A Física Das Possibilidades escrita por Jessy Hell


Capítulo 6
Refrescantemente quente.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/325171/chapter/6

— O seu chá... – Ela diz à Sheldon – Quer açúcar, Leonard?

Leonard voltara ao apartamento de Judy e ela servia-os o chá de hortelã que preparou.

— Não. Obrigado - Leonard agradece – Você tá bem, Sheldon?

Sheldon acariciava Einstein, que estava em seu colo. Sua excitação havia passado, mas as duvidas ainda perambulavam em sua mente. Por que dessa reação com uma canção? Ele, que achava o coito e seus afins muito irrelevantes. Essenciais para a reprodução, já que não havia outro método. Ele já tinha até levando em consideração a chance de realizar tal ato com Amy. Mas era uma hipótese. Já com Judy... Foi um...

— Sheldon? – Ela perguntou, tirando o felino do colo do físico que ameaçava lamber o chá.

— Hã? O quê? – Responde ele, aéreo.

— Se você está bem, Sheldon... – Judy sorri. Sheldon avermelha-se todo. Bebeu um gole.

— Sim, estou bem. O chá está gostoso, pena que frio. Eu... Pedi uma bebida quente.

Droga de força de hábito! Não tem importância se está frio ou não... Ela fez pra mim. Ela levou a sério meu... Código.

Tá frio porque você ficou um tempão olhando pra frente e passando a mão no gato! – Replica Leonard, irritado com a grosseria típica de Sheldon.

— Eu posso esquentar, se quiser... – Judy toca os indicadores a frente do rosto cabisbaixo. Leonard achara fofo aquele movimento, ainda mais com ela vermelha.

— N-Não. Estamos atrasados! Vamos! – Sheldon coloca sua xícara na bandeja. Assim como Leonard. Judy coloca Einstein no sofá.

***

— Eles estão demorando! – Comenta Howard beliscando um pouco do chili que Raj fazia.

— Sim, mas não justifica que você possa colocar seus dedinhos na panela! – Ralha o indiano, dando uma pancadinha na mão de Howard com a colher de pau – Vai azedar!

— Penny? Você me parece tensa... – Começa Bernadette, sentada no sofá com a loira. Penny olha o celular. Nada ainda da pessoa que convidou aparecer.

— Hum? Não, não... Deve ser a falta de álcool – Responde a atriz, sorrindo amarelo.

— Não acha que estão demorando pra aparecer? – Comenta a loira baixinha, limpando os óculos.

— Ah Bernie, com certeza Leonard e Sheldon pararam em alguma loja. O leite de soja acabou! – Fala Howard, abrindo a geladeira.

— Wolowitz, que vergonha! Abrindo a geladeira dos outros assim!! – Retruca sua esposa.

— Calma! Pedi pro Howard procurar pimenta pra mim! – Justifica Raj, provando o chili.

***

— Ainda acho que deveria ter trazido o Einstein.

— Não se preocupe, Sheldon. Ele vai ficar bem... E além do mais, é a primeira vez que vou ao apartamento de vocês. Não quero encher o lugar de pelos – Ela responde enquanto tirava o cinto de segurança.

Ela corou, olhando para a janela. Sheldon estava ao se lado no banco de trás esperando Leonard voltar da loja de conveniências. Pedira ao amigo para comprar balas de hortelã, para livrar o gosto de vômito da boca (lavou no banheiro da casa de Judy, achando o local muito higiênico. Mas não compartilhava da mesma opinião dela no assunto enxaguante bucal. Não gostava dos que tinha álcool) e por isso pediu as balinhas. O efeito do creme dental estava passando, mas o gosto do vômito não sumiu.

—E sobre os seus amigos? – Pergunta Judy, virando-se para Sheldon. Ele a encara.

— O que tem eles?

— Ah, sei lá... Me sinto prestes a apresentar um seminário sobre um assunto do qual não tenho domínio. Quer algo mais irreal que isso? – Ela ri – Queria saber um pouquinho sobre eles. Só pra... Hã... Me preparar,sabe?

— Ainda com medo de serem como a Penny? Já disse pra não se preocupar...

— Eu... Nunca me dei muito bem com outras garotas, Sheldon. Nem com garotos também. Enfim, com sociabilidade. Sou muito tímida.

— Bom, me perdoe... Não entendo muito bem de timidez e relações sociais. Mas obrigar alguém a ir a um encontro não se encaixaria nisso,não é? – Sheldon solta sua risadinha – Não estou reclamando. Se não fosse por isso, nem estaríamos aqui.

— É – Ela ri – Provavelmente agora estaria em casa, tentando fechar a porta pra impedir o Stu entrar.

O porteiro novamente! Que pessoa insuportavelmente incômoda!

— Vocês tiveram algo? – A voz de Sheldon sai ríspida, virando-se para o outro lado.

— Quê?

— Alguns ex-namorados da Penny aparecem, querendo-a de volta. Leonard odeia isso. Por isso perguntei.

— Não... Nada a ver. Quando me mudei para Pasadena, ele meio que cismou comigo. Não tive e nem quero ter algo com ele. É grosseiro e inconveniente. Fica me “cantando” e me chamando por coisas que detesto.

Sheldon solta um suspiro. Já estava mais relaxado. Além de não terem nada e ela não querer, Sheldon era totalmente diferente do tal de Stu. Não a perderia por grosserias feitas pelo seu sexo a garotas bonitas.

— Ele é bem indelicado. Acho estranho que haja tantas garotas que o admirem,sabe? – Ela continua, comentando inocente – Ele vive acompanhado e elas aparecem aos enxames na portaria.

— Hum. Bom, acho que podemos parar de falar dele, sim? – Sheldon corta o assunto, tocando delicadamente na mão da garota – Não teremos mais atrasos, Leonard está chegando!

Ela cora e sorri levemente:

— Uma pena – Diz calmamente sem perceber –Q-Quer dizer... Que bom, né? – Ela gagueja, tímida pelo toque de Sheldon.

Sheldon não entende o motivo dela estar nervosa, mas sorri minimamente para acalmá-la.

— Desculpa a demora, mas a atendente não tinha trocado. Aí aproveitei pra comprar leite, já que não tem em casa – Fala Leonard entrando no carro – Podemos ir?

— E onde estão... – Começa Sheldon até receber um pacotinho de balinhas no peito

— E não tinha de hortelã, só menta! E da embalagem azul – Fala Leo ligando o carro.

— O quê? Toda essa demora e nem é a bala certa?! Ora Leonard, isso é ultrajante e...

Judy vendo que Leonard iria retrucar e que eles acabariam discutindo, foi pegando uma balinha e mastigou-a:

— Adoro essas balinhas! Elas ardem um pouquinho e deixa a boca gelada! Eu tento comer várias e finjo que sou a versão feminina do Sub-Zero! – Ela comenta e ri sozinha.

O comentário funcionou como esperando, houve o silencio seguido de risinhos. Leonard percebeu o motivo da garota ter dito aquilo e sorriu. Com o tempo ela perceberia que discussões eram normais entre eles, mas nada tão grave. Judy achou aqueles dois tão legais que não queria que uma simples bala acabasse com o clima.

— Mas deixa gelado demais e... – Fala Sheldon até Judy soprar levemente em seu nariz.

— Eu gosto!

Ele arrepiou-se com o contato do hálito gelado e refrescante em sua pele e corou imediatamente. Judy continuava a comer as balinhas e respirar nas mãos. Sheldon provou uma. Era gelado demais pra ele.

— Olha, se você mastigar forte, pode ir pro recheio mais rápido. O chocolatinho do recheio quebra o gelado – Ela recomenda mordendo um e oferecendo metade para Sheldon. Ele olhou assustado.

T-Tem saliva dela nisso! Não posso comer isso. É tão anti...

Ela pareceu entender e olhou para baixo. Leonard olhava pelo retrovisor, abismado com a tamanha burrice de Sheldon. Cooper ficou mais assustado ainda com a reação dela. Aquelas olhinhos verdes marejaram com o susto de Sheldon e ela ficou corada.

Oh Deus, que droga de olhos sedutores!

— D-desculpe... Só queria ajudar! – Ela sussurra e estava para comer a outra metade quando a mão de Sheldon a interrompe.

—Agradeço a sugestão... – Diz ele segurando a mão de Judy e guiando-a para sua boca. Mordeu o doce devagarzinho, com medo de machucar a garota. Ela soltou um suspiro pesado.

É GOSTOSO MESMO! Não sinto mais o gelado...E...

As pontas dos dedos de Judy roçaram levemente nos lábios de Sheldon. O contato o arrepiou novamente. Era delicado e levemente geladinho por causa da balinha que estava derretendo. Ela lambeu os dedos levemente, sorrindo. Sheldon sentiu o mesmo formigamento em seu baixo ventre de antes. Ela era a própria física quântica. Ela devia saber o quão vixen era.

— Tava melecando tudo! Hihi – Ela sorri.

— Dá pra ir mais rápido,Leonard?! – Briga Sheldon já se irritando com a reação de seu corpo e mais ainda por não conseguir entender o motivo ou se controlar. Judy assustou-se com a repentina explosão do físico. Leonard soltou uma gargalhada.

— Achei que você não gostasse de velocidade demais...

Sheldon ficou carrancudo e cruzou os braços. Judy começava a brincar com uma mechinha de cabelo, rodopiando no dedo indicador e olhando para a janela.

Por que tenho essas reações? Oh, os lábios dela são bem mais encorpados que os de Amy. E tão... Rosa. Parecem ser tão macios. E gostosos... E estão brilhantes. Será que é pela balinha?

Sheldon arregalou os olhos, abismado com o que acabara de pensar. Sua mente estava se pervertendo. Ele olhou de canto de olho para a garota. Ela continuava a olhar pela janela, passeando a ponta da língua pelo lábio inferior. Ele já estava abrindo exceções à sua aversão a saliva, germes e outras coisas. Não conseguia imaginar que uma boca tão bonita poderia ter mais de 700 espécies de germes. E a língua dela estava umedecendo os lábios e Sheldon só pensava em quão refrescante e com gosto de chocolate deveria estar aquele conjunto todo. Sheldon sentiu um latejo abaixo da sua cintura e voltou a olhar para frente.

Aaaah, está começando a doer. Está latejando. Céus, isso é realmente embaraçoso.Deve ser o cinto. É, esse cinto de segurança está me machucando...

Ele colocou as mãos no bolso da calça, numa tentativa de se acalmar. Acabou tendo mais uma surpresa ao roçar em um local:

MAS O QUE É ISSO?! Estou... Meu órgão está realmente endurecido, não havia percebido que estava assim...

Ele começou a suar frio e ter arrepios, Leonard olhou pelo retrovisor e se assustou. Mas não percebeu o motivo de Sheldon estar daquele jeito. Judy tornou a olhar o físico e ficou intrigada com a situação: Ele estava rígido, mãos nos bolsos e totalmente ereto no banco. Suava muito e estava respirando pesado. Judy se aproximou achando que ele estaria passando mal novamente.

— Sheldon, tudo bem?

Aaaah, a voz dela...

Ele não se mexeu ou respondeu. Continuava travado exceto pelo fato de ter cruzado as pernas. Foi difícil pois ele tentava a todo custo não encostar em seu membro. E tentava escondê-lo.

— Sheldon?

Ele virou-se para ela, mas incapaz de responder. Estava vidrado nos movimentos que seus lábios faziam. Não ouvia nada. Nem uma palavra do que ela dizia, do que Leonard dizia, das buzinas, da rua. Nada. Tudo estava em silencio pra ele. Só havia movimentos e o mais sedutor deles era aqueles lábios rosa e carnudos.

Beijar é perigoso, Dr. Spock? Sei que um beijo pode transmitir bactérias e vírus, e por isso não pode ser seguro... Mas... Existe um número muito maior de germes que podem ser transmitidos por um aperto de mão. E apertos de mão não são prazerosos. Céus, Leonard e Penny vivem se beijando. Eu mesmo já beijei Amy mas... Essa boca... Aparenta ser muito mais deliciosa. MAIS DELICIOSA QUE BROWNIE DE CHOCOLATE!!! DE CHOCOLATE COM HORTELÃ!

Judy resolveu se aproximar mais, a fim de encostar as costas da mão na testa de Sheldon. Leonard freou levemente, divertindo-se com a cara que Sheldon olhava Judy. Parecia alheio a tudo. Mas a ruiva estava realmente preocupada e Leonard sentiu-se muito cruel por não avisar à ela que Sheldon nada tinha, só estava tendo uma crise normal (e hormonal) para um primeiro amor.

— Nossa, você está quente! – Ela diz e passa a encostar a mão no pescoço longo dele. Seu hálito ainda estava refrescante e a aproximação dela fez Sheldon aspirar mais uma vez aquele perfume doce.

PRECISO ACABAR COM ISSO! QUERO... CÉUS, QUERO BEIJÁ-LA COMO LEONARD BEIJA PENNY!!

— Suas pupilas estão dilatadas! Sheldon, fala comigo! Tá tudo bem?! – Ela diz encarando o homem e segurando seu rosto firmemente. Sheldon soltou um suspiro pesado com o toque um pouco mais rude dela e seus braços agiram sozinhos. Agarrou-a e a trouxe para perto dele num abraço apertado. Ele queria a mesma sensação do abraço no apartamento dela. Queria contato. Nesse choque rápido, Judy sentiu seus óculos caírem e teve seu rosto sendo jogado diretamente para o pescoço de Sheldon. Seu hálito frio fazia-o tremer.

— S-Sheldon?! Aaainn – Judy gemeu num tom abafado enquanto Leonard estava num estado catatônico de surpresa. A garota sentiu um arrepio no corpo todo ao ser agarrada daquela forma.

— Me... Me chame de Shelly... – Sussurrou ele de volta completamente vermelho. Ofegava muito e a apertava cada vez mais.

—O-O quê?! – Ela respondeu no mesmo tom, aproximando-se do ouvido dele – Shelly...?

—AAAAAaaawwnh...

O gemido de Sheldon saiu extremamente alto, se transformando num leve rosnado no final. Acabou por chegar ao clímax só com um sussurro. Sheldon já havia experimentado essa sensação quando terminou todas as atividades incompletas que Amy fez para acabar com seu TOC. Mas dessa vez foi mais intenso. Sheldon respirava pesado, se apoiando na pequena ruiva que não entendia nada. Quando Sheldon ofegou e percebeu o que acontecera... Corou bastante. Não soltou a menina, com vergonha de encará-la nos olhos. Leonard sorriu. Mais tarde iria chover perguntas, mas agora seria solidário com o amigo e nada diria. Voltou a dirigir.

Aspirava o perfume dos cabelos dela, aprovando o aroma do shampoo. Era doce mas sem ser enjoativo. Judy sentiu os braços que a envolviam estavam afrouxando e percebeu que podia sentar-se direito novamente. Sheldon estava olhando para baixo. Estava tão confuso e envergonhado que não conseguia encarar a garota. Achava que havia profanado aquela doce pequena com essa reação do seu sistema reprodutor. Judy olhava Sheldon um pouco sem graça. Havia adorado esse rompante do físico e praticamente ficou sem fôlego com aquele contato entre os corpos. Mas ficara completamente tímida ao lembrar que Leonard estava ali tão perto.

* Oh, pela varinha de Dumbledore... Como o Sheldon me fascina! Será que... Estou a-apaixonada?*

Ela girava os polegares com as suas mãos juntas sob o colo. Sheldon olhou-a de esguelha com um tipo de sorrisinho. Mas logo se recuperou:

Oh Spock, o que houve? Estou... Estou sujo! Aaah, não compreendo nada. Estou completamente melecado, está grudento. É incomodantemente cabuloso. Aaaah, preciso de um banho urgente! Como algo tão prazeroso pode ter um resultado tão... Nojento?!

Ele voltou sua atenção para a janela, mas sentiu a mão de Judy tocar na sua:

— T-Tudo bem...? – Perguntou ela visivelmente insegura.

Pode ter um resultado melado, mas foi realmente tão... Gostoso. E esses olhinhos tão perfeitos quanto a constante cósmica. Nem o Koothrappali haveria de ter visto nem uma estrela com um terço do brilho intenso que esses verdes olhos tem. É algo doce e quente ao mesmo tempo. Como chocolate quente. E a voz dela é o marshmallow fofinho e macio da caneca de chocolate quentinho...

Sheldon retribuiu o toque das mãos, encarando-a levemente. Judy sorriu e perdeu-se naquele contato visual. Naqueles olhos azuis glaciais. Sheldon coçou o nariz, visivelmente corado.

— S-Senhorita Winters... Eu... – Ele começou a ser formal, numa tentativa de se proteger... De continuar com a razão.

— O que aconteceu com o “Judy”? – Ela brinca fazendo um biquinho e logo riu. Sheldon soltou um leve suspiro. Não seria fácil manter o controle perto dela.

— Bom pessoas, chegamos! – A voz de Leonard os acordou do transe. Sheldon assustou-se e Judy teve uma crise de riso nervoso. Eles saíram do carro enquanto Leonard estacionava. Entraram no prédio e deram de cara com duas pessoas de mãos dadas no hall.

— AMY?! STUART?! – Berra Sheldon completamente enfurecido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Física Das Possibilidades" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.