Então eu corro em direção a ela e a encontro em baixo de uma árvore chorando, sento do lado dela, e digo:

- Olha, eu não tenho nada a ver com isso, não chore, espero que tudo melhore viu, e eu te achei legal apesar de tudo e então... - Eu falo em um tom compreensível.

- Tudo bem, podemos ser amigas, mais eu não quero falar da minha família por enquanto tá bom? - Ela fala, abrindo um pequeno sorriso entre seus pequenos lábios rosados.

- Tudo certo, agora vamos catar maças pra essa velha logo, que eu ainda quero ver tv, será que aqui eles tem tv por assinatura? - Eu pergunto enquanto me levanto e vou indo em direção as macieiras.

- É bem provável que não. Aqui não deve ter muito conforto, pelo menos a Sra. Thays é legal. - Fala Laura recolhendo as maçãs e as pondo na cesta.

- Por mim, tanto faz, dizem que eu passei dos limites, quem passou dos limites foi á retardada da minha mãe por me abandonar aqui. - Eu falo aborrecida, pegando as maçãs e jogando na cesta.

- É.. - Diz Laura desanimada.

- Falei algo errado? - Eu digo preocupada.

- Não, só não gosto de falar sobre as famílias e tal... - Então ela suspira e logo em seguida pergunta:
 - Até quanto tempo agente você vai ficar aqui?

- Não sei, deve ser igual na cadeia, acho que saímos por bom comportamento, por isso estou concordando com essa palhaçada, e você? – Eu lhe pergunto.

- Não sei, acho que até alguém vir me buscar. – Ela responde sorrindo.

- Legal. Espero que sejamos boas amigas. – Eu lhe digo.

- Vamos ser, eu sinto que seremos. - Diz Laura ainda sorrindo.

Então eu sorrio de leve, depois de recolhemos as maçãs, saímos de baixo das macieiras e vamos em direção ao colégio, chegando lá levamos elas para o refeitório.
Logo em seguida ela disse que ia ler no jardim que ficava perto da entrada da instituição, e eu fui para a sala da Sr. Thays a onde eu  fiquei conversando com ela por algum tempinho sobre o como era importante ela devolver os celulares dos adolescente, ter rede wifi e também tv por assinatura na instituição mais  não adiantou nada, então fiquei andando por aquele lugar, era meio assustador, talvez pelo fato de ser muito rústico, se eles renovassem a fachada, e dessem uma atualizada e uma reformada no lugar iria ficar perfeito, mais se a tal Sra.
Thays estava reclamando por deixar  ter celulares, apenas uma rede wifi ou tv por assinatura quem diria reformar o lugar.
 Então parei de pensar um pouco nisso, e fui para a sala de artes, lá haviam muitas salas com tarefas, porque além de ter que trabalhar com a comunidade dos delinquentes eu ainda era obrigada a entrar numa dessas oficinas, então fui para a sala de artes, lá estava vazio, então sentei para escrever umas músicas, porque eu já havia participado de uma banda quando eu era mais nova, eu era a compositora e vocalista.
 Quando eu ouvi uma voz que vinha das caixinhas de som que eram colocadas à cada canto das salas corredores e arredores da instituição dizendo " Meus queridos e queridas, serviremos o jantar, em dez minutos, não se atrasem para conhecer as novatas, Manuela e Laura. " Eu revirei os olhos e sai da sala de artes e fui para a sala de jantar aonde todos olhavam para mim e para a Laura e nos perguntavam coisas, foi até divertido, a não ser Letícia que simplesmente me ignorava, até meio que conversou com a Laura mais nem falou comigo se quer, ela tinha os olhos e os cabelos castanhos, era pouco alta e esbelta, andava sempre com uma menina menor que ela que parecia ser sua irmã.
Passou-se o tempo, eram vinte e duas horas e eu fui para o quarto, e a cama de Laura estava ao lado da minha, depois de eu me arrumar para dormir, me deitei na cama, e então todas já estavam dormindo e eu ainda não estava bem acostumada com aquilo tudo e como de costume  fiquei acordada um pouco mais quando de repente vi uma sombra escura tomar totalmente conta da cama Laura.
Aquela sombra se dissipou do nada e ela levitou por alguns segundos e caiu na cama novamente, eu cobri minha cabeça com o cobertor e comecei a e rezar baixinho, mesmo não acreditando em deus e nem sabendo rezar, até que dormi.
Na manhã seguinte fui á última a acordar tomei um banho troquei de roupa e desci tudo parecia normal.
O café era suco de laranja e torradas com manteiga e geleia de uva, então comi uma torrada e um copo de suco, e então a Sra. Thays me encontrou e disse:

- Você tem que se acordar mais cedo, hoje você perdeu a corrida da manhã, estava tão divertida, depois sentamos embaixo do laranjal, você perdeu toda a diversão da manhã, vê se amanhã você acorda mais cedo mocinha, pois vamos fazer desenhos das formas que vemos as nuvens no céu. - Fala a Sra. Thays com um enorme sorriso no rosto.

E eu dando graças a deus por ter acordado tarde disse disfarçando:

- Ah Sra. Thays, não se preocupe que não vou perder esse programão amanhã, é capaz de eu madrugar. - Falo ironicamente.

- Se você não se acordar eu irei lhe acordar. - Fala Sra. Thays agora um pouco aborrecida.

Um pouco depois de ela sair eu fico murmurando:

- Ah corrida da manhã, isso é falta de marido só pode, agora quer fazer desenho das nuvens, essa gente é maluca, mais a minha mãe vai me pagar, vai me deixar louca aqui.

- É capaz de ficar louca mesmo, o primeiro sintoma é falar sozinha. - Diz uma voz forte e ao mesmo tempo suave atrás de mim, era Letícia.

- Ah é mesmo? Eu não estava falando sozinha, estava falando comigo mesmo. - Eu digo pouco estúpida.

- Hum, enfim, me chamo Letícia. - Ela diz.

- Prazer, me chamo Manuela mais você já deve saber. - Eu digo forçando um sorriso.

- Ah sim, bom.. já vou indo, tenho muitas coisas para fazer. - Ela diz saindo.

- Ok, tchau.  - Eu falo.

Em seguida vou para um grande gramado onde há uma concentração de adolescentes fazendo várias coisas, aonde eu à visto Laura Sentada então eu vou até ela e sento ao lado dela e digo:

- Você está bem?

- Estou ótima, e você? - Ela fala sorridente.

- Como assim ótima? E ontem à noite?

- O que houve ontem?

- Eu vi uma sombra na sua cama, e você levitou, eu juro, não sou louca. - Eu falo assustada.

- É... É que eu estou treinando.

- Treinando o que? O que você é? Fã do filme garota infernal? Ah já entendi, isso é tudo armação da minha mãe pra me enlouquecer, isso explica porque esse lugar não tem nenhuma tecnologia nem nada, e essas pessoas são estranhas. - Me levanto e começo a gritar:
 - Chega mãe já descobri, já aprendi  a lição, isso aqui é tudo uma armação, você venceu, não existe nada de instituição velha dos infernos, nem Sra. Thays tapada nem gente à normal, nem nada do tipo, bem espertinha você hein, me surpreendeu.
Vamos voltar para casa agora, vamos aparece.
Em questão de segundos todos me olhavam inclusive Laura, que simplesmente se levantou e saiu de perto de mim.
 Sra. Thays me olhou com cara de desaprovação e eu fui correndo para o quarto porque estava com vergonha, deitei em minha cama e adormeci.