A Profecia escrita por Annabel Lee


Capítulo 17
CAPÍTULO XVII


Notas iniciais do capítulo

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HELENA

Chega mais um Governante. Junto de sua filha. Calculei que deveriam ser da Aldeia Sétima. Vestiam mantos roxos e pretos. Com joias de mesma cor. Seus cabelos eram negros e pareciam deuses, pela forma que andavam. Seus olhos eram completamente brancos, e não possuíam íris ou pupila.

     A “herdeira” vem se juntar a nós como os outros fizeram.

     Lembro que Syr disse que o herdeiro sétimo era o mais poderoso. Mais poderoso que Zyah. Deus, pensar em Zyah está me fazendo enrubescer.

     - Saudações – ela diz.

     Todos respondem.

     - Você é a humana, pelo visto – ela diz.

     - Sim. Me chamo Helena.

     - Sou Lyra.

     - Lyra... Já ouvi esse nome.

     - É o nome da Criadora. Da Grande Mãe. Ela salvou minha vida quando nasci. E esse foi meu nome.

     - Pega leve, Lyra – comenta Ley.

     - Não vou “pegar leve”. É culpa dessa terráquea que o Espelho desapareceu. O Espelho que meus ancestrais tiveram tanto afinco para construir.

     De repente me sinto sem graça. E mais fora de lugar que nunca.

     - Lyra – intervê Zyah – a culpa não é dela! Você sabe. Foi a Aldeia Décima!

     - Não caio nesse papo furado.

     - Ela ouviu sinos!

     - E quem garante?

     - Lyra – diz Faya, que só havia dito abobrinhas até o momento – ela é Herdeira.

     - Herdeira de quê?

     - Do Guardião Terráqueo.

     Lyra se cala.

     - Escutem – diz a herdeira sexta, que ouvi chamarem de Wuley – não é hora de brigas. Sei que muitos de nós se tornaram rivais. Mas em tempos como este devemos esquecer isso.

     - Wuley está certa – diz Zyah – devemos nos unir. Sabemos o quanto o sangue Guardião é poderoso. Devemos treinar Helena, como Wai-Zi sugeriu.

     Wai-Zi deu um sorriso satisfeito e piscou para mim logo depois.

     - Quem falta chegar? – pergunta o Ley, o bonitinho da Aldeia Quarta.

     - Os Governantes Oitavos e Nonos. – responde Syr.

     - Ninguém vem da Aldeia Décima? – pergunto.

     Lyra me lança um olhar de puro ódio. Tudo bem, pergunta estúpida. Mas essa garota está me assustando de tanta raiva que ela tem a oferecer.

     Todos se entreolham desconfortáveis.

     - Hã, Helena – diz Zyah – os Décimos foram banidos. Proibidos de entrar em qualquer Aldeia. Inclusive seu Governante.

     - Ele está vivo?

     - Não sabemos – diz Wai-Zi – ninguém sabe. Só, talvez, os pais de Syr.

     Todos olhamos para aquele garotinho de 11 anos, buscando respostas.

     - Eu não sei de nada. – diz Syr lamentando-se.

     Fico triste ao olhar Syr. Pois ele lembra-me muito André, e sofro ao pensar nele.

     - Duvido que nossos pais nos contem. – reclama Ley.

     - Agradeça nós pelo menos estarmos aqui – diz Faya. Todo mundo está cansado de vê-la, mas quando olham para ela novamente quase perdem o fôlego.

     A Governante Oitava e a Governante Nona chegam juntas. Eram gêmeas. Mas com alguns traços diferentes. Como se as marcas de suas Aldeias fossem a única coisa que as diferenciavam.

     A Oitava tinha cabelos ruivos e enrolados. Vestia-se de laranja. E a Nona, tinha cabelos pretos e enrolados como os da outra, sua pele era negra. Vestia-se de um vestido com as cores do arco íris.

     - São irmãs – sussurra Zyah para mim – de pais de Aldeias diferentes. Foram concebidas ao mesmo tempo.

     - Como isso é possível?

     - Nem pergunte. A Oitava se chama Tona e a Nona se chama Vera.

     - Aldeia do Outono e a outra da Primavera?

     - Sim. Mas a Aldeia Nona é caracterizada por suas montanhas.

     Os herdeiros pareciam ter mesma idade. Pelo menos uns 14 anos. Um deles era ruivo e o outro moreno.

     - O ruivo se chama Droi. E o moreno Drei.

     Droi e Drei chegam juntos e nos cumprimentam.

     - Faya você está cada vez mais linda! – diz Droi dando-lhe um beijo na bochecha.

     - Obrigada, Droi.

     - Wuley você está incrível.

     - Brigada, Drei. – responde Wuley com um sorriso.

    - Sentem-se – ouço Genoi anunciar – o Conselho irá começar!

Os Herdeiros se juntam aos seus pais. Fico do lado de Wai-Zi, pois (como Zyah me explicou) as Aldeias Ímpares ficam do lado direito, e as pares do esquerdo. Sinto que Wai-Zi pode ser uma boa amizade, embora Zyah não goste muito dela...

Mas tenho certeza que qualquer um é melhor que Lyra!

- Governantes e Herdeiros - anuncia Genoi, em voz alta e clara - estamos aqui pelos vários e confusos acontecimentos que vêm complicando Nitha nas últimas semanas... Muitos de vocês tiveram seus próprios problemas em suas Aldeias. Vamos começar pela Aldeia Nona, que está "mais próxima do problema". Vera?

A moça de pele negra e cabelos escuros se levanta. É muito parecida com a irmã. Mas eu a acho mais bonita. Mais viva, de alguma forma...

- Metade de nossa Aldeia anda estranha - ela diz - a área que fica próxima a fronteira está secando. Todas as flores primaveris que ficam por lá estão escuras e mortas. Isso nunca aconteceu antes. Tememos que a Floresta Primaveril não seja polpada. Precisamos combater esta Sombra.

Agora quem se levantou foi Tona.

- Nossos cavalos têm ficado agitados à noite. Sempre relicham e se movem até que amanheça. Esse comportamento não é normal. Mandamos três bravos guerreiros para tentar explorar a fronteira Décima e nos arrependemos... Pois não voltaram.

- Que tolice - murmurra Tür para o Governante Terceiro.

Tona lança um olhar de ódio para ele.

Então o pai de Lyra se levanta. E quando o faz, Tona e Vera se sentam. Como se ele fosse o senhor de Nitha. Sendo que o Anfitrião é Genoi...

- Nós da Aldeia Sétima soubemos que o Espelho foi roubado. Muitas coisas estranhas têm acontecido desde então. As profecias estrelares nos avisam do perigo. Para ambos os mundos envolvidos. E quero reclamar da falta de segurança que a Aldeia Primeira tem demonstrado. Sendo os Primeiros deveriam ser os mais respeitáveis.

O pai de Zyah levantou-se, nada feliz.

- Escute, Aladyr, entendemos sua grande infelicidade. Mas o Espelho pertence a NITHA. E Sollun teve que sair do posto por conta da humana, e quando voltava foi morto.

- Então a humana deveria ser culpada! E punida.

Merda.

Olho para Zyah, talvez implorando ajuda. Talvez implorando apoio. Mas ele não podia falar nada pelo visto. Apenas disse em uma mensagem silenciosa: fica calma.

Como eu poderia ficar calma?

- Culpar a humana não vai ajudar nos nossos problemas - disse a Governante Quarta. E fiquei muito agradecida por pelo menos alguém estar me defendendo.

- Muito menos a combater a Aldeia Décima - completa o pai de Zyah.

- Então o que devemos fazer? - pergunta Aladir.

- Que tal se render? - pergunta uma voz áspera e fria por trás de nós, que arrepiou todas minhas espinhas e fios de cabelo.

Quando viro de costas percebo que havia um homem todo vestido de negro, com olhos completamente vermelhos e profundos. Não precisei ser mestra em Nitha para saber que de onde ele vinha, nem quem era.

Ele era o Governante Décimo.


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