Matthew, Love And Life escrita por lamericana


Capítulo 9
Como lidar?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Pode parecer que eu meio que desisti da minha "regra" sobre as postagens, mas eu estava com esse capítulo pronto aqui no computador e decidi postar.
Enfim, o capítulo tá mais parado do que o normal pelo seguinte: a Sophie vai fazer mais reflexões sobre o que está acontecendo e vai já estar sob o efeito do hormônios da gravidez.



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POV Sophie

Acordei com as costas um pouco doloridas, mesmo tendo dormido num colchão confortável. Poucos dias atrás descobri que estou grávida. Matt fez questão de falar com os meus pais e explicar toda a situação. Por uma obra de um milagre, a minha mãe não veio da Índia só pra gritar comigo por ter sido irresponsável por ter engravidado. Na cabeça da minha mãe, o fato de eu ter engravidado não foi uma das melhores coisas que eu fiz na minha vida. Talvez até seja a pior coisa que eu tenha feito. Mas isso na cabeça da minha mãe, onde eu ainda sou aquela menina de 10 anos de idade que brinca de Barbie pela casa.

Até certo ponto, entendo a preocupação dos meus pais quanto ao fato de eu ter engravidado relativamente tão cedo. Eu ainda não terminei a faculdade, apesar de já estar no período do TCC.

Olhei o relógio. Oito horas. Merda, estou atrasada pro trabalho. Me levantei e fiz tudo correndo. Peguei uma coisa qualquer pra comer no caminho do trabalho e fui pro trabalho. Chegando lá, recebi olhares reprovadores. Ah, ótimo. Agora isso. Abri a porta da sala que divido com a minha chefe e pedi desculpas.

- Sophie, você anda se atrasando muito. – Hannah, minha chefe, falou.

- Desculpa. É que... Eu to grávida – falei um pouco mais alto que um sussurro.

Hannah me olhou em choque. Os olhos delas estavam arregalados e a boca entreaberta.

- Como? – ela conseguiu falar num fiapo de voz. Ela balançou a mão como se tentando espantar um pensamento ruim. – Esqueça o que eu acabei de falar. O pai da criança sabe?

- Sabe. Estou morando com ele há quase dois meses.

Hannah me abraçou. Por mais estranho que pareça, ela é como uma irmã mais velha que cuida e dá as broncas nos momentos certos, mesmo ela sendo apenas cinco anos mais velha que eu.

- O que o pai fez? – Hannah perguntou visivelmente preocupada

- Ele falou com meus pais e quando eles voltarem da Índia, vou casar no civil pra que a criança tenha um pai. Pelo menos essa é a lógica dos meus pais. Como se uma criança precisasse ter os pais casados. – revirei os olhos

- Isso significa que o pai vai assumir a criança?

- Mesmo que a gente não fosse casar, Matt iria assumir o filho da gente.

- Então não é aquele Leonard que é o pai da criança?

- Graças a Deus não é dele.

Conhecendo Hannah como eu conheço, eu sabia que o assunto tinha acabado ali mesmo. E também sabia que ela iria conferir todos os dias se eu estou me alimentando bem ou não e vai querer saber de todas as consultas do pré-natal.

Foquei nos papéis, números e informações ali na minha mesa. De vez em quando, eu me permitia pensar um pouco em como estaria o Matt no hospital. Um pouco antes da hora do almoço, recebo duas mensagens no celular. Uma era do Matt, me mandando comer alguma coisa decente no almoço. A outra era de um número desconhecido. Por curiosidade, abri a mensagem.

“Soph, eu, mamadi e papa vamos passar aí daqui a pouco”

Reli a mensagem algumas vezes até realmente entender que se tratava do Joaquin. Isso significava que ele já estava bom e que estava na cidade. Peraí. Ele estava na cidade. E muito provavelmente ele iria me encher o saco pra fazer as mesmas coisas que fazíamos quando éramos pequenos, como atazanar a nossa mãe até que ela grite ou competir pra ver quem come mais no almoço. Muito provavelmente a competição de comida seria agora no almoço. Pouco antes de terminar de arrumar a minha mesa, meu celular toca.

- Alô – falei

- Minha pequena peste – meu irmão quase gritava do outro lado da linha – Pode tratar de descer logo que eu to te esperando aqui embaixo do prédio que você trabalha pra gente ir almoçar.

- Eu to terminando de arrumar a minha mesa, Jô. Quando eu terminar, eu desço. Prometo.

- Então faça isso rápido. To te esperando.

Desliguei o celular e terminei de arrumar a mesa. Me despedi de Hannah, desci e encontrei o meu irmão muito mais magro que o normal, mas com um sorriso enorme no rosto. Corri e dei um abraço bem apertado no meu irmão.

- Jô, nunca mais me dê um susto desses. – falei com a voz um pouco fraca

- Prometo que não faço de novo, pirralha. – ele falou – Agora, a pergunta que não quer calar: onde está o meu cunhado?

- Num lugar que você não vai querer visitar nem tão cedo, senhor abelhudo. No hospital. – respondi com um meio sorriso

- Ele tá bem?

- Tá melhor do que nós dois juntos. Ele é médico.

- Minha pequena irmãzinha, sortuda como sempre.

Estirei a minha língua pra ele.

- Vamos? Tem um restaurante aqui perto que é muito bom. – falei

- Tá certo. E mamadi mandou avisar que ela e papa foram pra casa porque estão um pouco cansados da viagem. E papa mandou avisar que ele quer falar com um tal de Matthew.

- Ai, meu Deus. Não vai dar pra ser hoje. Diga a papa que não vai dar pra ele falar com o Matt hoje, mas vai dar amanhã.

- Quem é Matt?

- Meu namorado e pai do meu filho.

- Então esse tal de Matt é o meu cunhado e pai do meu sobrinho ou sobrinha? Beleza. Vou tentar bolar uma gracinha pra ele até amanhã.

- Jô, por favor, não. O Matt foi quem ficou comigo quando mamadi e papa estavam com você lá na Índia e ele me tratou super bem o tempo inteiro.

- Era brincadeira, irmãzinha. Não vou fazer nada com ele. Mas você vai me contar tudo sobre esse cara. Tenho que saber se aprovo ou não o meu cunhado.

Ficamos conversando por um tempão. Pouco tempo depois de terminar de almoçar, recebo uma ligação do Matt.

- Pequena, como você tá? – ele perguntou

- To bem, amor. Se a sua próxima pergunta for o que eu comi, esteja sentado, por favor.

- A situação está tão terrível assim?

- Não tanto. Não comi direito no café-da-manhã porque acordei atrasada, mas em compensação, almocei bem.

Assim que eu terminei de falar, Joaquin tira o celular da minha mão.

- Pegou a mania da Maria, foi? – perguntei meio raivosa, sendo completamente ignorada por ele.

- Oi, Matt. Aqui quem fala é Joaquin, o irmão da Sophie. Tudo bom? – ele dá uma pausa – Pois é, voltei de surpresa. A nanica não sabia que eu tinha melhorado e estava voltando. Muito obrigado por cuidar da pirralha. – ele deu uma pausa bem mais longa – Aviso sim. Tá certo. Depois a gente marca pra você aparecer lá em casa.

Joaquin terminou a ligação e se virou dramaticamente pra mim, me devolvendo o meu celular.

- Duas coisas. Uma. Ele mandou te avisar que amanhã ele quer te levar pra marcar o casamento com o juiz e que ele conseguiu uma folga do plantão pra te acompanhar no pré-natal. Segunda coisa: esse cara me pareceu meio velho. Quantos anos ele tem?

- Vinte e oito. E obrigada por dar os avisos. Agora eu tenho que voltar pra casa porque eu ainda tenho um TCC pra fazer e ele não vai fazer isso sozinho.

- Minha irmãzinha além de estar muito bem encaminhada no quesito família, está quase se formando. Por favor me diga alguma coisa que deponha contra você para que eu me sinta menos deprimido.

- Tenho um irmão que está de viadagem do meu lado.

- Isso não conta.

- Ah, conta sim, Joaquin.

[...]

Eu e Matt estávamos jantando quando o telefone tocou.

- Eu atendo – ele falou e saiu correndo pra atender

Depois de um tempo ele volta com um sorriso enorme e me conta, enquanto eu como, que ele conseguiu no departamento de recursos humanos juntar as férias com a licença paternidade para poder me ajudar a cuidar do nosso filho. Sorri e realmente achei ótimo, já que, apesar dos inúmeros livros que eu ando lendo a respeito dos primeiros meses com crianças, eu nunca realmente cuidei de uma criança, ao passo que Matthew...

Devo comentar que ele está sendo um namorado-marido muito competente em relação ao nosso filho. Ele faz questão de me explicar tudo que eu pergunto e tem a maior paciência nas minhas crises de choro por besteira, fora o apoio que ele me dá no meu TCC, que se tornou uma dificuldade extra na minha rotina.

Desde que os meus pais e Joaquin voltaram da Índia, já se passaram dois meses. Nesse tempo, Joaquin decidiu se candidatar a uma vaga no curso de teatro da Universidade e, paralelamente, se tornou o futuro tio mais babão que já passou pelo planeta. Todo dia ele aparece com alguma coisa nova e sempre alegando a mesma coisa. Toda vez ele diz “sobrinho meu não pode viver sem isso”, mesmo que seja a coisa mais inútil pra uma criança, como um sistema de som ou um conjunto de adesivos para a parede.

Depois do jantar, eu e Matt fomos revisar os votos que teríamos que realizar diante de um juiz de paz amanhã de manhã. Eu já tinha decorado mais da metade do que eu teria que falar. Só as duas últimas frases que teimavam em não se fixar na minha mente e me impediam de me concentrar no resto.

- Por favor, me diz que amanhã eu vou poder ler. Por favor. Eu não vou conseguir decorar essas duas frases até amanhã. – resmunguei – E eu posso alegar que a culpa é dos hormônios da gravidez.

- Pequena, eu já disse um milhão de vezes pra você e vou repetir mais uma só pra você lembrar. É claro que você vai poder ler na hora, mas a gente tá ensaiando isso mais pra não sair gaguejando o texto inteiro. E você tá indo muito bem.

Abri um sorriso. Só o Matt pra fazer isso comigo.

- Lembrando que depois da cerimônia tem o pré-natal. – falei

- Deixa eu adivinhar. Você acha que é uma menina.

- Errou. Eu acho que é um menino. Ou melhor, tenho a intuição de que é um menino.

- Não dá pra competir com intuição feminina. É covardia, Sophie.

- Mas se for menina eu não vou encrencar.

- Tenho certeza que não vai. Já pensou num nome, caso seja menina?

- Não. Às vezes penso em botar o nome da sua mãe, mas às vezes me parece inapropriado, como se eu tivesse invadindo um passado só seu, sabe?

- Entendo. O que você acha de Samantha?

- É um bom nome. Samantha Cooper. Ficaria sonoro.

- Vamos voltar ao texto? Daqui a pouco a gente decide os nomes.

Concordei e voltamos a nossa atenção pros votos. Com o tempo, comecei a ficar enjoada.

- Matt, to enjoada. Podemos parar e deixar isso pra mais tarde? – falei

- Pode. É mais um daqueles enjoos? – ele fez sinal de vômito

- O que vem momentos antes disso. – repeti o sinal

Me levantei do sofá e fui pro banheiro. Foi exatamente o tempo de tudo sair. Eu sinceramente não aguento mais ter toda a minha comida vomitada refeição sim, refeição não. O Matt diz que tudo isso é normal, mas não justifica o fato de ser tão ruim. Sentei no chão e fiquei fitando a parede.

Eu já perdi as contas de quantas vezes, quando eu ainda era uma criança, eu desejei montar uma família, imaginando como seriam meu provável marido, meus prováveis filhos... E agora, cá estou eu, sentada no chão do banheiro do meu namorado, grávida de três meses, ás vésperas do meu casamento civil e faltando ainda um TCC gigantesco pra me formar. Não, não era isso que eu tinha imaginado que seria o meu futuro. Eu tinha imaginado que, pelo momento que eu fosse casar, eu já estaria formada e com um emprego estável. Filhos só viriam depois de um tempo. Mas eu fiz a besteira de não ter ouvido o que o Matt disse no dia que dormimos juntos. Eu insisti para que ele fizesse uma coisa que nós dois sabíamos que estava errada, mas mesmo assim fizemos.

Comecei a chorar. Eu tinha arruinado a minha vida, a do Matt e a dessa criança com a minha irresponsabilidade. O Matt muito provavelmente vai ter que pegar mais plantões em outros hospitais pra poder pagar as despesas. Eu vou ter que trabalhar feito uma louca pra ajudar com as contas quase que infinitas que estão por vir. E a criança, bem, a criança seria fruto de uma irresponsabilidade minha e toda vez seria questionada por ter uma mãe tão jovem.

Respirei fundo e tentei me controlar. O tempo todo que eu estava chorando, eu também tremi. Lavei o rosto, escovei os dentes e voltei pra sala. Matt me olhava apreensivo.

- To bem. Acho que são só os hormônios somados com o nervosismo de amanhã. – falei

Ele me puxou prum abraço e me fez sentar no colo dele no sofá.

- Eu sei que você estava chorando, e posso até tentar adivinhar o motivo. Mas você não é obrigada a me contar o que foi. – ele falou – Só é obrigada a lembrar que daqui a menos de 24 horas você será a minha esposa e daqui a uns seis meses vai me dar um dos melhores presentes que você poderia me dar.

Sorri e apoiei a minha cabeça no ombro dele. Eu consegui, pela primeira vez, sentir um orgulho genuíno de ter o Matt ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

Eu sinceramente espero que dessa vez vocês deixem de ser leitores fantasmas e comentem alguma coisa, mesmo que seja pra dizer que tá um lixo...



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