HELENA

- Impossível - exclama Zyah - a Aldeia Décima é feita de Mal, é só!

- Pode ser assim agora - diz o Capitão calmamente - mas nos Tempos Antigos era diferente. Cada Aldeia tinha sua caraciterística forte. A da Aldeia Segunda é o Verão, a nossa é a Noite, a da Quarta é o Grande Rio.... A Décima era aonde residiam as forjas de Nitha. Era marcada pelo fogo... E pela sombra.

- E eles semrpe foram malvados? - pergunto um pouco confusa.

- Sim. O Décimo Fundador era um sujeito perverso. Seus planos eram para afundar Nitha em sombras e escuridão. mas os Fundadores eram poderosos... Venceram-no com facilidade. E jogaram seus restos no Abismo que fica além do limite das Aldeias.

- Como você sabe tanto, Capitão? - pergunta Zyah admirado.

O Capitão dá um sorriso modésto.

- Meu pai me ensinou muito bem, posso ver os dois Mundos graças a ele. Ele queria que eu se tornasse Guardião depois dele... Vou honrar seu último desejo. Seu o Espelho for recuperado.

- Quem você acha que roubou o Espelho, Capitão? - eu pergunto.

Ele hesita um momento, como se soubesse a resposta, mas tivesse medo de respondê-la.

Por fim, ele suspira, aparentando ser bem mais velho, e responde:

- Sem dúvida é obra da Aldeia Décima... Acho que O Fundador pretende voltar, e cumprir seu objetivo: dominar o mundo nas sombras.

- Mas ele morreu! - Zyah protesta - e mesmo que voltasse, os Fundadores podem ser invocados... ele perderia evidentemente. Ele nunca vai conseguir escurecer Nitha.

O Capitão olha bem nos olhos de Zyah, e depois olha nos meus. Esperando que eu lhe tirasse a resposta da boca. E é exatamente o que faço.

- Ele não mencionou Nitha - falo de forma vazia.

- Mas que outro Mundo ele iria... - Zyah para, olhando para mim com a expressão amedrontada - querer.

- Sim - diz o Capitão - é do seu Mundo que digo, Helena. É pra isso que eles querem o Espelho.

Não sei se naquela hora eu sentia medo, ou sentia ódio. Ódio por ser tão estúpida e não ter ouvido vovó, e ter ido embora com ela quando podia. Agora até ela pode morrer, ou ser torturada pela Eternidade. E tudo porque eu não fui embora na hora;

- Capitão - insiste Zyah - apenas um Guardião pode usar o Espelho. E você é tão bem treinado que nunca ajudaria eles, nem a tortura. Nem com todas as magias obscuras que eles possuem.

- Sim, Zyah, eu fui treinado a não me submeter a magia. Pois sou da Aldeia Primeira... mas há um Guardião que não sabe como fazê-lo.

- Ué, quem?

O Capitão vira o rosto em minha direção, e olha fixamente para mim.

Começo a tremer, contra vontade. Lembrando da minha última conversa com a vovó.

- Eu. - respondo quase a ponto de gritar em desespero.

- Você é Guardiã?

- Herdeira... eu acho.

- Por que não me disse?

- Não achei que era importante.

- Você achou?

- Ei - interrompe o Capitão - vamos parar com isso. O fato de ela ter contado ou não, não mudaria o fato. Não mudaria nada.

Zyah respira fundo e olha no relógio azul-celeste na parede da sala.

- Temos que voltar para o almoço. - ele diz - Lert deve ter caçado sem mim.

- Muito obrigada pela ajuda de vocês! - diz o Capitão sorrindo - querem que eu os acompanhe até a porta.

- Não precisa! - digo - também agradecemos.

Eu e Zyah andamos até a porta. Ele a abre e sai andando. Fecho a porta cuidadosamente, e corro para alcançá-lo.

- O que foi? - pergunto.

- Como assim o que foi? Você deveria ter me dito que era Guardiã.

- Acha que eu me lembraria com tanta coisa acontecendo?

Ele para e não responde. Provando que estou certa.

- Deus, você parece a Marcy.

- Quem?

- É uma amiga.

Quase choro novamente ao pensar em Marcy. E que talvez ela esteja em grande perigo.

Ao longe vejo uma luz dourada se aproximando de nós, e aposto que era a noivinha do Zyah. Dividir o quarto com ela era insurpotável, ainda mais quando ela cisma que eu quero roubar o Zyah. Mesmo eu o achando bonitinho... Eu não tenho tais intenções.

Porque ele iria querer eu, quando podia ter uma criatura tão perfeita como ela?

- Zyah! - ela diz quando se junta a nós, o vento movimentando seu vestido verde, como ondas do mar - Lert veio sem você com a caça, achei um pouco estranho.

Então ela vira os olhos para mim.

- Você?

- Antes que você diga alguma coisa, Saia, saiba que estávamos com o Capitão Reyn - digo impaciente.

- Meu nome é Faya! Pensei que já havia aprendido, mas pelo visto seu raciocínio pe fraco.

Respiro fundo, lutando contra a vontade de socar a cara dela.

- Bom, o almoço vai começar - ela diz - temos visitantes da Aldeia Quinta... Querem nos informar algumas coisa.