notas iniciais do capítulo

Acabou, pessoal!!! Se quiserem eu posto um Epílogo para mostrar como ficaram Zyah e Helena adultos (um resuminho só)... mas só se tiver reviews!



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ZYAH

Depois que invocamos o Poder, muita coisa aconteceu. A energia gasta é muito forte. Parte de nós não a suportou. Mas nós sabíamos. Era um risco, um sacrifício.

      Sou experiente. Principalmente por conta da Aldeia que venho. O Poder não me abalou tanto quanto os outros, assim como não abalou Lyra.

      Syr morreu na hora. Consumido pelo próprio poder. Ele era outro que entendia o sacrifício. Mas nenhum de nós, que sobreviveram, conseguimos aceitar. Ele, afinal, era jovem demais.

      Quando Helena desmaiou eu a amparei, com dificuldade. A batalha eclodiu. O que sobrou do exército inimigo tentou se manter de pé. Porém nossos pais e outros cidadãos nithianos lutaram com força e honra. Devo dizer que depois de nossa “pequena ajuda” a vitória veio bem facilmente.

      A Besta explodiu numa luz branca. Sobrando apenas o corpo pálido e sem vida de minha única irmã. Eu nunca perdoaria Cyra. Assim como nunca me referia a ela com seu lado sombrio e maligno. Ela sempre seria minha irmãzinha mais nova.

      Alguns curandeiros vieram no meio da batalha e retiraram os Herdeiros inconscientes da linha de fogo. Atirei em alguns inimigos restantes, mas visualizei muitos amigos morrerem.

      Faya, que estava fraca por conta do Poder, libertou as asas e voou para lutar sozinha contra um Troll errante. Ela sempre fora orgulhosa. E admito, que preferiria tê-la viva como minha esposa, do que morta como está agora.

      Seu amigo Liu lutou com honra. Sobreviveu por pouco. Antes de morrer, ele me disse que Faya estava feliz agora, nas Terras Imortais. Finalmente com Ley. Como ela sempre quis que fosse.

      Wai-Zi lutou com bravura e sobreviveu, como a guerreira que é. Acho que finalmente estamos nos entendendo, embora ela continue encarnando por causa de sua vitória num duelo de quando tínhamos 13 ciclos.

      Eu acho que você não ficaria surpreso se soubesse que Lyra continua viva. Invocou mais magia sétima depois e conseguiu lutar lado a lado com seu povo.

Droi e Drei foram os primeiros a desmaiar. Nunca invocaram tanto poder antes. Também foram levados pelos curandeiros.

E por fim: Ysill. Quando ganhamos a batalha em seus Salões o Governante Décimo foi novamente banido, e desta vez para fora das Aldeias. Onde o vasto e misterioso oceano se estende.

- Helena poderia governar a Aldeia Décima – Genoi sugere.

Nego com a cabeça. Helena jamais aceitaria. Todos nós sabemos que aquela Aldeia tinha algo maligno correndo por cada paralelepípedo negro. Helena não arriscaria sua bondade desse jeito.

Hoje, um dia depois da batalha, teremos uma última homenagem aos que morreram em guerra. Levaram Helena para a Sala do Espelho para que se recuperasse mais rápido.

Não saí de perto dela.

Posso ver seus olhos piscando nesse momento. Ela os abre.

- Zyah? – ela pergunta olhando ao redor – o que aconteceu?

Ponho uma mecha de seus cabelos atrás da orelha.

- Vencemos.

Conto os detalhes da batalha para ela. Vendo-a derramar lágrimas ao descobrir as perdas. No final ela apenas exibe um simplório e cansado sorriso.

- Tudo ficou bem – ela diz.

Não deixo de sorri para ela, entendendo a melancolia por trás daquelas palavras. Será que nós ficaríamos bem?

- Que horas é a Homenagem? – pergunta.

- Meia-noite. Sobe as luzes Primeiras. É uma bela cerimônia. Mas temo que você não possa participar, minha bela.

Ela começa a chorar. Legal... Consegui fazê-la chorar. A última coisa que eu queria. Sinto lágrimas rolarem de meus próprios olhos. Desisto de tentar convencê-la a ficar. Aqui não era o lar dela.

- Eu sinto muito, Zyah – diz – mas, eu me afogava tanto em meus poucos problemas que não notei o quanto amava minha mãe e meu irmão. Eu... Planejei um futuro lá. Eu acho que não deveria desaparecer.

Olho dentro dos olhos dela. Olhos completamente escuros. Olhos Décimos. Olhos lindos.

- Está tudo bem, Helena – eu lhe digo – Tá tudo bem.

Ela roda os olhos pelo pequeno Salão repleto de azul. Sim, azul era a cor favorita de Sollun. Era aqui que ele vivia. Um quarto repleto de fotos de seu filho e com pinturas em vários tons de azul. Uma enorme janela fica ao lado da cama, exibindo o pôr dos sóis. E uma porta no tom mais escuro de azul no canto do quarto: a sala do espelho.

Helena se senta. Olhando o horizonte encantada.

- É tão lindo... – diz.

Os sóis se encontravam aos poucos, encostando na camada azul límpida do oceano. A luz cálida de ambos envolvendo as nuvens e o céu baunilha. A visão era incrível. E só aparecia a cada cinco longos ciclos.

Helena olha para mim. Sorri. Uma sensação de paz corre por minhas veias, como se o sangue estivesse sendo trocado. Dou um longo suspiro.

- Eu te amo. – é o que ela diz.

- E eu te amo. – é o que eu respondo.

Me inclino em sua direção e encosto meus lábios nos de Helena. Iniciando um beijo cálido, porém melancólico. Sinto sua mão puxar meu rosto para mais perto.

Deito-a sobre a grande cama azul celeste, continuo a beijá-la. Desfrutamos dos calores e prazeres um do outro. Como um “adeus” silencioso e calmo.

Helena não quis se despedir. Bom, nem tinha como levando ao fato de que maioria de nossos amigos estão inconscientes ou mortos. Ela escreveu uma carta para Wai-Zi, meus pais e, acredite ou não, para Lyra.

Prometi a ela que entregaria! E realmente vou. Pego a chave que o Capitão Reyn me entregou, que abri as escuras portas que davam na guardada Sala do Espelho dos Mundos.

De mãos dadas nós nos aproximamos. O Papel da Profecia continuava ali, pendurado ao lado do Espelho. Me aproximei para retirá-lo e vi algo que me chamou a atenção.

- Helena...

- Sim?

- A Profecia... Mudou.

- O quê?

Ela pega o papel e o lê em silêncio. Sua expressão não é fácil de ler. Mas ela estava confusa. Muito confusa.

- O que está escrito? – pergunto.

Perplexa, ela me entrega o papel.

Eu, a Poderosa Senhora da Lua e do Universo, junto de meu marido o Senhor do Sol e de todas as criaturas vivas, concedo a Zyah XI e Helena Rodriguez meu último e sincero agradecimento.

Concedo a ambos, por salvarem o único Mundo que ainda me cultua, um período juntos a cada cinco ciclos, onde os dois sóis nascem juntos, até o momento que eles se põem.

A minha benção a vocês.

Lyra.

Deixo o papel cair no chão. Não sei se pulo de alegria ou fico horas ali indagando ou rezando para a Grande Deusa por sua generosidade. Acho que devo fazer todos os três.

 - Lyra... A Deusa... – as palavras falham de minha boca. Falar não era uma coisa que eu conseguia.

Agora, Helena sorria de orelha a orelha. Ela segura meu rosto, fazendo com que eu olhe seus lindos olhos pretos.

- Zyah! Vamos poder nos ver! A cada cinco anos... E por um dia. Mas não importa! Ficaremos juntos.

Meu sorriso começa a se formar. Pego ela no colo e a suspendo, girando no mesmo local. Eu a coloco no chão e puxo sua cintura em direção ao meu beijo.

- Nós vamos ficar juntos! – digo com convicção.

Ela olha para o Espelho, o Portal se abrira. Logo, eu teria sair dali, antes que aquele buraco negro me sugue.

- Te encontro aqui daqui a cincos anos – ela me diz com um sorriso divertido.

- Vamos ver quem chega primeiro!

Trocamos o último beijo apaixonado. Cinco ciclos. Eu podia esperar!

Helena caminha até o Espelho. Os cabelos negros estavam soltos, alcançando a cintura. Ela se vira e me sussurra um “eu te amo”. E atravessa o Portal, seguindo para casa.

“E eu te amo”, sussurro de volta.


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Notas finais do capítulo

The End.



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